MANDY - O DIA CERTO PRA SE COMER PIZZA VI-PARTE 10

X – O DIA CERTO PRA SE COMER PIZZA

Laila apanhou a bacia com as batatas e foi sentar-se diante dele na mesa.

- Você acha que, se tivesse que acontecer alguma coisa entre os dois, seria aqui em casa? Não subestime o Marco, querido. Ele é um rapaz inteligente. E... mesmo assim... não acho que o namoro deles já tenha chegado a esse nível. Seja uma coisa tão... vulgar assim.

- Sexo não vulgariza o namoro, só deixa mais interessante, ele disse, tomando um gole de café.

- Vulgariza também, se feito com tão pouco tempo de conhecimento. Eles se conhecem há menos de um mês! Não me parece que o interesse do Marco por essa menina seja esse. Ele já sofreu demais por causa dela. Se não fosse amor de verdade ou pelo menos uma coisa mais forte que a simples atração física, ele não se prestaria a isso. Pense bem. Acho que o Marco sabe dividir entre amizade, namoro e diversão.

- E em qual dos três a Bete se encaixava, afinal?

- A Bete?... Ah, a Bete era namoro por conveniência. Ela... é bonitinha, ficava no pé dele e ele começou a namorar pra passar o tempo, mas foi namoro de criança.

- A Amanda e ela têm a mesma idade.

- Mas ele não tem a mesma idade com que começou a namorar a Bete. Vai fazer dezoito anos. Não é mais um menino... infelizmente... ela suspirou.

- Você bota a mão no fogo por ele, não?

- O corpo inteiro, até que ele me prove o contrário. Eu gosto de confiar no meu menino. Até agora ele não me decepcionou, muito pelo contrário. Me surpreende a cada dia. É comportado até demais, perto do pai que tem.

Antônio franziu as sobrancelhas, abismado.

- Estou errada? Com a idade dele, você não era tão previsível quanto ele. E também não tem o que reclamar, tem?

Ele não teve o que dizer, a mulher estava certa. Continuou tomando seu café, em silêncio.

- Se acontecer alguma mais séria entre os dois, sou capaz de me surpreender mais com ela do que com ele. O pai da Amanda me parece ser um pai muito dedicado, apesar de ser viúvo, sozinho e trabalhar numa atividade tão sacrificada quanto a de diretor de escola.

- Ela foi criada pela avó.

- Mais um motivo para ser uma boa moça.

- Hum... Certo, dona Laila, você venceu. Estou me preocupando como se fosse o pai dela e não dele, certo?

- Eu sabia que você ia entender, ela falou, beijando-o e voltando para as batatas.

Ouviram o barulho da porta da frente se abrindo e o chamado de Marco:

- Mãe!

- Aqui na cozinha, meu bem!

Ele apareceu na porta e a beijou, um beijo estalado e carinhoso.

- Oi, linda! Oi, pai!

- Tudo bem? - Laila perguntou.

- Se melhorar, cria formiga, falou ele, abrindo a tampa de uma panela fervendo com ovos cozendo no fogo.

- Posso pegar um?

- São pra maionese, filho.

- Um só. Não vai fazer falta.

- Um só, ela concordou.

Marco tirou o ovo quente da água e sentou-se à mesa, colocando-o sobre ela com as mãos queimando. Começou a descascá-lo, soprando as mãos, ao mesmo tempo.

- Tá quente!

- Por que será, não? Esse fogão deve estar com problemas, ela brincou. – Põe debaixo da torneira.

- Divertiram-se? - Antônio perguntou, depois de algum tempo.

- Fomos ao Aero, comer pizza.

- Em plena quarta feira?

- Não tem dia pra comer pizza, pai. Foi ideia da Amanda. Ela quase não sai de casa, ultimamente. E o Aldo precisava arejar a cabeça. Foi um modo de pagar a ele o que ele tem passado com o pai.

- Ele estava aqui, quando ela chegou?

- Não. Nós estávamos jogando bola na rua do Teo. Aí, ela chegou, sugeriu que a gente fosse a alguma lugar comer e beber alguma coisa e nós fomos. Só que, antes, cada um foi pra sua casa se trocar. Estava todo mundo sujo e fedido.

- E ela veio pra cá com você.

- Veio, disse ele, mastigando o ovo, soprando-o e tomando cuidado para não queimar a boca.

- E vocês ficaram sozinhos aqui, enquanto você se trocava.

Marco olhou para o pai e já adivinhou seu pensamento. Resolveu gozar da cara dele:

- Pois é, ela adorou a cor das minhas cuecas, mas não quis esfregar minhas costas no banho. Uma pena...

Antônio apertou os olhos e cruzou os dedos sobre a mesa, medindo o filho. Laila fazia um grande esforço para não rir, mas Marco não foi tão resistente. Começou a rir a valer.

- Dá pra assistir daqui o filme erótico-pornográfico que está se passando pela sua mente, agora, seo Antônio.

Laila soltou o riso preso.

- Eu não estou brincando, Marco, ele falou, muito sério.

- Não, eu sei que não está. Está levando até a sério demais e imaginando coisas demais também. A Amanda entrou, ficou na sala, vendo minhas fotos na estante, nossos discos, minhas revistas, enquanto isso eu fui pro banheiro, tomei um banho há dez metros de onde ela estava, me troquei a cinco, porque meu quarto é um pouquinho pra cá do banheiro, como o senhor deve saber, já que foi quem construiu a casa, depois ficamos conversando, con-ver-san-do, na sala. Eu, na poltrona, e ela, no sofá. Tá bom assim? Pai, você acha que eu ia escolher a minha casa, com o pai que eu tenho, para fazer qualquer coisa idiota?

- Foi o que eu disse pra ele... intrometeu-se Laila.

- Não se escolhe lugar pra se fazer essas coisas, como não há dia específico pra se comer pizza.

- Mas não se come pizza numa sorveteria e eu não sou burro de entrar numa fria dessas na sua casa, seo Antônio. Quando acontecer, vai ser na minha casa e eu vou ser o marido da Amanda, não antes.

- Ah, já estamos falando em casamento? - ironizou Antônio.

- Quem começou a pensar em sexo foi você! - Marco falou, sério.

- É mais fácil do que casar.

- Pode deixar que, quando eu... sucumbir à tentação, você vai ser o último a saber. Não menospreze a minha imaginação, pai.

Marco levantou-se e bateu no ombro dele, saindo da cozinha.

Laila conteve-se para não rir mais, vendo que Antônio estava nervoso. Ele olhou para ela com cara de vilão vencido. Ela abraçou-se a ele e deixou o riso fluir.

- Pare de pegar no pé dele, meu bem. Detesto te ver com a cara no chão.

O DIA CERTO PRA SE COMER PIZZA

PARTE X

BOM DIA!

PAZ, BÊNÇÃOS E LUZ PARA TODOS

Velucy
Enviado por Velucy em 16/09/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6450119
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