RP - EXÍLIO - PARTE 14

EXÍLIO

PARTE 14

Na estrada...

Depois que sai da casa de Salomão, Cláudio pega a estrada com intenção de ir até Campinas. Sabe que Arnaldo talvez peça ajuda a outras cidades para encontrá-lo, por isso não pode ficar muito perto de Casa Branca. Campinas pelo menos é longe o bastante da cidade é pode dificultar um pouco as coisas. Roda cerca de duas horas e chega à cidade.

A gasolina do Peugeot está quase no fim e ele resolve ficar por ali, abastecer o carro e se instalar em algum hotel para descansar um pouco, até que a poeira abaixe. Campinas é uma cidade grande e ele pode muito bem passar despercebido e pensar em como vai agir dali em diante.

Estaciona o carro diante de um hotel que conhece dos tempos de faculdade e quando vai sair do carro leva um grande susto quando vê, pelo retrovisor, dois rostos conhecidos. Ele olha para trás para ter certeza do que está vendo e depara com Diana e Alberto olhando para ele muito sérios e assustados.

- Diana! Alberto! O que vocês estão fazendo aqui?!

Ela engole em seco e não consegue dizer nada. Baixa os olhos e se limita a esperar pelo resto da bronca. Cláudio vira para frente, apoia-se no volante do carro e esconde o rosto entre as mãos, tentando se refazer do susto.

- Que mal eu fiz a Deus? Eu pedi perdão, Senhor, mas acho que não estou merecendo...

- A gente não queria que você viesse sozinho, diz Alberto. – Você não vai saber onde está minha mãe e eu posso ajudar...

Diana pula para o banco da frente e se senta ao lado do irmão.

- Não fica zangado comigo, Cla. Eu fique muito arrependida pelo que eu disse pra você lá na fazenda. Quero pedir desculpas. É mentira tudo que eu falei. Eu não te odeio. Eu ainda te amo muito.

- Pois não parece. Nós estamos a mais de cem quilômetros de Casa Branca e eu vou ter que voltar com vocês pra lá ou pedir pra alguém vir buscar vocês aqui. Eu não posso levar você comigo, Diana. Eu não estou indo passear em Poços ou... tomar sorvete da cidade.

- Por que não? Nós não damos trabalho nenhum pra você, não é, Alberto?

- Não é pelo trabalho, Didi. Acontece que ninguém sabe que vocês vieram comigo e já devem estar procurando por vocês lá como loucos. Se é que já não colocaram a polícia atrás de mim por causa de vocês.

- Polícia? - Alberto pergunta.

- Você não podia estar aqui agora Alberto. A Diana ainda é minha irmã, mas...

- Eu sou seu filho.

- Legalmente ainda não é.

- Mas você não vai procurar minha mãe?

Cláudio nem começa a explicar. Apoia o braço na janela do carro e coloca a mão no rosto, desnorteado.

- Meu Deus, me ajude, Pai!

Cláudio sai do carro e, nervoso, mas tentando parecer tranquilo, pede que os dois saiam também. Retira seus documentos do porta-luvas e depois de pegar a maleta que Wagner fez para ele com suas roupas e trancar o carro, entra no hotel com os dois. Na recepção diz:

- Boa tarde, eu queria um quarto, por favor.

- Para quantos, senhor?

- Três, um adulto e duas crianças...

- As crianças são parentes seus?

Diana adianta-se.

- Eu sou irmã dele e o Alberto é meu sobrinho.

A moça sorri levemente e pergunta a Cláudio:

- Sua irmã e seu filho?

- Isso mesmo... Cláudio consegue dizer. - É só por uma noite, responde ele, com o coração batendo apressado, parecendo querer sair do peito. Mentir sempre foi seu ponto fraco.

- Documentos seus e deles, por favor.

Cláudio sente o chão faltar debaixo de seus pés. Retira sua identidade e a carteira com o número do seu CRM e entrega a ela.

- Eu... não trouxe os documentos deles. Eu... sou médico e fui chamado por um amigo aqui da cidade pra... auxiliá-lo numa operação de emergência. Como eles não tinham com quem ficar, eu os trouxe comigo, mas se você quiser...

- Eu acho que conheço o senhor... a moça diz, olhando para a identidade. – Doutor Cláudio Valle... de Casa Branca.

- Eu mesmo... Você me conhece? De onde?

- Conheço sim. Minha mãe mora em Casa Branca.

- Mesmo?

- É... e minha filha, que tem doze anos hoje, foi visitá-la há um ano e teve um ataque de apendicite durante essa visita e quase morreu. Foi o senhor que a operou. Ela e minha mãe nunca se esqueceram do seu nome.

- Acho que me lembro. Dora... O nome dela é Dora, não é?

- Isso mesmo. Ela e principalmente minha mãe lhe são gratas até hoje, doutor.

- Eu estava só fazendo meu trabalho. Era o meu dever.

- Não precisa dos documentos deles. Não há razão pra eu desconfiar de alguém que salva vidas. Só assine aqui, por favor.

Ela lhe estende o livro de registro do hotel. Diana sorri orgulhosa para Alberto.

- O quarto é o cento e sete. Do lado direito da escada, no fim do corredor.

- Muito obrigado.

- Seu filho é muito bonito... e sua irmã também.

- Obrigado. Eu também acho, ele diz, com um sorriso.

RETORNO AO PARAÍSO – EXÍLIO

PARTE 14

OBRIGADA E BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 18/04/2018
Reeditado em 05/11/2020
Código do texto: T6312325
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