RP - SÃO PAULO - PARTE 10

SÃO PAULO

PARTE X

QUARTA-FEIRA - CASA BRANCA

O dia amanhece em Casa Branca. Miguel se levanta às cinco. Toma um banho, se troca e vai para o salão de refeições do hotel, onde dormiu com Lúcia e Alberto. Um lugarzinho aconchegante, com oito mesinhas, cada uma com quatro cadeiras, já prontas para receber os hóspedes.

O café é servido das seis às nove e meia. E nele há todo tipo de iguarias que são preparadas por dona Júlia: pães caseiros, bolos de fubá e chocolate, pudim de pão, broas, arroz doce, iogurte, o pão francês que não pode faltar, manteiga feita na casa, geleias de jabuticaba e de morango e garrafas térmicas de café com e sem açúcar, leite e chocolate.

Ele entra no salão que ainda está vazio e começa a se servir de café e do pãozinho francês que já é seu costume comer de manhã. Dona Júlia aparece no balcão que separa o salão da cozinha e o cumprimenta:

- Bom dia, doutor Miguel!

- Bom dia, Juju.

- Dormiu bem?

- Como um anjo, obrigado.

- E a moça? Será que também dormiu? Espero que ela tenha gostado das acomodações do meu hotel.

- Ah, deve ter gostado sim... Ela não é muito exigente e aqui tudo é muito gostoso.

Lúcia entra no salão e responde por si mesma.

- Eu adorei, dona Júlia, estava tudo perfeito. Bom dia!

- Fico feliz, dona Lúcia. Bom dia!

- Só Lúcia, por favor.

A velha senhora sorri e volta para dentro da cozinha.

Lúcia se senta na frente dele, pega o pãozinho com manteiga que ele ia colocando na boca e come ela mesma.

- Ah, engraçadinha, tem mais ali. A Júlia fez pra todo mundo.

- Esse estava mais gostoso, ela diz, sorrindo, mastigando o pão com gosto.

- Por que levantou tão cedo? - ele pergunta.

- Você vai pro hospital?

- Vou, mas você pode ficar aí com o garoto. A que horas você pretende pegar a estrada?

- Depois do almoço.

- Então tem tempo. Eu vou ficar lá só até as dez e volto pra almoçar com vocês e te levar até a saída da cidade.

- Está certo.

- E o Alberto, não acordou ainda?

- Não. Dormiu feito uma pedra a noite toda.

- Eu fiquei tentado várias vezes a ir até o seu quarto e ficar com você nem que fosse por uma hora. Estou com saudades...

Ele pega a mão dela. Lúcia olha discretamente para a cozinha.

- O hotel me parece bem familiar. Você não estava nem maluco de fazer isso, ela diz baixinho.

- Eu não sou nada familiar e a Júlia já me conhece.

- Mas e o Alberto? Você não respeita nem a criança?

- Foi por causa dele que eu não fui.

Ela se serve de café com leite e apanha um pedaço de bolo de fubá.

- Quando você volta? - Miguel pergunta.

- Não sei.

- Então você vai embora e a minha proposta fica sem resposta?

- Que proposta? - ela pergunta, sorrindo, se fazendo de desentendida.

- Eu quero me casar com você. Pra valer agora.

- Você não acha que ainda é muito cedo pra se falar nisso, doutor? Nos vimos ontem pela primeira vez, depois de seis anos.

- E daí? Nós não quisemos essa separação, quisemos? Por que não começar de novo? Somos livres agora.

- Muita coisa mudou, Miguel, ela diz, tomando um gole de café.

- Comigo, nada.

- Não mesmo? O delegado me falou que você esteve a ponto de se casar com a filha do cardiologista. É mentira?

- Não, não é... Eu me apaixonei por ela e me casaria com ela, se ela quisesse.

- Mesmo com ela esperando um filho do seu melhor amigo?

- Mais um motivo pra fazer isso. Ela poderia ter dez filhos dele. Minha opinião sobre isso continua a mesma. Você não estava aqui. Eu estava sozinho, jogado às traças.

- ‘Tadinho... ela diz, sorrindo, acariciando seu rosto e colocando um pedaço de bolo em sua boca.

- Mas isso já passou. Outro tempo. Você está de volta.

- E você quer se esquecer dela, casando comigo? Que romântico isso.

- O que eu sentia por ela é diferente do que eu sinto por você. Eu passei os três melhores anos da minha vida com você e quero continuar de onde nós paramos. Eu quero chegar em casa e encontrar alguém pra conversar... pra namorar... como naquele tempo. Quero comprar uma casa térrea pra nós dois, com quintal e jardim, criar galinha e tudo que é de praxe. Quero ter filhos, os meus filhos... e tudo o mais... tudo que eu tenho direito.

- E o que você acha que eu fiquei fazendo todos esses anos? Esperando meu marido morrer pra poder vir correndo pra você? Minha vida mudou muito, Miguel. Meu marido morreu, mas eu tenho um filho que depende de mim.

Ele para de mastigar e olha para ela surpreso.

RETORNO AO PARAÍSO – SÃO PAULO

PARTE 10

OBRIGADA E TENHA UMA ÓTIMA TARDE!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 03/05/2018
Código do texto: T6325836
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