RP - RETORNO... - PARTE 6

RETORNO...

PARTE VI

Miguel e Valter, encostado na porta do quarto, sorriem da inocência da observação do garoto.

- Outros médicos, Rodrigo. Outros médicos podem cuidar dele.

- Ah... Você é que vai cuidar dele, Miguel?

- Talvez... Eu vou até lá só pra ajudar. Tenho que falar com sua mãe, primeiro.

- Me leva?

- E eu? - pergunta Alberto. – Você vai me levar, não é, tio Miguel?

- Eu já disse que tenho que falar com a Lúcia.

- O que é que o tio Cláudio tem? - Alberto pergunta.

Miguel respira fundo.

- Você não vai entender se eu explicar, mas ele está bem lá. O importante é que vamos procurar sua mãe e quando encontrarmos e, mesmo que não encontremos, se você quiser, pode vir morar aqui com o Rodrigo, até o tio Cláudio melhorar. Você quer?

- Claro que quero! Mas ele vai melhorar sim. Eu só não quero voltar pro orfanato. Eu fico quietinho aqui. Não faço bagunça. Eu juro. Não me leva de volta pra lá, tio.

- Eu também não quero que ele volte, Miguel, diz Rodrigo. – A mamãe vai dar um jeito de pedir pra moça do orfanato pra deixar ele ficar aqui pra sempre. Quando ela voltar, vai telefonar pra lá. Eu sei que vai. Não é, Miguel? E a gente vai pra Casa Branca visitar o tio Cláudio do Alberto.

- Pode ser, Miguel fala, acariciando sua cabeça. – Eu vou falar com ela. Prometo que falo. Continuem brincando.

Miguel volta para a sala e senta-se no sofá.

- Esse garoto tem que idade? O Rodrigo?

- Seis. Os dois têm seis anos.

- Eu pensei que ele fosse seu. Não é mesmo?

- Não, não é. Bem que eu gostaria que fosse, mas não... Quando ele nasceu, a gente já estava separado há quase um ano.

- Não tem nenhuma chance mesmo?

- Não, eu era novo e covarde demais pra cair numa dessa. Eu nunca gostei do marido dela, mas morria de medo dele. E a Lúcia não faria isso de ter um filho comigo, estando casada. Infelizmente não tinha nenhuma chance de isso acontecer, mas ele é meu agora.

- Ele até se parece com você, Valter diz, sorrindo.

- Acho que a Lúcia se lembrava de mim, quando transava com o cara. Vá saber.

- Ele parece muito inteligente. Nem parece que é cego.

- E ele é. Inteligente e observador.

A porta se abre e Lúcia entra por ela, muito agitada e excitada. Mal beija Miguel e cumprimenta Valter e começa a falar.

- Eu achei, Miguel! Achei a mãe do Alberto!

Ele se levanta um pouco mais animado e diz:

- Nós estávamos falando sobre isso agora mesmo.

Alberto vem correndo até a porta do quarto e fica ansioso, a espera do que ela vai dizer. Rodrigo aproxima-se dele logo depois e espera, também atento.

- Mãe?

Lúcia se aproxima deles e beija Rodrigo.

- Oi, amor. Desculpa. Você está bem, meu querido? Não deu trabalho pro tio Miguel, deu?

- Não...

Ela beija Alberto também e acaricia seus cabelos.

- Você falou com ela, Lúcia? - Miguel pergunta.

- Falei. Ela foi até o orfanato. A diretora estava me ajudando a procurá-la e foi ela quem achou.

- E então...? O que ficou resolvido?

Lúcia olha para Alberto.

- Ela quer ver você, Alberto.

O menino permanece calado. Lúcia se abaixa perto dele e segura sua mão.

- Ela ainda está lá no orfanato. Você quer ir comigo para vê-la?

Com os olhos muito assustados, ele olha para Miguel, para Rodrigo e finalmente para Lúcia novamente.

- Não... Eu quero ficar com o tio Cláudio... ou com você e o Rodrigo, se ele não puder.

- Você não quer nem ver sua mãe? Não gostaria de voltar pra casa com ela?

- Que casa?

- A casa onde ela mora. Ela tem uma casa aqui e está morando nela com suas irmãzinhas. Você não acharia bom voltar a morar com elas?

Depois de uma pequena pausa, ele responde:

- Não...

- Por quê?

Alberto não responde. Simplesmente abaixa os olhos.

RETORNO AO PARAÍSO – RETORNO...

PARTE 6

OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!

BOM DIA!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!