MANDY - UMA GATA CHAMADA AMANDA I - PARTE 4

IV – UMA GATA CHAMADA AMANDA

Teo e Marco entraram na sala. A aula já tinha começado e, enfrentando com caras inocentes, a cara feia do professor Cassiano, de Matemática, sentaram-se em seus lugares. Teo cutucou Marco e apontou para o que dizia ser o novato da classe. Era justamente o rapaz que tinha esbarrado em Marco na entrada e ele logo o reconheceu como o namorado da gatinha na lanchonete.

- Caramba! - Marco falou em voz um pouco mais alta que o normal para o silêncio da sala.

A classe toda se voltou para ele, inclusive Teo. O professor pediu silêncio apenas com um olhar e Marco encolheu-se na cadeira.

- Desculpa, professor.

Risinhos abafados foram ouvidos e a aula começou. Marco ficou a aula inteira e a próxima também observando o rapaz. Ele parecia não ter ainda amizades na sala, pois não conversava com ninguém. No intervalo, Teo perguntou:

- Quem é ele, cara?

- Espera aí... Marco pediu.

Parou na porta da sala e esperou que o rapaz passasse por eles para depois observar bem seu rosto.

- É ele mesmo.

- Ele quem, bolas!

- Ele é o cara que eu vi ontem, discutindo no bar no Benê com uma garota.

- E...? Ele vai ganhar um Oscar por isso?

- Não, mas que ela deve ganhar o prêmio Nobel pela paciência, isso deve. Esse cara é “um mala”, ou melhor, ele é a bagagem toda em cima dela.

- Não me diga que você está interessado na mina dele?

- Não... Não estou interessado... É que... eu fiquei com pena dela, só isso.

- Pena?

- É.

- Ficou com pena daqueles lindos olhos verdes, daquela carinha linda, daquele cabelo loiro maravilhoso...

- Você já viu ela?

- Marco Antonio, não foi você mesmo que disse que amava a Bete!?

- Não muda de assunto, você já viu a garota?

- Se eu sei que a mina é filha do diretor, veio de Poços de Caldas e é namorada daquele panaca, claro que eu vi, né? Mas o assunto aqui é o senhor. E a Bete, já é passado, é?

- Eu só me interessei pela garota, porque ela estava passando pela mesma coisa que eu, lá na lanchonete. Eu tinha acabado de levar um fora da Bete e ela estava levando a maior bronca do brutamonte dela lá, no meio de um monte de gente, foi só...

- Sei... E daí? Você descobriu o que já sabia. Ela é namorada desse brutamonte que estuda com você, na mesma sala do colégio. Vai fazer o quê, agora?

- Nada... disse Marco, dando de ombros. - Mas um dia a gente vai se cruzar de novo pelos corredores do colégio e... quem sabe possamos resolver juntos nossos problemas...amorosos.

A expressão de Marco fez Teo rir gostoso. Foram rindo para a lanchonete.

Marco acompanhava o namorado de sua misteriosa dama com os olhos, para analisar seu comportamento e, quando Teo pediu dois refrigerantes no balcão da cantina, ele viu o novo colega de classe se encontrar com a namorada. Os dois trocaram um beijo e ele a pegou pela mão, puxando-a até um banco, onde se sentaram.

- Que cavalo! - murmurou Marco para si mesmo.

- Que foi? - Teo perguntou, entregando a ele uma garrafa.

- Nada não...

Lídia, namorada de Teo, aproximou-se dos dois e o beijou demoradamente na boca.

- Oi, gato!

- Oi, tudo bom, gata? Ah, Marco, eis aqui alguém que pode te contar tudo sobre o famoso Segundo Ano A.

- Se quer saber sobre a Bete, Marco, ela não quer te ver mais nem pintado.

- Eu já sei disso, Lídia. Ela teve a honra de desligar o telefone na minha cara duas vezes ontem. Mas eu também não quero mais saber dela.

- E o que tem no Segundo A que te interesse que não seja ela? Eu?

Marco franziu as sobrancelhas como a dizer: “Tá maluca? Teu namorado está aqui do teu lado e é meu melhor amigo!” Mas como Teo levou na brincadeira e riu, abraçando a namorada pela cintura e lhe dando um beijo no rosto, disse:

- Não, claro que não. É... uma aluna nova da sua sala.

- Aluna nova? Quem? A Amanda?

- Amanda? - perguntou ele, olhando para Teo. – Você não falou que era Ana Maria, Teo?

- Ana Maria, Amanda, que diferença faz? Começa com A!

- Não tem nenhuma Ana Maria na minha sala. A única aluna nova esse ano é a Amanda, filha do diretor. Toda cheia de não me toques. Não fala com ninguém na sala. Nojenta!

- Opinião crítica sincera ou despeito, Lídia? - Marco perguntou.

- Despeito? Eu? Ela não tem nada a mais que eu.

Marco sorriu irônico, imaginando justamente o contrário. Marco virou-se meio que para mudar de assunto e apontou para a garota apenas movendo o queixo.

- É aquela ali?

Lídia virou-se também e confirmou.

- Ela mesma. Ela e o namorado. Ele está na sala de vocês, não é?

- Está... suspirou Marco.

- E por que todo esse interesse, Marco? Você vai entrar numa fria dupla se se meter com ela, aliás, tripla! Primeiro, ela é a filhinha do diretor, e o Rotemberg é o carequinha mais geleia de jiló que eu já conheci; segundo, porque ela tem um namorado tão azedo quanto o pai; terceiro, porque a Bete vai matar você quando souber que você mal desmanchou com ela e já está de olho em outra que ainda por cima é colega de classe dela.

- Ela só vai saber se você contar, e, quanto aos outros dois desafios... pra mim, quanto mais aventura, melhor.

Lídia fez uma careta engraçada, balançou a cabeça e exclamou baixinho com ar de desdém:

- Homens... Todos iguais!

Marco e Teo riram.

UMA GATA CHAMADA AMANDA

PARTE IV

BOA TARDE!

Velucy
Enviado por Velucy em 27/08/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6431702
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