UMA LOURA À JANELA - 30

CAPÍTULO QUATORZE

O ENIGMA COMEÇA A SE ESCLARECER

Quando voltou a si, James Todd estava amarrado a uma cama igual à que Mary Brown ocupara.

Não havia ninguém no aposento.

James logo compreendeu que não ficara muito tempo desacordado. Pois a luz do sol ainda entrava pela janela e pouca diferença havia nas sombras dos objetos, em relação ao momento em que entrara no quarto.

Vozes sussurravam vagamente na sua cabeça. James não conseguia compreender o que diziam, nem discernir se eram vozes de homem ou de mulher.

Somente alguns minutos mais tarde, o detetive começou a entender o que ouvia. Era como se estivesse entrando “em foco”. E ouviu uma voz dizer:

– Você não tem outra alternativa, Mary Brown...

– Mas meu tio nunca teve interesse algum por mim, – replicou Mary, num tom mais alto, – além do relacionamento normal entre tio e sobrinha.

– Asseguro-lhe que o interesse dele por você vai muito além. Ele a quer como sua esposa, mas reluta em dizer-lhe.

– Eu nunca percebi nada...

– Sua única salvação é fazer o que eu digo. Assine este papel, case com seu tio... e o mundo nunca saberá de suas relações com Darrell Desmond e também nunca saberá que o matou!

A voz de Mary Brown estava desesperada, ao falar:

– Eu já disse que não tive relações com Darrell Desmond! Eu o achava repugnante! E eu não o matei! Não toquei naquela faca!

– Tem certeza absoluta disso que está dizendo? Acha que a polícia lhe daria ouvidos? As suas impressões digitais estão na lâmina que matou Darrell Desmond.

– Eu não compreendo... Francamente, não compreendo...

– Com as suas impressões digitais na arma assassina, você não poderá escapar da polícia! – Cortou a outra voz. – Nenhum júri, por mais complacente que fosse, daria o menor crédito às suas palavras. Você está de tal forma enredada neste caso que não conseguirá escapar. Tem de agradecer a mim, por tê-la mantido cativa aqui, deixando-a fora do alcance da polícia. De outra forma, já estaria numa cela... de onde jamais sairia.

– Não entende que sou inocente?! – Gritou Mary Brown, aterrorizada. – Aquela faca era de brinquedo! Foi numa faca de brinquedo que peguei! Verna Vale a mostrou para mim e...

Mary interrompeu o que dizia. Ficou alguns segundos em silêncio. Depois, começou a implorar ansiosamente, desesperada:

– Oh, por favor! Tem de acreditar no que digo! Nunca tive nada com Darrell Desmond! Verna Vale disse que tudo seria um teste. Falou ainda que, se eu passasse nesse teste, iria trabalhar num filme... Eu odiava Desmond! E fui levada àquele quarto de hotel para fazer um teste. Sempre sonhei em ser uma estrela de Cinema. Por isso, aceitei... Eu estava ali unicamente por esse motivo.

– Sem dúvida, sem dúvida, minha querida. Mas você julga que poderia fazer algum júri acreditar que a herdeira dos milhões da Fama Films precisaria de uma chance para trabalhar num filme de sua própria companhia?

– Mas é a mais pura verdade! – Gritou Mary. – Fui enganada! Por isso, fui até aquele quarto!

continua na próxima sexta-feira

R F Lucchetti
Enviado por R F Lucchetti em 10/06/2016
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