RP - GILBERTO - PARTE 14

GILBERTO

PARTE XIV

Quando Wagner desliga o telefone, ter falado com a mãe do amigo parece tê-lo deixado triste.

- Que foi? – Cláudio pergunta.

- Não sei... Falar com a mãe do Beto Silva me fez lembrar toda aquela loucura de novo.

- Você vai visitá-lo?

- Vou, amanhã... Ela me fez prometer. Disse que ele está muito pra baixo. Ela acha que minha visita pode ajudar.

- Com certeza... A visita de um amigo pode fazer milagres, no caso dele... Escuta, Wagner, você tem ouvido alguma novidade sobre o doutor Jairo voltar à cidade, depois que a gente saiu de Casa Branca?

- Não, porque eu não tenho ido mais à cidade, mas se acontecer alguma coisa, a minha turma me avisa. Não se preocupe. Você está precisando de dinheiro?

- Não, ainda. Por quê?

- A Karen aceitou na boa o pagamento pela casa?

- Depois de muito relutar, sim, mas ela não quer mais falar em dinheiro comigo esse ano. Nem eu... Quando entrar setenta e oito, eu vou começar a colocar minha vida no rumo de novo. Já entrei em contato com amigos meus que trabalham aqui em São Paulo e em janeiro a minha vida vai mudar.

- É assim que se fala, maninho, mas... eu não vou conhecer sua mãe?

- Você já conhece. Minha mãe é a Magda. Põe isso de uma vez na sua cabeça.

- Mas...

- Sem “mas”, Wagner...

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Pouco antes do jantar, dona Joelma entra no quarto de Gilberto e o vê como sempre sentado na cadeira de rodas junto à janela, lendo um livro. Ela se aproxima dele e toca seu ombro. Ele se volta ao sentir seu toque, mas não tem nenhuma reação.

- Oi, mãe.

- Você não adivinha com quem eu falei hoje.

Ele fecha o livro e volta a cadeira para ela, mas não demonstra nenhuma curiosidade em saber de nada.

- Não vai nem chutar, filho?

- Mãe, não estou a fim de adivinhar nada. Com quem você falou?

Joelma fica um pouco desapontada, como sempre fica depois de conversar com o filho caçula. Ela responde:

- Wagner Valle, de Casa Branca.

Os olhos dele brilham de um jeito como há três anos ela não via.

- O... Wagner?

- Ele está aqui em São Paulo e vem até aqui amanhã ver você.

- Você tem certeza de que era ele?

- Claro. Perguntou por você, por seu pai, por Gustavo.

- E o que ele está fazendo aqui em São Paulo?

- Não sei. Ele conta pra você amanhã. Está feliz?

- Ele é o meu melhor amigo. Meu melhor e único amigo. Cheguei a pensar que ele também tivesse se esquecido de mim.

- Não esqueceu, filho, ela diz, ajoelhando-se ao lado da cadeira segurando sua mão. – Ninguém esqueceu de você.

- Não esquecer não é antônimo de lembrar, mãe.

Ele retira a mão de dentro das dela e pede:

- Posso ficar sozinho?

Joana se ergue e sai do quarto.

A lembrança de Wagner não causou tão bom efeito como imaginou dona Joelma. As lembranças de sua vida no colégio, dos amigos, os domingos nadando na represa, na fazenda Quatro Estrelas com a turma de Wagner, e finalmente as corridas de moto, última recordação feliz que ele tem. Tudo isso fez crescer dentro dele uma raiva ainda maior de si mesmo e da vida que andava levando preso àquela cadeira de rodas, dentro de seu quarto, enquanto os outros continuavam fazendo tudo que ele tinha perdido.

Poderia agora ainda estar em Casa Branca, vivendo uma vida normal e feliz, se não tivesse acontecido aquele terrível acidente.

Nunca lhe saiu da cabeça a lembrança de ver a motocicleta se descontrolar sem que ele pudesse fazer nada e o caminhão se aproximando cada vez mais. Depois, o choque violento e a terrível sensação de estar se partindo ao meio.

Ele cobre o rosto com as mãos, tentando apagar aquilo de sua mente.

RETORNO AO PARAÍSO – GILBERTO

PARTE 14

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

BOA TARDE!

DEUS NOS ABENÇOE E PROTEJA A TODOS NÓS!

UM "PAI NOSSO" PELO PAÍS...

Velucy
Enviado por Velucy em 27/05/2018
Reeditado em 28/05/2018
Código do texto: T6347932
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