MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS) - PARTE 39

MI – UMA GAROTA MUITO ESPECIAL

PARTE XXXIX

No dia três de março, uma sexta feira, Mônica está no consultório organizando os prontuários das crianças que atende no orfanato e na cidade e os separa por idade para poder estarem organizadas na semana seguinte.

Esse trabalho quem faz geralmente é Maria Cecília, quando vem ajudá-la, mas a menina ficou em casa estudando para sua primeira prova de História do ano. Uma prova que a professora Alice quis dar para ver o que seus alunos tinham esquecido e apreendido do ano anterior.

Alguém bate na porta que já está aberta e ela se volta para ver quem é. Um rapaz está ali e ela sente algo estranho ao olhar para ele, mas respira fundo e sorri, tentando tirar da cabeça aquela sensação estranha.

- Posso entrar, doutora? - ele pergunta, também, sorrindo um sorriso simpático.

- Claro... Desculpe, eu estava tão longe que... Pode entrar. Você é o... pediatra que se inscreveu pra trabalhar com a gente?

- Eu mesmo. Bom dia.

Ele entra e fica em pé diante da mesa. Mônica coloca as fichas que ainda faltam ser organizadas sobre o arquivo e se volta para ele, estendendo a mão que ele aperta.

- Bom dia. Prazer, Mônica Valle. E eu não sou doutora, sou só enfermeira.

- O prazer é meu. Cássio Vilella. Não quis te chamar só de Mônica no primeiro encontro e... dona Mônica ficaria esquisito pra alguém tão... jovem... então... saiu o doutora... Desculpe.

- Tudo bem. Oi, doutor Cássio. Pode sentar, por favor.

Ele se senta e acomoda a pequena valise que carrega sobre os joelhos. Mônica demora o olhar sobre ele, tendo a impressão de que já o conhece.

Cássio um rapaz bonito. Moreno claro, cabelos e olhos castanhos e tem um olhar seguro, mas sereno de quem sabe onde está e o que quer. Tem nos lábios, disfarçado atrás da seriedade, um sorriso que parece ser tornar facilmente numa risada. Ela parece já tê-lo visto antes, mas não sabe onde.

- Você... não é de Casa Branca, é? Posso chamá-lo por você? Não me parece ser muito mais velho que eu...

- Claro... Não, não sou daqui não. Sou de Poços de Caldas.

- Ah... Eu tenho um amigo de lá também. Doutor Miguel, ginecologista e obstetra, conhece?

- Não, acho que não.

- Claro que não. Ele é mais conhecido aqui do que na própria cidade. Está morando e clinicando em São Paulo agora, mas... depois de formado ele veio trabalhar em Casa Branca e era muito amigo do... Bem, mas isso não é relevante. Desculpe. Você se inscreveu pra vaga de pediatra. Posso saber o seu interesse em trabalhar aqui numa cidade pequena? Há outros centros tão maiores em Minas...

- Meu interesse é basicamente... curiosidade e eu tenho um desejo muito grande de tentar ajudar crianças, num orfanato. Não se encontra isso em qualquer lugar.

- Não entendi o seu primeiro interesse... curiosidade? Sobre o que você está curioso?

- Não, não se preocupe. Os dois interesses se confundem. Eu tenho curiosidade em saber como um orfanato dirigido por uma enfermeira consegue se manter firme e forte há tantos anos e com tanta eficiência.

Mônica encosta-se na cadeira e estranha.

- Como assim? Você conhece nosso trabalho?

- Eu conheço o trabalho do orfanato do Desterro há três anos. Venho seguindo tudo que acontece aqui desde então. Quando eu fiquei sabendo que o pediatra ia se afastar por motivo de viagem, eu quis logo me candidatar pra ficar no lugar dele.

- Como você... ficou sabendo que o doutor Renato ia se afastar?

- Ele é meu amigo.

- Ah...

- Eu soube que ele queria ir aos Estados Unidos estudar e contei pra ele que gostaria de trabalhar aqui. Ele me fala muito desse lugar. Foi ele que me deu a ideia de me candidatar. E eu estou aqui.

- Onde você conheceu o Renato?

- Nós participamos de um congresso de Pediatria em Belo Horizonte a três anos, fizemos alguns projetos juntos e nos tornamos amigos desde então.

- Sei... ela diz com um suspiro.

- Não se preocupe que ele me deu as melhores referências sobre tudo aqui. Sobre a senhora e...

- Não, não me chame de senhora. Nem senhora, nem doutora. Só Mônica, por favor.

- Sobre você... e ele me contou a história toda deste lugar, desde a morte do seu marido. Ele disse que o doutor Cláudio Valle, que é o patrono desse lugar, foi um dos médicos mais respeitados que a cidade de Casa Branca já teve.

- É verdade... ela diz com emoção na voz.

Cássio olha para o quadro na parede, acima da cabeça dela e pergunta:

- É ele?

Mônica nem se volta.

- É...

- Ele disse também que o orfanato cuidava só de duzentos e cinquenta crianças quando você começou a dirigi-lo, mas que agora tem quase quatrocentas. Que você fez muitas melhorias e construiu alas novas e...

- Cássio... não é? - ela o interrompe.

- Isso.

- Eu já percebi que você sabe muito sobre nós e agradeço pelos elogios e deferências, mas... se você se candidatou, sou eu que preciso saber de você, não acha?

Cássio ri.

- Claro, me desculpe. Eu falo demais. Eu vou calar minha boca.

Ela ri também e abre a primeira gaveta da mesa, pegando uma ficha que coloca sobre a mesa, diante dele. Nisso, Cássio espara na aliança de diamantes brilhando no dedo de sua mão esquerda.

MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (DOZE ANOS DEPOIS...)

PARTE 39

OBRIGADA! BOM DIA!

DEUS ABENÇOE A TODOS NÓS!

Velucy
Enviado por Velucy em 14/08/2018
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