AMANDA II - NINHO (1989) I - PARTE 1

I – NINHO (1989)

O Escort prata parou diante da casa da Angra dos Reis. Marco buzinou duas vezes, saiu do carro e apoiou-se nele, tirou os óculos escuros e esperou por Amanda. Dalva apareceu na janela.

- Ela já está indo. Não quer entrar um pouco?

- Não, hoje não, Dalva. O professor está?

- Não. Ele saiu às sete.

Amanda apareceu na janela ao lado dela e lhe deu um beijo no rosto.

- Tchau, Dalva.

- Tchau, querida, bom passeio!

- Obrigada!

A moça desapareceu, indo aparecer logo depois na porta da casa e indo para perto dele. Ele envolveu sua cintura e eles trocaram um beijo apaixonado. Ela perguntou:

- Por que você veio de carro, hoje? A bicicleta não é mais prática?

- Nós não vamos pro clube.

- Não? E vamos pra onde?

- Vou levar você pra ver o apartamento, ele disse, abrindo a porta do carro para ela entrar.

- Jura?!

- Você não me pediu isso a semana toda?

Ela o beijou no rosto, animada.

- Só não te levei ontem à noite, porque minha mãe passou mal e eu fui com meu pai levá-la pro hospital.

- Sério? O bebê está bem?

- Está. Só que ela vai ter que ficar os próximos cinco meses de molho e não fazer mais nada a não ser esperar. Repouso absoluto, ordens médicas.

- Nossa! Será que ela aguenta? Ela é uma mulher tão disposta...

Marco riu e entrou no carro, colocando-o em movimento.

- O pior é que não. Hoje de manhã, já estava de pé às oito. O papai fica maluco com ela. Ele quer contratar uma empregada, mas ela não quer. Diz que quem cuida da casa dela e de nós, é só ela. O velho ameaçou nunca mais trocar de roupa nem comer.

Os dois riram. Depois de um curto silêncio, Amanda encostou a cabeça na mão apoiada no banco e perguntou, olhando para ele:

- Será que esse bebê vai se parecer com você?

Marco sorriu, sem olhar para ela, prestando atenção no caminho.

- Sei lá... Não é mais fácil pensar que ele vai ter cara de bebê mesmo?

- Você entendeu. Todo bebê parece com alguém quando nasce, nem que seja bem de longe.

- Eu queria mais é saber se vai ser menino ou menina.

- Sua mãe já fez o ultrassom?

- Já, mas eles não querem me dizer o sexo.

- Por quê?

- Não querem e não vão dizer pra ninguém. Dizem que vai ser surpresa, principalmente pra mim.

- Mas por quê?

- Coisa do meu pai. Ele diz que eu enchi tanto o saco dele pra ter um irmão ou uma irmã que agora quer me deixar no suspense até julho.

- ‘Tadinho! - ela falou, passando a mão pelo rosto dele.

Marco riu e pegou a mão dela.

- Estou mais curioso em saber como vai se parecer o nosso.

Amanda sorriu e ficou em silêncio, pensativa. Ele olhou para ela por um instante e insistiu:

- Você não está?

- Isso está tão longe ainda, amor...

- É... Mas o futuro chega antes do que a gente imagina... ele disse, beijando a mão dela.

Amanda encostou a cabeça no ombro dele e fechou os olhos, suspirando muito levemente.

Quando o carro parou num cruzamento da Avenida Santo Amaro, Marco viu o Fusca de Teo parado também.

- Olha o Teo ali...

- É... ela disse, erguendo a cabeça. - Você já fez as pazes com ele?

- Não. Não encontro com ele faz um tempo. Soube que ele está trabalhando também. Conseguiu entrar no Itaú, aí mesmo na Adolpho Pinheiro.

- Que legal!

Teo os viu também, mas não demorou o olhar que lançou para Marco. De certa forma sentia-se ainda envergonhado pelo vexame que tinha dado no baile de formatura deles. Marco acenou e pediu, com um aceno, que ele encostasse na próxima esquina. Quando o farol abriu, ele o fez. O Escort parou logo atrás do Fusca e Marco e Amanda saíram do carro. Aproximaram-se dele.

- Oi! - disseram os dois.

- Oi... respondeu o rapaz, meio hesitante.

- Tudo bem?

- Indo... Você ainda está bolado comigo?

- Eu saí do carro justamente pra vir te bater aqui no meio da rua, Marco falou, sério. - Sai do carro. Não dá pra fazer isso com você aí dentro.

Teo não se mexeu. Olhou para Amanda e perguntou:

- Ele está brincando, não é?

Amanda segurou o braço do namorado e escondeu o rosto no ombro dele para não rir.

NINHO (1989)

PARTE I

DEUS ESTÁ EM TODAS AS COISAS

OBRIGADA E QUE ELE LHES DÊ UM BOM DIA!

SONHAR FAZ PARTE DO CRESCER E AINDA É DE GRAÇA!

Velucy
Enviado por Velucy em 09/10/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6471232
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