AMANDA II - NOVOS AMIGOS II - PARTE 4

IV – NOVOS AMIGOS

Amanda abriu o armário e tirou dois pratos e o serviu, servindo-se a si mesma. Marco provou um pedaço, sob o olhar cuidadoso dela. Ele franziu a testa, como se houvesse algo errado.

- Que foi?

- Que delícia, gata!

- Gostou?

- Adorei. Onde você prendeu a cozinhar? Ah, não me diga: em Minas, com a sua vó.

- Em Minas, com a minha avó, ela repetiu rindo, apoiando a cabeça na mão.

- Quer casar comigo? - ele perguntou.

Ela sorriu.

- Vou arrumar a sujeira que eu fiz.

- Eu te ajudo.

- Não, fica aí quietinho. Eu quero fazer isso sozinha, pelo menos, hoje.

Marco terminou o bolo e ficou olhando para ela, com a cabeça apoiada na mão. O telefone tocou e ele foi atender:

- Alô!

- Marco! - disse Chu do outro lado da linha.

- Oi, japonês! O que manda?

- Eu não sou japonês, cara! Sou brasileiro.

- Não é o que seus olhos dizem.

- Mesmo assim, eu não sou japonês, sou...

- Chinês... Eu sei, cara! Estou te enchendo. O que manda?

- Marco, o Claus está aí?

- Não. O que ele ia fazer aqui?

- O pai dele ligou pra Liga, perguntando, dizendo que ele saiu ontem da casa dele, depois de brigar com ele e sumiu. Aí, o Rubens e o Eugênio, que também não sabem do paradeiro dele, ligaram pra mim.

- Ele esteve na casa do pai dele, ontem?

- Esteve. Teve uma festa de aniversário de casamento do seu Jarbas e ele esteve lá quase no fim da festa e o pai dele falou da visita de um amigo que contou sobre o próprio filho e seu Jarbas ficou comparando os dois. O Claus já não tem uma relação muito boa com o pai e eles discutiram.

Marco ficou pensativo por um momento.

- Marco, você ainda está aí?

- Estou, Chu. Eu acho que o tal amigo do pai do Claus é meu pai.

- Teu pai? Mundinho pequeno esse, não? Será que seu pai não sabe de nada a respeito?

- Não sei. Só sei que meu pai chegou em casa com uma história de que eu tinha que me afastar do Claus.

- Algo me diz que o motivo da briga foi você, amiguinho.

- Mas eu não faço a mínima ideia de onde o Claus possa estar, Chu. Eu não conheço ele tão bem assim.

A campainha tocou.

- Chu, espera um pouco. A campainha está tocando. Dá um tempo.

Marco colocou o telefone sobre o móvel e foi atender a porta. Era Claus. O rapaz estava pálido e abatido.

- Posso entrar? - perguntou, apoiando-se no batente da porta.

Marco apenas balançou a cabeça, concordando, e teve que ajudar o colega a entrar e sentar-se no sofá, pois ele estava cambaleante.

- Que é que você tem, cara?

- Eu preciso falar com você...

Marco voltou ao telefone e avisou Chu.

- Chu, ele está aqui. E não parece muito legal.

- Estou indo praí. Procura não deixar ele ir embora de novo. Você mora na...?

- João Dias, perto do Clube Hípico. Vem rápido.

- Estou indo.

Marco desligou o telefone e voltou para perto de Claus que estava com a cabeça apoiada no braço do sofá, escondendo o rosto nas mãos. Amanda veio da cozinha e assustou-se ao ver o rapaz com Marco.

- O que ele tem?

- Não sei...

Marco abaixou-se junto do rapaz e tentou tirar as mãos de seu rosto.

- Claus... Fala comigo. O que foi? O que você está sentindo?

- Dor de cabeça... Muito forte... ele disse, sem tirar as mãos do rosto.

- Quer que eu te leve a um hospital? Tem um posto de saúde a umas cinco quadras daqui...

- Não! - ele disse, erguendo-se e sentando no sofá. - Não... hospital, não!

- Como é que eu posso te ajudar?

Claus olhou para Amanda e voltou a esconder o rosto nas mãos.

- Tira ela daqui...

- É a Amanda, minha...

- Eu sei quem ela é! Tira ela daqui!

Marco olhou para Amanda e ela disse:

- Eu vou embora...

- Não! Fica lá dentro, amor. Dá um tempinho, tá?

- Vou ficar no seu quarto...

Ele concordou e voltou-se para Claus.

- Claus, me deixa te ajudar. Por que você está assim?

- Eu bebi um pouco ontem... Ainda nem fui pra casa...

- Eu sei. O Chu acabou de me ligar. Ele está vindo pra cá.

- Pra quê?

- Por você mesmo. O Rubens e o Eugênio estão preocupados...

- Eu discuti com meu pai ontem...

- Por quê?

- Seu pai foi na minha casa ontem.

- Eu sei...

- Ele é amigo do meu pai, ele disse, sorrindo – Coincidência, não? A gente já se conhecia e nem sabia. Eu já estive aqui nessa casa.

- É... Fiquei surpreso também.

- Meu pai me pediu pra eu me afastar de você... Quebrei o pau com ele...

Marco não conseguiu dizer nada.

- Ele não me dá valor nenhum. Não importa o que eu faça. Se eu ando com gente como você, como o Chu, os caras da Liga... Ele diz que eu vou acabar levando todo mundo pro poço comigo. Que eu sou só um marginal, viciado... Eu não sou viciado...

Ele enxugou o rosto e levantou-se, indo até a janela e encostando-se na parede junto dela. Olhou para fora e riu, passando as mãos pelos cabelos.

NOVOS AMIGOS

PARTE IV

DEUS ESTÁ EM TODAS AS COISAS

OBRIGADA E QUE ELE LHES DÊ UMA BOA TARDE!

SONHAR FAZ PARTE DO CRESCER E AINDA É DE GRAÇA!

Velucy
Enviado por Velucy em 13/10/2018
Reeditado em 13/10/2018
Código do texto: T6475246
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