UMA LOURA À JANELA - 25

Verna Vale ficou lívida.

– Não! Não! ¬ – Gritou ela. – Eu não...

– Não adiantar negar! ¬ – Cortou James. – John Sanders contou-me a respeito de seu casamento com ele...

– Quando?

– Poucas horas antes de ser assassinado. Ele a viu no meu apartamento. Depois, nos viu entrar no meu carro. – James fez uma pausa. Em seguida, arriscou, dando um tiro no escuro: – E você sabia que ele estava vivo... há seis meses, quando se encontraram em Hollywood!

A mulher começou a contorcer as mãos, com nervosismo.

Subitamente, James Todd viu tudo claramente. Levantou-se e, curvando-se sobre a atriz, falou;

– Darrell Desmond descobriu isso e aproveitou-se para extorquir-lhe dinheiro, porque sabia que você não poderia enfrentar um escândalo. Essa é a razão porque detestava Darrell! Essa é a razão porque o matou!

– Não! Não! – Exclamou Verna, negando com a cabeça. – Eu não o matei! Eu não o matei!

– Então, quem foi? Quem é o homem para quem deu a faca que matou Darrell Desmond? Esta manhã, quase me disse que foi a Sanders que deu a faca. Se Sanders matou Darrell, isso indica que você matou John Sanders!

Verna Vale enterrou a cabeça entre as mãos e começou a soluçar.

– Você ajudou Sanders a ocultar o cadáver de Darrell e procurar culpar Mary Brown do assassinato – aventou James. – Ou matou Darrell e, mais tarde, assassinou Sanders, para eliminar a única testemunha do crime. Há também a possibilidade de que Sanders tenha esfaqueado Darrell; e você se desfez dele, porque temia que ele falasse de seu casamento. De qualquer ângulo que se olhe o caso, você é a assassina ou a cúmplice do assassino! O melhor que tem a fazer é falar! Contar tudo para mim, antes que a polícia chegue aqui!

Verna Vale levantou a cabeça e olhou para o detetive. Seu nervosismo já havia passado. Tinha uma expressão indefinida no rosto.

– A polícia... – Murmurou. – Onde está a polícia? Porque ninguém, até agora, veio interrogar-me?

– Simplesmente, porque eu não informei o tenente O’Connor de sua visita. Mas penso que ele estará aqui, de um momento para outro. De qualquer forma, vou daqui diretamente até a Chefatura de Polícia... E, se você não se explicar, vou contar tudo o que sei sobre este caso.

Uma nova expressão de desafio brilhou no rosto de Verna Vale.

– Fora! – Ordenou a atriz, encarando James. – Sujeito estúpido! Se tivesse um pouco de massa cinzenta, veria que Mary Brown é a chave de tudo! Onde está ela, agora? Por que não a procura? Se fosse um detetive de verdade, já teria saído à sua procura! Alguma vez passou pela sua cabeça que quem saqueou o seu apartamento em busca da câmera e levou Mary Brown é o assassino? Você só deve ter inteligência para escrever estúpidas histórias de Mistério! Você é um idiota!

Com os olhos ardendo de desprezo e raiva, Verna falou:

– Eu lhe disse, esta manhã, que nunca diria o nome do homem a quem dei a faca. E não o farei! Não creio que o assassinato de John Sanders tenha algo a ver com o de Darrell Desmond. Sanders devia ter inúmeros inimigos, depois de suas sórdidas críticas e mexericos a respeito do pessoal do Cinema! Quanto ao meu casamento com Sanders, que a polícia o explore da melhor forma possível! De fato, eu me casei com ele; e fomos muito felizes... Foi o único período de minha vida em que fui realmente feliz! Casei-me há dois anos com Darrell... em perfeita boa-fé. Eu julgava morto o meu antigo marido. A Lei de Enoch Arden me absolve do crime de bigamia. Você deve saber disso. – Relanceou o olhar para o relógio de pulso e completou: – E, agora, senhor detetive de araque, vá embora! Não tenho negócio algum com o senhor! Depois disto, o melhor que tem a fazer é continuar escrevendo suas inverossímeis historinhas de Mistério.

James encolheu os ombros. Não tinha poderes para prender a mulher, e sabia que ela não iria lhe contar nada.

Assim, não restava outra alternativa, a não ser ir embora.

continua na próxima sexta-feira

R F Lucchetti
Enviado por R F Lucchetti em 06/05/2016
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