Capítulo 6

Só vim ver Benoni dois meses depois da decretação da prisão preventiva pela Auditoria da Décima Região Militar, com sede em fortaleza, para onde fomos algemados para interrogatório. No DOPS o interrogatório ocorreu com a tortura de Osvaldo Rocha, um militante socialista já experiente. Nos outros, marinheiros de primeira viagem, sofremos apenas torturas psicológicas como ameaças de torturas físicas.

Eles soltaram João Vasconcelos, o mais novo entre nós, transformaram ele e outros em testemunha de acusação para robustecer a denúncia. Tudo leva a crer que induziram nossos companheiros mais jovens a acusar Benoni como líder do movimento político.

Benoni, Osvaldo Rocha, Ventura, Antônio José, Geraldo Borges e eu permanecemos presos em preventiva. Separaram o grupo em dois. No quartel da Guarda Civil, ficaram Osvaldo e Ventura. No quartel da PM, o nosso grupo de Teresina. Começava a rotina dos presos políticos : Café da manhã, almoço, visitas, banho de sol duas vezes da semana e jantar.

Geraldo Borges, o mais velho dentre nós era odiado pelo comandante da PM, tenente – coronel do exercito Duarte Rosa. Ele chegou a chamar Geraldo de asqueroso com sua voz fanhosa, própria dos Nazistas.

A corneta tocava no quartel as 22 horas da noite para anunciar a hora do silêncio. Seguindo a ordem da corporação militar, fechávamos a luz da nossa cela e dormíamos. Numa dessa noites fomos acordados pelo barulho de um soldado bêbado, que fora preso na zona alegre da cidade. Ele foi jogado numa solitária que ficava dentro do nosso xadrez de tamanho razoável.

samuel filho
Enviado por samuel filho em 25/07/2018
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