RP - ERA UMA VEZ... EM LONDRES? - PARTE 23

ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE XXIII

A cada gemido de Guto, uma expressão de dor aparece no rosto de cada um dos jovens, que vão saindo lentamente orientados pelo segurança.

Doutor Alonso se aproxima e ao ver aquela porção de jovens em volta do rapaz, pergunta:

- Seu fã clube, Cláudio?

- Mais ou menos... - Cláudio responde. – São amigos do meu irmão.

- Leda, encaminha o rapaz pro raio X. Garotada, fora, agora! - Alonso diz, com educação, mas com energia, apontando a porta da saída.

- Deixa eu ficar com ele, doutor? - pergunta Dina.

- Você é o quê, mãe dele?

- Claro que não...

- Ele é menor?

- Não, mas...

- Então fora, bonitinha. Quando mais rápido vocês saírem daqui, mais rápido a gente cuida dele. Ele já foi pro raios-X e logo, logo vai estar no quarto. Aí vocês vão poder vê-lo e levá-lo pra casa, certo? Pedro, ajuda aqui.

O segurança pega Dina pelo braço e vai levando a moça para a saída junto com os outros. Quando eles já estão atrás do vidro da porta de entrada, Alonso volta-se para Cláudio e diz em voz baixa.

- Segura seu fã clube lá fora, senão eu mando o juizado vir prender todo mundo.

Bate no ombro dele e vai por onde Leda levou a maca. Cláudio vai falar com os rapazes e moças e tentar acalmá-los.

Depois de algum tempo, Guto já está com a perna engessada até o joelho, batendo papo com Leda.

- Meu pessoal pode entrar aqui agora? - ele pergunta.

Ela olha para Alonso e ele diz:

- Pode. Eles devem estar com o Cláudio lá fora. Leda, por favor, pegue uma cadeira de rodas pra levar o Luís Augusto até lá fora.

Leda providencia a cadeira de rodas e acompanha Guto até a recepção, onde os rapazes e moças o cercam, crivando o rapaz de perguntas felizes. Guto se sente o centro das atenções e afirma, quando perguntado, que não doeu nada e que, pelo tratamento que teve, até gostaria de quebrar a perna mais vezes. Por isso agradece a todos.

Alonso, diante de toda aquela gratidão, coloca o braço em volta do ombro de Cláudio que esteve ali com eles todo o tempo e reitera:

- Da próxima vez que você quebrar a perna, Luís Augusto, vá se acostumando que o doutor Cláudio é pediatra, médico de criancinha, não pode ser seu médico mais, ok? Até dezesseis, dezessete anos, tudo bem. Mais que isso, você vai ter que se contentar comigo mesmo.

- Desculpa, doutor, não vai acontecer de novo.

- Ele pode mesmo ir pra casa, doutor? - Beto pergunta.

- Você está de carro?

- Eu estou.

- Então pode, mas aviso que ele não pode andar muito ainda. O gesso ainda não secou direito.

- Pode deixar. A gente cuida dele direitinho, diz Dina. - Obrigada, por tudo.

- Ei, turma, não é obrigado não. Quanto foi, Cláudio?

- Você tem plano de saúde, Guto?

O rapaz balança a cabeça, negando. Cláudio olha para Alonso e pergunta à turma:

- Vocês têm como pagar?

Ninguém se manifesta.

- Eu não tenho aqui, diz Beto, mas eu arranjo com meu pai e volto pra acertar tudo hoje mesmo.

- Não precisa, Beto, fica por conta dos donativos que teu pai dá todo mês pro hospital.

Cláudio é ovacionado com aplausos e assovios.

- Parem com isso! Aqui é um hospital, Cláudio pede.

Todos se calam e Guto agradece:

- Nunca vou esquecer, doutor. Viu porque eu queria ser atendido por ele, gente?

- Agradeça a Humberto Lage. Agora sumam daqui, por favor.

Beto e Leo ajudam Guto a se erguer da cadeira de rodas e o colocam na caminhonete. Quando todos vão embora, Cláudio parece ter se livrado de um terremoto.

Alonso fala:

- E o meu trabalho, não valeu nada? Você levou a fama toda?

Cláudio dá de ombros e sorri. Miguel se aproxima dele e quer saber:

- Que gritaria foi aquela?

- O fã clube do Cláudio, diz Alonso. - A turma do Wagner. Um deles se arrebentou debaixo da moto.

- Coisa grave?

- Não, poderia ter sido pior. Só quebrou a perna e ficou um pouco arranhado. Já foi pra casa.

- É a juventude sadia do Brasil.

- Sadia e folgada, diz Alonso. - Nenhum deles trabalha.

- O pior é que meu irmão está no meio, diz Cláudio.

- Quer saber de uma coisa? - pergunta Miguel, colocando o braço em volta do ombro de Cláudio. - Bobos somos nós que esquentamos com trabalho, responsabilidade, dinheiro e outros bichos. O negócio é deixar a vida correr.

- Ah, é? E quando é que você vai comprar a sua moto, colocar sua jaqueta de couro nas costas e se juntar a eles?

Alonso ri.

- Eu disse: nós somos bobos. Eu me incluí. Motocicleta não vai pagar meu quarto na pensão, nem encher meu estômago, muito menos botar gasolina no meu carro. Eu prefiro continuar sendo bobo. Paguei muito caro pela minha faculdade e pelo meu CRM. Deixo esse privilégio para os filhinhos de papai.

Essa última frase Miguel disse batendo no ombro de Cláudio.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE 23

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 18/02/2018
Código do texto: T6257022
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