RP - ERA UMA VEZ... EM LONDRES? - PARTE 2

ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE II

Meia hora depois ela está de volta. Quando entra no quarto, vê Wagner diante o espelho já vestido e gosta do que vê.

- Perfeito...

Ele se volta para ela.

- Espero que tenha gostado.

- Você tem bom gosto, mas... quando é que eu vou poder sair desse quarto de bonecas?

- Não é um quarto de bonecas. É o seu quarto.

- Meu quarto é aquele que eu deixei lá em Casa Branca por causa de uma estupidez, uma burrice. Nunca mais vou ser gentil com ninguém que aparecer na minha casa depois da meia noite, mesmo que seja uma garota bonita. Por falar nisso, onde estão seus amiguinhos?

- Você vai vê-los logo.

- Não pense nenhuma bobagem. Não estou com nenhuma vontade de ver nenhum deles. Principalmente aquele cavalheiro gentil que me pregou um soco no rosto que até agora está ardendo.

Ela ri.

- Você tem um jeito engraçado de falar.

- Ah, tenho? Fico feliz em divertir você.

- Mas não fique nervoso. Logo você vai saber que não é nada disso que você está pensando.

- Então me deixa sair daqui logo.

Ela abre a porta e lhe mostra o corredor. Ele sai e para, sem saber para onde ir. O corredor é enorme.

Wagner fica parado e não sabe o que fazer nem para onde ir. Linda toma a dianteira, sorrindo, e ele a segue. Percorrem quase dez metros de um longo corredor, ladeado por paredes repletas de quadros que Wagner deduziu serem bem antigos e caros. O rapaz não consegue fechar a boca, tão abismado está com todo o luxo que vê a sua volta.

No fim do corredor, eles chegam ao início de uma longa escada, toda atapetada, que desce até uma sala espaçosa, na qual caberia duas vezes a sala da casa grande da fazenda que ele sempre achou que já era enorme. Toda a decoração do lugar e igualmente luxuosa.

- Fala a verdade, Linda, é aqui que gravam os filmes da Branca de Neve?

- Não. Essa casa é real e na Terra mesmo e é sua.

- Minha? Você bebeu...

- Sua sim, confirma uma voz masculina que vem de uma das várias portas que ligam a grande sala a outros cômodos da casa.

Wagner se volta e vê um velho de mais de setenta anos, baixinho atarracado que o faz lembrar-se do Papai Noel. Pelo menos este foi o personagem que lhe veio à cabeça no momento em que o viu.

- Dormiu bem? - ele pergunta, num sotaque inglês, aproximando-se de Wagner devagar, apoiado numa bengala, e observando-o de alto abaixo por cima dos óculos pequenos que tem sobre o nariz.

Aquilo deixa Wagner encabulado, confuso e mudo.

- Eu lhe fiz uma pergunta. Não ouviu?

- Se o senhor responder a minha, eu vou responder a sua.

O velho dá uma sonora gargalhada.

- E qual é a sua pergunta, filho?

- Quem é o senhor? E onde eu estou?

- São duas perguntas. Qual é a mais urgente?

- As duas... e eu tenho muitas mais, pode crer.

O velho continua observando o rapaz de alto a baixo e, depois de muita inspeção, olha para seu rosto.

- Você está em Londres, capital da Inglaterra.

- Londres? Mas...

- E eu sou seu bisavô: Stanley Tybald Aubrey Russel. Já ouviu falar de mim?

Sem acreditar, Wagner o olha desconfiado e balança a cabeça negando.

- Eu nunca soube que tinha um bisavô, muito menos em Londres...

- Como é o sobrenome do seu irmão?

- Russel... Valle, ele diz, ligando tudo.

- Não faz sentido?

- Eu nunca tinha ouvido falar do senhor, ele diz ainda desconfiado.

- E nem poderia. Seu pai me detesta.

- Por quê?

- Porque eu sou o velho mais rabugento, avarento e implicante de toda a Inglaterra e ele me roubou a neta, minha única neta. E a levou para morar naquele Saara subnutrido que é o Brasil.

- Então ele tem razão de não gostar do senhor.

- Eu não pedi sua opinião, o velho diz zangado e apontando o indicador bem perto do rosto dele.

Wagner se afasta um pouco, mas continua.

- E já que não queria minha opinião porque me trouxe pra cá de maneira tão estúpida? Se queria que eu o conhecesse deveria ter sido mais gentil. Como o senhor acha que minha família deve estar agora depois desse meu desaparecimento? Devem estar achando que eu fugi de casa ou morri.

- Eu não me importo com o que sua família pensa ou deixe de pensar, ele diz com tranquilidade. – Eles merecem esse sustinho. É assim que vocês falam em português, não é?

Até esse momento, Wagner não tinha reparado no sotaque do velho e, em seu pensamento, elogia seu ótimo desempenho na língua latina, mas resolve manter esse ponto de vista para si mesmo.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE 2

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

BOM CARNAVAL E... JUÍZO!

Velucy
Enviado por Velucy em 11/02/2018
Código do texto: T6250724
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