AMANDA - UM ANEL NUM LAGO GELADO X - PARTE 2

II – UM ANEL NUM LAGO GELADO

Antônio, que estava na sala, ouvindo o depoimento do filho, franziu a testa, estranhando.

- Por quê? Ele tinha uma arma que ainda tinha quatro balas, quando o detivemos. Acho que uma delas foi a que estava no estofado do Fiat.

- Ele atirou no Fiat para ameaçá-la, porque em algum momento ela resistiu e não queria ir com ele. Ela mesma me disse isso. Depois, ele atirou em mim e só não acertou, porque... não queria acertar.

- Você acha que um indivíduo assim não mataria uma pessoa?

- Ele não matou ninguém. Não vou ficar deduzindo se ele faria ou não.

- O que ele queria de você?

Marco olhou para o pai e depois de novo para Freitas.

- Queria que eu... desse a minha palavra de que... terminaria meu namoro com a Amanda...

- Você deu?

Marco balançou a cabeça, confirmando.

- Aí, ele parou de ameaçar você?

- Quando eu dei minha palavra... não era a mim que ele estava ameaçando. Ele tinha colocado o cano da arma... na cabeça da Amanda. Ela se assustou e fechou os olhos... quando ouviu o tiro que ele deu na minha direção. Pensou... que tivesse me acertado. Quando ela olhou pra mim e viu que eu estava bem, ela desmaiou. Eu só dei minha palavra, porque ele apontou a arma pra ela. Eu tive que ceder...

Freitas encostou-se na cadeira, emocionado também com a situação.

- Esse Otávio França, é o mesmo rapaz em quem você bateu, há algumas semanas, na frente do colégio em Interlagos, não é?

- É, mas...

- Você acha que isso pode ter sido uma... vingança, pelo fato de você ter batido nele?

- A história é bem mais longa e complicada pra ter uma explicação tão simples, doutor Freitas. Ele está no meu pé muito antes disso. Eu bater nele não foi o início da novela, foi continuação...

- É, seu pai me contou partes dela. Eu estranhei que o Otávio não tivesse querido dar queixa de você, na época. Ele disse, no hospital, que não ia dar queixa pra não passar o vexame de ter sido surrado por um cara mais novo e menor que ele. Eu até entendi, mas não me convenceu.

- Mais um motivo pra pensar que ele não queria me matar, falou Marco.

- É, você tem razão. E o que foi que ele fez depois que você deu sua palavra?

- A Amanda foi voltando do desmaio e ele a fez entrar no Fiat e me mandou entrar no Fusca e ficar lá até que eles estivessem longe de lá, senão... atiraria nela.

- Pra onde ele ia levá-la?

- Não sei. Ele não me disse. Só falou que ela ficaria em segurança.

- Você acha que ele ia libertá-la?

- Acho que sim. Ele não parecia querer fazer nada com ela. O alvo dele era eu.

- Ele talvez a levasse para casa?

- Se ele disse que ela estaria em segurança... O lugar mais seguro pra ela estar naquele momento era em casa.

- E onde ela mora?

- Na Chácara Flora, aqui mesmo em Santo Amaro.

Freitas anotou alguma coisa em seus apontamentos e voltou a olhar para ele:

- Se o destino fosse a Chácara Flora, não entendo... O que a fez virar naquela rua, de volta à rodovia?

- Não sei... O senhor vai ter perguntar isso a ele mesmo. Ele estava no carro, não eu.

- Ele está internado também, inconsciente. Tentou se matar, ontem, no local do acidente, quando pensou que a moça estava morta. Deu um tiro no peito e só não deu outro na cabeça, quando viu que o primeiro não o matou, porque meu pessoal que chegou na hora o segurou e o impediu.

- Deus do céu! - Marco olhou para o pai, chocado. - Você sabia disso?

Antônio balançou a cabeça, confirmando.

- Ele já está fora de perigo, mas ainda não pode receber visitas. Eu só estou te fazendo todas essas perguntas pra analisar o comportamento dele de outro ângulo. Também vou querer conversar com alguns colegas de classe dele e seus no colégio, no tempo em que vocês estudaram juntos. Ele também vai ser submetido a um exame psicológico, logo que possa falar. Talvez não estivesse em sã consciência, quando fez tudo isso.

Marco não disse nada, mas dentro de si, concordava.

- Eu já posso ir? - perguntou.

- Pode, mas ainda posso precisar de você. Esse caso ainda está longe de estar resolvido.

O rapaz levantou-se e apertou a mão de Freitas. Antônio fez o mesmo.

- Obrigado, Freitas. Ligue, sempre que precisar.

- Eu ligo e... Marco, sinto muito pela sua garota. Espero que ela fique boa logo.

- Ela vai ficar... ele respondeu, saindo com o pai em seguida.

UM ANEL NUM LAGO GELADO

PARTE II

OBRIGADA, SEMPRE!

SONHAR AINDA É DE GRAÇA

Velucy
Enviado por Velucy em 02/10/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6465341
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