RP - ALBERTO - PARTE 13

ALBERTO

PARTE 13

- Pelo amor de Deus, meu coração não aguenta mais levar susto, diz Cláudio. - Se eu não morrer assassinado pelo pai de uma das duas, vou morrer de enfarto.

Wagner ri gostoso.

- Não ri, não.

- Isso é muito legal! Ah, sabe quem voltou?

- Não, quem?

- Nosso avô.

- Avô? Nós não temos mais avô faz muito tempo. Wagner Valle morreu no ano em que eu nasci e o seu...

- Do falando do Ivan, pai da Magda, nosso avô torto.

- Mesmo? Ele voltou? Quando?

- Hoje. Já me roubou minha moto e saiu em disparada com ela pra fazenda.

- Te deixou a pé?

- Com a mão no bolso. A lata velha dele ficou lá no posto do Antônio.

- É chato ter concorrente, não é? Se com você, a cidade já fica de pernas pro ar, imagine com os dois. Quer o meu carro?

- Não, você vai ficar sem condução pra levar o garoto pro Desterro e depois pra voltar. Vou ver se o Beto pode me descolar a moto dele.

- Descolar...

- Ah, você entendeu. Não enche. Ele vai ter que ir até a fazenda mesmo. Depois ele vai com a caminhonete e traz de volta.

- E seus amigos? Onde estão? Os ingleses, digo.

- Andando pela cidade. E ela não é inglesa, é portuguesa. E o Gart é quase Escocês. Ele nasceu em Glasgow.

- Quase? Se ele nasceu em Glasgow, ele é escocês.

- Acontece que... a vida do Gart é um milagre. É um troço que... contando você não acredita. Ele nasceu em Glasgow e quando meus avós maternos estavam voltando pra Inglaterra... o avião caiu... e todo mundo morreu. Só ele sobreviveu.

- Isso é mais do que milagre. Parece filme de ficção cientifica.

- Não é? Esse é meu tio.

- E eles vão voltar logo pra Inglaterra?

- Espero que sim.

- Pelo Gart, eu até entendo, você falou que ele é quem vai administrar a herança que seu bisavô deixou pra você, mas pela Linda... Eu pensei que você gostasse dela.

- E gosto, mas é que eu estou bancando o cupido. Quero que ela volte sim, mas casada ou em vias de se casar com o Gart.

Cláudio sorri.

- Você não devia ter feito vestibular para Agronomia, não. Devia ter entrado pra um convento e virado padre. Não ia ficar um solteiro em Casa Branca.

- Nem o padre...

Os dois riem. Um carro para atrás do Mercedes e Cláudio o reconhece. É o carro de Miguel. O médico também reconhece o carro de Cláudio e se aproxima chegando perto da janela do motorista.

- Bom dia, Cláudio. Oi, Wagner, tudo bem?

- Tudo em cima, Wagner responde. – E você?

- Mais ou menos. Que bom te ver de volta. Fez boa viagem?

- Maravilhosa...

- Que bom. Eu soube pela Ana sobre o Alberto. No que ficou o caso dele, Cláudio?

- A gente foi até a casa dele, nós e o delegado. O pai dele está morto. Acidente com faca. Ele estava bêbado e caiu em cima dela. O Alberto vai ficar sob minha custódia por enquanto. Até encontrarem a mãe dele em São Paulo.

- É uma pena. Criança não devia passar por isso. Eu também não tenho muita certeza de que ele vai ficar melhor com a mãe do que com o pai. Querem almoçar comigo?

- Não, obrigado. A gente já está indo. Você trabalha o dia inteiro hoje?

- Até as onze, se Deus quiser.

- O que você veio fazer aqui? - Cláudio pergunta.

- Saber do caso do garoto mesmo. Fiquei preocupado.

- Quer almoçar lá em casa amanhã? - Wagner convida.

Miguel olha para Cláudio e pergunta:

- Na casa de quem?

- Na fazenda, Wagner responde. – Vai ter uma reuniãozinha de família pra comemorar o aniversário da nossa irmã caçula.

- Muito obrigado por me considerar da família, mas eu prometi a minha mãe que iria passar o domingo com ela em Poços. Dê um beijo na Elis por mim. Ela é uma bonequinha. Vai dar trabalho pra vocês quando crescer.

- Vai passar o Natal com a gente, então, Wagner insiste.

- Pior ainda. Talvez no Natal... ou mesmo na segunda feira, eu já não esteja mais em Casa Branca. Eu vou pro Rio.

- Rio? - Cláudio pergunta.

- De Janeiro? - Wagner pergunta também.

- É... Eu vou passar minhas férias lá. E também estou pensando em deixar a Santa Casa. Sair de Casa Branca. Meu tio tem amigos lá no Leblon. Amigos médicos que vão dar uma mãozinha pra ver se conseguem me encaixar no cast do Miguel Couto. Sempre foi meu sonho trabalhar lá.

- E o casamento? - Wagner pergunta.

RETORNO AO PARAÍSO – ALBERTO

PARTE 13

OBRIGADA E BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!