RP - IVAN, O TERRÍVEL - PARTE 3

IVAN, O TERRÍVEL

PARTE III

Mas Cláudio não sabe nem suspeita que Tânia está a poucos metros dali, seguindo o marido. Como ouviu a conversa entre ele e Lopes, volta rapidamente para casa e, como Lopes ainda vai até a Santa Casa, consegue chegar antes dele, troca de roupa e fica esperando pelo administrador dentro de casa.

Quando Lopes chega, ela o recebe e age como se de nada soubesse.

- Oi, Lopes! Tudo bem?

- Bom dia, dona Tânia. O doutor Cláudio me pediu para vir buscá-la e levar a senhora lá pra fazenda.

- O Cláudio? Onde você se encontrou com ele?

- Ele estava levando o irmão pra fazenda e eu me encontrei com eles na entrada da cidade. Eu vim buscar o médico na Santa Casa. Minha mulher vai ter bebê.

- Que bom, Lopes. Fico feliz por você. E... cadê o médico?

- Eu não encontrei nenhum dos dois na Santa Casa. Não consegui falar com doutor Miguel. Tinha acabar de entrar pra sala de parto e não sabiam quanto tempo ele ia demorar e o Júlio foi atender um outro parto nos limites da cidade.

- E como vai ser agora?

- Não sei, não, senhora. Minha esperança é que o doutor Cláudio consiga fazer o parto sozinho, como fez o da Elisinha.

- Ah... Ele consegue sim. Vamos?

Eles saem da casa e Tânia aceita passivamente ser levada por ele. Por dentro, ela está morrendo de ódio. Não sai de sua cabeça a cena do marido conversando com Mônica na frente do hospital Santa Mônica. Ela estava por perto e os viu antes de se despedirem. Seus nervos estão à flor da pele, mas ela não deixa transparecer e vão em silêncio o caminho todo.

Lopes já é um homem tímido e reservado por natureza, ainda mais diante da família do patrão, e ela, porque está imaginando o que vai fazer se encontrar com Cláudio e Mônica, juntos, na fazenda.

Enquanto isso, mais adiante, Wagner critica o irmão pela ideia de trazer a mulher à fazenda, sendo que vai se encontrar com Mônica.

- Eu acho que você é masoquista, Cláudio. Você quer ser pego em flagrante pela Tânia?

- Ela já sabe, Wagner.

- Eu sei que sabe, mas também não precisa entregar assim de bandeja. Ela vai ter argumentos fortíssimos contra você, se te vir com a Mônica. Você tem que sair daqui limpo.

- Eu só sairia daqui limpo, se o tempo retrocedesse uns seis meses ou mais. Eu estou ligado à Mônica há muito mais tempo que isso. Eu já traio minha mulher em pensamento há muito tempo, meu irmão. Eu pedi pro Lopes trazer a Tânia, justamente pra ela pensar que eu não tenho nenhuma intenção de vir até a fazenda ou ir a qualquer lugar sozinho, escondido dela. Quando eu e Mônica começamos isso tudo, não fizemos nada escondido. Todo mundo lá no hospital viu nós dois sairmos pela porta da frente. Jantamos no Barão que estava cheio de gente. Todo mundo viu a gente lá, inclusive gente conhecida. Saímos de lá e fomos ao Cobalto e voltamos às três da manhã. Entramos pela porta que saímos, já com um caso de emergência pra atender, que havíamos encontrado na volta. E ninguém desconfiou. Tânia só deve ter desconfiado... não sei... porque eu não sei fingir e me senti muito culpado... ainda mais depois que a Mônica decidiu que não queria assumir tudo comigo. Se dependesse de mim, eu já não estaria mais aqui nem a tempo de você dar aquela festinha de arromba no aniversário de vocês. Foi a própria Mônica que impediu que eu fizesse alguma coisa.

- Eu não tiro a razão dela.

- Eu também não, mas isso não está mais em questão. Ela estava certa, mas é por culpa dela que esse bebê está entrando no quarto mês de gestação e nós estamos fazendo parte dessa palhaçada idiota. E pior ainda, eu não estaria me sentindo culpado pela morte do filho da Tânia que, afinal de contas, também era meu filho. Eu não vou agir mais como um marginal. Não me arrependo do que eu fiz. Se a Mônica está do meu lado, eu não me arrependo de nada. Pela primeira vez na minha vida...

- Fico muito orgulhoso de você ouvindo isso, meu irmão, mas ainda acho que a Tânia pode atrapalhar.

- Ela não está a fim de fazer nada contra mim. É muito covarde pra isso. Cheguei a essa conclusão. O que ela quer é me manter do lado dela. Sendo marido dela vinte e quatro horas por dia. Se ela quisesse mesmo fazer alguma coisa, já tinha feito ou me deixado fazer. Já teria contado pra todo mundo. Pra mãe dela, que fosse. Pra meter medo em mim, ela contou pra Magda, porque ela sabe que a Magda me adora e não contaria nada pro papai.

- Está armando o bote. Eu não confio nela. Confesso que, nesse momento, eu tenho medo dela, Cláudio.

- Eu só tenho muita pena. Ela já foi uma garota maravilhosa. Meio fútil, sim, como você dizia, que ela era filhinha de papai, mas era carinhosa comigo e sempre foi apaixonada por mim. O casamento estragou tudo...

- E você chegou mesmo a gostar dela?

- Muito. Tudo que acontecia comigo de bom e de ruim, eu contava pra ela. A gente era muito amigo mesmo. Éramos como irmãos.

- Não sei por que, mas eu nunca consegui gostar dela.

- Você tinha ciúme.

- Ciúme? Ciúme de quê?

- De mim, Cláudio fala, sorrindo. – Não sei se você se lembra que era agarrado em mim feito carrapato e quando eu a trazia pra cá depois do colégio ou ia com ela pra cidade, pra estudar junto, ou tomar um sorvete, você não gostava. Ficava emburrado um tempão comigo.

- Ah, que piada! Eu com ciúme de você? Eu não fazia isso não. Deixa de história, Cláudio.

Cláudio ri e para o carro, pois já estão diante dos portões da fazenda.

RETORNO AO PARAÍSO – IVAN, O TERRÍVEL

PARTE 3

OBRIGADA E BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 05/04/2018
Código do texto: T6300464
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