RP - ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA - PARTE 14

ERA UMA VEZ... EM CASA BRANCA

PARTE XIV

Wagner olha para o irmão, surpreso. Não parece Cláudio falando.

- Você bebeu aquele gole de uísque e ficou diferente. Quem é você e o que fez com meu irmão?

- Acontece que se ela te colocasse contra a parede e te obrigasse a se casar, você agora estaria dizendo que não é culpado, que na hora do bem-bom estava bêbado e semi-consciente. É ou não é?

Wagner não responde. Cláudio continua.

- Meu irmão, se a Mônica não quer que você assuma nada, ela deve ter bons motivos pra isso. Não complique as coisas, mais do que elas já estão complicadas. Deixa o barco correr. Fica na sua.

- Você faria isso?

- Pra começar, eu não faria o que você fez. Uma atitude como essa, não se toma de cara cheia. Ou você faz inteiro... ou não faz. Eu te disse: sem autodomínio você não é nada.

- Ela disse que está apaixonada por outro cara, Wagner fala, olhando pensativo para a maçã em sua mão.

- Disse...?

O rapaz balança a cabeça, pensativo, mastigando a maçã bem lentamente. Alguém bate à porta e ele se assusta, levantando-se rapidamente. Cláudio sorri.

- Calma. Teu filho não vai nascer hoje.

Ele vai abrir a porta. É Tânia.

- Atrapalho alguma coisa? O assunto deve ser sério. A porta estava trancada. Quem está com você? - ela pergunta, olhando por cima do ombro do marido.

Ao ver Wagner, diz apenas:

- Ah... O almoço vai ser servido, meu bem. Pediram pra chamar você... e o seu irmão.

- Já tínhamos terminado. A gente já ia descer, Cláudio diz.

Wagner passa pelos dois e sai do quarto. Tânia se espanta.

- Ele está com uma cara! Deve ser fome.

- Provavelmente, diz Cláudio, saindo também e fechando a porta atrás de si.

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A notícia de sua possível futura paternidade, deixa Wagner no ar o tempo inteiro. Ele se admira do comportamento de Mônica que age com uma naturalidade irritante. À mesa, a moça ri e fala com todos com a simplicidade de sempre e isso o deixa muito aborrecido. Como pode alguém passar pelo que ela está passando e agir daquela forma. É preciso ter muito sangue frio. A impressão que dava é que ela fazia questão de brincar com sua aflição.

O clima de animação na família é grande. Os únicos que percebem alguma coisa são Cláudio e Tânia. Embora por razões diversas, os dois estão constantemente observando o rapaz. Fora isso, o almoço segue normalmente.

Jairo, Jorge e vários amigos de Leonardo lançam brindes e desejos de muitos anos de vida, boa saúde e sucesso ao velho fazendeiro, e ele se sente realizado e feliz demais para perceber que há algo de errado se passando pela cabeça do filho caçula, já que seu mais velho está para lhe dar um neto. Leonardo Valle não poderia querer mais nada naquele momento.

Seus presentes estão reunidos todos na biblioteca e aqueles pacotes coloridos atraem a atenção de suas duas filhas menores que escapam da mesa e correm até lá para bisbilhotar as coisas bonitas que o pai ganhou.

Mas o assunto em pauta continua sendo o futuro neto e a indicação de Cláudio como diretor do orfanato de Bárbara. Muito orgulhoso do filho que, mesmo não admitindo, sempre foi seu predileto, Leonardo ouve com um leve sorriso os elogios vindos de todos.

Por sua parte, Jorge também tem seu quinhão de orgulho, pois também vai ser avô e é sogro do jovem médico. Não se cansa de repetir que a filha está casada com o melhor partido de Casa Branca.

- Agora só falta vermos Mônica e Wagner casados com as suas respectivas caras-metades, ele diz.

Wagner fica vermelho e não sabe para onde olha e onde coloca as mãos. Mônica abaixa os olhos e sorri discretamente.

- É cedo pra se pensar nisso, diz Jairo, pegando a mão da filha.

- Também acho, concorda Wagner, levantando-se. - Se me dão licença...

Ele sai da mesa e da sala.

- Que deu nele? - pergunta Jorge.

- Quando um rapaz fala que ainda é cedo pra casar, é porque já está pensando nisso, diz Tânia, de um modo malicioso que só Cláudio e Mônica percebem.

Os demais riem. Cláudio pede licença a todos e levanta-se também, saindo atrás do irmão, mas já não o encontra. Lopes, escovando o cavalo fora da casa, o informa que ele saiu.

- Você viu pra onde? - Cláudio quer saber.

- Aquela turma dele estava toda aqui em volta dos carros, nas motos deles e até a caminhonete do supermercado do Lage estava aqui. Chegaram aqui há pouquinho. Vieram atrás dele. Ele se uniu a eles e saíram em direção à cidade.

- Não era pra ele ter ido, Cláudio diz, aborrecido, olhando na direção da estrada. – Hoje é um dia especial pro papai.

- Foi o que eu disse pra ele. Sabe o que ele respondeu?

- “Meta-se com a sua vida, Lopes”.

- Exatamente. Eu achei melhor não me meter, Lopes diz, dando de ombros, continuando a escovar Apache.

- Não tem problema. Se ele tem algum tipo de consideração por meu pai, ele volta daqui a pouco. Tem que voltar...

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... CASA BRANCA

PARTE 14

OBRIGADA E BOA TARDE!

Velucy
Enviado por Velucy em 01/02/2018
Reeditado em 01/02/2018
Código do texto: T6242312
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