MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS) - PARTE 7

MI – UMA GAROTA MUITO ESPECIAL

PARTE VII

- Seu padrinho se sente culpado pela morte dela ainda, mas não foi culpa dele. A gente pode até tentar, mas não pode fazer nada pra impedir mortes como a dela.

- Eu posso falar isso pra ele?

- Não... Acho melhor não. Seu padrinho tem a cabeça meio dura, como a do seu avô Leonardo. Vai demorar um pouco, mas ele vai encontrar alguém que vai aliviar o coração dele dessa falta que ele sente da Linda. Alguém que ele nem imagina. Alguém que vai precisar muito mais dele. Mas se você quiser consolar um pouquinho seu dindo, diz pra ele que a Linda está bem.

- Como você?

Cláudio sorri.

- Isso.

Maria Cecília fica pensativa e deita novamente, olhando para o céu.

- É legal aí?

- Você já me perguntou isso umas... duzentas vezes e eu já respondi todas elas.

- Eu não me canso de ouvir você responder.

- É tão bom quanto aqui. São o mesmo lugar. A gente está no mesmo lugar, só não está na mesma frequência. A diferença é que aqui... quando se procura a felicidade dos outros, ela vem pra você em bônus. O que também não é muito diferente daí, só que aí demora um pouquinho mais.

- Isso eu mais ou menos entendi. Mas tem algumas coisas que não são iguais aqui. Por exemplo... Você disse que vê sempre o bisavô Salomão. Que ele está bem também, mas a vó Lucila vive rezando por ele e disse que tem muita saudade dele também. Mas ela não consegue vê-lo.

- Não é muito difícil de entender. Eu já te falei sobre isso.

- Explica de novo.

Cláudio respira fundo.

- Você não tem vontade de ir até a Inglaterra, visitar a casa do seu padrinho lá?

- Muita. Ele disse que um dia me leva lá, mas esse dia nunca chega.

- E você uma vez não tentou ir sozinha até lá montada no Diamante? - ele pergunta com um leve sorriso no rosto.

- Não ri de mim, eu tinha sete anos, pai! Não tinha estudado Geografia ainda e pensei que fosse pertinho daqui. Não sabia ainda que era do outro lado do mundo.

- Pois é. Se não fosse o Diamante ser muito esperto e conectado comigo, vocês estariam em sérios apuros, mocinha. Você ainda não pode ir até lá, sozinha. Não tem essa autorização de ir, por ser perigoso pra você que ainda é uma criança, nem tem tanta necessidade assim de ir até lá. O caso do Salomão é mais ou menos o mesmo. Ele está com a filha sempre, mas ela não tem tanta necessidade assim de vê-lo. Ela esteve sob a proteção dele a vida inteira e nunca vai deixar de estar. Tem coisas que não precisam acontecer pra serem possíveis e existirem de fato.

- É por isso que você vai me deixar?

- Eu não vou te deixar. Não vou te deixar nunca... nem que você se esqueça de mim.

- Nunca... ela diz se levantando e estendendo a mão para tocá-lo, mas recolhe a mão e a encosta no peito. - Desculpa...

Cláudio sente também uma grande necessidade de tocar a filha.

- Tenha paciência. Peça e pense. Tudo pra Deus é possível.

Os dois ouvem Lucila chamar:

- Maria Cecília, vem, filha! O arroz doce já está pronto.

A menina olha para a casa e depois para ele de novo.

- Vou ter que ir...

- Vai.

- Você ainda volta, não é?

- Volto. Eu vou te avisar quando for a hora. Eu te amo, filha.

- Eu também te amo, pai.

Ela beija a palma da mão e sopra o beijo para ele. Cláudio fecha os olhos, sorri e desaparece na frente de seus olhos. Lucila sai na porta e vê a menina parada, olhando para o caramanchão.

- Vem, filha! O que foi que houve? Viu algum esquilo no jardim?

Maria Cecília se volta e corre na direção da avó.

- Foi, vó. Foi isso, ela responde, mentindo.

RP – MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS...)

PARTE 7

OBRIGADA! BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 03/08/2018
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