AMANDA XII-AR & MAR - PARTE 6

VI – AR & MAR

José Rotemberg chegou às quatro da tarde e eles tomaram um café juntos, conversando sobre tudo, menos o acidente. Mais tarde jantaram e Dalva ajudou Amanda a trocar de roupa e foram levar Marco para casa.

Ao parar diante da casa de Marco, Rotemberg buzinou duas vezes, depois saiu do carro.

Marco ajudou Amanda a descer também e entrou no portão, com ela apoiada em seu braço. Quando ia pegar a chave para abrir a porta, as luzes da casa inteira se apagaram.

- Caramba! Agora não!

Ele olhou em volta, para os outros prédios da avenida e falou:

- Que estranho... Só faltou luz aqui. Tem energia na casa do Aldo e na avenida inteira. Deve ter queimado algum fusível.

- É, pode ter havido algum problema na caixa de luz, falou José.

- Mãe! - ele gritou, pois não conseguia colocar direito a chave na fechadura, no escuro. – Sou eu, abre aqui!

Não houve resposta. Marco continuou tateando a fechadura e conseguiu abrir. Mas foi só abrir a porta e as luzes todas se acenderam novamente. Ele viu então a casa cheia de gente e todos o surpreenderam com um animado “Parabéns a você”.

Lá dentro estavam Teo, Aldo, Miro, Márcia, Ângela, Lúcia, a secretária do Paralelo, vários outros colegas de colégio de Marco e de Amanda, amigos da rua, amigos de Antônio, Hilda, amigas de Laila e até o médico de Amanda e Deise, a enfermeira, estavam ali. Todos cantando parabéns para ele.

Marco olhou para Amanda e ela o beijou, depois o levou para junto do enorme bolo, no centro da mesa, onde estavam escritas com chocolate as palavras: “Parabéns, Marco! Felicidades nos seus dezoito anos, do papai, da mamãe e dos amigos que te amam!”.

Marco ficou atrás da mesa olhando para o bolo e disse:

- Eu não vou chorar. Não quero mais chorar...

Os olhos dele se encheram de água mesmo assim e Teo tratou de fazê-lo rir, oferecendo a ele uma fralda, achada não se sabe onde, para enxugar os olhos.

Quando terminaram a música, Marco abraçou a mãe, demoradamente, depois o pai e todo mundo começou a gritar para que ele apagasse as velas. Dezoito hastezinhas azuis iluminadas por todo o bolo.

Ele respirou fundo, enxugou o rosto, jogando em seguida a fralda em Teo. Fechou os olhos, fazendo o pedido com a mão de Amanda apertada contra o peito; depois, apagou todas as velas de uma vez, sob a salva de palmas de todos os presentes.

- Discurso! - gritou Teo, subindo em uma cadeira, no que foi apoiado por todos.

- Eu não sei fazer discurso. O do ano passado não serve?

- Não! - foi a resposta geral.

- Algumas palavrinhas para os súditos do império Romano, Imperador Marco Antônio, brincou Miro.

Todos riram.

- Vocês dois me pagam amanhã na escola! Deixa eu ver... ele disse, olhando para o bolo e passando a mão pela cabeça. Respirou fundo e começou: – Bom, a gente tem passado por momentos difíceis por aqui. Eu, sinceramente, não estava esperando por festa nenhuma e nem pretendia que ela existisse... Apesar de estar muito mais feliz do que eu mereço, nesse momento, acho que, de todas as coisas importantes que me aconteceram esse ano, a mais importante nem foi fazer dezoito anos. Eu acho que já tenho dezoito anos, há um mês, talvez até mais, e esse... mês de maio, foi o mês mais difícil da minha vida. Sei que... cada um de vocês aqui, nessa sala, sem nenhuma exceção, sabe do que eu estou falando e acredito que, se vocês foram convidados pela minha mãe e pelo meu pai e estão aqui, é porque torceram por mim a pela Amanda pra que tudo acabasse bem... e tudo acabou, graças a Deus!... E eu agradeço a todos e a cada um de vocês.

Ele passou o braço em volta do ombro de Amanda e a puxou para si.

- Eu sei que ainda tenho muito que crescer... mentalmente, claro...

Todos riram.

-... mas isso não vai ser muito difícil, se eu tiver sempre... as pessoas que eu amo e que me amam junto de mim. E eu amo a todos vocês.

Todos bateram palmas. Ele respirou fundo, olhou para o bolo e finalizou:

- Olha... se vocês querem mais palavras doces... tem umas aqui nesse bolo que eu tenho certeza que devem estar uma delícia, podem apostar. Já comi dezesseis deles. E chega de discurso. A gente está perdendo tempo.

Riso geral. Marco beijou a mãe e agradeceu.

- Obrigado, eu te amo.

- Não mais que eu, filho.

Ela lhe entregou a faca e logo estavam todos acomodados pela casa, deliciando-se com o bolo de Laila.

Tempos depois, sentado num sofá ao lado de Amanda e de Laila, Marco perguntou:

- Vocês planejaram isso o tempo todo, não foi? Era esse o segredinho de mulher que viviam escondendo de mim.

As duas riram.

AR & MAR

PARTE VI

OBRIGADA E BOM DIA!

SONHAR AINDA É DE GRAÇA!

Velucy
Enviado por Velucy em 08/10/2018
Código do texto: T6470387
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