RP - SÃO PAULO - PARTE 21

SÃO PAULO

PARTE XXI

Valter encosta-se à cadeira e pensa um pouco.

- Seu pai também está grilado com você? Ele é fazendeiro, não é?

- É, mas... eu não estou em condições de pedir nada a ele agora. Ele não está grilado comigo, mas... é um outro problema. Eu só queria que você entrasse como referência pra mim. Uma espécie de... fiador, sabe?

- Você tem casa própria lá?

- Tinha... Está no meu nome, mas... isso é outra coisa com que eu não posso contar. Não acredito que a minha ex-mulher vá querer continuar morando nela, mas... você sabe, mesmo que eu consiga vender, isso leva tempo e tempo é o que eu não tenho muito. A casa é boa demais pra ser vendida por qualquer valor e mesmo que eu pudesse vender, ainda não sou nem desquitado... Eu e a Tânia ainda somos casados... e em comunhão de bens.

- Você não é o mesmo Cláudio certinho que eu conheci. O mundo ainda tem jeito. Você desafiava as leis da Física, cara. Conseguiu virar um cara normal!

- Nem me fale... Cláudio diz, rindo. - Eu mesmo não acredito em tudo que está acontecendo na minha vida.

- Sua nova mulher deve valer muito a pena... Estou certo? A Tânia era uma gatinha... E se elas são primas...

- Você acreditaria se eu dissesse que nunca parei pra pensar nisso?

- Acredito... diz Valter, pensativo. - Olha... eu acho que posso te arrumar um fiador. Só que...

- O quê?

- A pessoa que eu te indicaria está muito doente, inclusive internada para tratamento.

- Aqui?

- Não, no Emílio Ribas. Quer ir comigo até lá?

- Muito longe? Eu disse pra minha mulher que ia almoçar com ela...

- Não, é pertinho daqui.

- Não vou tomar o teu tempo?

- De maneira alguma. Você está de carro? O meu está na oficina. Parece vaca velha. Só presta pra comer capim e fazer sujeira. Só bebe gasolina e me dá prejuízo.

- Isso não é verdade...

- O quê? Você conhece meu carro?

- Não, eu falo das vacas velhas. Meu pai cuida de vacas desde que eu me conheço por gente, e eu sei que elas são úteis até depois de morrer.

- Ah, desculpe. Eu me esqueci de que seu pai era fazendeiro. Vou mudar de comparação a partir de hoje.

Cláudio ri. Eles vão juntos até o hospital Emílio Ribas.

Como já é conhecido no hospital, em cada corredor que passa Valter para para dizer algo a algum interno ou a alguma enfermeira. No quarto andar, encontra-se com Célia, uma enfermeira, e ela sorrindo o cumprimenta:

- Bom dia, doutor Valter!

- Bom dia, Célia. Este é um amigo de Casa Branca, doutor Cláudio.

- Médico também? - ela pergunta, apertando a mão de Cláudio.

- Também. O Brasil está cheio dessa peste que cura, Valter responde.

- Especialidade?

- Pediatra, Cláudio responde.

- Ah, ele é diferente do senhor, doutor Valter. Ele cuida das crianças e o senhor cuida dos velhinhos. Seja bem vindo ao Hospital Emília Ribas, doutor. Fique à vontade.

- Obrigado, Cláudio responde, sorrindo.

- Célia, a senhora Johnson está em condições de receber visitas?

- Está sim. Acabei de vir de lá. Inclusive ela tem reclamado muito. Nenhum de seus amigos apareceu ainda para vê-la. Ela disse que queria ver o quarto cheio de gente. Não quer morrer sozinha.

Valter ri.

- Se ela pensa que vai morrer só por causa de uma úlcera inflamada e de solidão aqui nesse hospital está perdendo tempo. Eu e o doutor Cláudio vamos fazer as vontades dela. É o quatrocentos e vinte e um, não é?

- Isso mesmo, doutor. Até mais. Foi um prazer conhecê-lo, doutor Cláudio.

- Igualmente.

Valter e Cláudio entram no quarto da senhora Johnson e, uma senhora de meia idade, sentada numa poltrona num canto do quarto, sorri ao ver Valter.

- Bom dia, doutor Valter.

- Oi, Lucila, tem alguma senhora sexy seminua aqui dentro?

- Não! - responde a voz zangada de uma mulher de cerca de cinquenta anos, vindo de dentro do banheiro falando num sotaque inglês. – Acabei de me vestir, ninguém vem me ver, mesmo... nem você, seu safado!

Valter se aproxima dela e a ajuda a subir na cama, sorrindo, pegando suas mãos e beijando uma por vez.

RETORNO AO PARAÍSO – SÃO PAULO

PARTE 21

OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 07/05/2018
Código do texto: T6329359
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.