AMANDA II - NINHO (1989) I - PARTE 9

IX – NINHO (1989)

Laila balançou a cabeça confirmando e sorrindo, entre as lágrimas. Marco beijou sua mão e encostou o rosto nela.

- Já estou sentindo ciúmes desse bebê, sabia?

- Agora você tem a Amanda pra cuidar de você.

Ele ergueu o rosto e olhou para ela.

- É... Mas a Amanda não é minha mãe. É minha mulher. Nunca vai ser como você. E nem isso ela é ainda, você sabe disso.

- Ah! Ela gostou do apartamento?

- Adorou.

- Filho, você acha que já está preparado pra assumir um casamento agora?

Marco estranhou a pergunta e sorriu.

- E quem é que sabe de uma coisa dessas, mãe? Não pensei que você pensasse como o papai.

- Não, eu não penso, mas pelo curso das coisas, esse apartamento... essa sua pressa de ter um lugar para morar com a Amanda... Com a sua idade, seu pai só pensava em ganhar dinheiro e namorar comigo. Nós dois só fomos pensar em uma casa dois anos antes de nos casarmos e ele já tinha vinte anos.

- Não fui eu que me apressei, mãe. Foi ele mesmo, por causa daquela história toda entre a Bete e eu, você sabe. Foi ele que pensou em me casar às pressas com a Amanda, com medo que eu fizesse alguma bobagem. Foi ele que não confiou em mim e quis colocar minhocas na cabeça do Rotemberg. Casado eu já estou. As coisas são bem mais simples do que todo mundo imagina. A única coisa que me separa da Amanda ainda é o fato de nós não termos um lugar pra morar. Foi por isso que eu quis apressar tudo. Eu já estou amarrado, já tenho que me considerar responsável por ela, quer o papai e o pai dela queiram ou não. Agora, se eu estou preparado ou não pra isso, eu não sei. Acho que ninguém sabe. Você sabia, quando se casou com o pai?

Laila balançou a cabeça, negando.

- Seu pai era bem mais inconstante que você. Nunca tive reclamações dele, como marido, mas no início, ele era bem instável. Parecia, às vezes, que ele tinha medo de seguir adiante e amarrar a vida dele na minha de forma tão definitiva.

- Eu entendo...

- Você não tem esse medo?

Marco sorriu sutilmente e respondeu:

- Não... É até estranho... Desde que eu conheci a Amanda, é como se ela... tivesse sido destinada a mim desde o começo. Quando eu pisei pela primeira vez no apartamento vazio... parecia que eu estava vendo o meu futuro... com ela. Nos meus sonhos, tudo foi idealizado de uma forma, mas lá... eu vi que era real. Na verdade, eu não sei como vai ser. Eu só sei que eu gosto demais dela e quero que seja pro resto da minha vida... Tudo que eu sempre idealizei pra mim desde moleque, vendo você e o papai, está se realizando agora, está acontecendo agora... mas, casamento... Há um ano e meio, eu nem pensava nisso, mesmo quando a Bete me enchia os ouvidos com os sonhos dela. Eu cheguei a ficar apavorado em ter que cair nessa antes do tempo, porque a gente tinha ido longe demais algumas vezes e... morri de medo de entrar numa fria, se ela ficasse grávida, mas agora... eu não vejo a hora.

- Você teve muita sorte de a Bete não ter ficado grávida, filho. Já pensou nisso?

- Muito... Tenho pensado muito nisso, agora, namorando com a Amanda. Eu não sei no que eu pensava. Eu tinha medo disso com a Bete, mas ela tinha um jeito tão especial de me... enrolar que... quando eu via, já tinha acontecido. E vou te falar... era tão bom...

- Ela sempre te enrolava? Você nunca tomou a frente nisso?

- Não... Eu pensava muito justamente no fato de a gente estar correndo o risco de ela ficar grávida, mas, como eu disse, ela me convencia de um jeito que...

Marco baixou os olhos e sorriu, balançando a cabeça.

- Eu não acredito que estou conversando sobre isso com você... mas... nessas horas, eu gostava dela de verdade e era cômodo pra mim. Ela parecia ser bem mais velha que eu nesses assuntos, apesar de ter só quinze, dezesseis anos...

- Filho, você e a Amanda, não...

- Não... Pode ficar tranquila. Eu até tenho medo de pensar nisso, às vezes, mais por ela do que por mim. Ela teve uma educação muito diferente da minha, mãe. Diria até que ela está meio... fora de época. Eu sou o primeiro cara que ela amou de verdade e vou ser o primeiro homem da vida dela. Isso não tem preço. É muita responsabilidade. Isso sim me dá medo, mais do que a responsabilidade de sustentar uma casa. Isso eu aprendi com meu pai e tive um ótimo exemplo. Eu só tenho medo de ser muito... urbano pra ela. Tenho medo de vê-la... presa pela responsabilidade da vida de casada e perder esse jeitinho... de criança que ela tem. Pra te dizer a verdade, eu queria namorar com ela a minha vida inteira.

Laila sorriu.

- E você acha que o casamento atrapalha?

- Me responda você. É a mesma coisa?

Ela pensou e respondeu:

- Não, claro que não, mas isso não quer dizer que o amor tenha que acabar. É um processo. O modo de vida muda, mas se a gente quiser, o romance pode continuar.

- Você conseguiu isso com o seo Antônio?

Ela balançou a cabeça, confirmando.

- Você é a maior testemunha disso. Eu amo seu pai como quando nos casamos. É claro que não é a mesma coisa... maluca de querer estar perto a todo momento. Aquele calor que inunda o corpo da gente quando vemos a pessoa amada, aquelas coisas que os jovens sentem quando acham que estão apaixonados. Tornou-se um amor mais tranquilo, mais maduro e os arroubos de paixão ficaram reservados pras horas e os locais certos. O seo Antônio continua sendo meu bom e velho "namorido". Eu tenho alguém aqui na minha barriga pra provar.

Marco sorriu.

- Adoro ouvir você falar assim dele.

- Um dia a Amanda vai falar assim de você também.

- Parece que está tão longe... ele disse com um suspiro.

- A melhor maneira de chegar lá é viver um dia de cada vez, sem pressa.

- É fácil falar.

- É próprio da sua idade e é até saudável. Só tem que ter cuidado e controlar essa pressa.

Ouviram barulho de motor e Marco falou:

- Falando nele...

NINHO (1989)

PARTE IX

Que NOSSA SENHORA APARECIDA abençoe a todos nós!

Obrigada e que ELA proteja toda sua família!

Excelente feriado a todos!

Obrigada!

Velucy
Enviado por Velucy em 12/10/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6473963
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