RP - MORRE UM ANJO...- PARTE 14

MORRE UM ANJO...

PARTE XIV

Lopes se afasta. Leonardo tira o chapéu da cabeça e coloca na cabeça do filho.

- Eu devia ter pensado nisso antes. Você devia ter usado um chapéu, filho. O sol está muito quente.

Cláudio ajeita o chapéu na cabeça.

- Está tudo bem, pai. Isso pode ser providenciado depois.

- Agora me diz: quando o Wagner volta?

- Em três dias...

- Tudo isso? Ele vai casar com a moça primeiro pra poder voltar?

- Ele não vai mais se casar...

- Como não vai? Saiu correndo daqui pra ir buscá-la como se a vida dele dependesse disso. Como não vai mais casar? O que ele aprontou agora? A moça descobriu que não é uma boa ideia se casar com ele?

- A moça morreu, pai.

Leonardo se cala, impactado pela notícia.

- Como assim...?

- O Wagner não explicou muito, mas... ela foi morta pelo ex-namorado.

- Que absurdo você está me dizendo, filho? Que ex-namorado? Ela tinha ex-namorado? Eu pensei que ela fosse sozinha. Nunca deu a entender que tivesse namorado.

- O Wagner vai explicar melhor quando voltar. Dá pra imaginar como ele está agora, por isso não deu pra explicar muito por telefone. A gente só tem que apoiá-lo muito quando ele estiver aqui de novo. Eu quero te pedir pra pegar bem leve com ele daqui em diante.

- Aquele lugar não faz bem a ele de todas as formas, como não fez bem pra mim... O lugar do Wagner é aqui. Ter uma mãe inglesa devia ser um detalhe que tinha que ser tirado até da Certidão de Nascimento dele. Esse é um erro que eu não estou conseguindo tirar da minha vida. É um pecado que sempre volta pra me assombrar. Stanley Russel deve estar muito feliz no inferno.

- Não fala assim... O Wagner não foi um erro nem pecado. Ele é uma bênção e você tem que agradecer a Deus por ter se encontrado com Christy Russel na Inglaterra e ter feito ele. Ele é seu filho. Todo filho é uma bênção. Seria o mesmo que eu maldizer a vida da Maria Cecília. Apesar de todas as coisas tristes que aconteceram depois que ela foi concebida, ela é uma benção na minha vida também.

Leonardo olha para ele.

- Eu sempre pensei isso a seu respeito... mas Deus está tentando me tirar você, por isso eu acho que não tenho direito a nada disso.

Cláudio não responde.

- Vamos pra casa logo. Preciso tomar um banho.

- Vai indo. Eu vou até a casa do Lopes.

- Tudo bem. Te espero em casa.

Leonardo segue a galope para a casa grande. Cláudio olha em volta e para o céu. Nuvens estão se formando pesadas no horizonte, prenunciando chuva. Ele desce do cavalo e vai andando até uma bica que fica perto da casa de Lopes, que é usada por todos os peões quando voltam da lida.

Diamante começa a pastar ali por perto e ele tira o chapéu, lavando o rosto, o pescoço, as mãos e os braços. Enxuga-se com uma toalha pendurada por ali e segue para a casa de Lopes.

SEGUNDA – 16/01/78

Cláudio decide ir falar com Bárbara sobre sua intenção de voltar a trabalhar com ela no orfanato, cuidando da saúde das crianças. Chega ao orfanato pouco antes da dez da manhã e depois de ser recebido com alegria pelas crianças e pelas freiras, vai até o escritório de Bárbara que o recebe educada, mas ainda friamente.

- Desculpa por eu ter vindo sem avisar, mas eu achei que se tivesse ligado você não ia querer me receber.

- Eu não tenho por que me negar a receber você. Não dá pra esquecer tudo que você já fez nesse orfanato, Cláudio. Em que posso ajudá-lo?

- Eu não sou de rodeios, você sabe disso. Sei que o seu tempo é precioso, por isso vou direto ao assunto. Eu queria que você me deixasse voltar a trabalhar aqui com você.

Bárbara olha para ele surpresa.

- Voltar a trabalhar aqui?

- É... Eu imagino que você já deve estar sabendo que eu estou... em tratamento no Santa Mônica e vou ter que ficar um tempo aqui, pra continuar esse tratamento... mas eu não quero ficar sem fazer nada nesse meio tempo. As minhas... férias forçadas estão quase acabando e eu preciso voltar a trabalhar e não vejo melhor lugar pra eu fazer isso do que aqui.

- Cláudio... eu não posso recontratar você...

- Não, eu não quero que você me recontrate. Eu só quero trabalhar aqui.

- De graça?

- Meu problema não é dinheiro, como nunca foi, Bárbara. Eu só quero aplicar o que eu aprendi na faculdade com quem precisa. E eu sei que as crianças desse orfanato precisam. Me deixa cuidar deles. Você já colocou outro médico no meu lugar?

- Não... Não regularmente como você fazia. Eu coloquei a irmã Ruth como diretora por enquanto e o doutor Renato vem uma vez por semana para examinar as crianças, mas... eu preciso regularizar essa situação antes de viajar. Estou esperando passar esse período pós-festas e o carnaval pra ver o que faço da minha vida. Até cogitei vender ou transferir o orfanato pra outras pessoas que possam cuidar dele...

- Vender? Você não pode fazer isso. Ele está na sua família há tantos anos.

- Só Deus sabe o quanto me dói fazer isso, mas eu tenho que cuidar da minha família agora. Minha filha precisa de mim.

- Ele nem está ligando pra isso, mãe.

É voz de Tânia que ele ouve atrás dele.

RETORNO AO PARAÍSO – MORRE UM ANJO...

PARTE 14

OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!

BOM DIA!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 07/07/2018
Reeditado em 07/07/2018
Código do texto: T6383559
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