RP - O CASAMENTO DE BETO LAGE - PARTE 15

O CASAMENTO DE BETO LAGE

PARTE XV

- Eu quero sair desse hospital hoje ainda, diz Cláudio, decidido.

- Você acabou de sair de um coma, cara, diz Valter.

- Eu já percebi que você vai ser um paciente bem impaciente, diz Fabrício. - Mas você tem que pensar na sua saúde. Você tem um tumor bem agressivo no centro da sua cabeça que precisa ser cuidado...

- Pra quê? Se você disser pra mim que eu vou poder me livrar dele em menos de dois meses, eu começo o tratamento agora.

Fabrício se cala e olha para Miguel e Valter.

- Era essa a resposta que eu queria, Cláudio continua. – Minha filha vai nascer em quatro meses e eu quero estar aqui para vê-la. E quero estar inteiro pra poder olhar no rostinho dela e dizer como eu esperei por ela. Eu arrisquei tudo por causa dela e não é isso que vai me impedir de ser feliz tendo ela nos meus braços quando ela nascer. Meu irmão está vindo de Casa Branca me ver e eu quero recebê-lo de pé e voltar a conversar com ele como antes... e vocês precisam me ajudar. Fabrício, eu já estou bem. Eu quero que você assine minha alta agora, senão eu saio daqui de qualquer jeito.

- Você não vai nem tentar a quimioterapia? - Valter pergunta.

- Eu até faria... se tivesse esperança de que resolvesse, mas eu sei que não vai adiantar. E o doutor Fabrício sabe disso melhor do que eu.

Miguel sugere:

- Cláudio, eu sei que você vai me odiar por dizer isso, mas... e se você tentasse se internar no Santa Mônica?

- Você ficou maluco, Miguel?

- O Hospital Santa Mônica? - Fabrício pergunta.

Miguel confirma balançando a cabeça.

- Eu já ouvi falar que é muito bom mesmo. É um dos melhores hospitais especializados em oncologia no Estado. Fica no interior, não é? Em Casa Branca, se não me engano. Você conhece alguém lá, Cláudio?

- Eu sou de Casa Branca...

- Então...

- Não há condições de eu fazer isso e o Miguel sabe por quê. De qualquer forma, eu não quero ir para hospital nenhum. Não quero morrer numa cama de hospital.

Os três se calam. Valter sai do quarto, profundamente revoltado.

- Você sabe que isso é mais loucura e arrogância do que coragem, não sabe? - Fabrício pergunta.

- Chame do que você quiser. Por favor, providencie a minha alta. Se o Wagner está vindo pra cá, eu quero ir pra casa com a minha família agora mesmo.

- Tudo bem... Vou providenciar isso, mas me prometa pelo menos que vai vir aqui toda semana pra eu te acompanhar.

- Venho... E agradeço pela paciência.

- Você sabe que é minha obrigação... Eu volto já.

Ele sai do quarto também. Miguel está sentado numa cadeira ali perto e Cláudio olha para ele.

- Era disso que eu tinha medo... De ver essa sua cara preocupada, de quem está perdendo uma criança na mesa de parto.

- E você quer que eu fique como? O Fabrício falou uma coisa muito certa agora a pouco. Você está sendo arrogante em não querer se tratar.

- Mas eu vou me tratar. Acabei de dizer que vou vir aqui toda semana pra conversar com ele.

- Não é suficiente e você sabe que não é.

- No meu caso é mais do que suficiente, Miguel. Eu sei que vocês conversaram enquanto eu estava dormindo. Eu sei que ele te disse que esse tumor que está aqui dentro é inoperável. Que há dez por cento de chance de eu sair da mesa, vivo, se tentar tirá-lo.

- O Santa Mônica tem médicos excelentes e os melhores equipamentos de quimio e radioterapia do Estado...

- E o pai da Mônica trabalhando lá. Ele nunca me aceitaria. Não se iluda, Miguel.

- Quem sabe? Ele pode ter amolecido aquele coração de pedra e a gente pode falar da Maria Cecília pra ele!

- Miguel, não... Eu não quero mais falar sobre isso.

A porta se abre e Wagner entra por ela. Cláudio abre um largo sorriso. Wagner se aproxima dele e segura sua mão. Os dois se abraçam.

RETORNO AO PARAÍSO – O CASAMENTO DE BETO LAGE

PARTE 15

OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!

BOM DIA!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 13/06/2018
Código do texto: T6362890
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