MANDY - DANÇANDO NAS ESTRELAS IX - PARTE 10

X – DANÇANDO NAS ESTRELAS...

Um estampido foi ouvido e Marco sentiu a bala passar bem perto dele. Amanda gritou, colocando as mãos nos ouvidos. Ajoelhou-se no chão e cobriu os olhos, chorando, desesperadamente. Pensou que Marco tivesse sido atingido.

Passado o susto, Marco falou:

- Fica calma, meu amor. Está tudo bem...

Ela ergueu os olhos e ao vê-lo vivo, desmaiou. Marco quis correr para acudi-la, mas Otávio saiu da encosta do rio, apontando firme a arma para ele.

- Não chega perto dela! - gritou. - Eu estou aqui. Queria me ver? Agora se manda e nunca mais apareça na nossa vida.

- A troco de quê, seu maluco? Disso? De fazer a Amanda sofrer?

- A troco da sua vida! Ou não é suficiente?

- Se você quisesse mesmo atirar em mim, já tinha feito isso.

- Eu não sou um assassino, cara. Não quero e nem vou matar ninguém. Só quero você longe dela. Se eu atirar em alguém, a culpa vai ser sua!

- Você não pensa em como ela vai te odiar depois?

- Você não é burro, mas eu já cansei de explicar: eu só quero que você fique fora da vida dela. Fora! Sai do nosso caminho ou, mais cedo ou mais tarde, eu te pego, pego ela e seremos todos felizes para sempre.

- Se eu tiver que ficar com ela, não é você que vai impedir.

Otávio voltou lentamente a arma para a cabeça de Amanda, caída no chão.

- Não? Se eu mudar o alvo, Romeu valentão, aposto que você muda de ideia. Ela não gosta de mim, mas você gosta dela, não gosta? Não ia gostar de ver essa cabecinha loira ensanguentada, ia?

Marco sentiu o sangue gelar nas veias e disse com o fio de voz que ainda tinha:

- Não... Ela não... Eu vou embora... Eu vou! Abaixa essa coisa, pelo amor de Deus. Não precisa mais... Eu vou embora...

- Quero sua palavra de que vai sair da vida dela e da minha.

Marco sentiu a garganta arder e olhou para Amanda.

- Você tem... Tem a minha palavra...

A voz saiu difícil.

- Eu não ouvi, disse Otávio, colocando a mão em concha no ouvido.

- Você tem a minha palavra! - Marco gritou, com as lágrimas rolando dos olhos.

Amanda começou a acordar e sentou-se no chão, zonza.

- Agora, você entra naquela lata velha e fica lá! Só saia quando a gente estiver bem longe, entendeu?

Otávio ajudou Amanda a se levantar e ela não entendia mais nada.

- Marco...

- Pra onde você vai levar a Amanda?

- Pra um lugar seguro, fique sossegado.

- Marco... não! - ela falou, recomeçando a chorar.

Otávio a puxou e a colocou dentro do carro, no lado do motorista. Marco foi andando de costas até o Fusca e sentou-se no banco do passageiro.

- Não sai do carro. Ela vai ficar bem. Se você sair daí, eu atiro nela, entendeu?!

Marco balançou a cabeça confirmando. Começou a chorar também. Otávio sentou no Fiat no banco do passageiro, ainda apontado a arma para a cabeça de Amanda e forçou-a a dar partida. Antes de colocar o carro em movimento, ela ainda olhou para Marco e falou:

- Eu te amo...

Marco encostou a palma da mão nos lábios e jogou um beijo para ela. O Fiat se afastou e Marco ficou no Fusca até ele entrar na avenida e seguir novamente para o centro de Santo Amaro. Quando o carro desapareceu, após a ponte, ele enxugou o rosto e sentou-se no banco do motorista. Foi seguindo devagar atrás deles.

Dentro do Fiat, Amanda não conseguia parar de chorar. Sentia vontade de fazer alguma loucura, pois não podia imaginar sua vida sem Marco, depois daquilo tudo.

- Para de chorar, Amanda! Está tudo bem agora. Você está livre daquele calhorda, disse Otávio. - Eu vou te levar pra casa.

A voz dele pareceu irritá-la ainda mais. Pareceu apagar nela qualquer vestígio de senso de sobrevivência que ainda havia. Decidida, virou à esquerda numa rua qualquer, sem a permissão dele e Otávio gritou:

- Ficou maluca, Amanda!? Volta pra avenida!

- Volta você, se quiser! Dirige você! - ela gritou.

Ela pisou no acelerador e soltou o volante. Descontrolado, o carro saiu da rua, subiu na calçada e foi bater com violência num poste. Amanda bateu com a cabeça no volante e desmaiou. Quando acordou do susto, ainda tonto, Otávio olhou para ela e só então percebeu o que havia acontecido.

Ergueu sua cabeça, fazendo-a deitar no banco e viu sua testa sangrando muito.

- Amanda... Fala comigo...

A moça estava inerte. Ele saiu do carro pela janela, deu a volta, abriu a porta do motorista e tirou a moça de lá, colocando-a no chão e abraçando-se a ela, chorando.

- Amanda!

Pessoas começaram a se juntar em volta do carro. Marco, que vinha seguindo os dois, vendo o tumulto que se formou com o acidente, entrou naquela rua e parou o Fusca a poucos metros do Fiat. Ficou olhando para ele, sem acreditar no que via. Não conseguiu sequer sair do carro. Ao ver Otávio abraçando Amanda desacordada, junto do carro, apoiou os braços no volante e escondeu o rosto neles, chorando.

Avisados do rapto de Amanda, Antônio e José não precisaram nem ir até local do encontro. Chegaram junto com a polícia e a ambulância, no local do acidente. Teo estava com eles e reconheceu seu carro parado ali perto e Marco dentro dele.

- Onde está o Marco? - Antônio perguntou, logo depois que a ambulância foi embora, com Amanda e José.

- Ali, disse Teo, apontando para o Fusca, hesitando em se aproximar. – Deus, ele deve estar em pedaços...

Antônio correu até o carro e abriu a porta. Marco estava ainda na mesma posição.

- Filho... Vem comigo, vem.

Marco não largava o volante.

- Marco, vem. Vamos pra casa. A Amanda está viva. Já levaram ela pro hospital. Vai ficar tudo bem. Vem, filho.

Antônio conseguiu tirá-lo do carro e Marco abraçou-se a ele com força, chorando.

- Ele conseguiu tirar a Amanda de mim, pai... Ele matou a Amanda!

- Calma! Ela não morreu, filho. Está tudo bem. Vamos pra casa.

Marco entrou no carro do pai e ficou olhando para o Fiat, até que Antônio virasse a esquina da João Dias.

DANÇANDO NAS ESTRELAS

PARTE X

OBRIGADA, BOA TARDE!

SONHAR AINDA É DE GRAÇA!

Velucy
Enviado por Velucy em 01/10/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6464939
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