AMANDA II - DÚVIDA VII-PARTE 4

IV – DÚVIDA

Amanda ficou em silêncio e o abraçou forte. Marco a apertou nos braços.

- Quer desistir? - ela perguntou.

- Não! Não... ele disse, fechando os olhos, beijando sua testa.

- Não quero que você brigue com seu pai por minha causa, Marco.

- Não vai ser por sua causa, vai ser por minha causa. Eu inventei, não foi?

Ela ergueu a cabeça e olhou para ele nos olhos.

- Tudo sempre juntos, esqueceu? Determinação sua mesmo. Eu concordei...

Ele enterrou os dedos nos cabelos dela e a beijou. Ficou em silêncio por um momento e falou:

- Meu irmão vai nascer em final de julho... Uma semana depois... eu conto pra todo mundo, se meu pai não concordar... eu saio de casa...

- Marco!

- Eu vou sair de qualquer jeito, não vou? Fico no apartamento até a gente se casar.

- Sozinho?

- Eu durmo sozinho desde os cinco, ele falou sorrindo.

- Cinco? - ela perguntou, rindo.

- Não ri! São males de filho único, que é que eu posso fazer?

- Estou rindo sem motivo. Eu dormi na cama da minha vó até os dez...

- Está vendo? - ele falou, rindo também.

Ela voltou a ficar séria.

- Mas é diferente, Marco. Você vai ficar totalmente sozinho naquele apartamento vazio?

- São só dois ou três meses. E pode acontecer de o meu pai não bronquear tanto. Isso é só uma hipótese.

- Será que a gente não está precipitando as coisas? Eu tenho tanto medo...

- De quê? De se casar?

- Não... De que você quebre essa relação gostosa que você tem com seu pai e com o meu.

- Nós já somos casados diante de Deus. Eu só quero tornar isso ainda mais real.

Ela se afastou dele um pouco.

- Eu sei... Mas nós não estamos em Verona e não estamos sendo obrigados a casar, porque nossos pais são inimigos, Marco. A gente tem todo o tempo do mundo pra ser felizes juntos... e bem!

- Você não confia em mim?

- Confio! Sempre confiei.

- Mas tem medo de começar uma vida comigo.

- Você mesmo disse que as coisas entre nós estavam escritas antes de a gente se conhecer. A gente pode deixar que isso aconteça normalmente, como tem sido até agora...

- Sem a interferência de terceiros! Eu não quero ninguém empurrando a gente e nem barrando. A decisão tem que ser nossa de novo. Ou você quer se casar comigo em outubro... ou não quer.

- Claro que eu quero, mas não passando por cima de tudo que seu pai e o meu sonharam pra gente! Nós somos muito importantes pra eles!

- Eu sei... e, se somos, nossa felicidade é a deles também, certo?

- Certo...

- Em resumo, minha felicidade agora são três coisas: minha mãe e meu pai felizes juntos com meu irmãozinho que vem aí, minha carreira e você, mas não necessariamente nessa ordem.

Ela acariciou o rosto dele.

- Você já tem os três praticamente na mão.

- Tenho?

Amanda ficou em silêncio e baixou os olhos. Ele ajeitou-se no banco do carro e deu a partida.

- Vou falar com o padre, hoje. A gente espera mais um pouco e, quando eu terminar a faculdade, a gente pensa nisso.

Foram em silêncio até a casa dela. Chegando lá, ele saiu do carro, abriu a porta para ela e ficou esperando que ela saísse, meio tenso. Amanda não se moveu por um instante, depois saiu do carro e ficou olhando para ele.

- Vamos conversar com calma sobre isso no domingo?

- Vou jogar na quadra da faculdade com o pessoal.

- Marco... isso é chantagem emocional.

- Não, eu só não sei fingir que está tudo bem. Nunca consegui, você sabe. De repente, você pode estar coberta de razão. Dizem que a mulher sempre pensa anos adiante do homem e eu acho que deve ser isso mesmo. Eu estou bancado a criança, querendo brincar de casinha. Não liga não.

- Ligo sim! Eu só queria ser perfeita pra nunca te aborrecer, nunca te deixar triste como está agora...

- Você é perfeita, Mandy! Eu não sei se estaria tão desapontado agora se você não fosse exatamente tudo que eu sempre quis numa garota. Você é perfeita pra mim! Eu é que sou um burro!

- Não é...

- Eu criei uma fantasia pra mim, quando pensei que você fosse morrer em maio do ano passado. Achei que bastava amar você como eu amo... pra gente poder ficar junto pra sempre. Pensei que fosse um direito nosso...

- E é!

- Quando nossos pais acharem que é! - ele grita.

Ela se calou. Marco continuou.

- E eu vejo que a gente vai ter que se render a isso. Eu não posso fazer nada sozinho... se você não está segura.

- Eu estou segura!

- Não, não está, não. E eu entendo, Mandy. Eu precipitei as coisas, quando inventei de me casar com você, com você ainda inconsciente. Como eu mesmo falo, tinha que ser decidido por nós dois e eu te anulei. Quando você acordou, não ia mesmo dizer que não queria, porque eu sei que você me ama... mas... de amar... a casar... Meu pai disse, na época, que era uma loucura. Disse que nós dois poderíamos até nos ligarmos a outras pessoas... gostar de outras pessoas... E ele tinha razão. Eu agi por impulso, apesar de não estar agora nem um pouco arrependido do que fiz e não querer voltar atrás um milímetro da decisão que tomei, mas... eu devia ter pensado em você...

- Isso tudo é pra dizer que eu sou imatura, ela disse, com os olhos cheios de água.

- Pra casar sim.

Ela respirou fundo.

DÚVIDA

PARTE IV

UM EXCELENTE DIA A TODOS

DEUS OS ABENÇOE GRANDEMENTE!

Velucy
Enviado por Velucy em 22/10/2018
Reeditado em 22/10/2018
Código do texto: T6482786
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