RP - TESTAMENTO - PARTE 28

TESTAMENTO

PARTE XXVIII

Após o término na leitura da carta de seu bisavô, Wagner se deita na cama, recostando a cabeça no travesseiro, apertando a carta no peito. Não sente mais vontade de chorar. Não consegue fazê-lo. Apenas sente dentro de si um vazio imenso, como se já tivesse chorado todas as suas lágrimas durante a leitura da carta. Como se alguma coisa tivesse sido arrancada de seu peito.

Faltando quinze minutos para as cinco horas, alguém bate à porta. É Linda.

- Wagner, posso entrar?

Ele se levanta e vai abrir a porta. Ela o percebe abatido.

- Tudo bem? Eu vim te chamar pro chá.

- Eu já vou descer...

Ela olha para a carta em sua mão.

- Você já leu?

- Li... Você sabe de tudo que está escrito aqui dentro, não sabe?

- Sei.

- Então você não vai se importar se eu não comentar, vai?

- Não, claro, mas você está precisando desabafar. Eu sinto isso.

- Depois...

Ele coloca a carta novamente dentro do envelope e a deixa sobre a cama. Desce com ela para o chá e como ela havia previsto, ele pede:

- Ah, eu não vou tomar chá sozinho com você nessa casa imensa. Julian!

O mordomo aparece de trás de uma porta.

- (Sim, senhor).

- Cadê o Gart? Chama os seguranças pra vir tomar chá comigo.

Julian vai cumprir sua ordem e os rapazes logo entram na casa, aceitando seu convite. Depois do chá, eles continuam conversando amigavelmente sobre várias coisas, Wagner pergunta:

- Seria possível voltar pro Brasil hoje?

- Hoje? - pergunta Linda.

- É. Vocês não me trouxeram pra cá à noite? Eu quero voltar pra lá agora.

- (Está com tanta pressa assim de se ver livre da gente?) - pergunta Neil.

- Muito pelo contrário, Neil. Eu ter vindo pra cá, foi um rito de passagem, diz Wagner a sério. – Meu bisavô fez as coisas direitinho. Conhecer vocês foi um prêmio e uma aprendizagem pra mim, pode crer. Eu só posso agradecer a vocês, por tudo. A cada um de vocês, Peter, Bob, Neil... Linda... minha linda, Wagner diz isso segurando a mão dela, sorrindo. – Tirando o fato de que eu consegui mais um pra me pegar no pé nessa vida. Eu consegui um tio! – ele olha para Gart. – Já não bastava meu irmão e minha madrasta, sem contar meu pai, pra ficar me dizendo o que fazer e o que não fazer...

- Eu nem comecei ainda! - diz Gart, a sério no início, mas sorrindo em seguida.

- A vinda pra cá foi um divisor de águas pra mim. Quem vai voltar pro Brasil não é mais o Wagner que veio. E quem não vai mais ficar livre de mim são vocês. Eu vou, mas eu volto. Tenho muita coisa pra... resolver... esclarecer... conhecer de novo... Preciso colocar a vida da minha família e a minha vida nos eixos de novo. Rever e conhecer de novo meu pai. Rever e conhecer de novo meu irmão. Eu já amava os dois demais... mas agora pra mim... eles são outras pessoas.

- Você perdoou seu pai? - Linda pergunta.

Wagner olha para ela e depois de uma pausa e um leve suspiro, responde:

- Não foi pra mim que ele fez mal. Eu acho que não sou eu quem tem que perdoar nada. Também não acho que é pra mim que ele tem que pedir perdão. E é isso que eu vou tentar consertar no Brasil. Por isso eu quero ir o mais rápido possível.

- Eu vou ligar pro aeroporto... diz Linda, começando a se levantar.

- Eu faço isso, Linda, fala Gart. – Fique.

- Obrigada, ela diz.

- (A gente vai indo também), diz Peter, se levantando.

Bob e Neil fazem a mesma coisa.

- (Obrigado pelo chá), agradece Bob.

- Foi um prazer. Queria que vocês dissessem pro Bartley que eu volto, mas que ele já pode ir adiantando aquele assunto da grana de vocês. Obrigado.

Wagner aperta as mãos de cada um.

- (Nós é que agradecemos. Boa noite. A gente vai estar aí fora até vocês viajarem.).

Eles saem.

- Por falar nisso, cadê o Teo? Ele já foi embora?

Ele olha para Linda que responde:

- Ainda não...

Wagner percebe que os olhos dela estão tristes e que agora não é só por causa da leitura do testamento. Há mais alguma coisa.

- O que você tem, Linda? Que aconteceu? Você vai poder ir comigo pro Brasil, não vai? Você falou com ele?

- Falei... Eu vou sim, mas a gente terminou o noivado.

- Terminaram? Por quê?

- Eu não quero falar sobre isso agora. Você tem algum plano pra quando a gente chegar em São Paulo?

Wagner se senta, preocupado, e diz:

- A gente... vai até o aeroporto de Campinas, dorme em algum hotel na cidade e vai para Casa Branca de manhã. Pode ser?

- Acho que sim. Você vai querer levar o carro?

- É possível?

- A gente dá um jeito, ela diz sorrindo triste.

- Então eu quero.

RETORNO AO PARAÍSO – TESTAMENTO

PARTE 28

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE E PROTEJA A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 15/03/2018
Código do texto: T6280208
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