AMANDA II - NOVOS AMIGOS II - PARTE 5

V – NOVOS AMIGOS

Claus enxugou o rosto e levantou-se, indo até a janela e encostando-se na parede junto dela. Olhou para fora e riu, passando as mãos pelos cabelos.

- Eu não sou um viciado... Meu pai é um idiota!

Marco sentou-se no braço da poltrona e perguntou:

- Onde você esteve de ontem pra hoje?

Claus olhou para ele.

- Quem te contou que eu... Ah, já sei, os caras ligaram pra cá...

- Foi o Chu. Ele está bem preocupado com você.

- O Chu devia ser mulher. Ele está sempre trocando as fraldas do grupo. Vai se acostumando. Se bobear, ele te dá mamadeira na boca.

- Eu gosto muito dele. É meio exótico demais pro tipo de gente que eu conheci até agora, mas é muito gente, atrás daquele visual maluco.

Claus olhou pela janela e respirou fundo.

- Ninguém merece o que ele faz...

- Ninguém... Como assim? - Marco perguntou.

Claus olhou novamente para ele, seus olhos estavam vermelhos. Aproximou-se dele com a respiração alterada e disse:

- Você se acha muito certinho, não é?

- Você está falando do quê?

- Teu pai encheu tua bola ontem... Faltou te colocar no céu, numa conversa com meu pai. Aí, rolou a coisa da comparação. E como não podia deixar de ser, o seu Jarbas fez minha caveira pra todo mundo que ouvia ele na sala...

- E você veio até minha casa pra me cobrar por isso? Que mais eu posso te dizer além de... sinto muito? Você devia procurar se entender com seu pai.

- Besteira...

- Se é besteira, o que você veio fazer na minha casa? Por que procurou a mim e não aos rapazes da Liga ou o Chu? Você queria me dizer que eu não sou tão certinho assim?

Claus não respondeu.

- Legal, eu já sei disso. Mais alguma coisa? O meu pai me aconselhou a sair de perto de você, sim, mas eu acho que, por menos que eu te conheça, conheço você mais do que ele e não é por aí que eu tenho que ir... até que você me prove o contrário.

Ele ficou olhando para Marco com os olhos refletindo uma mistura de raiva e inveja ao mesmo tempo, mas depois foi se acalmando e sentou-se no sofá.

- Não saia do grupo por minha causa...

- Eu não ia. Por que sairia?

- Seu pai deve... ter feito a minha caveira também, não é?

- Não, ele só tem medo que eu esteja perto de alguém com sua experiência de vida. Ele também acha que eu sou... certinho demais.

- E você? O que você acha?

- Eu não acho nada. Eu sou o que eu sou, mas você já disse que eu também penso assim, quem sou eu pra discordar?

- Está gozando da minha cara, é?

- Qual é a tua, Claus? O que você veio fazer aqui?

Ele não respondeu. Levantou-se outra vez e ficou olhando para o corredor que dava para o interior da casa.

- Vocês estão sozinhos aqui?

Marco não respondeu.

- Seu pai é mais liberal do que eu pensava. Você transa com ela?

Marco respirou fundo, ergueu-se e respondeu:

- Não se esqueça de que você está na minha casa. Eu não te pedi pra vir aqui e, por favor: deixa a Amanda fora dessa sua amargura gratuita.

- Calma, calma! Tudo bem. Não mexo mais com o nome da sua princesinha...

- Você já está me enchendo. O que você quer, afinal?

Claus voltou para perto do sofá e sentou-se novamente. Colocou as mãos na nuca e baixou a cabeça.

- Olha, o Chu está vindo aí. Ele leva você pra casa

- Não quero ir pra casa, ele disse, na mesma posição.

Marco sentou-se novamente ao lado dele.

- Posso te fazer uma pergunta indiscreta?

- Vá em frente.

- Por que você entrou nessa? Quero dizer... você faz faculdade, tem um carro legal, amigos que gostam de você... O que aconteceu?

Claus olhou para ele e sorriu.

- Quer saber a história do começo, doutor Marco Antônio?

- Se não quiser responder, não precisa.

O rapaz respirou fundo e começou:

- Eu tinha dezesseis anos quando descobri que meu pai tinha um caso com a atual mulher dele com a minha mãe ainda viva. Ela era uma mulher frágil, acabou morrendo e... ela estava morta há apenas um ano e eu o viu encontrar-se com essa outra descaradamente na minha frente e na frente da Cláudia, minha irmã. O Júnior já tinha saído de casa dois meses antes de eu descobrir e ele nem sequer me disse o motivo. Não foi nada fácil. Ele só tinha ficado em casa por causa da minha mãe, depois se mandou. Eu não tive coragem de tirar satisfações com o velho... guardei pra mim, mas comecei a chegar tarde em casa, comecei a beber... Aí, um cara no colégio me ouviu desabafar no meio de uma bebedeira e... me disse que havia um meio mais fácil de esquecer aquilo tudo, sem cair no meio da rua... E eu fui na dele... Nunca mais consegui deixar... Ela ajuda muito.

- Ajuda? Ajuda como? Por que ela não fez nada por você, ontem à noite?

- Porque eu não usei ontem e hoje... Quando meu pai elogiou o filho do Antônio Ramalho, na minha frente, eu afundei de vez... Ele colocou você no céu, sabia? O filho perfeito!

Marco ficou em silêncio.

NOVOS AMIGOS

PARTE V

DEUS ESTÁ EM TODAS AS COISAS

OBRIGADA E QUE ELE LHES DÊ UM BOM DOMINGO!

SONHAR FAZ PARTE DO CRESCER E AINDA É DE GRAÇA!

Velucy
Enviado por Velucy em 14/10/2018
Reeditado em 14/10/2018
Código do texto: T6475658
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.