TEACHER VII - RECORDANDO 1 - CAP. 14

RECORDANDO I – Capítulo 14

Laura e Rupert não ficaram muito tempo no baile. Foram embora pouco depois da meia noite, como ele tinha planejado, depois do pronunciamento de Gerson e seus desejos de felicidades a todos os novos profissionais que nasciam naquela noite e da valsa, que ele dançou com Carla.

Logo que o casal entrou em casa, ela foi para o quarto com o bebê e Rupert entrou na cozinha. Pegou leite na geladeira, colocou num copo e bebeu, gelado mesmo, para matar a sede. Colocou o leite para amornar numa caneca, encheu dois copos e foi para o quarto com eles. Laura tinha tirado a roupa do filho e deixado o garoto só de fraldas e ela o estava amamentando. Rupert falou:

- Ah, tivemos a mesma ideia, hein, garotão?

Ele colocou os copos sobre o criado, tocou a bochecha do filho e começou a tirar o smoking. Arrancou os sapatos, desfez a gravata, abriu a camisa, tirou-a de dentro da calça e deitou-se na cama de bruços, pegando o copo de leite e começando a bebê-lo.

- Está feliz? – Laura perguntou.

- Estou… ele respondeu, sem tirar os olhos do filho.

- Estou perguntando por hoje, pelo baile, pelo diploma...

- Estou, claro que estou, mas tudo isso ficou tão pequeno... perto dele.

Rupert segurou os dedinhos da mão de Leonardo que sugava o seio da mãe de olhos fechados.

- Acho que... vou falar uma besteira agora... mesmo que eu não tivesse continuado o curso, se as coisas não tivessem dado tão certo... tudo teria valido a pena.

- Não acredito, ela disse. – Eu sei o quanto terminar a faculdade era importante pra você. Falou besteira mesmo.

- Era… Não vou dizer que não, era sim... Mas eu vou te contar uma coisa que nunca contei pra ninguém, nem pra Teca. Eu me apaixonei por você, logo no início do segundo semestre do segundo ano de curso. Devo ter me apaixonado antes, logo que te vi pela primeira vez na sala de aula, mas tomei conhecimento disso nessa época. Foi o maior conflito que eu já tive comigo mesmo na vida. Eu dizia pra mim mesmo que não podia ser amor, que era só uma paixão platônica que ia passar logo, que eu estava... carente, sentia falta da minha mãe, sofria com a... negligência do meu pai pra comigo. Eu inventei mil desculpas pra mim mesmo pra me convencer de que não te amava. Sem saber, eu tinha todos aqueles preconceitos que todo mundo tem. Sobre esse negócio de idade... classe social... Eu pensava: “Rupert, você pirou? Ela é doze anos mais velha que você! Uma mulher vivida, experiente, inteligente... bonita demais pro teu bico. Deve ter um namorado por mês, todos os professores do campus atrás dela...”

Laura riu. Ele continuou:

- “…se não se casou até agora, é porque é exigente demais, livre demais. Tem sua própria vida, cabeça feita, seus costumes, seus horários... Não quer se ligar a ninguém que lhe tire tudo isso pra cuidar de casa, marido, filhos...”. Eu observava tudo em você, durante a aula. Cada palavra, mesmo em inglês, cada sorriso, que quase nunca era pra mim. O jeito que pegava na caneta, que mexia nos cabelos... Eu tinha até a impressão que você me evitava...

- Não!

- Evitava sim. Você não sabia por que, mas evitava. Você falava com todo mundo menos comigo na sala. Talvez eu mesmo tenha provocado isso.

- Eu sempre tive um respeito especial pelos meus alunos mais fortes, e você estava sempre tão concentrado, era isso.

- Pode até ser, mas eu sofria também com isso. Tinha vontade de ser um burro relapso qualquer, ter coragem de aprontar alguma confusão, alguma... falta de respeito na sua aula só pra te dar trabalho e te fazer ligar pra mim... olhar pra mim...

- Bobo! – ela disse, tocando seu rosto.

- Bobo, sim, o maior deles! Aí, a Tereza percebeu que eu ficava esquisito na sua aula. Ficava distante, de cabeça baixa pro caderno... Aí, eu contei pra ela durante um intervalo, depois de uma prova sua. Eu chorei muito, contando pra ela, mas tanto... que nenhum dos dois assistiu o segundo módulo depois. Parecia um idiota, um bebê.

Laura acariciou o rosto dele. Leonardo já estava satisfeito e ela o colocou em seu ombro para arrotar, depois o deitou na cama no meio deles.

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Welcome to my dreams...

CAPÍTULO 14

Velucy
Enviado por Velucy em 23/11/2017
Código do texto: T6179768
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