AMANDA II - NINHO (1989) I - PARTE 5

V – NINHO (1989)

As aulas haviam começado há três semanas na Anhembi/Morumbi. A vontade de Marco de se tornar publicitário foi alimentada por Rita, prima de seu pai, publicitária, que era dona da Rita Ramalho Publicidade ou R.R. Publicidade.

Ela tinha chegado do Rio de Janeiro há pouco mais de seis meses e o havia contagiado com seu trabalho e quando ela viu Amanda e percebeu nela potencial e aparência para ser um rosto de comerciais de publicidade, ele se interessou mais ainda. Queria ele mesmo acompanhar isso de perto.

O grupo de amigos de Marco na faculdade era bem limitado, mas tinha animação de sobra quando se reunia.

Chu Emi Chimada era o colega mais ligado a Marco, desde que ele havia começado o curso. Era filho de chineses e o pai era dono de uma pastelaria na esquina da rua da faculdade com a Avenida Santo Amaro.

Nunca ninguém o via triste, era mais fácil vê-lo furioso por estar triste, quando acontecia. Marco brincava que ele era o substituto para Teo na faculdade. Os dois tinham o mesmo tipo de humor, com o acréscimo de que Chu se vestia de modo bem peculiar. Às vezes punk, às vezes, heavy metal, às vezes as duas coisas e isso chamava atenção de qualquer um em qualquer lugar, seu maior objetivo. A primeira coisa que esse futuro publicitário queria vender era a si mesmo, palavras dele próprio.

Helena era a “Baixinha” para o pessoal. Tinha pouco mais que um metro e cinquenta e cinco, mas, apesar de tudo, era muito inteligente e não se importava com o apelido que sabia ser carinhoso por parte dos colegas.

Cleo, ou Cleópatra, que tinha o nome mais forte e chique do grupo, embora não gostasse dele, tinha, lá escondidinho em segredo, uma atração por Marco desde o primeiro dia de aula. A coincidência de nomes históricos a fazia imaginar mil coisas possíveis e impossíveis de acontecer entre os dois, não fosse a total indiferença do rapaz quanto a isso.

Eugênio ou ainda “Professor”, como era chamado, era o mais sisudo, mas não o mais sério, se é possível se entender isso. Ele quase não ria, mas não deixava de fazer rir, quando tinha chance. Usava um par de óculos redondos e enormes que lhe davam um ar de intelectual que ele definitivamente não era, mas vivia grudado nos livros. Ele dividia um apartamento com mais dois rapazes: Rubens e Claus. E era uma verdadeira mistura de raças. Eugênio era descendente de espanhóis, Rubens de portugueses e Claus de alemães. Por isso, colocaram uma placa na porta do apartamento denominando-o “Liga das Nações”.

Alba também fazia parte do grupo e namorava Rubens. Ela descendia de italianos e a turma brincava que ela também tinha que morar no apartamento para aumentar a Liga.

Chu, Helena, Cleo, Eugênio, Rubens, Claus e Alba eram os colegas de Marco, com quem ele ia se encontrar naquela noite de domingo.

Todos chegaram à pizzaria mais cedo e trataram de esperar pelo casal.

- Eu nunca vi a garota do Marco, falou Claus, enchendo o quarto copo de cerveja.

- E quem viu? - perguntou Eugênio. – Da última vez que a gente saiu junto com ele, ela não estava e nós estamos só na terceira semana de aula.

- Eu já vi, disse Chu, levantando o dedo indicador.

- Como é que ela é? - perguntou Claus curioso.

- Não sei não... Só sei que ela não é pro teu bico, Chu falou, rindo em seguida.

Claus fez uma bola com um guardanapo e jogou no colega.

- Bobão!

- Quando ela chegar vocês vão ver, que saco! Não vou ficar anunciando a mulher do cara, qual é!

- Ela é do meio? - Eugênio perguntou.

- Que meio? - perguntou Chu.

- Meio publicitário, oras!

- E desde quando nós somos?

Todos começaram a rir, menos Eugênio, claro, que não gostou nada da observação.

- Quem já nasceu publicitário não precisa de diploma pra ser um, meu amigo.

Aplausos para todo lado.

- Dá-lhe, Professor! - apoiou Heleninha. – ‘Tô contigo e não abro!

- Não, ela não é do... meio, Chu respondeu, com uma careta e mostrando o dedo médio para ele.

- Não sei por que tanto interesse na garota, disse Cleo. – Deve ser uma garota comum, como qualquer outra. Vira o disco, gente!

- Não é não... falou Claus, ajeitando o corpo na cadeira e apoiando os braços na mesa, olhando para a porta da pizzaria, ao ver Marco, Amanda e Teo chegarem. – Olha só que coisinha linda! Se eu fosse brasileiro, eu pegava, ele brinca.

O grupo todo se virou para a entrada e até Eugênio baixou os óculos para ver melhor. Os três se aproximaram.

- Oi, gente, falou Marco. – Desculpa o atraso. O trânsito na Santo Amaro está uma bomba.

- Não tem problema. A gente já tomou todas por vocês, não é, Claus? - falou Chu, batendo no ombro do colega.

O rapaz nem respondeu, como faria costumeiramente. Seus olhos estavam em Amanda.

Começou então um afasta-afasta de cadeiras e os três se acomodaram. Amanda ao lado de Claus, Teo ao lado de Cleo e Marco no meio dos dois.

NINHO (1989)

PARTE V

DEUS ESTÁ EM TODAS AS COISAS

OBRIGADA E QUE ELE LHES DÊ UMA BOA NOITE!

SONHAR FAZ PARTE DO CRESCER E AINDA É DE GRAÇA!

Velucy
Enviado por Velucy em 10/10/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6472642
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