RP - IVAN, O TERRÍVEL - PARTE 17

IVAN, O TERRÍVEL

PARTE XVII

Momentos depois, Jairo está ao lado de Mônica, agora mais calmo. Miguel e Cláudio estão com ele.

- Obrigado por cuidar dela, Miguel, diz Jairo.

- O senhor tem que avisar a polícia. Isso foi tentativa de assassinato. O senhor sabe como aconteceu?

- Não muito. Cheguei de viajem agora à tarde. Eu estava esperando por ela, na sala, lendo um jornal. Ouvi o carro chegar e ela descer dele, mas quando ela já estava na porta, ouvi o tiro, fui abrir a porta e ela caiu nos meus braços. Nem ela viu quem foi.

- Ela estava acordada, quando o senhor a socorreu?

- Estava. Desmaiou no carro.

- Há possibilidade de ter sido um assaltante?

- Não me lembro da última vez que houve ocorrência de assalto aqui em Casa Branca, ainda mais na Luís Gama. É uma rua tão tranquila. E se foi, eu acho que ele nem entrou na casa ou eu teria percebido... Eu não acredito nisso.

- Então, quem atirou, atirou na intenção de... matá-la e não de roubar. É isso?

- É difícil acreditar nisso também, mas não tem outra explicação. Eu tenho certeza de que o tiro foi de longe. A pessoa esperou que ela saísse do carro e chegasse perto da porta, depois atirou.

Cláudio ouve tudo em silêncio e cada vez tem mais certeza de que é a mulher quem está por trás de tudo isso. Um ódio silencioso vai crescendo dentro dele.

- Eu vou telefonar pro Arnaldo, diz Jairo. – Aproveitar que ela está dormindo. Tenho que descobrir quem fez isso com a minha filha de qualquer jeito. Não vou sossegar enquanto isso não acontecer.

Jairo beija a mão da filha e sua testa e, antes de sair do quarto, coloca a mão no ombro de Miguel e diz:

- Obrigado, filho.

Depois que ele sai, Miguel olha para Cláudio e pergunta:

- Você tem ideia de quem possa ter feito isso?

Cláudio se aproxima de Mônica e coloca a mão sobre a dela.

- Eu não quero acusar ninguém, sem ter certeza... mas quero descobrir tanto quanto ele. Tentaram matar Mônica e minha filha e eu não vou ficar parado só vendo as coisas acontecerem, como tenho feito até agora.

Ele coloca uma das mãos sobre a testa de Mônica e a outra sobre sua barriga, depois a beija.

- Agora, eu vou assumir minha posição real nessa farsa toda. Só te peço que não saia de Casa Branca ainda, Miguel, por favor. Foi pra te pedir isso que eu vim até aqui hoje.

- Não vou sair...

- Eu queria saber se aquela história de que você tem um tio que tem amigos no Miguel Couto é verdade mesmo.

- É, eu falava sobre isso com você, quando a gente estava na faculdade. Meu sonho sempre foi trabalhar lá.

- E por que você não fez isso antes? Esse sonho vinha desde o vestibular.

Miguel olha para Mônica.

- Até então eu não conhecia ela... Primeiro, eu quis firmar minha carreira aqui. Saber com certeza se era isso que eu queria pra minha vida mesmo. Depois... eu conheci a Mônica. Desculpa... Eu até entendo você. Foi meio difícil não me apaixonar por ela também. Eu achei, no início, que era coisa da minha cabeça. Ela era uma criança... mas era tão diferente. Tão madura. Falava com a gente de igual pra igual, como se tivesse estudado com a gente no banco da mesma faculdade... Ela tem uma inteligência e um conhecimento de medicina que não combinam com a idade dela. A convivência com o pai fez isso com ela. Ela viveu medicina desde que nasceu e captou por osmose todo conhecimento que o pai tem, só que... direcionou tudo pro lado infantil. Ela entende tudo de criança, desde o nascimento até... Isso me deixava encantado. Eu ia... esperar mais um pouco, mais uns anos... pra ela amadurecer pelo menos em idade e falar sobre o que eu sentia... Eu tinha esperanças de me casar com ela e depois ir pra lá. Eu me tornaria o homem mais feliz do mundo, se isso acontecesse, profissional e sentimentalmente. Mas até então... eu não sabia que você gostava dela e vice versa.

- Se eu tivesse sabido disso tudo antes... Por que você não me disse? Nós nunca tivemos segredos.

- Você também não me disse.

- Como eu podia? Eu não aceitava o fato de ser casado e ter me apaixonado por uma garota de dezesseis anos. Não conseguia dizer isso nem pra mim mesmo.

- A gente se apaixonou pela mesma criança.

- A Mônica nunca foi criança. O pai dela não deixou.

- Agora também não vale a pena ficar comentando fatos passados. Eu não tenho mais nenhuma ilusão. Você chegou primeiro, meu amigo.

- Sinto muito. Isso nunca foi uma corrida... mas tudo seria mais fácil, se você estivesse no meu lugar...

- Não diz besteira. Ela te ama e muito.

- Eu sei... E Deus sabe o quanto eu a amo também...

Cláudio coloca a mão sobre a dela.

- Vou ver se o doutor Jairo precisa de mim, diz Miguel. - Ela vai acordar daqui a pouco.

- Chame uma enfermeira pra ficar com ela. Eu tenho que ir à casa do Jorge.

- O doutor Jairo já deve ter avisado ele por telefone.

- Não é isso que eu vou fazer lá...

Cláudio aperta a mão de Mônica por alguns segundos, beija sua testa e sai.

Desce a rua a pé e, ao passar diante da igreja matriz, que fica no meio do caminho, para e entra. Ajoelha-se no último genuflexório e pede:

- Me ilumina nesse momento, meu Deus. Não me deixe cometer nenhuma injustiça, pai. Fica comigo.

Ele reza uma Ave Maria, se benze e sai da igreja de novo, seguindo para a casa de Jorge.

RETORNO AO PARAÍSO – IVAN, O TERRÍVEL

PARTE 17

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 10/04/2018
Reeditado em 01/11/2020
Código do texto: T6304353
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