RETORNO AO PARAÍSO - EPÍLOGO - PARTE 3

EPÍLOGO

PARTE III

Wagner se aproxima de Selma e lhe beija o rosto várias vezes.

- Estou brincando, gatinha. Não leva a sério. Apenas... quando eu pisei no aeroporto de Congonhas, pensei em você. Eu tinha certeza que você ia me ouvir sem me julgar e você me ouviu. E está me aturando desde as dez da manhã, sentada comigo aqui no meio da Praça da Sé, nessa cidade maluca. Já são... cinco pras sete da noite! Nós ficamos batendo papo por quase oito horas e eu te contei quase minha vida inteira!

- Mas ainda falta muita coisa.

- Falta o quê?

- Falta falar que fim levou o Beto, a Sandra, o Leo... a turma toda, dona Bárbara, seo Jorge, sua ex-cunhada Tânia...

- Você ainda quer ouvir? Sua mãe deve estar roendo os dedos dos pés por falta de unhas nas mãos, de preocupação. Ela nem me conhece direito e eu já saio com a filha dela assim por um dia todo. Daqui a pouco aparece alguma viatura de polícia atrás de mim. E eu mal cheguei ao Brasil. Não posso ser preso tão depressa.

Ele lhe dá um beijo e continua com o rosto bem pertinho do dela.

- Eu me apaixonei quando te vi há oito anos... por esses seus olhos verdes...

- Acho melhor você parar de falar e começar a falar o resto logo, ela disfarça, afastando-se dele. - Assim dá pra terminar antes da meia noite.

- Poxa, que disposição! – ele diz, sentando-se novamente no banco, apoiando o braço no encosto, virado para ela.

Wagner recomeça.

- Bom... o Beto e a Sandra continuam morando na Bahia e têm a filha de três anos, Walquíria, minha afilhada e um menino de seis meses. Adivinha o nomezinho dele...!

- Wagner! - ela adivinha, sorrindo.

- Palmas para ela que ela merece! Isso mesmo. Wagner Duarte Lage. O Leo e a Laura se desquitaram no ano passado e têm um menino de um ano, Leonel Santarém, que está com ela em Casa Branca. Ele mudou pra casa do avô em Ribeirão Preto e é... corretor de imóveis. Eu sempre achei que o casamento desses dois não ia dar certo mesmo. O Leo é como eu. Não tem cabeça pra casamento.

- Ah, não?

- Desculpa, não foi o que eu quis dizer. Como eu era. Eu não tinha cabeça para casamento, agora eu tenho. Estou brincando, gata.

Ele cobre o rosto dela de beijos e Selma procura afastá-lo dela, empurrando o rapaz.

- Continua. O Guto e a Dina...?

Wagner se recompõe e reinicia a narrativa:

- Estão morando em Campinas e não têm filhos. Ele continua maluco como sempre. Eu noto pelas cartas que ele me escreve. Continua pirado. Eles moram num trailer e de vez em quando saem pra viajar pelo país, mas sempre voltam pra Campinas. Os dois são muito doidos, mas são felizes.

- E a Janete, Wagner? Ela se casou?

Ele nega, apenas balançando a cabeça. O assunto parece não deixá-lo confortável. Ele desvia os olhos de Selma e olha para a igreja.

- O que aconteceu com ela?

- Ela se mudou para Ribeirão Preto, depois do casamento do Beto em janeiro de setenta e oito. Eu não sei muita coisa sobre ela.

- Não sabe ou não quer falar?

Wagner passa a mão pelo rosto e apoia os braços nos joelhos.

- Dava pra pular essa parte, Selminha? Eu não me sinto bem falando da Janete.

Ela fica alguns segundos olhando para ele e passa a mão por seus cabelos.

- Está certo. Então mudemos de assunto, ok? O Miguel. Ele adotou mesmo o Aberto?

Wagner respira fundo e continua:

- O Miguel se casou com a Lúcia só no civil, em maio do mesmo ano em que o Cláudio morreu. Depois disso, eles adotaram o garoto e tiveram um filho agora em oitenta, se não me engano, ele se chama... Hélio, não tenho certeza. O Rodrigo, filho da Lúcia, vai ser operado ainda esse ano e eles estão com esperança de que o menino volte a enxergar.

- Que ótimo! E o Valter?

- Ah, ele e o Miguel estão cuidando do consultório médico que o Ivan deu pro Cláudio, lembra?

- Sei... mas eu lembro que você contou que o seu irmão tinha tido a ideia de levar esse consultório pra Casa Branca...

- Então, quando a Mônica terminar a faculdade, ele vai pra lá e ela vai assumir esse consultório no Desterro. Depois vai fazer a faculdade de Medicina em Campinas.

- Que garra, hein?

- Eu te disse. Eu nunca vi uma mulher com tanta força de espírito e de vontade feito ela.

- E o pai dela, o doutor Jairo?

- Voltou tudo ao normal. A família Telles e a família Valle voltaram às boas novamente. Menos a Tânia. Apesar de ter perdoado o Cláudio, antes da morte dele, ela não quer nem ouvir falar da Mônica. Quando os pais dela voltaram dos Estados Unidos para assistir aos funerais do Cláudio, ela não veio. Não veio mais. Ficou lá mesmo. A dona Bárbara e o seo Jorge não querem dizer, mas acho que aquela pirou de vez na batatinha.

- Que modo de falar, Wagner...

- O que eu posso fazer? No mínimo foi o que aconteceu. Ela já estava mais pra lá do que pra cá mesmo.

- É melhor a gente mudar de assunto. Não gosto de te ouvir falar dela. Ela também foi vítima nessa estória toda.

RETORNO AO PARAÍSO – EPÍLOGO

PARTE 3

OBRIGADA SEMPRE!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 30/07/2018
Código do texto: T6404228
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