RP - EXÍLIO - PARTE 5

EXÍLIO

PARTE 5

Leonardo permanece calmo, embora por dentro esteja se despedaçando aos poucos.

- Isso é um absurdo, diz Magda, baixinho, apertando o braço do marido. – Meu filho nunca faria uma coisa dessas.

- Também não acredito que Cláudio tenha feito isso, Arnaldo. Minha nora deve estar enganada. Cláudio nunca tocou em ninguém pra bater ou mesmo pra empurrar que seja. Ele preza e respeita muito a vida humana, por isso é médico. Eu ponho minhas duas mãos no fogo por ele. Ele não cometeu essa atrocidade.

- É testemunho da própria vítima. Infelizmente, eu não posso desacreditar assim sem mais nem menos. Preciso falar pessoalmente com ele. Não o encontro na cidade nem em lugar nenhum. Não está nem na casa dele, nem no hospital. É um tanto estranho, você não acha?

- Aqui ele não está. Se você quiser revistar a fazenda, está às suas ordens.

- Acho que não é necessário... Basta você me dizer que eu posso confiar na sua palavra. Somos amigos a mais de vinte anos. Não tenho motivos pra duvidar de você.

- Pode confiar na minha palavra. Meu filho não está aqui.

- E você nem faz ideia de onde ele possa estar?

- Ele esteve aqui ontem à tarde, para atender a mulher do meu administrador que teve criança. Depois, eu só o vi hoje cedo, como já lhe disse.

- E o que ele veio fazer?

Wagner se aproxima mais dos dois e pergunta:

- O senhor ainda não sabe das novidades? Doutor Jairo e o Jorge, da Folha de Casa Branca, devem ter lhe contado.

- A respeito... do doutor Cláudio e a filha do doutor Jairo?

- Isso mesmo.

- Acabei de ficar sabendo... Foi um choque pra mim. Conheço o doutor Cláudio desde que estudava no Francisco Thomaz. Sempre foi um rapaz exemplar. Nunca esperei vê-lo envolvido num escândalo dessa proporção.

- E o doutor Jairo também não lhe disse que, com toda a autoridade que tem em Casa Branca, pode expulsar as pessoas da cidade e ainda... ameaçá-las de morte, como se fosse um xerife de filme de bang bang?

- Doutor Jairo ameaçou seu irmão?

- Exatamente. Ele deu doze horas pro Cláudio sair da cidade, porque, se ele ficar, vai matá-lo. Isso está dentro da lei, doutor Arnaldo?

- Essa acusação é muito grave, rapaz.

- Com certeza. O senhor queria que o Cláudio ficasse na cidade até agora de manhã esperando que o doutor Jairo metesse uma bala na cabeça dele, pra poder prendê-lo? Meu irmão nunca teve uma arma de fogo na vida. O senhor já investigou de que arma veio o tiro que a minha cunhada levou? Meu irmão saiu da cidade por causa dessa ameaça, não porque bateu e atirou em ninguém. Endosso as palavras do meu pai. O Cláudio respeita e preza a vida humana e nunca faria um negócio desses.

- E por que sua cunhada mentiria?

- Porque ela é uma maluca despeitada, só por isso.

Leonardo segura o braço do filho.

- Wagner, se acalme...

- É isso mesmo, pai! Ela deve ter atirado em si mesma pra incriminar meu irmão. O Cláudio não fez nada!

Nervoso, ele entra na casa. Arnaldo passa as mãos pelos cabelos e diz:

- Desculpe, Leonardo, eu não quis incomodá-lo. Só estou fazendo meu trabalho, mas o Jorge e o doutor Jairo não vão deixar seu filho em paz, enquanto não colocá-lo na cadeia. Eu vi isso nos olhos deles. Eles estão muito revoltados. Doutor Jairo falou até em abrir processo contra o doutor Cláudio por assedio e sedução de menores.

Leonardo não diz uma palavra sobre o assunto. Por dentro, seu coração se despedaça a cada palavra dita contra o filho.

- Você faz o que acha que é seu dever, Arnaldo. Você conhece meu filho. Faz o que achar melhor.

- Desculpe o incômodo, dona Magda. Até logo. Eu sinto muito se tiver que voltar algumas vezes aqui pra... vocês sabem... eu vou ter que vir com o juizado de menores pra... pegar o menino que eu deixei com ele. Ele está aqui, não está?

Magda apenas balança a cabeça confirmando, pois não consegue falar.

- Bom dia e... desculpem mais uma vez.

Arnaldo entra na viatura e os carros se afastam. Magda se abraça a Leonardo que está sem ação. Wagner sai da casa novamente com Linda e Gart.

- Pai, eu vou atrás do Cláudio. Talvez não volte hoje, dependendo do que ele vai querer fazer. Quando ele estiver num lugar seguro, eu venho dar notícias.

- Tem certeza de que você quer fazer isso?

- Desde que eu nasci. Meu irmão não fez nada errado. Ele só se apaixonou e se isso é crime... tem muita gente precisando ser presa no mundo inteiro.

Leonardo o abraça.

- Cuida dele pra mim, filho...

- Não se preocupe. Vou cuidar.

Gart e Linda entram no carro dele e Wagner vai pegar a moto na garagem e sai com ela.

RETORNO AO PARAÍSO – EXÍLIO

PARTE 5

OBRIGADA E BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 15/04/2018
Reeditado em 05/11/2020
Código do texto: T6309302
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