RETORNO AO PARAÍSO - EPÍLOGO - PARTE 2

EPÍLOGO

PARTE II

Vendo que o assunto deixou Wagner triste, Selma procura mudar o foco da conversa.

- Você não falou mais nada sobre a sua sobrinha... sobre a Mônica... E elas, como estão agora?

- A Mônica está terminado a faculdade de Enfermagem. Se forma este ano. Está estudando em Ribeirão Preto. E a Mi...

- Mi... Selma diz, sorrindo. – Tão bonitinho você chamá-la assim.

- Ela tem três anos, mas ainda continua pequeninha pro nome. Fui eu que dei esse apelido pra ela, mas pegou de um jeito que todo mundo chama ela assim na casa. A única que a chama de Maria Cecília é a Mônica.

- Por quê?

- Não sei, mas ela nunca se acostumou com isso.

- Ela deve ser uma gracinha. Na foto que você me mostrou, ela tem só seis meses, mas deve estar linda.

- Quando der eu trago outra foto mais recente dela pra você ver. Ela entrou na escolinha esse ano. Está no maternal. Tem os olhos castanhos bem escuros que parecem duas jabuticabas. A Mônica nunca cortou o cabelo dela. Bate na cintura. É uma fofa. Linda como o pai dizia que seria e embora ele não achasse que ela se parecesse com ele, onde quer que esteja, ele está pagando a língua. Ela é todinha o Cláudio. Ela não nega as origens.

- Que origens?

- Como assim?

- A família Valle não tem uma origem só.

- Ah, é verdade, mas eu digo as origens do pai e da mãe dela. É uma garota muito bonita e inteligente. Eu recebo fotos dela de seis em seis meses com as cartas que minha irmã me manda. Minha irmã, Diana, estuda Fotografia e não para de fotografar tudo e qualquer coisa. A Mi é o bichinho mais fotografado do mundo. Saem fotos muito boas. A Diana tem vocação pra fotografia. O Ivan acertou quando deu pra ela a primeira máquina fotográfica. Eu pensei que ela fosse dar pra domadora de cavalo xucro ou que virasse peoa na fazenda...

Selma ri a valer.

- Judiação... Que ideia você faz da sua própria irmã. E a Elis?

- A Elis...? A Elis puxou ao pai. Ela é seca. Não se abre muito facilmente. É uma criança muito esquisita. Ela não ri de nada que eu fale, por mais engraçado que seja. Eu às vezes tenho medo se chegar em Quatro Estrelas e ser colocado pra fora por ela. Você precisava ver os olhos dela, quando eu fui me despedir do pessoal, no começo do ano antes de ir pra Inglaterra. Eu gelei dos pés à cabeça. Ela ainda me culpa por eu não estar perto do Cláudio, momentos antes de ele morrer. Ela era pequena, tinha cinco anos, mas não sei como ela percebia tudo que ele sofreu. Ela não se conformava que eu não estivesse lá perto dele, quando ele começou a ter a última crise. Eu acho que ela não gosta de mim.

- Pode ser só impressão.

- Não sei... Tomara.

- Ela está com... oito anos, não é?

- É. A Diana está com quase dezessete.

- Você tem quase vinte e quatro...

- E o Cláudio teria feito trinta e um agora em julho...

- Seria bonito se a família estivesse ainda reunida, não é?

- Seria... mas não está.

Ele se levanta e começa a andar pela praça com as mãos nos bolsos.

- Ei, moço! Você não me trouxe aqui pra me deixar falando sozinha, trouxe?

Wagner se volta e sorri.

- Não. Eu te trouxe aqui pra eu ficar falando sozinho. Eu precisava falar de mim. Me confessar.

- Então eu tenho cara de padre, é?

- Não... de freira

- Wagner!

Ele se aproxima dela e lhe beija o rosto várias vezes.

RETORNO AO PARAÍSO – EPÍLOGO

PARTE 2

OBRIGADA SEMPRE!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 29/07/2018
Código do texto: T6403386
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