MI- UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS) - PARTE 5

MI – UMA GAROTA MUITO ESPECIAL

PARTE V

Maria Cecília toma um ar sério.

- O que foi, filha? – Mônica pergunta

- Ele disse... que o Diamante vai morrer... em pouco tempo.

- Mesmo? Isso é muito triste.

- Mas não é por doença nem nada. É que ele está velhinho e cansado. Vai descansar e ficar com ele lá onde ele está.

Mônica sorri maravilhada com aquelas palavras. Se atreve a perguntar:

- E onde é que ele está, filha? Você pode me dizer?

- Você não tem ideia? Ele está no paraíso!

Mônica abraça a filha com força e chora, agora um choro de felicidade.

- Eu acredito nisso, meu amor.

- Mas agora para de chorar. Eu vou na casa da vó Lucila, mas volto logo.

Ela beija a mãe e vai para a porta, saindo.

Mônica apoia as mãos sobre a mesa e olha para o quadro de Cláudio.

- Eu sei que talvez eu não mereça... mas eu queria poder falar com você também, meu amor...

Ela está tão distraída em seus pensamentos que se assusta, quando sente uma mão tocando seu ombro. Volta-se assustada e vê Wagner atrás dela.

- Desculpa... ela diz, enxugando o rosto.

- Me desculpa você. Você estava tão longe. Eu cheguei a te chamar...

- Eu estava longe mesmo. Eu estava com ele por um instante...

- O que foi que a Mi te disse?

Mônica vai até a poltrona de Leonardo e fica olhando para ela, mas não senta.

- Ela disse... como se fosse a coisa mais natural do mundo... que conversa com o pai... desde que tinha cinco anos.

Wagner olha para o retrato do irmão, depois ri baixinho, abaixando a cabeça.

- Eu o mataria de novo, se ele já não estivesse morto... A gente não merece isso?

- Não diz bobagem, compadre...

- Estou brincando. É até compreensível que ele se manifeste só pra ela. Mas não entendo por que ela só falou isso agora. Se ele conversa com ela há sete anos...

- Ele pediu pra não contar. As pessoas não acreditariam nela. Ela contou pra mim... mas eu não dei ouvidos. Era uma coisa... forte demais na época pra eu pensar nisso. Pensei que fosse coisa de criança. Um amiguinho imaginário. E eu ainda não estava curada da falta que ele me fazia. Como pareceu pra ela que eu não acreditei, ela achou que ninguém mais acreditaria.

- Faz sentido. E agora? Você acredita?

Mônica olha para o quadro de novo.

- Acho que sim. Maria Cecília não mente pra mim.

- Pra ninguém. Ela é irritantemente verdadeira como o pai era.

Mônica levanta a cabeça e ajeita os cabelos.

- Vou voltar pro hospital. Acho que trabalhar um pouco vai me ajudar a esquecer tanta novidade... pelo menos por um tempo.

Ela beija o cunhado e sai da biblioteca.

Maria Cecília vai com a avó Lucila até sua casa e passa a tarde toda com ela.

Lucila mora sozinha numa casa de alvenaria que foi construída ao lado da tapera de Salomão, pouco depois dele morrer, em setembro de setenta e oito.

Também foi feito um calçamento sobre todo o caminho da casa até o jardim da fazenda, e mais árvores frutíferas e roseiras foram plantadas, dando continuidade ao jardim de Salomão e esse jardim foi batizado justamente com esse nome: Jardim de Salomão.

Maria Cecília gosta muito de brincar nesse jardim ou fica lendo, sentada num caramanchão, sob as árvores, enquanto a avó faz algum doce ou alguma guloseima gostosa para ela. E é lá que ela está agora, deitada na grama de bruços, lendo o livro ”A Moreninha”.

Durante a leitura, ela subitamente se sente observada. Levanta o rosto e olha para o caramanchão. Vê o pai sentado no mesmo lugar onde ela fica, olhando para ela com o mesmo olhar tranquilo de sempre. Ela se deita de costas, apoia a cabeça no livro e flexiona as pernas, com um sorriso maroto nos lábios.

RP – MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS...)

PARTE 5

OBRIGADA! BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 02/08/2018
Reeditado em 02/08/2018
Código do texto: T6407322
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