AMANDA XII-AR & MAR - PARTE 8

VIII – AR & MAR

Vozes festivas começaram a se aproximar pelo corredor e entraram no quarto, com Teo liderando a turma do colégio.

- Que pornografia é essa aqui?! Seus pais já te deixam ficar sozinho no quarto com uma garota, só porque fez dezoito anos, meu chapa?

Marco olhou para ele, sorrindo.

- Me aguarde em dezembro, seu panaca.

- Eu não vou fazer dezoito. É um pouquinho mais, mas o assunto aqui não sou eu. Tem gente esperando por você lá fora. Seu pai está te chamando.

- Meu pai?

- É, parece que quebraram a lanterna do Monza e ele quer saber se você tem alguma ideia de quem foi.

Marco ficou sério.

- Você está brincando...

- Não, eu tenho cara de quem brinca com coisa séria? Não é verdade, pessoal?

- É sim, disse Miro, sendo apoiado por Aldo e por todos os outros.

- É verdade, cara! Anda logo que ele não parece estar muito disposto a esperar. Você sabe como aquele carro já sofreu por sua causa.

Teo começou a puxá-lo pelo braço. Marco saiu do quarto com Amanda pela mão, seguido por toda a patota.

Estranhou não ter mais ninguém na sala.

- Cadê todo mundo?

- Estou te falando. Está todo mundo lá fora, preocupado com o que aconteceu, disse Teo.

- Teo...

- Mas que cara mais lento! Vai logo, moleque!

Marco olhou para Amanda, que deu de ombros, séria. Ao passar pela porta da sala, viu na rua alguns colegas do colégio e as pessoas que estavam na festa encostados um no outro, lado a lado, como se escondendo alguma coisa que ele não conseguia ver, pois a barreira era bem compacta.

Antônio esperava no portão, mas não parecia nada zangado, como Teo falou.

- Que foi, pai? O que aconteceu com o carro?

- Nada. Desculpa o susto. Eu só queria te entregar meu presente.

Antônio levantou um molho de chaves e balançou-as diante dos olhos dele. Marco ficou olhando para elas sem entender.

- O que é isso?

- Segure!

Ele as segurou.

- O que parece?

- São as chaves de um carro, pai, mas... não me parecem do seu.

- Exatamente. São do seu carro.

Marco ficou olhando para ele, sério.

- O quê?... Meu?

Antônio apontou para o grupo de jovens e todos se afastaram, deixando aparecer um lindo Escort cinza metálico que reluzia, envolto por um enorme laço de fita vermelha.

Marco mal podia crer no que via. Saiu para a rua e ficou olhando para o automóvel, totalmente sem ação. Antônio tirou o laço ajudado pelas pessoas e abriu a porta do carro.

- Entra! Não gostou?

- Você está brincando, pai?

- Nunca falei tão sério. É todo seu.

- 88?

- Ainda nem sujou as rodas, nem um quilômetro.

- Mas... você falou que ia me dar o seu e ia comprar um novo pra você... Eu não queria outra coisa... Eu adoro o seu Monza.

- Agora é tarde. Esse aí já está no seu nome.

- No meu nome?

- É. Nós não vamos sair por aí dirigindo o carro um do outro, vamos? Seria até ilegal.

Marco colocou as mãos na cabeça, olhando para o carro.

- Meu!... Pai... Você pirou!

Olhou para as chaves e depois abraçou o pai com força.

- Obrigado. Eu te amo...

- Vamos lá, entre logo aí, Antônio falou, também emocionado.

Marco entrou no carro e colocou a chave na ignição, ligando o motor.

Gritos, palmas, assobios e todos começaram a cantar “Parabéns a você” novamente, em pleno meio da rua, atrapalhando totalmente o trânsito da João Dias.

Marco olhou para Amanda e a chamou, estendendo a mão. Com o rosto molhado, ela se aproximou e ele a fez sentar-se em seu colo. Trocaram um beijo apaixonado e ele disse bem baixinho em seu ouvido:

- Eu falei que seu nome estava escrito nas estrelas quando eu nasci, não falei?

- Falou.

- Eu estava enganado.

- Estava?

- Estava. Você era a maior e a mais brilhante delas.

Amanda sorriu e o beijou novamente. Agora, um beijo cheio de esperança.

AR & MAR

PARTE VIII

OBRIGADA E BOA TARDE!

SONHAR AINDA É DE GRAÇA!

Velucy
Enviado por Velucy em 08/10/2018
Código do texto: T6470863
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