RP - NASCE UM ANJO... - PARTE 4

NASCE UM ANJO...

PARTE IV

MARÇO - DOIS MESES DEPOIS

Cláudio, Henrique e Jairo estão reunidos no consultório de Henrique discutindo sobre o último exame feito por Cláudio, depois de dois meses que ele está fazendo quimioterapia e tomando os remédios prescritos por Henrique.

Os sessenta dias que se passaram não têm sido muito fáceis para Cláudio, mas ele tem cumprido tudo à risca, como prometeu a Mônica, e nunca reclama de nada. Mas o apoio que recebe da família compensa tudo. Henrique diz a ele o que está acontecendo até ali.

- Os seus exames indicam que o tumor estacionou. Não aumentou, mas também não diminuiu de tamanho. Eu não consigo entender o que acontece. Ele devia pelo menos regredir, mas ao invés disso... estacionou e continua interferindo na sua imunidade.

- Eu já esperava por isso, diz Cláudio.

- Como assim... já esperava? - pergunta Jairo.

- Eu já imaginava que não seria muito fácil acabar com ele, logo que vi a tomografia lá em São Paulo.

- E por que fez os exames até agora sem falar nada?

- Pra ninguém dizer que eu não tentei. A Mônica me fez prometer que eu ia fazer alguma coisa pra ficar curado e eu estou fazendo, mas eu sabia que não ia ser fácil. E eu não quero mais continuar. Não aguento mais passar por tudo isso.

- E se tentássemos extrair o tumor? - Henrique pergunta. – Como ele estacionou, deve estar menos agressivo...

- Não... Cláudio afirma.

- Concordo com ele, diz Jairo.

Cláudio olha para Jairo, estranhando vê-lo concordar com ele em alguma coisa.

- Por que não, doutor? – Henrique pergunta.

- Está muito centralizado. O risco de morte seria muito grande. Fora as sequelas que poderiam ficar, decorrentes de uma operação tão delicada. Não é esse seu medo, Cláudio?

- Eu não quero ser operado.

- Mas há outros meios de fazermos isso sem...

- Não, Henrique... Não.

Henrique não se conforma com aquela negativa tão veemente.

- E como ficamos?

- Eu vou parar a quimioterapia... só que não quero que a Mônica saiba de nada.

- Mas...

- Vou continuar vindo aqui como se estivesse fazendo o tratamento normalmente, mas não vou mais fazer nada.

- Você vai enganar minha filha? - Jairo pergunta.

- Não foi o senhor que disse que quer que ela espere sua neta com toda a calma possível? Ela só está tranquila porque eu estou me tratando. Vocês precisam me ajudar a manter essa farsa pelo menos até minha filha nascer.

- Você não vai conseguir enganá-la.

- Também acho que não... mas eu posso tentar. Eu não quero que ela... sofra. Não ainda... Eu preciso evitar isso o quanto eu puder.

Jairo e Henrique se olham.

- Eu acho que você está sendo muito corajoso, diz Jairo. – Mas podíamos tentar aumentar a dosagem dos remédios por mais um mês...

- Em dois meses a minha filha vai nascer... e eu quero poder segurá-la e beijá-la sem estar correndo o risco de passar alguma coisa nociva pra ela. Eu quero estar limpo depois que ela nascer... Me dêem dois meses. Eu vou conversar com a Mônica... e com minha família... e a gente conversa de novo.

- Tudo bem... Início de junho vai ser o prazo.

- Por enquanto eu... agradeço a você por tudo, Henrique. A culpa não é sua, nem da equipe, nem do hospital por eu não estar fazendo os progressos que vocês esperavam. Eu vi com meus próprios olhos muita gente sair daqui curada e sei que todos são muito bons no que fazem. Agradeço ao senhor também, doutor Jairo... pela paciência e pelo empenho.

- Eu não quero que você pense que houve... torcida contra sua recuperação, eu...

- Eu sei que não. Não se preocupe com isso.

Cláudio se levanta.

- Você está bem pra ir pra fazenda, sozinho? - Henrique pergunta.

- Estou... Estou sentindo só um pouco de enjôo, mas dá pra aguentar. Até logo.

- Vou te acompanhar até a portaria... diz Jairo.

- Não precisa. Obrigado.

Cláudio sai. Entra no elevador e no térreo vai até um bebedouro e toma um gole de água para retirar o amargo que tem na boca. Quando sai pela portaria vê de longe Mônica encostada em seu carro, esperando por ele. Sente vontade de chorar, mas se contém e aproxima-se dela.

- O que você está fazendo aqui, garota?

- Vim te buscar. Eu achei que você não estaria com vontade de dirigir.

Ela vai beijá-lo, mas Cláudio evita o beijo e vira o rosto.

- O que foi? – ela estranha.

- Minha boca está amarga...

Ela segura seu rosto e o beija mesmo assim, estendendo a mão com um pacote de dropes de hortelã. Sorri.

RETORNO AO PARAÍSO – NASCE UM ANJO...

PARTE 4

OBRIGADA POR SONHAR COMIGO!

BOA TARDE!

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 13/07/2018
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