MANDY - UMA GATA CHAMADA AMANDA I - PARTE 8

VIII – UMA GATA CHAMADA AMANDA

- Ih, meu, acho que você dançou!

- Queria sair com ela, saber como ela está... sonhou Marco em voz alta.

- Liga pra ela, então! Rotemberg é um nome raro. Vai ser fácil achar o nome do diretor na lista.

- E dizer o quê, se ele atender? “Senhor, aqui é um dos alunos da sua escola, querendo levar sua filha ao cinema no lugar do panaca do Otávio?” Ele vai me mandar pra onde o Otávio deve estar agora.

- Ligue, se ele atender, você desliga. Se ela atender, você mete bronca.

Marco pensou e não achou má a ideia.

- Teo, de vez em quando você pensa, sabia? Gostei de ouvir.

- Me deve essa. Tchau, te vejo amanhã, naquele saco de escola e aí você me conta no que deu sua paquera telefônica.

- Tá, ok, tchau. Bom jogo!

Marco colocou o telefone na base e olhou para a lista telefônica debaixo do criado mudo, ao lado da cama. Apanhou-a e folheou até encontrar a letra R. O dedo começou a deslizar pelas palavras.

- Rocha... Ronconi... Ruiz... Não, antes... Rosseti, Rott... Aqui! Rottella... Rotelli... Rotemberg! Achei! Nossa, tem Rotenberg com N também. José Rotemberg! Ilustríssimo diretor do Colégio Paralelo. Angra dos Reis... Poxa! Como eu não pensei nisso? Ela mora na Angra dos Reis, Chácara Flora! Tão pertinho! Marco, você descobriu a mina! Telefone... 2347... É isso aí.

Apanhou o telefone, deitou na cama de bruços e teclou. Um chamado, dois, no terceiro, atenderam e a voz de um homem respondeu do outro lado:

- Alô.

Marco desligou rapidamente, com o coração aos pulos. Esperou alguns segundos e ligou de novo. Um toque, dois e novamente atenderam, a mesma voz.

- Alô!

Marco desligou outra vez.

- Droga! - exclamou, depositando o telefone sobre o criado.

Colocou as mãos no rosto, apertando os olhos pelo nervosismo. Levantou-se e foi até a cozinha, bebeu um copo de água e voltou com outro na mão para o quarto. Olhou para o telefone e sentou-se na cama. Bebeu um gole de água e apanhou novamente o aparelho e o colocou no colo. Tamborilou os dedos sobre ele, respirou fundo e teclou novamente bem devagar. Após o último número, fechou os olhos para esperar os toques. Um... dois...

- Escuta, Otávio, se é você, ela não está! Saiu com duas amigas, foram ao cinema. Desista, sim? A Amanda não está.

A voz do diretor não era de alguém zangado, mas decidido. Marco não chegou a se apavorar, mas chegou até a ficar tranquilo, pois tinha uma dica de que a garota não estava mesmo em casa.

- Foi ao cinema... Mas que cinema? Há milhares de cinemas em São Paulo!

Como sabia que seria no mínimo impossível descobrir em que cinema Amanda estaria com as amigas, ele saiu e resolveu ir ao que costumava frequentar sempre: o Chaplin.

A fila estava enorme. Era a primeira vez, em muito tempo, que ele ia ao cinema sozinho. Olhou para o cartaz do filme e não gostou. Filme brasileiro com Miriam Rios. Não fez sua cabeça. O cine Del Rey não ficava tão longe e ele resolveu arriscar. A fila não estava menor, mas o filme agradou mais. Demorou, mas conseguiu comprar seu ingresso solitário, também pela primeira vez. Pediu, pagou e foi para a escada que levava à sala de projeção com todas as outras pessoas, mas, ao olhar para trás, viu, na fila, o rosto que mais frequentava seus pensamentos ultimamente: Amanda.

Ela o viu também e seus olhares se encontraram. Havia muita gente passando e foi difícil não perdê-la no meio de todos os outros rostos. Ao chegar ao alto da escada, ele parou e ficou esperando por ela.

Quando Amanda se aproximou com as duas amigas, apenas sorriu para ele e, sem tempo de falar nada, foi puxada pela mão por uma delas, apressada para ver o filme. Perderam-se novamente, quando entraram na sala de projeção já às escuras.

Marco não conseguiu prestar atenção a nada do filme. Seus olhos, já acostumados com a escuridão do ambiente, vasculhavam a multidão de olhos pregados na tela, a procura dela, mas não conseguiu achá-la. Até Madeleine Stowe perdeu o encanto no filme. Marco queria mesmo era ver Amanda.

Quando a luz se acendeu novamente, ele se levantou e percorreu todo o recinto com os olhos. Foi só aí que a viu, já saindo na porta da esquerda. Apressou-se em passar por todo mundo, empurrando uns, esbarrando em outros, pisando no pé de alguns e indo então alcançá-la já fora do cinema. Chamou:

- Amanda!

UMA GATA CHAMADA AMANDA

PARTE VIII

BOM DIA!

Velucy
Enviado por Velucy em 29/08/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6433178
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