RP - SÃO PAULO - PARTE 22

SÃO PAULO

PARTE XXII

Valter se aproxima da senhora e a ajuda a subir na cama, sorrindo, pegando suas mãos e beijando uma por vez.

- Eu trabalho, milady. Não sou seu médico exclusivo embora tenha vontade de roubar você do Glauco.

Cláudio tinha parado perto da porta ao ver de quem se tratava, e ela também para, quando olha para ele. Os olhos dela se enchem de lágrimas. Ela estende a mão em sua direção.

- Filho...?

Ele se aproxima dela sorrindo e segura suas mãos.

- Karen... Nunca poderia imaginar que você estaria aqui.

- Meu querido... ela diz, apertando sua mão e fazendo com que ele chegue mais perto dela.

Cláudio lhe beija a testa e eles se abraçam forte.

- Quanto tempo... ela diz, emocionada.

- Vocês se conhecem? - Valter pergunta.

- Ele é um filho que eu não tive, Valter, diz Karen. – É o meu Cláudio de Casa Branca.

Ao ouvir o nome que Karen pronuncia com tanto afeto, a senhora, que estava sentada no canto do quarto, ergue-se lentamente e fica paralisada, olhando para Cláudio.

- Eu pensei que você estivesse em Nova Orleans, diz Cláudio. – Por que não me avisou que estava aqui e doente?

- Eu vim a São Paulo pra ficar uns dias, mas essa maldita úlcera me atrapalhou. Vou ter que ficar aqui por mais dez dias. Mas tudo acontece como Deus quer. É maravilhoso ver você de novo. Você está mais bonito de que quando era garoto.

Karen olha para a mulher, que está ainda na mesma posição desde que ouviu o nome de Cláudio e pergunta:

- Me diga, Lucila, não é o rapaz mais bonito que você já viu?

O nome dói de novo nos ouvidos de Cláudio. Ele já tinha ouvido Valter dizer, mas procurou não pensar naquilo e na coincidência com o nome de sua mãe. Ele olha para a mulher com o coração batendo forte no peito. Quando encontra os olhos dele, Lucila mal consegue responder:

- É sim, senhora. Se a senhora me dá licença, eu vou... pegar uma garrafa de água mais fresca... Com licença.

Rapidamente ela sai do quarto. Karen estranha. Valter também.

- O que foi que deu nela? - ele pergunta.

- Não repare, meu bem. Ela é assim mesmo. Lucila é um pouco estranha em algumas situações e muito tímida também. Mas, me conte... está tudo bem com você? Valter me disse uma vez que tinha tido um colega de faculdade que morava em Casa Branca, mas eu nunca imaginei que fosse você. Como o mundo é pequeno...

- Será que ele vai curar a sua úlcera, Karen? - Valter pergunta.

- Ele é pediatra, seu bobão.

- E você é uma criança de cinquenta anos, minha querida.

- Mas você não está muito longe da verdade. Eu sou capaz de me curar mesmo depois dessa surpresa tão boa. Ele nem precisa me tratar como médico pra me curar, Valter. Só a presença dele já me faz muito bem. Como está seu pai, querido?

- Bem, Cláudio responde, ainda tocado pela emoção de ter visto a mãe.

- Eu soube que ele se casou novamente. Que tal ela? É boa pra você e seu irmão?

- Até demais. É um anjo. Ela me deu duas irmãs. Uma delas está aqui comigo.

- Que bom. Mas o que você está fazendo aqui em São Paulo?

- Eu... por enquanto estou morando aqui.

- Morando? Mas na última carta...

- Eu cheguei há poucos dias.

- Com Tânia?

- Não... Eu... não estou mais com ela. Quando você estiver melhor e em casa eu te conto os detalhes. Você está na sua casa aqui, não está?

- Estou... É lamentável que você tenha se separado da sua mulher. Você me falava tanto dela.

- As coisas mudam...

- Hoje em dia é assim mesmo, Karen, diz Valter. – Quando eu enjoar da Dayse, jogo ela fora também. É a última moda.

Karen olha para ele com ar de reprovação.

- Não ligue pra esse doido, Cláudio. Eu sempre digo que falta alguma coisa nessa sua cabecinha de pau, Valter. Foi por isso que eu não quis ir para a Santa Casa. Ele fala essas sandices da boca pra fora. Não existe homem mais apaixonado pela mulher e pelos filhos do que ele.

Valter sorri. A enfermeira entra no quarto e diz:

- Sinto muito, mas o horário de visita acabou. A senhora Johnson precisa descansar.

- Você está falando com dois médicos, Paula. Nós sabemos disso, diz Valter.

- Cláudio, você volta amanhã pra me ver?

- Claro que volto. Todos os dias se puder. Ela já tem previsão de alta, Valter?

- Eu não sei. Eu venho aqui de xereta. Sou só um apaixonado por essa mulher. Ela é paciente do doutor Glauco, o gastro que cuida dela, mas a gente pode conversar com ele amanhã ou hoje mesmo se a gente cruzar com ele pelo hospital. Isso aqui é uma cidade. Tchau, Karen.

Valter beija o rosto dela.

RETORNO AO PARAÍSO – SÃO PAULO

PARTE 22

OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 07/05/2018
Código do texto: T6329367
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