A TERRA NÃO ESTÁ SÓ - capítulo 21 - A NOVA REALIDADE
Adentramos a espaçonave, atravessando seu casco como se fôssemos fantasmas.
As intensas aventuras recentes tinham potencializado nossas habilidades pessoais.
No salão principal do LAR PERSPÉTICO (nome da nave), cujo imenso teto envidraçado exibia a abóbada sideral, havia clima de festa, com milhares de pessoas reunidas para nos dar boas vindas. Kalewa, na qualidade de comandante, foi a primeira a nos saudar.
- Sabemos que ainda não conseguiram ponderar, devidamente, sobre acontecimentos que os envolveram, ultimamente, arrastando-os para situações extremas, realidades incomuns, bem diversas de sua rotina de antes. Mas registremos, nesta ocasião, nosso agradecimento por se disporem a enfrentar os perigos, mesmo carregando dúvidas no íntimo.
- Posso falar por todos, porque estamos tão conectados, uns com os outros, que é como se fôssemos um. O que você disse é correto, porque estamos assumindo nossos caracteres ancestrais, gradativamente, e ainda há muita confusão em nossa mente, mas sabíamos que estávamos batalhando da forma correta e por um excelente motivo. Agora, porém, teríamos de voltar às nossas atividades e rotinas anteriores, mas isso parece descabido, diante de toda a transformação que sofremos e das possibilidades de realização que possuímos.
- Quanto a isso, temos novidades. Convidamos suas famílias a se juntarem à nossa tripulação, e não houve nenhuma recusa. Eis os novos tripulantes.
Os familiares de Jardel, André, Cecília e Magda ali estavam, uniformizados (até mesmo as crianças), e vieram abraçá-los, emocionados. Apenas eu não tinha alguém mais próximo a me aguardar, então observava meus amigos, satisfeitos com o encontro afetivo, quando recebi envolvente abraço de Kalewa, que dizia sentir-se afinizada com meu jeito de ser. Gostei!
Após trocas de carinho, lágrimas derramadas e sorrisos explosivos, a comandante disse:
- Se estiverem de acordo, a partir de agora esta passa a ser a casa de todos, para que possamos trabalhar juntos, visando a reorientação dos costumes e diretivas da humanidade terrena, para que aberrações e injustiças sejam, definitivamente, eliminadas da face do orbe.
A festividade se prolongou por algumas horas, e todos estavam satisfeitos com o que fora dito por nossa anfitriã, sentindo-se irmanados com o pessoal de bordo, tal a receptividade com que foram brindados. Como aquela nave era um mundo em miniatura, com o tamanho aproximado de uma cidade de médias proporções ou mais, praticamente, não haveria qualquer restrição, quanto à movimentação das pessoas, além de ali ser possível encontrar muito mais material de aprendizado e aprimoramento do que na superfície do planeta.
Após a festança e horas de sono, fomos chamados de volta ao salão, onde encontramos cerca de quinze espécies diferentes de humanoides, além de outras formas de vida mais estranhas e difíceis de descrever, que em nome da Aliança vinham nos parabenizar.
- Sabemos que suas mentes ainda não se adaptaram totalmente à nova realidade, e por esse motivo creem que nós vencemos e não vocês, mas sua missão principal era fazer aflorar o perfil mais agressivo dos invasores e seus aliados, e isso foi plenamente conseguido.
- E agora? O que temos pela frente?
- A realidade costumeira do planeta Terra sofreu um impacto e uma desmobilização. Vai acontecer muita mudança, em todos os sentidos, ao redor do globo. Porém, a saída dos mais agressivos e tendenciosos não transforma o orbe num paraíso. Ainda teremos, por bom tempo, situações constrangedoras, dor, injustiça e desentendimento, só que em menor relevância. Cabe a vocês cinco, com a assessoria de milhares de auxiliares e o apoio desta Aliança, coibir os abusos e incentivar as iniciativas positivas, objetivando equilíbrio generalizado.
- Já não sabemos se somos terráqueos ou alienígenas.
- Como a maioria dos tripulantes das naves aliadas, vocês são cidadãos da unicidade cósmica, a serviço de Gaia, a essência angélica que anima o orbe terráqueo. Esses corpos físicos que vestem já estão completando a metamorfose, e ao final, embora pareçam humanos comuns, estarão investidos de muitas e poderosas habilidades, além de contarem com vivência estendida e saúde perfeita, por prazo superior a muitos milhares de anos terrestres.
Ainda que tremendamente surpresos, fizemos questão de interagir, como pudemos, com todos os representantes ali presentes, deixando patente nossa entrega total à causa aliada.
Orel Dias, escritor, era agora um mutante esquisitão trabalhando com aliens, mas como registrar alguma queixa, tendo Kalewa por companheira e o infinito por cenário? Amém !!