[Romance LGBTQ+] AMOR DE PESO - 01X05 - REVELAÇÕES

Pai e mãe,

Acho que vão me bater. O lado bom é que eu estarei ao lado de vocês em breve. Nem vou poder me despedir de ninguém. Adeus mundo cruel!!!!!!

Yuri: (assustado) – Por favor... saiam daqui...

Brutus, Zedu, Ramona e Letícia: - (se aproximam de Yuri)

Yuri: - Se afastem. Fiquem longe de mim!

Ramona: - Yuri, calma.

Yuri: (pegando uma régua no chão e apontando para Zedu, Ramona, Letícia e Brutus)

Brutus: - Ei. Somos nós grandão. Não confia em nós?

Zedu: - Não estou te entendendo.

Letícia: - Yuri, por favor, não faça isso.

Diogo: - O que tá acontecendo aqui?

Yuri: - Eles.. eles viram a gente se beijando e... queriam... queriam...

Diogo: - Queriam o que?!

Yuri: - Queriam me atacar.

Zedu: - O quê?!

Ramona: - Cê tá maluco?

Letícia: - Não estou entendendo?

Brutus: - Sério? Te atacar?

Diogo: - Vamos na diretoria. (ficando na frente de Yuri)

Zedu: - Ei. Ei. Yuri. Qual é? Somos nós. Porquê a gente te atacaria?

Yuri: - O Vando mostrou o vídeo... o vídeo de vocês agredindo um gay. Eu vi. Vi o ódio nos olhos de vocês. (se afastando)

Diogo: - Que vídeo?

Yuri: (pegando o celular e mostrando o vídeo para Diogo)

Diogo: (assistindo o vídeo e ficando assustado) – Nossa. Vocês... vocês... (pegando na mão de Yuri) – Vamos sair daqui.

Letícia: - Espera.

Ramona: - Vamos contar?

Zedu: - Vocês não tem o direito de julgar a gente....

Yuri: - Julgar? Não estou julgando. Estou assistindo. (mostrando o celular)

Brutus: (com lágrimas nos olhos) – A culpa é minha.

Zedu: - Quer saber... não devemos nos explicar para ninguém.

Brutus: - Eu preciso. A gente não conversa sobre isso, não tocamos no assunto. Eu preciso. (sentando no chão)

Yuri: - O que aconteceu?

Diogo: (falando perto do ouvido de Yuri) – Tem certeza?

Yuri: - Sim.

Brutus: - Ano passado... eu... eu... fui cortar meu cabelo no salão desse monstro. Ele me ofereceu um copo d'água enquanto eu esperava o atendimento. Comecei a passar mal e mandei um whats'app para o grupo.

Letícia: - Todo mundo viu a mensagem e fomos ajudar o Brutus. Nos encontramos na frente do salão.

Ramona: - O Vando estava passando na hora e disse que havia visto o Brutus entrar.

Zedu: - Estava tudo fechado. Então pulamos o muro para verificar onde o Brutus estava.

Ramona: - O Zedu conseguiu abrir a porta de trás e entramos na casa. Fomos pelo corredor e vimos...

Yuri: (apreensivo) – Ele... ele...

Brutus: - Ele me chupou. Eu tava muito louco, não conseguia distinguir as coisas.

Letícia: - Então, o Vando atacou o Mascarenhas e ele caiu no chão, bateu a cabeça em um móvel e ficou sangrando.

Zedu: - Me diz Yuri. (se alterando) – O que faria para proteger um amigo?

Diogo: (ficando na frente de Yuri) – Ei, vai pra trás.

Yuri: (transtornado) – Eu... eu... ele... ele disse que vocês fariam a mesma coisa comigo.

Diogo: - Ele quem?

Letícia e Ramona: - O Vando.

Zedu: - Agora para uma pessoa que se diz o nosso amigo...

Letícia: - Porquê você não conversou com a gente?

Ramona: - Era por isso que estava estranho?

Brutus: - Desculpa grandão.

Yuri: (se aproximando do Brutus que continuava sentado no chão) – Desculpa. (pegando na mão do amigo) – Eu sinto muito. Realmente acreditei no Vando. (levantando) – Quero pedir desculpas de vocês, mas essa coisa de ser gay sempre me perseguiu. Eu contei para a minha tia por que o Vando viu a gente se beijando.

Ramona: - Esse Vando é um cretino. Eu... eu....

Letícia: - Eu quero matar esse retardado.

Zedu: - Então... quer dizer... quer dizer que vocês estão namorando? (olhando para Yuri e Diogo)

Diogo: - Sim. (pegando no ombro de Yuri)

Yuri: - A... a ... gente tá se conhecendo, Zedu. Desculpa, eu realmente estou com vergonha de tudo. Eu agi de forma imatura.

Brutus: (levantando) – A gente nunca te agrediria Grandão. Você faz parte da nossa turma. (pegando no ombro de Yuri)

Yuri: (abraçando Brutus) – Sinto muito. De verdade.

Letícia e Ramona: (abraçam Yuri e Brutus)

Letícia: - Que lindo.

Ramona: - Sempre quis participar de um abraço coletivo.

Brutus: - Uê? Cadê o Zedu?

Diogo: - Já foi.

(Campainha tocando)

Sim. Eles não são homofóbicos. Eles super aceitaram quem eu era, mesmo sendo gordo e gay. Agora eu estava mais tranquilo comigo mesmo. Decidi focar na escola, faltavam poucos dias para apresentar o projeto de História. A gente começou a gravar com a pianista já caracterizada como Chiquinha Gonzaga. O Diogo ficou encarregado de editar, claro que usamos o equipamento do George.

Diogo: - Ficou muito bom. Formamos uma ótima dupla. (beijando Yuri no rosto)

Yuri: (ficando vermelho) – Er. Espero que ninguém faça algo parecido. (entregando um pen drive) – Salva no meu pen drive e no teu. Também salva nesse DVD aqui. (entregando o DVD para Diogo)

Diogo: - Vamos cruzar os dedos. Você falou com seus amigos? O que eles vão fazer?

Yuri: - Olha, as meninas fizeram power point mesmo, o Brutus e o Zedu eu não sei.

Diogo: - Vamos arrasar. (beijando a boca de Yuri)

Yuri: - (beijando Diogo)

Diogo: - Eu queria fazer trabalho com você todos os dias.

Yuri: - Seria bem produtivo. Eu acho.

Giovanna e Cláudia começaram a ensaiar para as audições do espetáculo 'Cinderella'. A minha irmã havia decorado todas as falas que o professor havia entregue. Já a Cláudia, a cotadinha parecia uma atriz de filmes trashs de tão ruim.

Cláudia: - Aii. (nervosa) – Sei não Gio. Acho que só você deve fazer o teste.

Giovanna: - Tá louca? Você precisa ir comigo amiga. Eu não posso enfrentar a Niandra sozinha.

Cláudia: - Mas estarei na plateia torcendo por você.

Giovanna: - Não é a mesma coisa.

Cláudia: - Tá bom. Tá bom. Só você mesmo.

Giovanna: - Vamos lá. Lembra, hein, a Cinderella é uma moça inocente, mas forte. Meiga, mas sabe contornar as situações. Inocente, mas esperta. Tipo... todas as minhas qualidades.

Cláudia: (atuação sofrível) – Oh... onde estão as vassouras?

Giovanna: (colocando os papéis no seu rosto) – Isso vai demorar.

Carlos decidiu desencanar e começou a flertar com uma moça do escritório. A minha tia o viu quando ele cantava a mulher.

Mulher: - Carlos, você é tão engraçado,

Carlos; - Tenho meu charme.

Mulher: - E a tua namorada?

Carlos: - Não tenho. Sou Sol-tei-ro! Solteirinho, ninguém me quer.

Mulher: - Para, eu não acredito, um gato igual a você.

Olivia: - Com... com... licença querida. Posso roubar meu estagiário. (pegando no ombro de Carlos e o levando para o escritório)

Carlos: - Deseja alguma coisa, patroa?

Olivia: - Sim, sim. Preciso. (olhando no escritório para procurar alguma desculpa) – Eu... eu... preciso... acabou... o lixeiro... o lixeiro tá cheio.

Carlos: - É apenas isso?

Olivia: - E... e... quero... quero uma cópia do caso Araújo.

Carlos: - Claro. Com licença. (pegando o lixeiro e saindo da sala)

Olivia: (sentando na cadeira de sua sala) – Idiota. (colocando o rosto na mesa e fingindo um choro)

Manaus tem o clima muito louco. Certo dia, fui até o açougue comprar material para fazer um escondidinho de carne e começou a chover. Me protegi no Fred's por que a chuva estava muito forte. Do nada, o Zedu chega. Eu tentei não deixar o clima estranho, mas era impossível. Ele ficou uns minutos em silêncio, tentou falar algumas coisas e não conseguia.

Zedu: - Eu... eu....

Yuri: - Zedu. Eu já pedi desculpa. Você é o meu melhor amigo.

Zedu: - Você é? Eu sou? Por que a cada dia me sinto mais distante de você.

Yuri: - Me desculpa tá. Desculpa não ser perfeito. Mas não sou igual a vocês.

Zedu: - Não quero que você seja perfeito, Yuri, quero que você seja meu amigo. (trovão)

Yuri: - Eu errei. Eu errei. Eu sei. Não confiei em vocês. Não confiei em você.

Zedu: - E... e... o Diogo... sério?

Yuri: - O que tem o Diogo?!

Zedu: - Você merece alguém melhor do que ele...

Yuri: - E quem seria Yuri?!

Zedu: - Não sei. (ficando de costas para Yuri)

Yuri: - (pegando no ombro de Yuri) - Desculpa, mas o Diogo gosta de mim. Eu preciso ser feliz. Você não é feliz com a Alicia?!

Zedu: - Eu... eu.... (saindo correndo)

Yuri: - Zedu!

O que era aquilo? Eu não entendia o Zedu. Decidi abstrair tudo isso e focar na apresentação do projeto. O dia chegou e preparamos toda a sala com os equipamentos do George. A titia nos deu uma carona, porque eram materiais muitos caros. As apresentações iniciaram e como o previsto os alunos não fizeram um bom trabalho. O melhor foi o do Brutus que fez uma atuação do grito da Independência.

Professor: - Yuri e Diogo.

Yuri e Diogo: (levantando e indo até a frente da sala)

Yuri: - Bom... bom... dia. A gente vai falar sobre a história de vida da Chiquinha Gonzaga.

Professor: - Yuri. Um pouco mais alto.

Diogo: (colocando as caixas de som no notebook e colocando o vídeo para passar)

Yuri: (tossindo e falando mais alto) - Fizemos uma pesquisa sobre a história e obra de Chiquinha Gonzaga. A gente gostou bastante do material que encontramos. A Chiquinha era uma mulher que desafiou o seu tempo . Gostei muito da coragem que ela teve, ela enfrentou seus pais, amigos e até mesmo a sociedade por algo que acreditava. Errou, lutou e viveu. (olhando para Diogo) – Vamos conferir agora algumas músicas de Chiquinha.

Divulgamos o vídeo que produzimos, nossa, até eu fiquei impressionado com o resultado do nosso trabalho. O professor principalmente, e graças a Deus, pois, ele era o mais interessado. Ele nos deu 10. Olhei para Diogo e pisquei. A turma também gostou do resultado.

Diogo: (fazendo 10 com Yuri) – Arrasamos.

Yuri: - Graças ao George. Ele nos salvou.

Professor: - Yuri e Diogo, gostaria de pedir o vídeo de vocês para salvar, caso precise para mostrar aos alunos.

Yuri: - Claro, professor, vamos fazer uma cópia em CD e passar para o senhor.

Diogo: - Sim. Amanhã já trago.

Professor: - Obrigado. (saindo)

Ramona: - Vocês arrasaram.

Brutus: - Puxa, ficou bom. Quero fazer dupla com vocês na próxima.

Letícia: - Brutus. (rindo) – Ei. Hoje depois da aula vamos tomar um sorvete. Vocês querem ir?

Diogo: (olha para Yuri)

Yuri: - Claro. Vamos sim.

Alicia: (aparecendo do nada) - Vocês vão tomar sorvete? Vamos, amor? (olhando para Zedu)

Zedu: - Claro.

Letícia e Ramona: (se olham e seguram o riso)

Após as aulas, a gente se reuniu na entrada da escola e seguimos juntos para uma sorveteria que fica ao lado da escola. Lá tem todos os sabores que vocês possam imaginar. O meu favorito é o de cupuaçu, uma fruta muito utilizada no Amazonas. A gente até que estava se divertindo, a Alicia quando queria era uma menina legal.

Alicia: - O trabalho de vocês ficou muito bom. Adorei a forma como vocês editaram o vídeo.

Zedu: (desligado, muito pensativo)

Yuri: - (riso) – Ah, obrigado, mas é tudo trabalho do Diogo. Eu apenas auxiliei com a pesquisa.

Diogo: - E auxiliou muito bem, diga-se de passagem.

Brutus: - Diogo, sabe, a gente tinha uma figura totalmente errada sobre você.

Letícia: - Verdade. Nos desculpe.

Zedu: (começa a bater as pernas nervoso)

Ramona: - A culpa é da Letícia.

Letícia: - Ramona. (olhando para Diogo sem graça) – Nem foi.

Diogo: - Tudo bem. Eu estou muito feliz conhecendo os amigos do Yuri.

Zedu: - E vocês namoram a quanto tempo?

(todos da mesa olham para Zedu)

Letícia: (provando um sorvete se engasga e tosse)

Alicia: - Vo-cês... na-mo-ram? Calem a boca. (forçando uma alegria até demais) – Eu não acredito. Gente.

Diogo e Yuri: (se olham)

Yuri: - A... a .... a .... gen.... Gente... namora não. (respirando com dificuldade)

Zedu: - Ué? Não?

Diogo: - Olha cara. Você não tem nada haver com isso.

Ramona: (olhando para Alicia) – Ninguém precisa saber disso.

Letícia: - Sério, Zedu?!

Zedu: (levantando e indo embora)

Alicia: (levantando e indo atrás de Zedu) – Espera amorzinho.

Brutus: - Eu tô boiando. (comendo sorvete)

Yuri: (nervoso) – Eu preciso ir. Amanhã a gente conversa. (saindo)

Diogo: (saindo) - Com licença.

Ramona: - Tudo bem. Até amanhã.

Letícia: - Estranho.

Letícia e Ramona: (se olham)

Ramona: - Hummm... será?

Letícia: - Eu... acho, né?

Brutus: - O quê?!

Letícia: - Nada, Brutinhos, continua tomando o sorvete.

Brutus: (levantando e colocando uma nota de 20 reais na mesa) - Quer saber... eu também preciso resolver uma treta. (saindo)

Letícia: - Graças a Deus. E o que você acha? (olhando para amiga)

Ramona: - Tem caroço nesse cupuaçu.

A minha tia ficou com ciúmes de Carlos, aquilo para ela era inédito. Ela me ligou e perguntou se eu poderia cozinhar, ela pediu massa, que convenhamos é a minha especialidade. Desenvolvi um cardápio simples, por que teria apenas quatro horas para fazer tudo e ainda tinha a sobremesa, mas decidi comprar uma torta de banana na padaria da Dona Helena.

Olivia: - Carlos... eu... eu... eu...

Carlos: (sentando na cadeira em frente a mesa de Olivia) – Você, você, você? (segurando o riso)

Olivia: - Idiota. (arrumando a postura) – Quero saber se você gostaria de jantar lá em casa?

Carlos: - Sério? Um jantar romântico?

Olivia: - Não. É um jantar com meus sobrinhos. De agradecimento.

Carlos: - Claro. Acho que nunca estive com os seus sobrinhos se não fosse em uma situação constrangedora. Tipo, primeiro teve o teu aniversário, o que eu não fico com ciúmes por que a gente ainda não namorava. E, depois, o sumiço do Yuri.

Olivia: - Você não existe. Então, 20h na minha casa.

Carlos: - Tá. (sorrindo)

Nunca vi a minha tão nervosa. Ela trocou de roupa umas 200 vezes, sem brincadeira. Até a Giovanna que é a fashionista da família ficou cansada. Eu desci para arrumar tudo lá em baixo e para a minha surpresa o Diogo fez uma visita, ele me convidou para ir ao cinema, mas acabei o convencendo a ficar para o jantar. Depois de alguns minutos o Carlos chegou para completar a festa. A mesa estava linda, eu havia realmente arrasado.

Carlos: - Nossa, a comida parece ótima.

Olivia: - Obrigada, mas as honras são do Yuri.

Carlos: - Sério? Parabéns rapaz.

Giovanna: - De comida ele entende. Você colocou queijo de búfala nessa salada?

Yuri: - Claro... que não.

Olivia: - Meninos. Temos visitas (sem graça)

Giovanna: - Então, Carlos? Tem que idade?

Carlos: - Tenho 31.

Giovanna: - Você mora com sua mãe ainda?

Yuri e Diogo: (se olham e tentam não rir)

Olivia: - Giovanna? Modos.

Carlos: - Tá tudo bem.

Giovanna: - Ah, tia. Estou fazendo uma perguntas. Nada demais. (arrumando o cabelo) - E onde você espera estar em cinco anos?

Carlos: - Espero que estabilizado e...

Giovanna: - Ótimo. É que a titia é tão desesperada que eu fiquei com medo dela pegar qualquer homem e...

Olivia: - Giovanna!

Yuri: (mudando de assunto)- Tia. Eu e o Diogo fomos elogiados pelo professor nessa semana.

Olivia: - Sério? Era o trabalho sobre a Chiquinha Gonzaga?

Diogo: - Isso. Pegamos 10.

Yuri: - Sim. E ainda ganhamos como o melhor trabalho da classe. (tomando suco)

Richard: - Yuri, você e o Diogo se pegam?

Yuri: - (se engasgando com o suco)

Diogo: (passando a mão na costa de Yuri)

(Todos na mesa olham para Richard)

Yuri: - So... so...so,,,, somos só amigos... amigos... né?

Diogo: - É. Só não vamos mais além porque você não quer.

Yuri: (tentando falar, mas não encontra as palavras certas) - E você mora mesmo com a sua mãe, Carlos?

Giovanna: - Ótima estratégia maninho.

Olivia: - Vamos nos concentrar na comida?

Carlos: - Essa macarronada tá uma delicia, né?

Olivia: - (tomando uma taça de vinha de uma única vez)

Giovanna: - Depois a indiscreta sou eu. (jogando o cabelo para o lado e comendo uma alface)

Brutus procurou Vando por algum tempo, mas acabou desistindo e foi tomar um suco no Fred's. Ele pensou muito no que havia acontecido no dia do Mascarenhas. Ele queria tirar satisfação com Vando por causa do que aconteceu comigo.

Vando: (batendo na costa de Brutus) – Qual é moleque?!

Brutus: (jogando Vando violentamente contra a parede) - Você tá louco?!!

Por incrível que pareça estou feliz. Quero que todos a minha volta estejam também, mas será que vou conseguir? E será que essa felicidade toda vai ser estragada?!

Vando: (batendo na costa de Brutus) – Qual é moleque?!

Brutus: (jogando Vando violentamente contra a parede) - Você tá louco?!!

Vando: (assustado) – Qual é Brutus. Tá me estranhando?

Brutus: - Como você pode tentar fazer o Yuri se virar contra nós?

Vando: - Eu? Eu não fiz nada.

Brutus: - Você sabe... tudo o que fizemos foi por legitima defesa.

Vando: - Você tá me machucando. (tentando sair, mas sem sucesso)

Fred: - Ei. Rapazes. (separando os dois) – Não quero confusão no meu estabelecimento.

Vando: - (passando a mão no pescoço)

Brutus: - Seu covarde.

Fred: - Brutus.

Brutus: (se afastando) – Tudo bem. Não vou perder meu tempo com esse lixo.

Vando: (indo atrás de Brutus) – Ei, amigão. Então, você sabe que o teu amigo é gay, né?

Brutus: - Cara. Você realmente perdeu a noção do perigo, né?

Vando: - Não. Respeito você, mas será que o Yuri respeita?

Brutus: - Como assim?

Vando: - Você não acha que ele te olha de um jeito diferente?

Brutus: - Que jeito diferente?!

Vando: (pegando em Brutos) – Qual é? Você sabe.

Brutus: (se afastando) – Não. Não sei.

Vando: - Acho que ele tá apaixonado por você.

Brutus: - Você tá viajando.

Vando: - Estou? Amanhã presta atenção. Como ele vai te tratar de maneira diferente.

Brutus: - Você só fala besteira.

Vando: - Já pensou? Teus amigos vão pensar que você é gay.

Brutus: - Eu não sou gay, porra.

Vando: - Eu sei, mas se você anda com um gay, isso quer dizer.... logo você é um deles.

Brutus: - Não, não. Eu não sou gay. (saindo)

Vando: - Tão idiota. O mais manipulável de todos. (rindo)

Lá em casa, a gente tentava disfarçar o climão. Afinal, aquela era a noite da tia Olivia e do Carlos. Infelizmente os meus irmãos estavam impossíveis. Alguém precisava dar um jeito naquelas duas pestes.

Richard: - Carlos?

Carlos: - Oi?

Olivia: (preocupada) – Olha o que você vai perguntar.

Carlos: - Tudo bem... deixa ele.

Richard: - Você é estagiário da titia, né?

Carlos: - Isso. Sou sim. Trabalhamos juntos.

Richard: - Você não é velho demais para ser estagiário?!

Olivia: - Richard.

Carlos: - Tudo bem. Então, eu sou o estagiário da sua tia, estou cursando o sétimo período de direito e me orgulho muito.

Peguei a sobremesa que comprei e servi para todos. Realmente estava uma delicia, graças a Deus, a boa comida nos fez esquecer tudo. E decidimos brincar de banco imobiliário, o preferido da titia.

Olivia: - Alguém tá me devendo dinheiro. (pegando fichas de Carlos)

Carlos: - Realmente você me pegou. (entregando algumas cédulas para Olivia)

Diogo: - Agora é minha vez. (pegando os dados e jogando) – Seis casas. (movendo as peças)

Yuri: - Opa. (rindo) – Esse prédio e meu baby, pague o aluguel.

Diogo: - Fazer o que, né?

Que noite divertida. A minha família realmente sabia fazer um bom jantar, e quando digo família quero dizer eu. Todo mundo se divertiu e comeu bastante. Acho que vou até fazer um jantar pra turma como forma de pedir desculpas. Infelizmente, a alegria de um ser humano dura pouco. Ao chegar na escola encontrei várias pessoas comentando de mim. A Letícia já chegou dando a má notícia.

Letícia: - Não surta, mas tá tudo mundo comentando que vocês estavam se beijando atrás do colégio.

Diogo e Yuri: - Como assim? (se olhando)

Tia Ray: - Ei. Vocês dois. A diretora quer falar com vocês.

Yuri: - Merda.

Ramona: - E agora?

Brutus: - Sujou.

Zedu: (olhando para Yuri)

A minha irmã e Cláudia estava preparadas para a audição do espetáculo "Cinderela'. A Giovanna se preparou toda para fazer um dos papéis mais importantes de sua vida, até então.

Professor: - Giovanna.

Giovanna: (indo até a frente do professor e ficando de joelho) – Oh! Onde está meu príncipe?! Será que ele não vem me procurar? Estou a espera de um verdadeiro amor. Por onde anda o meu amor?! (chorando) – Onde está o príncipe da minha vida?

Professor: (aplaudindo) – Muito bem Giovanna. A atuação está ótima. Agora a música.

Giovanna: (limpando as lágrimas falsas) – Vamos lá. (minha irmã canta uma versão muito ruim de No dia que eu sai de casa)

Professor: - Bem. Isso... isso... foi... muito obrigado.

Giovanna: (saindo e encontrando Cláudia do lado de fora)

Cláudia: - E então?

Giovanna: - Arrasei, né?

Eu e Diogo fomos com a Tia Ray. A diretora disse que as acusações não eram graves, e que ela também não era homofóbica, mas era terminantemente proibido os alunos se beijarem, sejam eles heretos ou gays. Até que a bronca não foi tão grande, mas as conversas paralelas estavam demais. Uma aluna disse que nos viu transando no banheiro, outro falou que eu tentei beijá-lo, envolveram até o nome de um professor.

Yuri: (lendo um livro)

Aluno: - Ei, gordinho.

Yuri: - Oi? (olhando para frente)

Aluno: - Chupa meu pau. (pegando no pênis por cima da calça)

Yuri: (voltando a atenção para o livro) – Idiota.

Diogo: (sentando ao lado de Yuri) – Trouxe suco e dois salgados.

Yuri: (levantando) – Estou sem fome. Conversamos depois.

Diogo: - Ei. (levantando e indo atrás de Yuri) – O que houve?

Yuri: - O que houve? Tá todo mundo chamando a gente de gay.

Diogo: - E não somos?

Yuri: - Sim. Mas ser lembrado disso a cada dois minutos.

(Um grupo de alunos passa e começa a comentar)

Aluno: - Eles devem estar tendo uma DR.

Diogo: - Vai se fuder, mané. (indo pra cima do aluno)

Yuri: (segurando Diogo) – Para. A gente já levou uma chamada da diretora. Quer que a gente seja expulso.

Diogo: - Desculpa, mas sou bem resolvido.

No treino de futebol, Zedu e Brutus também sentiram a força do preconceito, apesar de infelizmente nunca ter acontecido nada entre nós.

João: - Ei. Vocês que andam com aquele gay é?

Zedu: - Que gay?

João: - O Yuri, o gordo baitola.

Zedu: - Ei. Respeita o cara. Não permito que falem assim dele.

Brutus: - Para de bobagem, João.

João: - Eita. Vocês vão defender o gay?

Brutus: - Não estamos defendendo é que...

João: - Estou estranhando vocês.

Zedu: - Vai se fuder. (saindo do vestiário)

João: - Cuidado hein. (pegando no ombro de Brutos)

Brutos: - Com o quê?

João: - Ser amigos de viados.

Brutus: - O Yuri não é meu amigo, cara. Ele apenas anda com um pessoal que eu conheço.

João: - Acho bom. (saindo)

Brutus: (olhando no espelho do vestiário e respirando fundo)

Letícia e Arthur marcaram um encontro. Eles foram em um shopping chamado "Amazonas", um dos mais antigos de Manaus. A minha amiga queria tomar café, então resolveu chamar o crush.

Letícia: - Então? Você faz o que?

Arthur: - Bem. Ajudo meu pai na produtora e estudo. Faço cinema na Universidade Estadual.

Letícia: - Sério? Que legal.

Arthur: - Comecei agora. Estou no início ainda. Até que é divertido.

Letícia: - Ainda não decidi o que quero fazer. Ainda tenho dois anos para escolher.

Arthur: - Você tá no primeiro ano, né?

Letícia: - Sim. Ainda falta um tempinho.

Arthur: - Você trabalha como modelo faz tempo?

Letícia: - Dois anos. Comecei com 14.

Arthur: - Você é muito linda. (pegando no rosto de Letícia)

Letícia: - Obrigada.

Arthur: - Quer pegar um cinema?

Letícia;: - Claro. Adoraria.

A minha amiga estava feliz por ter encontrado alguém bacana. O mesmo não valia para Zedu, ele aguentou um tempo até perguntar para Alicia como as pessoas da escola ficaram sabendo de mim e do Diogo.

Alicia: - Credo. Você fala como se eu tivesse cometido um crime.

Zedu: - Os meninos estão sofrendo com isso. As pessoas estão comentando.

Alicia: - Eu comentei com a Kátia e ela espalhou. Não tive culpa.

Zedu: - Te pedi segredo. Você fez merda.

Alicia: - Você se preocupa muito com esse tal de Yuri.

Zedu: - Sim. Me preocupa, ele é meu melhor amigo.

Alicia: - Você conheceu esse menino esse ano. Eu te conheço há, pelo menos, três. Não pode defender ele.

Zedu: - Isso não tem nada haver.

Alicia: - Claro que tem.

Zedu: - Para de se fazer de vitima. A culpa é sua.

Alicia: - Ótimo. O gordo é bicha e a culpa é minha.

Zedu: - Cala a boca. Não fala assim dele.

Alicia: - Não estou te reconhecendo Zedu. Você tá um babaca hoje. (saindo de perto)

Zedu: (respirando ofegante) – Droga!!! (batendo na parede)

A minha tia e Carlos começavam a se dar cada dia melhor. Eles tinham muitos gostos parecidos, mas sempre o problema o trabalho surgia na conversa dos dois. O Carlos até ficava triste e tava doido para se formar na faculdade.

Carlos: - Ei. Você tá linda hoje.

Olivia: - Obrigada. (sorrindo e colocando o óculos) – Você revisou o processo 345?

Carlos: - Tá aqui. (entregando para Olivia)

Olivia: - Olha. Muito bem. Pega um café para mim, por favor.

Carlos: - Claro amor.

Olivia: (arrumando o óculos) – Carlos. Estamos em horário de trabalho.

Carlos: - Claro. (saindo e encontrando Orlando na porta)

Orlando: - Olá? Tudo bem? A Olivia se encontra?

Carlos: - Claro, mas ela está em uma ligação.

Orlando: - Que pena, mas vou esperar. Você pode pegar um café para mim.

Carlos: - Claro.

Olivia: - (saindo da sala) – Carlo.... (percebendo a presenta de Orlando) – Orlando? Que surpresa. (abraçado e beijando Orlando no rosto)

Carlos: (vermelho de raiva) – Vou... pe...pegar... pegar o café.

Orlando: - O meu é com adoçante. (entrando com Olivia para a sala dela)

Carlos quase colocou veneno de rato. A Alicia me procurou na escola. Eu fiquei surpreso, porque ela nunca havia feito isso. Ela disse que sentia muito pelo boato ter se espalhado e disse que ajudaria em qualquer coisa.

Alicia: - Zedu tem um carinho muito grande por você.

Yuri: - Ele é muito meu amigo.

Alicia: - E você sabe que ele tá sofrendo muito com isso, né? Ele pediu para eu falar com você.

Yuri: - Entendi.

Alicia: - Acho melhor você se afastar dele.

Yuri: - Como?

Alicia: - Você tem seu namorado, né? E sabe como é ruim quando as pessoas falam dele. Alguns alunos babacas, homofóbicos ficam falando que o Zedu já te pegou. Acho ri-di-cu-lo, mas o Zedu ficou chateado. Entende?

Yuri: - E ele pediu para você falar isso?

Alicia; - Essa parte não, mas tenho uma conexão profunda com ele. Coisa de pessoas apaixonadas.

Yuri: - Entendi. Não se preocupa.

Alicia: - E espero que isso fique entre nós. Afinal, somos amigos, né?

Aquela realmente não era a minha semana. Tinha prometido que ajudaria uma colega de classe e fiquei até mais tarde na escola. Quando sai, encontrei o Brutus, ele também precisou ficar além do horário.

Yuri: - Ei. Vai pra casa agora?

Brutus: (assustado) – Grandão? (olhando para os lados) – Sim... não...

Yuri: - Brutus? Tá tudo bem?

(João e alguns meninos vem em direção a Brutus e Yuri)

João: - Tá acontecendo alguma coisa?

Brutus: - Não.

João: - Pensei que você não conhecia o balofo gay.

Yuri: (perplexo)

Brutus: - E não conheço. Ele apenas pediu uma informação. Vamos? Vamos se não vamos nos atrasar para o jogo. (saindo)

Yuri: (boquiaberto)

Que porra aconteceu? O Brutus não fez isso. Nunca me senti tão humilhado em toda a minha vida. Quer dizer, já fui humilhado outras vezes, mas aquilo foi foda. Cheguei em casa chorando, tranquei a porta do quarto e fiz algo que há muito tempo não fazia, comi doces e mais doces. Depois do treino, Brutus e os amigos foram ate o Freds.

João: - Sabe de uma coisa... cansei dessas bichas dando em cima da gente. Precisamos revidar.

Nuno: - Como?

João: - Devemos pregar uma peça no Diogo e Yuri. Já que eles se acham o casal da escola. O que você acha Brutus?

Brutus: - Não sei.

Nuno: - Qual é? Vai amarelar?

João: - Eu acho que o Brutus ama o gay gordo. (rindo alto)

Brutus: - Tá me estranhando? Eu lá gosto de macho... ainda mais gordo.

João: - É? (com cara de pilantra) – E diz o que tú mais odeia no Yuri....

Brutus: - Ele é gordo, o corpo dele é todo esquisito... e tem aquele pele branca... que porra, a gente tá no Amazonas, pega um sol. Nem sei se ele consegue ver o pau dele.

Letícia: - Brutus!!!

Brutus: (virando assustado)

Ramona, Yuri, Diogo e Letícia: (parados atrás de Brutus)

Yuri: (sai correndo do Fred's)

Diogo: (sai correndo atrás de Yuri)

Letícia: - Vai se fuder. (saindo do Fred's)

Ramona: - (balançando a cabeça negativamente)

Brutus: (perplexo)

João e Nuno: (rindo muito)

João: - Falou bem, Brutus. Agora vamos aprontar com esse gordo. (com cara de malvado)

Em casa a minha irmã estava louca para descobrir como a Cláudia havia se saído na audição, ela não pode ficar por causa do horário da condução escolar. Ela ligou para amiga e pediu todos os detalhes.

Giovanna: - E como foi?!

Cláudia: - Acho que fui bem. E fiz tudo o que você pediu. O professor deve ter gostado.

Giovanna: - Amiga. Vamos arrasar. Espero que uma de nós consiga o papel.

Cláudia: - Eu também.

Giovanna: - E qual a música que você cantou?

Cláudia: - O Fim do Amor.

Giovanna: - Não conheço. Canta pra mim.

Cláudia: (colocando o celular no viva voz):

https://soundcloud.com/ana-larousse/o-fim-do-amor (se quiser ouvir a música)

O que é o fim do amor?

Se enganar em um sorriso que há de sorrir

Como quem que agora diz está pronto a partir

Mas os pés não retira do chão

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Zedu olha fotos que tem com Yuri. Ele está em um prédio alto e sente o vento beijar seu rosto.

Zedu: - Desculpa por ser covarde. (chorando)

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Cláudia:

O que é o fim do amor?

É está na tua cama e dormir na cozinha

É ouvir que me ama e me sentir vazia

Do amor que não soa mais

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Orlando e Olivia riem juntos e Carlos fica possesso com a cena. Ele vai até a cozinha do escritório e bate a mão contra a parede. Ele começa a chorar e se sente ridículo por estar sofrendo por amor. Depois do expediente, ele tem uma conversa séria com a minha tia.

Carlos: - Eu te amo.

Olivia: - O que?

Carlos: Eu te amo. Estou apaixonado por você. E, foda-se, tudo. Eu quero ficar com você e se for preciso eu saio da empresa.

Olivia: - Carlos... eu... eu....

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Cláudia:

O que é o fim do amor?

É talvez não aceitar que o fim já chegou

É sequer entender que o fim já chegou

É na sala ficar e o fim já chegou

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Brutus: - Oi, meninas. (cumprimentando Letícia e Ramona)

Letícia: - Boa. (passando direto)

Ramona: (passa direto)

Cláudia:

O que é o fim do amor?

É um de um amor

E o fim de um amor é o fim do amor

E o fim do amor é o fim

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Yuri: (chorando e olhando fotos com os amigos)

Diogo: (deitando ao lado de Yuri e o abraçando)

Dhiego Ramos
Enviado por Dhiego Ramos em 30/07/2019
Código do texto: T6708648
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