RP - EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES - PARTE 2

EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES

PARTE 2

SEGUNDA FEIRA (19/12/77)

No dia seguinte, no hospital, Mônica se prepara para voltar para casa. Miguel entra no quarto para lhe dar alta.

- Está pronta?

- Acho que sim, ela diz, sorrindo.

Ele olha para ela por um tempo e diz:

- Você está linda, com braço enfaixado e tudo.

- Muito obrigada, doutor.

- Teu pai vem te buscar daqui a pouco. Está assinando os papéis da alta. Ele já deve estar subindo.

- Eu sei... ela diz, fechando a maleta, com suas roupas.

- Ele me fez uma proposta que me deixou envaidecido agora a pouco, ele diz sério.

- Proposta?

- É... Inclusive é a última vez que eu vou tocar nesse assunto com você. Ele me propôs ir com vocês pra Europa.

- Você? - ela pergunta, sorrindo triste.

- Como seu marido. Esse casamento ainda pode acontecer hoje no cartório de Casa Branca. Aliás, já era pra gente estar casado a essa hora.

O sorriso se desfaz no rosto dela e Mônica se senta numa cadeira. Miguel imagina o que ela está pensando.

- Eu pensei que ele já tivesse mudado de opinião sobre isso... Ele não tinha o direito de fazer uma proposta dessas a você. Meu pai está cansado de saber minha resposta, e a sua também, pelo que eu entendi...

- Foi o que eu disse a ele...

- E eu não vou pra Europa, nem com ele, nem com ninguém.

- A sua passagem está valendo ainda e ele disse que vai comprar a dele hoje.

- Eu não vou. Ele não pode me obrigar. Não é porque ele retirou a queixa de tentativa de assassinato contra o Cláudio que eu vou fazer tudo que ele quer. Minha opinião continua a mesma.

Jairo entra no quarto, muito abatido ainda.

- Está pronta?

- Estou, ela responde, levantando-se.

- Obrigado por tudo, doutor Miguel. E me perdoe por alguma coisa.

- Então, o senhor vai sair mesmo da cidade hoje?

- Vou. A direção do Santa Mônica vai ficar com o doutor Henrique e espero que você dê uma mãozinha a ele, quando estiver por perto.

- No que for possível, doutor, mas o Henrique é muito competente. Não vou ter muito que ajudar nesse campo.

- Obrigado, de qualquer forma. Vamos, filha?

- Eu posso... me despedir do Miguel com calma?

- Claro... Até mais, doutor Miguel. E sinto muito por você ter recusado minha proposta. Eu teria muito gosto em tê-lo na minha família.

Jairo aperta a mão do rapaz que não consegue dizer nada. Jairo pega a maleta dela e sai do quarto. Ela se aproxima de Miguel e o abraça.

- Tchau, meu amigo...

Ele beija seu rosto, muito emocionado.

- Tchau, minha enfermeira favorita. Vê se cuida desse ferimento direitinho.

- Obrigada por salvar minha vida e por tudo e... desculpa.

- Eu só não vou desculpar... se você não for feliz com ele...

Mônica começa a chorar baixinho e ele a abraça forte, muito emocionado também.

- Eu te amo... Não esquece... ele sussurra.

Ela pega as mãos dele e as beija. Miguel tenta recolher as mãos, mas Mônica não deixa.

- Que é isso? Para... ele diz.

- Essas mãos ainda vão fazer muitas crianças nascerem e seria muito bom que a minha nascesse com a ajuda delas também. Eu te agradeço por tudo que elas fizeram pela minha filha e por mim.

Miguel não resiste e lhe dá um beijo na boca, depois se afasta dela.

- Vai logo. Teu pai está te esperando.

Ela sai do quarto e segue o pai. No carro, pai e filha vão debaixo de um silêncio constrangedor. E ela resolve iniciar a conversa, para diminuir o assunto que eles vão ter que falar em casa.

- Eu não quero sair do Brasil, papai.

Jairo não responde imediatamente. Depois de uma pausa, diz, com aspereza na voz:

- Eu não vou mais discutir isso com você. Se quiser ter seu filho com você a vida inteira... é melhor fazer o que eu quero que faça. Do contrário, logo que ele nascer, eu o coloco num orfanato que não será o da Bárbara. Será o primeiro que eu encontrar, bem longe da sua vista. E não duvide de que eu possa fazer isso. O primeiro deslize seu, será uma sentença contra seu filho, esteja onde você estiver.

Mônica se cala, trêmula. Quando chegam em casa, ele nem sai do carro.

- Eu vou comprar minha passagem. Não tente fugir. Eu posso achá-la no inferno. Se tentar manter contato com o pai do seu filho ou sair daqui pra se encontrar com ele, eu mesmo vou procurá-lo e acabo com a vida dele. E farei isso dentro do meu direito de pai. Você escolhe.

Ela sai do carro e ele sai da garagem. Jô aparece na porta onde estava ouvindo toda conversa. Mônica aproxima-se e se abraça a ela com os olhos molhados.

- Eu não tenho mais nada a perder... Ficar aqui é a mesma coisa que morrer ou imaginar que ele esteja morto. Eu vou embora.

Ela entra na casa e Jô a segue tentando dissuadi-la daquela decisão.

- Por favor, filha, não tente fazer nenhuma loucura. Seu pai está falando sério.

- Eu também...

Mônica vai ao telefone e liga para a fazenda. Wagner atende:

- Alô! Fazenda Quatro Estrelas...

- Que bom que você atendeu. Eu preciso falar com você.

- Mônica? Onde você está? No hospital?

- Não, eu já estou em casa, mas vou sair daqui a pouco. Você pode me encontrar na frente do Francisco Thomaz?

- Que é que você tem? Você está chorando?

- Quinze minutos, tá?

- Ok, mas...

Ela desliga o telefone e Wagner fica olhando para o aparelho sem entender nada.

RETORNO AO PARAÍSO – EXPEDIÇÃO BANDEIRANTES

PARTE 2

OBRIGADA E BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 23/04/2018
Reeditado em 23/04/2018
Código do texto: T6316437
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.