DIA DE SOL - cap. II

Alguém bate na porta do quarto. Era sua mãe:

– Levanta filha. O Sol já despontou no alto da montanha e o dia está tão lindo. Vamos vê?

– Mamãe, o que tem para o café da manhã?

– Só o que você gosta, venha!

Ela se espantou ao abrir as cortinas e a janela de seu quarto. Eram dez da manhã. O dia estava lindo como ela jamais pensara às sete da manhã. Foi algo que fugira à sua imaginação, quando no devaneio de seu sono sonhado, ela vira tudo nebuloso e tempo carregado cheio de argumentações néscias.

Olhou o jardim lá embaixo, tudo muito lindo. Nem parecia o jardim de um tempo ofuscado pela neblina de um temporal alastrado e carregado de outras variações.

O seu dia estava muito lindo e o jardim quase lhe acenava pelo verde da felicidade. O jardim lhe acenava, sim, mas era o jardim da vida abrindo-lhe os braços do amor. Aliás, os braços do aconchego atemporal mostrando o caminho do amor para que ela percorresse em linha reta e fosse feliz para sempre. Corresse dominada pelo amor diretamente ao seio da felicidade, felicidade imanente mergulhada na essência do ser.

– Filha, a Vanessa ligou e disse que à tarde vem para cá fazer aquela pesquisa da escola.

– Ah não, hoje é sexta-feira e feriado! Me poupe pelo menos um dia.

Fazia Sol lá fora e um dia inteiro para congratular com muita alegria, no sorriso de uma vida em família, com amigos, com a turma da escola. Uma vida descompromissada com as obrigações pré-estabelecidas e totalmente folgada na arte do bem-estar.

Em vez daquele Sol embaçado de outras horas, agora o dia estava perfeito. Perfeito para ser feliz abraçado com o amor do ser. Sem nuvens carregadas, sem chuva, sem o tédio de um dia acuado pelos embaraços do tempo. O tempo agora lhe soprava apaixonadamente os bons ventos do querer amoroso.

Foi o que Vitória desejou, o dia mais belo entre muitos. O vento sobrava nos galhos das árvores, os pássaros cantavam a beleza e o verde dialogava com os filhos da grande mãe natureza.

Deixou a cozinha e foi direto ao aconchego com a natureza, cantando I’m Gonna Love You¹ com voz quase idêntica a uma das cantoras que ela mais gostava.

Aquela linda adolescente agora passeava pelo jardim de sua casa admirando cada pingo de vida dali até ao parque e o imenso lago defronte à sua casa. Os pássaros e animais amavam ouvir aquela linda voz no jardim da inspiração. Eles já tinham se acostumado com a presença da doce menina cantando o amor para a arte da vida. A amável menina trazia os pássaros para perto. Havia dias em que ela cantava para eles e em outros em que eles cantavam para ela, e tudo era perfeição. Bondade desta vida única que traz tantas razões agradáveis. Ela estava decidida a vestir o Sol desse dia e a investir nas proezas do bem estar consigo e com todos. Era ela e o seu amor de ser para consigo mesma e os outros – felicidade em um dia de sol. Sol da vida, do amor e da paixão.

Ela sorriu do casal de pássaros namorando, contemplou ao longe um filhote de paca confuso na luz do dia. Recusou-se a ficar ali parada e quis mais outra vez percorrer tudo aquilo que ela conhecia por detalhes minuciosos e curiosidades de adolescente. Abriu os braços, sorriu e se jogou tendo como plateia os amáveis pássaros de seus encontros e encantos continuamente.

Ela ainda se lembrava da velha casinha de tábuas existente à seis anos atrás, agora uma linda mansão com jardim e suas belezas no torno. Viu também cada parte daquele parque ser construído com muito amor, aquele lago ser recondicionado de maneira correta para a vida outra vez em suas águas.

Era vida que revivia, vida que chegava e vida que ia depois de longos dias. Vitória via com grande prazer a vida crescer e florescer nos desejos dos dias de um tempo bom. Amável flor da vida que ascendia para a felicidade. Assim era Vitória e seu desejo de viver o melhor que o tempo lhe proporcionasse.

¹Jennifer Love Hewitt.

Do romance infanto juvenil VITORIANA: o início de tudo, de Hertrh Alessantrus.