MANDY (AMANDA, ESCRITO NAS ESTRELAS) II - PARTE 5

V – MANDY

(AMANDA, ESCRITO NAS ESTRELAS)

Mesmo na segunda-feira, a lanchonete de Benê estava cheia. Estudantes do colégio do período da tarde costumavam se encontrar ali, depois de sair da aula. Marco entrou e sentou-se junto ao balcão, onde o tio estava servindo um casal de alunos. Benê olhou para ele e sorriu, fazendo um aceno com a cabeça. Depois se aproximou.

- Ué! ‘Tá fazendo o que aqui de noite, guri? Hora de criança estar na cama.

- Já falou isso pros seus fregueses? É a patota do Paralelo. Você lucra em cima da criançada toda, na hora deles todos estarem na cama, sabia, espertinho?

- Mas nenhum deles é meu sobrinho. Família é família!

- Ah, sei... Descola um suco de abacaxi bem doce.

- Na mão, garotão! - disse Benê, afastando-se.

Marco olhou para os rostos em todas as mesas e viu várias caras conhecidas dos anos passados. Estudava no mesmo colégio há onze anos e conhecia praticamente todo mundo. Só que, naquele momento, quem mais lhe interessava não estava ali.

Benê voltou com o suco e o colocou diante dele.

- Amarelinho e docinho. Sem gelo, por causa da garganta. A essa hora não pode.

- Você é bem irmão da Dona Laila. Acho bom parar de me paparicar desse jeito, cara. Pega mal.

- Não é paparico, é medo de que seu pai um dia venha até aqui e me acuse de estar te incentivando a ficar... pelos bares da vida. Você não devia estar aqui a essa hora, Marco, ainda mais sozinho.

- Besteira, essa lanchonete é muito bem frequentada. E você está aqui! Como eu posso me meter em encrenca, se você está aqui? Fica frio, tá? Vou sentar numa mesa e ficar comportadinho.

- Tá, por mim, tudo bem, mas eu já disse que não quero confusão com seu pai.

- Já falei pra ficar frio, seo Benedito.

Benê fez uma careta. Detestava seu nome. Marco sorriu, pegou o suco e foi sentar-se sozinho numa mesa do lado do balcão e junto da parede.

Não demorou muito e ele viu entrar na lanchonete Otávio e Amanda. O coração disparou a ponto de fazê-lo levar a mão ao peito sem querer.

O casal sentou-se à mesa de dois outros amigos de Otávio e uma conversa animada se travou entre eles.

Marco encostou-se na parede e procurou não olhar para o grupo. Benê saiu do balcão, enxugando um copo e veio disfarçadamente até ele, dizendo em voz baixa:

- Lembra da gatinha da briga? Olha ela ali de novo! Continua segurando a mala de estimação. Você não vai fazer nada pra salvar a donzela, hein?

- Não enche, Benê...

Benê riu e voltou para o balcão. Marco olhou discretamente para Amanda, sem poder resistir, e, como se ela o sentisse ali, olhou para seu lado e o viu também. Um sorriso quase imperceptível apareceu no rosto dela, mas sumiu logo. Otávio pegou sua mão e lhe disse alguma coisa que ele não pode ouvir; depois, chamou Benê e fez o pedido. Marco tomou o resto do suco e levantou-se. Não podia mais ficar fazendo papel de idiota e assistir Amanda aturar o namorado. Colocou o copo sobre o balcão e Benê perguntou:

- Já vai?

- Isso aqui está muito chato, hoje, disse baixinho. – Tchau!

- Dá um beijo na maninha.

- Dou, boa noite. Te cuida, tio.

Marco ia saindo e obrigatoriamente teve que passar ao lado da mesa do grupo e Otávio o viu e o chamou:

- Ei, Marco!

Ele parou e olhou para o rapaz.

- Tudo bem? - perguntou, seco.

- Tudo, Otávio respondeu, conseguindo até ser simpático. – Não quer sentar com a gente? Eu te vi sozinho ali. Senta aí.

- Não, obrigado, eu... já estava de saída mesmo.

- Senta aí, cara! Está cedo ainda. Não me diga que a mamãe está esperando em casa... ele falou com ar de troça, rindo em seguida.

Os dois rapazes riram também. Amanda continuou séria, parecendo não ter gostado do modo como Otávio falou. Marco respirou fundo, conteve-se e respondeu:

- Na verdade, ela está sim, mas isso não é da conta de ninguém, muito menos sua e é um privilégio de quem tem mãe, o que não deve ser o seu caso.

Otávio ficou sério na mesma hora e levantou-se. Amanda segurou o seu braço. Os dois trocaram um olhar de desafio, mas Marco foi saindo. Antes, ainda disse:

- Vê se não vai vender bebida alcoólica pras crianças, hein, Benê? – É ilegal!

- Deixa comigo, Marcão! - concordou Benê, divertindo-se com a resposta.

Otávio olhava para ele com cara de muito poucos amigos e voltou a sentar-se, falando em voz baixa:

- Ele me paga, amanhã.

- Ele não fez nada, foi você quem começou, Otávio, falou Amanda.

- Está defendendo ele, é? - inquiriu Otávio.

- Defenderia você, se estivesse certo, enfrentou ela.

- Ela está certa, Otávio, falou Caio. - Você pegou pesado. Fica calmo aí, cara! Ele já foi.

MANDY

PARTE V

BOA TARDE!

Velucy
Enviado por Velucy em 31/08/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6435676
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.