RP - ERA UMA VEZ... EM LONDRES? - PARTE 25

ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE XXV

Jairo joga o garfo dentro do prato num gesto de impaciência e cruza os braços sobre a mesa, aborrecido, mas não diz nada.

- Que diferença vai fazer se eu disser ou não, pai? O que você vai poder fazer? Matá-lo, como quis fazer com o Wagner?

- Como você pôde se envolver com um homem casado, Mônica? Nunca teve um namorado e como pôde fazer isso? Ele pelo menos tem que pagar de alguma forma por isso. E pagar caro!

- E jogar nossa família dentro de um escândalo? É a única coisa que você vai provocar. Na nossa e na dele. Eu não vou poder me casar de qualquer forma.

- O escândalo, você já provocou. Quando essa barriga começar a aparecer, a cidade inteira vai saber que a filha de Jairo Telles está grávida de não-se-sabe-quem. Se você, ao menos tivesse tido um namorado antes, eu não ia gostar nada, mas até admitiria um erro desse tipo. Acontece aos milhares todo dia e todo jovem faz bobagem. Eu mesmo fiz uma me casando com sua mãe contra a vontade do meu pai, mas você nunca teve um namorado! A pergunta da cidade inteira vai ser: de onde veio essa criança?

- Ninguém tem nada a ver com isso...

- Como não, Mônica!? Casa Branca não é São Paulo, nem Rio Pardo ou Campinas. É uma cidade relativamente pequena pra esse tipo de boato. Eu não quero ver minha filha na língua do povo.

Mônica fica em silêncio por um momento. Juliano se aproxima com seu suco e o coloca diante dela. Ela agradece e ele se afasta de novo. Mônica suga um pouco do suco com o canudinho e fala:

- Eu acho que tenho uma solução pra isso...

- Qual? O aborto? Eu não admitiria isso. A filha de um médico não...

- Não! Nunca! Eu nunca pensei nisso, mesmo quando descobri que estava grávida. Eu fiquei com medo, mas... nunca pensei em nada tão drástico. Eu preferia... me matar, antes de matar meu filho.

- Então o quê? Que solução miraculosa você tem pra isso?

- Eu me formo esse ano no colégio. Você falou que queria me mandar pra Europa pra eu estudar lá. Mesmo não sendo esse o meu plano inicialmente, eu... eu vou. Vou pra lá no final de dezembro, começo a estudar no início do ano que vem, tenho o bebê lá e volto pra cá no meio do ano que vem, nas férias. Deixo o bebê com a tia Bárbara e volto pra terminar meus estudos, até me formar enfermeira. Até lá, todo mundo já esqueceu que eu existo. Todo mundo já esfriou a cabeça e ninguém vai perceber que há uma criança a mais na cidade e não vão nem saber que é neto do doutor Jairo Telles.

- E você vai abrir mão do seu filho assim?

Mônica toma um pouco mais do suco e responde:

- Eu não preciso abrir mão dele. Eu posso... pegá-lo de volta e a gente pode criá-lo juntos.

Jairo olha para ela e balança a cabeça.

- Eu não sei como você pode pensar tão friamente numa coisa desse tipo, assim, Mônica.

- Pai... eu não tenho a consciência pesada. Eu quero esse bebê. Eu já o amo com todo meu coração. Eu quero ser feliz com meu filho e não importa quem seja o pai. Se eu não tenho futuro com ele... vou construir um futuro pro meu bebê, com você... Se você quiser me ajudar.

Jairo demora o olhar no rosto da filha e coloca a mão sobre a sua.

- Só me responda uma coisa: você ainda ama este homem?

- Faz muita diferença, se eu responder?

- Por favor. Eu preciso saber.

- Muito... Amo muito, por isso, eu não quero dizer o nome dele nem pra você. Isso é muito importante pra mim, pai.

- Eu o conheço?

- Papai...

- Está certo, está certo. Não pergunto mais nada.

- E eu gostaria que você tirasse da sua cabecinha de uma vez por todas que o Wagner tem alguma coisa a ver com isso. Ele não tem. Eu gosto demais dele, mas ele é só meu amigo. A festa do meu aniversário foi só... A gente não fez nada. Eu já estava grávida.

- Eu posso confiar em você?

- Como... sempre, ela diz com um sorriso.

Jairo desliza a mão pelo rosto dela.

- Então eu vou confiar. Eu te amo demais, filha.

Ela beija a mão e o rosto do pai.

- Que bom te ouvir falar assim. Só que seu almoço está esfriando.

- Você não vai querer almoçar mesmo?

- Não, vou ficar só com o suco. Está uma delícia. Eu já comi um lanche lá no refeitório do Santa Mônica. Vim pra cá atrás de você, porque o vi saindo de lá, do primeiro andar.

- E... você está bem? Digo... o bebê?

- Está tudo bem.

- Já tem um ginecologista pra cuidar de você? Eu conheço um muito bom...

- O Miguel já está cuidando de mim.

- Por que o Miguel? Ele não é muito jovem?

- Justamente por isso. Ele é muito bom também e a gente fala a mesma língua. Eu confio nele.

- Você... disse a ele quem é o pai do bebê?

- Pai...

- Desculpe. Bem, se o Miguel está cuidando de você e você confia nele, cuide-se.

Ele beija suas mãos e ela se levanta, beijando sua testa.

- Eu vou dar uma chegada na Santa Casa pra ver se não precisam de mim por lá. Coma bonitinho. Te amo.

- Também te amo, filha. À tarde, eu passo por lá pra gente ir junto pra casa.

- Ok. Tchau.

RETORNO AO PARAÍSO – ERA UMA VEZ... EM LONDRES?

PARTE 25

OBRIGADA E BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 18/02/2018
Código do texto: T6257410
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