MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL (FINAL) - PARTE 1

MI – UMA GAROTA MUITO ESPECIAL - FINAL

PARTE 1

Wagner vai até Ribeirão Preto para pedir a Janete permissão para levar André à festa de aniversário da sobrinha. Quando o carro para diante da casa, André, que está brincando de bola na rua com dois amigos e mais algumas crianças, aproxima-se dele, mas não diz nada. Wagner sai do carro.

- Oi, filho... Oi, turma!

- Oi... respondem todos.

- Sua mãe está em casa? Vim te buscar pra festa da Mi. O Silas e todos os outros seus colegas de Casa Branca também foram convidados. Vou passar na cidade na volta e pegar todos eles.

- Minha mãe não vai deixar... André declara, meio triste.

- Vai sim. Ela está aí? Eu vim pedir pra ela.

André olha para a casa e nem responde. Janete vem saindo no quintal e fica parada no portão. Wagner se aproxima dela.

- O que você está fazendo aqui em pleno domingo?

- A gente pode conversar?

- O que você quer?

- Você sabe. Minha sobrinha faz treze anos hoje e eu vim buscar o André pra festa dela.

Como André tinha ficado parado ali perto com os outros para ouvir sua resposta, Janete diz:

- Entra...

- Eu não quero entrar, Wagner diz. - Só me responde se vai deixar ou não. Eu já quero levar ele pra Casa Branca agora. Daqui lá é bem longe e a gente já vai chegar bem tarde.

- Não é tão simples assim...

Wagner fica olhando para ela e imagina que ela quer alguma coisa a mais.

- O que você quer, Janete? Me enlouquecer? Eu só quero levar meu filho pra uma festa de aniversário.

Ela abre o portão e sai na rua; olha para os meninos, assistindo a conversa e grita:

- Estão olhando o quê? Vão pra casa, bando de bisbilhoteiros! Não tem mais o que fazer? Vão ajudar a mãe de vocês!

Os garotos saem correndo e se dispersam. André fica parado e espera, olhando os colegas se afastarem.

Janete começa a andar pela calçada na direção do início da rua e diz:

- André Luís, eu já venho. Vou no mercado comprar umas coisas.

- Eu vou poder ir na festa da Mi, mãe? Se puder, vou tomar banho...

- Te respondo depois. Continua brincando. Já venho.

- Você espantou todo mundo!

- Brinca sozinho, oras! Não enche!

Wagner olha para o menino e balança a cabeça, com um suspiro.

- Espera...

Ele segue Janete e vai junto com ela. O menino deixa cair os ombros, desanimado, e vai se sentar no meio fio, colocando a bola entre as pernas. Sandro e Tonico, dois amigos mais chegados do menino, se sentam ao lado dele.

- Quem é aquele cara, André?

- É o Wagner, um fazendeiro que mora bem longe daqui...

- Por que sua mãe não gosta dele? – pergunta Tonico.

- Porque ele é meu pai...

- Ué! E isso não é bom? Cara, teu pai é fazendeiro?!

André não responde.

- Não se mete nisso, Tonico, diz Sandro, que já entende melhor a situação, com quem André já havia conversado sobre o fato. – Isso é problema de adulto. Vem brincar, André. Eles vão se entender. Ele falou de festa de aniversário... Será que você vai?

- Não sei...

- Onde é esse longe que você falou?

- Casa Branca...

- Viche! – se admira Tonico, coçando a nuca. - É longe mesmo. Estados Unidos!

- Não é a casa branca dos Estados Unidos, burro. É aqui no Brasil mesmo. São Paulo!

- Ah...

- Se meu pai conseguir convencer minha mãe a me deixar ir, vocês querem ir comigo?

- Acho que não vai dar, diz Sandro. - É muito longe, mesmo não sendo nos Estados Unidos. Mas legal você ter convidado. Vem, vamos jogar bola.

O menino se levanta e os três voltam a brincar.

Janete só queria sair de perto do filho para conversar com Wagner a sós. Ao invés de ir na direção do mercado, onde disse que iria, ela segue na direção do largo da igreja e se senta num banco.

- Você não ia no mercado? – ele pergunta, ainda de pé.

- Você não quer que seu filho vá na festinha da sua sobrinha? Isso tem um preço.

- Preço?

- O que você decidiu sobre a conversa que a gente teve na sua casa?

- Eu não acredito que você vai levar aquela ideia absurda adiante, Janete... Você quer negociar tudo que eu fizer com meu filho, sendo isso um direito meu?

- Ele não é seu ainda.

Wagner olha para a igreja e respira fundo.

- Senhora das Dores... me ajuda! O que você quer?

- Essa igreja não é de Nossa Senhora das Dores.

- Não importa. Estou apelando para qualquer uma delas. Eu te propus que você me entregasse ele de vez, com uma quantia em dinheiro de pensão mensal e você não quis...

- Eu não vou entregar meu filho pra você, Wagner. Eu gosto dele.

- Não parece...

- Você não pode dizer o que eu sinto pelo meu filho, como também não pode fazer ideia do que eu passei nesses doze anos, criando ele sozinha!

- Já falei várias vezes que a culpa não foi só minha...

- O que você teria feito naquela época se soubesse que eu estava esperando um filho seu, Wagner?

Ele não responde.

- Nada, não é? Eu não era nada pra você. Você estava mais a fim de olhar pra sua portuguesa do que pra mim...

- Não fala dela assim...

- Por que, não? Ela te deixou como você me deixou, não foi? Onde é que ela está agora? Ficou na sua Inglaterra?

- Dobra a língua pra falar da Linda, Janete!

- Por que não?! Ela tentou me roubar você e praticamente conseguiu!

- Ela está morta! – ele grita.

Janete se cala.

MI - UMA GAROTA MUITO ESPECIAL - FINAL

PARTE 1

OBRIGADA E BOA TARDE!

DEUS ABENÇOE A NÓS TODOS!

Velucy
Enviado por Velucy em 22/08/2018
Código do texto: T6426831
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