[Romance LGBTQ+] AMOR DE PESO - 01X08 - GORDINHO DIVIDIDO

Pai e mãe,

Depois de muito penar consegui ter uma boa noite de sono. Meu corpo ainda doí, mas nada como uma bela noite bem dormida.

Acordei e a minha tia ficou me olhando com uma cara engraçada. Ela trouxe café para eu comer na cama, até que estava gostoso. Depois de alguns minutos ela continuava com a expressão, um sorriso malicioso.

Yuri: - Tia?

Olivia: - Oi?

Yuri: - Qual o problema?

Olivia: - Nenhum porque?!

Yuri: - Tia. Te conheço há 16 anos, por favor, o que houve?

Olivia: - Eu vi.

Yuri: - Viu o que? (tomando um gole de suco)

Olivia: - Você e o Zedu se beijando no quarto.

Yuri: (se engasgando com o suco)

Olivia: (rindo) – Ficou nervoso?!

Yuri: - Eu... (limpando o rosto) – Eu beijando o Zedu? Tia a senhora tá viajando.

Olivia: - Yuri?!

Yuri: (respirando fundo e sorrindo) – Eu não consigo esconder nada da senhora mesmo, né?

Olivia: (fazendo sinal de negativo) – Eu só acho que você deveria ter cuidado. Principalmente com o sentimento das pessoas envolvidas.

Yuri: - Eu sei tia. Eu me sinto muito mal, mas, ao mesmo tempo, é algo que eu não posso evitar.

Olivia: - Eu sei, Yuri. Passei por isso com o Carlos e o Orlando.

Yuri: - Como a gente sabe que é a pessoa certa?

Olivia: - Yuri. A pessoa certa é aquela que sempre está no teu pensamento, aquele que você sonha e idealiza coisas, imagina uma vida a dois, sabe?

Yuri: - Sei.

Olivia: - E há quanto tempo você está com o Zedu?

Yuri: - Três dias.

Olivia: - Quer dizer que aconteceu durante o...

Yuri: - Sim. A gente ficou pela primeira vez na floresta.

Olivia: - Entendi. E vocês sempre se gostaram?

Yuri: - Eu sempre gostei dele... desde... desde... o primeiro dia.

Olivia: - Você vai terminar com o Diogo?

Yuri: - Estou esperado as coisas se acalmarem mais para eu conversar com ele.

Olivia: - Só não deixa as coisas chegarem ao extremo. O Diogo merece saber a verdade, mesmo que ela seja dolorida.

Yuri: - Entendi tia. Obrigado pela força.

Brutus armou um plano para flagrar Lucas e João. Quando meu amigo fortinho queria ele conseguia ser inteligente. Ele pegou uma câmera emprestada com seu tio e camuflou com alguns livros.

Lucas: - E aí? Vamos jogar o que hoje?

João: - Eu trouxe Tripas Voadoras 3.

Lucas: - Me amarro nesse jogo.

Brutus: - Eu também gosto.

Lucas: - Gente, a Renatinha me ligou hoje.

João: - E aí? Vai pegar aquela bucetinha rosa?

Lucas: - Vou mermo. Quero que ela chupe todo meu pau.

Brutus: (sorriso amarelo) – Tem que fazer ela gemer.

João: - Soca tudo nela.

Brutus: (pensando): - Mentirosos do caralho. Hoje vocês se lascam.

Lucas: - Ei, Brutos. Alguma novidade da orca viada?

Brutus: - Não. Não sei de nada e nem quero saber.

Lucas: - Espero que ele volte para a escola. Faz falta ter uma vítima.

Brutus: - E vocês já decidiram o que vão fazer contra o Yuri?

Lucas: - Já sim.

João: - O viado gay vai se fuder. (rindo alto)

Brutus: - Espero que sim. Ei. Vocês podem começar a jogar, vou comprar algumas coisas para a gente lanchar depois. Quero que vocês tranquem a porta de casa por dentro, por que aconteceram uns assaltos sinistros aqui. Eu ligo para vocês quando chegar.

João: (colocando o CD no console) – Tá. Vai lá com ele.

Lucas: - Tá bom.

Brutus: - Devo demorar uns 15 minutos, porque vou passar lá na Ramona também.

Lucas: - Já vai dar uns pegas na mina, né?

João: - Fode ela com jeito.

Alicia aproveitou e visitou Zedu depois da aula. A menina ficou realmente muito preocupada com o namorado e se arrependeu de muita coisa. Ele até notou uma certa diferença no comportamento dela.

Alicia: - Quer mais suquinho, amor?

Zedu: - Não. Obrigado.

Alicia: - Você ainda parece tão abatido. Não tá com fome?

Zedu: - Já comi, Alicia.

Alicia: - Fiquei tão preocupada com o que aconteceu. Ainda bem que o pesadelo acabou.

Zedu: - Alicia... a gente precisa conversar.

Alicia: - Olha, Zedu. Sei que nem sempre fui uma pessoa fácil, mas eu vou mudar. Eu prometo.

Zedu: - É que...

Teodora: (entrando) – Opa. Estou atrapalhando os pombinhos?!

Zedu: - Não mãe. A senhora nunca atrapalhar.

Alicia: - É verdade. A senhora estava no refeitório?

Teodora: - Sim. Eu adoro aquele lugar. Quem disse que comida do hospital é ruim, é porque nunca provou a desse. É tudo gostoso. (rindo)

Alicia: - Verdade. Ontem provei um salgado maravilhoso.

Teodora: - Sim. (sentando em uma cadeira próximo a janela)

Alicia: (faz carinho no rosto de Zedu) – O que você queria falar, amor?

Zedu: - Nada. Só dizer que senti sua falta também.

Alicia: - Que lindo. (beijando o namorado)

Teodora: (lendo um livro)

Alicia: - Deve ter sido horrível, né? Ficar perdido e tal.

Zedu: (sorrindo) – Nem tudo foi pra mal, não. Eu e o Yuri fizemos um bom trabalho em equipe.

Alicia: - Ainda bem que você foi com ele.

Zedu: - Eu não teria durado muito tempo sem ele.

Alicia: - Quero agradecer ao Yuri. Será que eu compro algo?

Zedu: - Acho melhor não. Vamos deixar ele em paz.

Alicia: - Tem certeza?

Zedu: - Sim. Tenho sim.

Na casa de Brutus, as coisas estavam ficando quentes. O Lucas e o João se pegavam na cama do meu amigo. Eles eram selvagens, principalmente o Lucas. O rapaz parecia que ia engolir o parceiro.

João: - Vira de quatro.

Lucas: - Você é demais.

João: - Cala a boca e vira de quatro viado.

Lucas: (ficando de quatro) – Vai devag....

João: (penetrando Lucas de uma vez)

Lucas: (gritando)

João: - Tú gosta de uma pica no cu, né viado?

Lucas: - Mete... vai... mete tudo.

João: - Caralho. Que cu apertado. Uma delicia. (tirando tudo e metendo de uma única vez)

Lucas: (gemendo alto)

João: - (batendo na bunda de Lucas) – É assim viado? Gosta de ser dominado pelo teu macho? (puxando o cabelo de Lucas)

Lucas: - Eu gosto. Eu gosto. Isso.

João: (virando violentamente Lucas na posição de frango assado)

Lucas fez uma cara de menino travesso e começou a se masturbar. João mirou e penetrou o parceiro de uma única fez. Lucas delirou muito e gozou forte. Em seguida, João também gozou. Eles ficaram deitados na cama, se recuperando do sexo selvagem.

Lucas: (tentando fazer carinho em João)

João: - Sai fora viadão. (se afastando)

Lucas: - Credo. Não tem ninguém aqui. (tentando abraçar João)

João: - Já disse. Sai. (empurrando Lucas que cai na cama)

Lucas: - Credo. Seu grosso. (jogando uma cueca na cabeça de João)

Arthur decidiu levar Letícia para um vernissage no Centro da cidade. Mais uma vez os amigos de Arthur pareciam distantes da realidade dela, mas naquele dia, a minha amiga decidiu que tentaria ao máximo ser amigável.

Rebeca: - Esse quadro é um dos poucos que conseguem me passar paz.

Letícia: (falando no ouvido do Arthur) – Só vejo rabiscos. (rindo baixo)

Arthur: (solta um riso abafado)

Rebeca: - Arthur.

Arthur: - Sim.

Rebeca: - Qual mensagem que o quadro te traz.

Arthur: - (pensando um pouco) – Hum... consigo me desprender das coisas que me cercam. É como se um portal se abrisse na minha frente e tudo sumisse. Você conseguiu transpor toda a agonia e agora só sobrou tranquilidade.

Rebeca: - E você Laura? (perguntando para uma pessoa ao lado de Arthur)

Laura: (segurando o choro) – É muito emocionante. Eu consigo me sentir em paz. Consigo ouvir o canto dos pássaros...

Letícia: (pegando no ombro de Laura) – Você está bem, amiga? Calma.

Rebeca: - E você?

Letícia: (olhando para os lados) – Quem? Eu?

Rebeca: - Sim, você. O que conseguiu sentir?

Letícia: (olhando assustada para Arthur)

Arthur: - Pode falar. Aqui não é lugar de julgamento. É de expressar seus sentimentos.

Letícia: - Bem... eu... sou nova nisso, então, por favor... acho melhor a amiga aqui falar.

Laura: (chorando igual a uma criança)

Rebeca: - Quero te ouvir. Fale.

Letícia: - Bem. O seu quadro é bonito, tenho certeza que alguém vai comprar. (olhando para os lados) - Próximo.

Rebeca: - Só isso?

Letícia: - Er... e tipo.... É um quadro que quando a gente olha... a gente... a gente não entende muito bem, mas depois de um tempo fica até que simpático.

Rebeca: (pegando nas mãos de Letícia) – Ainda não senti a verdade.

Letícia: (olhando para Arthur)

Arthur: - Fala amor.

Letícia: - Tá bom. Não gostei do quadro, seu traço está grosseiro e essa tinta... (rindo sem graça) – Senhor. Essa tinta parece barro... acho que uma cor mais escura chamava a atenção. (olhando para as outras pessoas) – E gente? De onde vocês tiraram que isso passa paz?! Eu olho para esse quadro e me assusto. (respirando fundo) - Nossa. Falar a verdade é tão libertador. Agora podemos falar daquele aqui? (apontando para um outra quadro)

(Todos olham assustados para Letícia)

Rebeca: (tentando manter a calma) – Não precisa. Com licença, vou até o bar. (saindo)

Laura: (enxugando as lágrimas) - Sua insensível. (saindo)

Letícia: (olhando para Arthur) – O que foi gente? Ela pediu para eu ser sincera.

Arthur: (rindo e beijando Letícia) – Você é a criatura mais adorável do mundo.

Bernardo: (batendo no ombro de Arthur) – Fala grande Jathur.

Arthur: - (pegando na mão de Bernardo) – E aí, Berna? Tudo em cima?

Bernardo: - Eu estou ótimo. E quem é a gata?

Arthur: - Minha namorada.

Letícia: (pegando na mão de Bernardo) – Prazer. Sou a Letícia.

Bernardo: - Espero que não seja uma patricinha igual a Viviane.

Arthur: (abraçando Letícia) – Nem se compara. (beijando a namorada)

Letícia: (falando baixo) – Viviane... é?

Arthur: - Uma bruxa que eu tive o desprazer de conhecer. Né? (olhando para Bernardo)

Bernardo: - Sim, uma bruxa. Ei, o pessoal está indo. Vamos para a Praça do Congresso.

Arthur: - Você quer ir?

Letícia: - Claro. Vamos sim.

No hospital fui até o quarto de Zedu para me despedir, afinal eu pegaria alta do hospital, e ele estava beijando Alicia. Tentei sair, mas a namorada do meu "namorado" me viu. Ela ficou super animada e me agradeceu muito.

Alicia: - Nossa. Vocês dois são incríveis. (pegando na mão de Zedu) – Devem ter passado tanto frio.

Zedu: (sem graça) – Frio foi o de menos.

Alicia: - E você Yuri? Como se sentiu?

Yuri: - Eu me senti muito desesperado, mas o Zedu manteve a minha mente no chão.

Alicia: - Na escola vocês são celebridades. Todos os jornais falaram de vocês. (entregando vários jornais para Yuri)

Yuri: (folheando os jornais) – Sério? (mostrando para Zedu)

Zedu: (pegando o jornal) – O que foi?

Yuri: - A tua foto... o jornal escolheu a melhor... olha... olha a minha.

Zedu: (tentando não rir) – Está fofa.

Alicia: - Sabia que tem vários jornalistas lá fora?

Zedu: - Sério?

Alicia: - Eu mesmo concedi algumas entrevistas. Não se preocupa amor... chorei bastante. (pegando na barriga) – Nossa. Meninos licencinha. Preciso ir ao banheiro. (pegando a bolsa na mesa)

Zedu: - Tá tudo bem?

Alicia: - Problemas de menina. (saindo do quarto)

Zedu: (olhando para Yuri)

Yuri: - Vou ser liberado hoje. (sem olhar para Zedu)

Zedu: - O que vamos fazer?

Yuri: - Eu não sei. (levantando e indo até a janela)

Zedu: - Eu... eu... acho que não consigo.

Yuri: - Eu imaginava. Eu também não tenho coragem de falar para o Diogo. Ele... ele me ama.

Zedu: - Você o ama?

Yuri: - O que isso importa?! Quer dizer que eu posso abrir mão do Diogo, mas você pode ficar com a Alicia.

Zedu: - O problema não é a Alicia e você sabe disso.

Yuri: - Eu só quero viver a minha vida e ser feliz.

Zedu: - Eu não posso te impedir.

Yuri: - Não pode mesmo. Acho melhor a gente se afastar um pouco.

Zedu: - Ei. Não vamos ser tão extremos. Acho que podemos conviver no mesmo espaço.

Yuri: - Zedu? Você não entendeu? Eu te amo. (sem olhar para Zedu e olhando pela janela)

Zedu: (com lágrimas nos olhos) – Yuri... eu... eu...

Yuri: (andando até a porta) – Eu sei. (olhando para Zedu) – Eu sei.

Zedu: - Me perdoa.

Yuri: (indo até Zedu, o beijando e saindo do quarto em seguida)

Zedu: (de olhos fechados)

Brutos voltou para casa e dispensou seus amigos. Ele ficou com medo do que encontraria na câmera, mas colocou o drive no computador. Brutos estava certo, ele encontrou cenas quentes de João e Lucas.

Brutos: - Que merda. O que eu faço? Metade desse material eu não posso usar, mas se eles são gays... porquê esse ódio do Yuri?! Será que o Vando tem alguma coisa haver com isso?! Calma, Brutus, você precisa manter a calma.

Carlos, Giovanna e Richard foram até o supermercado para comprar doces e um bolo para o meu retorno para casa.

Giovanna: - Esse bolo de Nutella com chocolate branco parece ser uma delicia.

Carlos: - Verdade. Vocês falaram que o Yuri adora Nutella.

Giovanna: - Meu irmão gosta de comer bem. Então precisamos levar algo bem gostoso.

Richard: - Ach...

Giovanna: - Não. Sem dicas. (pegando o bolo)

Carlos: - (pegando na cabeça de Richard) – Mulheres. Um dia você vai entender o poder delas.

Richard: - Por isso você é o capacho da titia?

Carlos: - Capacho? Eu não. Temos um relacionamento igualitário.

Richard: - Não parece. Você parece a mulher da relação.

Carlos: - Mulher?

Richard: - Sim. A titia manda. (indo atrás de Giovanna)

O médico me examinou mais uma vez e disse que eu poderia me recuperar em casa. Fiquei feliz, apesar de tudo. A minha tia foi resolver as papeladas do hospital e o Diogo ficou me esperando do lado de fora do quarto enquanto eu me trocava. Quando sai ele não estava mas lá, saí e fiquei na frente da porta do quarto de Zedu. A Alicia o acompanhava, eles pareciam felizes. Uma lágrima escorreu do meu rosto, limpei e senti uma mão no meu ombro.

Diogo: - Vamos? A tua tia está no carro.

Yuri: - Vamos.

Diogo: - Espero que os repórteres não estejam lá na frente.

Yuri: - (parando) – Ei. Espera. (pegando o celular) – Escuta uma coisa comigo?!

Diogo: - O que?

Yuri: - Não sei. Vamos colocar no aleatório. Na verdade esse é o celular da minha tia, então... pode ser qualquer coisa. (entregando um lado do fone para Diogo que coloca em seu ouvido)

Diogo: (rindo)

Yuri: - Preparado?!

Diogo: - Manda bala.

Em vez de você ficar pensando nele

Em vez de você viver chorando por ele

Pense em mim, chore por mim

Liga pra mim, não, não liga pra ele

Pra ele! Não chore por ele!

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Diogo olha para mim de um jeito muito diferente. Fico com um aperto no coração, pois, não estou sendo 100% honesto sobre o que eu sinto por ele. Diogo toca no meu rosto, e eu fecho os olhos. Naquele momento eu desejei mundo o amor da forma como eu o Zedu. Descemos e vários repórteres me esperam. Começam a fazer perguntas sobre o nosso desaparecimento.

(repórteres cercam Yuri, Olivia e Diogo)

Diogo: (empurra um deles) - Cuidado.

Yuri: - Calma. (pegando no braço de Diogo)

Olivia: - Ele vai responder apenas uma pergunta.

Repórter: - Olá? Conta para gente sobre essa infeliz experiência de se perder na floresta?

Yuri: - Foram dois dias perdidos. Eu e um amigo conseguimos achar o caminho de casa. Graças a Deus que o pior não aconteceu. Eu não diria que foi uma experiência infeliz, mas eu pude aprender muito sobre mim mesmo e as minhas limitações. Eu só quero voltar para a escolar e me formar. Quero ter uma boa vida e valorizar as coisas que eu tenho. (olhando para Diogo). Agora eu preciso ir para casa. (saindo)

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Se lembre que eu há muito tempo te amo

Te amo! Te amo!

Quero fazer você feliz

Vamos pegar o primeiro avião

Com destino à felicidade

A felicidade pra mim é você

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Brutos foi até a casa de Ramona. A minha amiga ainda estava muito magoada com ele, mas o Brutus não sabia o que era desistir. Ele foi até a janela de Ramona e começou a gritar por ela. Envergonhada, ela desceu e conversou com ele.

Ramona: - Você fez muita coisa errada.

Brutus: - Eu já falei com o Yuri. A gente se acertou. Eu sei que eu fui um babaca. Eu só quero ter a amizade de vocês novamente.

Ramona: - Eu não sei.

Brutus: (Se aproximando) - Na verdade.. de você... eu quero mais que amizade. (beijando Ramona)

Ramona: (afasta Brutus) - Não podemos. (entra para casa)

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Pense em mim, chore por mim

Liga pra mim, não, não liga pra ele

Pra ele! Não chore por ele!

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Zedu se sente triste sem a minha companhia. Ele olha algumas fotos no notebook e percebe que não tem nenhuma só comigo. Ele começa a lembrar dos momentos que passamos na floresta e um misto de emoções toma de conta dele. Zedu lembrou do nosso primeiro beijo, de como achou a minha boca gostosa, recordou quando me penetrou pela primeira vez e teve que segurar forte para não gozar, e da forma como eu o protegia enquanto ele estava debilitado. Em seguida, ele observou a sua mãe que dormia em uma cama improvisada no hospital. Ele começa a chorar.

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Pense em mim, chore por mim

Liga pra mim, não, não liga pra ele

Pra ele! Não chore por ele!

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Cheguei em casa e algumas pessoas queridas estavam lá. Letícia, Artur, Ramona, Brutus, George, João, Hélder, meus irmãos, Carlos e a minha tia. Havia bolo, docinhos e um cartaz de boas vindas. Decidi aproveitar aquele momento de estar perto de pessoas que realmente me amavam. Sobre o futuro, bem, vou precisar esperar um pouco para descobrir o que vai acontecer.

Brutos: - Grandão.. disse que você matou um jacaré?

Yuri: - Três. Desse tamanho. (esticando os braços)

(todos riem, menos Ramona que olha de forma triste para Brutus)

Olivia: - Carlos. (abraçando o namorado)

Carlos: - Oi, amor. (virando e beijando Olivia)

Olivia: - Obrigada por tudo. Sem você não sei como seria.

Carlos: - Estou aqui por você.

Giovanna: - Tia, a pizza chegou. (indo até a cozinha)

Olivia: (tirando dinheiro da carteira)

Carlos: - Eu pago.

Olivia: - Não amor. Não seja bobo. Você já fez demais. (indo pegar a pizza e deixando Carlos desconcertado)

Diogo: (beijando a nuca de Yuri) - Ei. Tá pensativo demais.

Yuri: - Estou ótimo.

Diogo: (tirando uma caixa do bolso) - Comprei um presente para você.

Yuri: - Não precisava bebê.

Diogo: (entregando a caixa para Yuri)

Yuri: (recebendo e abrindo o pacote) - Realmente não precisava.

Diogo: - Você merece tudo lindo.

Yuri: - Nossa que colar lindo. Y e D. Que lindo. De verdade. (abraçando o namorado, mas se sentido culpado por mentir)Ok. Depois de quase morrer em uma floresta, eu decidi fazer uma lista de prioridades, a primeira coisa era fazer uma dieta, afinal precisava emagrecer para ganhar mais controle sobre o meu peso, em segundo lugar, precisava contar a verdade para o Diogo, eu não queria viver daquele jeito, e em terceiro, evitar o Zedu, mas infelizmente esse item eu não consigo cumprir.

Zedu: (beijando Yuri) – Você é muito gostoso.

Yuri: - (beijando Zedu) – Você também.

Sim. Eu e Zedu tentamos, mas não conseguíamos evitar de nos aproximar. Ele era tudo de bom. Eu sei, estou errado, mas não consigo. A gente se pegava principalmente no banheiro da escola, ou em alguma sala vazia, era um risco.

Zedu: - Vai você primeiro. (se olhando no espelho)

Yuri: - Zedu. Isso não é certo.

Zedu: - Eu sei, mas você é irresistível.

Yuri: - Eu não quero ser apenas mais uma transa para você.

Zedu: - E quem disse isso?

Yuri: - Ninguém Zedu, mas olha a nossa situação. Temos que esperar ninguém estar por perto para curtir... (falando baixo) – E temos nossos namorados. Eu me sinto péssimo.

Zedu: - Desculpa... desculpa ser tão complicado. Eu gosto de você, mas...

Yuri: - Acho melhor a gente se evitar. Eu mal consigo olhar para o Diogo.

Zedu: - Podemos esperar até depois do baile de férias? Por favor.

Yuri: - Temos menos de dois meses. Espero que você decida. (saindo)

Zedu: (olhando para o espelho)

O George, nosso amigo fotógrafo, decidiu fazer uma exposição com fotos de casais LGBT's, o Diogo nem preciso falar que ficou animado com toda a situação. A gente ia ajudá-lo na produção, e também fazer o cadastro dos casais que participariam dos ensaios fotográficos.

George: - E você tá bem, Yuri?

Yuri: - Sim. Esses dias em casa foram maravilhosos, o engraçado é que a gente só da valor a essas coisas quando perdemos.

George: - É verdade. Eu acho que não teria coragem de fazer as coisas que vocês fizeram. Ia ficar parado esperando o resgate.

Yuri: - Eu não podia. O Zedu estava muito machucado e...

George: - Gente. Falar em Zedu, aquele menino é gatinho... pena que ele não é gay.

Yuri: - Nem tanto... ele... eu nem acho ele tão bonito assim... e... e... (ficando desesperado) – E... vamos falar sobre os casais dos ensaios?

George: - Sim. Eu falei com um amigo meu, ele é jornalista. Eles vão divulgar. Uma preocupação a menos.

Yuri: - E você acha que muita gente vai se inscrever?

George: - Infelizmente poucas pessoas.

Yuri: - Muitos que gostariam não são assumidos, né?

George: - Sim. A garotada gay ainda é reprimida, foi assim na minha época e continua.

Diogo: (entrando) – Oi. Perdi alguma coisa?

George: - Estamos só falando sobre o ensaio LGBT.

Diogo: - Já sabe onde quer tirar as nossas fotos? (sentando ao lado de Yuri)

Yuri: - Não sei.

George: - No caso de vocês vou precisar da assinatura dos pais ou responsáveis.

Yuri: - É um saco ser menor de idade.

Diogo: - Quero tirar em um lugar bem inusitado.

Yuri: - Tipo o que?

Diogo: - Não sei. Em alguma Avenida importante, como a Djalma Batista ou a Constantino Nery.

Jonas e Hélder (entrando)

Hélder: (sentando no colo de Diogo) – Nossa, a creche invadiu nosso apartamento. (rindo)

Jonas: - Boa noite meninos. (sentando perto de George e o beijando) – Então? Uns amigos ficaram interessados no ensaio.

George: - Que bom.

Yuri: - É tão bom ter pessoas inspiradoras como vocês. (rindo)

Diogo: (sem ar com o peso de Hélder)

George: - Hélder, bicha má, sai de cima do Diogo. Agora.

Hélder: (saindo de cima de Diogo) – Credo. Nem sou tão pesado assim. (indo até a cozinha)

Yuri: (rindo) – Como eu dizia. Vocês são uma inspiração para mim. Acho tão legal que são engajados na causa LGBT.

Diogo: - Verdade. Essa é uma das coisas que eu mais admiro no George.

George: - Parem. Assim eu fico vermelho.

Jonas: (beijando George no rosto várias vezes) – Meu mozão não sabe receber elogios?!

Ramona precisou fazer compras de última hora, mas ela trouxe para casa mais coisas que esperava, no caminho, Brutus a ajudou. Os dois estavam ficando próximos, acho que o romance dos dois era mais obvio que o meu e o do Zedu.

Ramona: - O Yuri me contou do plano. Fico feliz que tenha voltado.

Brutus: - Eu também fiquei feliz. Eu fui idiota. Eu nem sei como pude ter sido tão babaca, com o Yuri, o Zedu, a Letícia, e principalmente com você.

Ramona: - Acontece. Afinal você passou por algum muito difícil.

Brutus: - E sobre o baile da escola? Você vai?

Ramona: - Ainda não sei. Estou animada, mas...

Brutus: - Mas?

Ramona: - Ninguém me convidou.

Brutus: (tropeçando e quase caindo)

Ramona: - Cuidado. (segurando Brutus) – Não vai cair.

Brutus: - Desculpa.

Ramona: - Tudo bem. E você?

Brutus: (nervoso) – O que tem eu?!

Ramona: - Quero saber se vai convidar alguém?!

Brutus: - Eu? Não... não...não... eu nem gosto dessas coisas. Baile é coisa de menininha.

Ramona: (desanimada) – Ah. Puxa. Entendi.

Brutus: - A não ser que você queira ir... e... e.... eu posso...

Letícia: - Oi?! (assustando Brutus) – Estou atrapalhando o casal?

Brutus: - Não! Não! Estou ajudando a Ramona...

Ramona: (rindo discretamente) – Sim. O Brutus me ajudou.

Letícia: - Gente. E o baile? Quero convidar o Arthur. Acho que vocês deveriam ir juntos.

Ramona e Brutus: (se olhando e ficando vermelhos)

Letícia: - Sério. Afinal quem vai querer ir com o Brutos? Só você mesmo para fazer essa caridade Ramona.

Brutus: (soltando fogos pela venta) – O que?!!!! Ei. Muitas meninas querem sair comigo, tá.

Letícia: - Quem?!

Brutus: - Tem a ... e a .... também tem a ....

Letícia: - Olha. Só gata.

Brutus: - Para de ser intrometida garota. (indignado)

Ramona e Letícia (rindo)

Em casa as coisas estavam tranquilas, a titia e o Carlos saiam todos os dias. A Giovana continuava a mesma, já o Richard havia mudado um pouco, ele continuava traquina, mas de uma forma moderada. Acho que ele ainda se sentia responsabilizado pelo que aconteceu comigo e o Zedu.

Giovanna: (sentando no sofá) – Boa noite, perdedores.

Yuri: (sem olhar para Giovanna) – Já fez a lição?

Giovanna: - Claro. (olhando o celular e tirando uma selfie)

Richard: - Yuri. Posso trazer um amigo da escola amanhã?

Yuri: - Claro. Vocês vão fazer algum trabalho?

Richard: - Sim. De ciência.

Yuri: - Tudo bem. A mãe dele sabe?

Richard: - Sim. Ela vai nos trazer, eu não preciso vir na Van.

Giovanna: (pulando do sofá) – Ei. Eu também não quero vir de Van.

Richard: - Não tem vaga. Ela tem quatro filhos.

Giovanna: (quase caindo do sofá) – Droga.

Yuri e Richard: (rindo)

Giovanna: - Vou ter que vir naquela lata de sardinha. Uó. (fazendo uma selfie) – Essa foto mostra a minha indignação.

Yuri: - Vou preparar mais frango. (indo para a cozinha)

Richard: - Vai ser tão legal, voltar da escola em um carro confortável sem outras mil crianças gritando.

Giovanna: (tacando a almofada em Richard)

Richard: (caindo de cara no chão) – Ai. Ignorante.

A mãe de Zedu se preocupava com a recuperação do filho. Ele ficou com uma grande cicatriz na perna, mas até isso era bonito nele. Acho que o Zedu ficou mais charmoso. A dona Teodora era uma mãe muito carinhosa, e que sempre teve o sonho de ter filho, o Zedu era seu eterno bebê. Os dois irmãos de Zedu, o José Luiz e o Frederico, já estavam na faculdade, então de certa forma já eram independente dos pais.

Zedu: - Oi, mãe. O que tem para comer?

Teodora: - Amor, eu fiz risoto de camarão. O teu prato está no forno.

Zedu: (beijando a mãe) – Obrigado Dona Teodora.

Teodora: (arrumando alguns utensílios de cozinha)

Zedu: (sentando na mesa e comendo igual a um monstro)

Teodora: - Calma. A comida não vai fugir do seu prato. E ainda tem mais na panela.

Zedu: (com um sorriso no rosto) – Está muito bom, obrigado. (comendo)

Teodora: (fazendo uma cara engraçada) – Esse meu filho.

Zedu: (devorando todo o prato)

Teodora: (observando o filho)

Zedu: (terminando de comer e limpando a boca com o braço) – O que foi?

Teodora: - Você está diferente Zedu.

Zedu: - Diferente?

Teodora: - Você está mais leve, feliz. Tem alguma coisa acontecendo?

Zedu: - Não.

Teodora: - E o engraçado é que tudo mudou depois que você se perdeu na floresta.

Zedu: - Er... mãe... eu... eu.... É...

Teodora: - O que foi?!

Zedu: - (com o coração na boca) – Eu....

Fred: (entrando na cozinha) – Boa tarde. Qual é o rango de hoje?

Zedu: (assustado)

Teodora: - Oi, filho. Eu fiz risoto. Está quentinho.

Fred: - A senhora é a melhor mãe do mundo. (beijando Teodora)

Teodora: - Eu não mereço os filhos que tenho.

Fred: (servindo o prato) – Ei, Zedu. Adivinha?

Zedu: - O que?

Fred: - Conversei com uma amiga minha e contei a tua história. Até mostrei aquela entrevista que você deu para a televisão.

Zedu: - E?

Fred: - Ela trabalha para um cara que conhece um cara que trabalha na Arena da Amazônia. E eles descolaram um ingresso para o jogo do Flamengo contra o Vasco.

Zedu: (os olhos do Zedu brilharam) – O que? (levantando) – Você tá brincando?!

Fred: - Não. Não estou.

Zedu: - Eu não acredito. (abraçando Fred)

Fred: (empurrando Zedu) – Sai. Eu que te agradeço. A gatinha tá na minha graças a você.

Teodora: - Que coisa feia, Fred. Usando o Zedu para ganhar vantagem.

Zedu: - Deixa mãe. Ele pode sim. Não acredito. Vou ver o jogo do Flamengo.

Fred: - Ah e você pode levar um convidado.

Zedu: - Sério?!

Teodora: - Vai levar o Bruno?

Zedu: - Bruno?

Teodora: - Ah.. o Brutus... vai levar o Brutus?

Zedu: - Acho que não.

Fred: - Ele vai levar a gatinha dele, né? A Alicia. (comendo com calma)

Teodora: (admirando o filho mais velho)

Fred: - O que foi?

Zedu: (colocando o prato na pia) – Ela tá assim. Ficou me olhando também.

Teodora: - Fred, você bem que podia ensinar o teu irmão a comer.

Zedu: (revoltado) – Ei! Mas eu sei comer, tá.

A minha amiga Letícia a cada dia entrava mais no mundo de Arthur. A turma dele era idealista e sempre lutava por alguma coisa. Eles foram para um protesto contra o uso de animais em testes farmacêuticos.

Bernardo: - Jarthur e a gatinha dele. Pode crer. (cumprimentando Arthur)

Arthur: - Então? Em que podemos ajudar?

Bernardo: - Tem alguns cartazes que vocês podem segurar. A gente vai fazer uma encenação, mas algumas modelos não poderão vir.

Letícia; - Eu posso ajudar?

Bernardo: - É algo bem simples.

Letícia: - Claro. Pode contar.

Enquanto, Bernardo explicava o plano para Letícia, Arthur sorria e sentia-se feliz por tê-la ao seu lado. Ele nunca pensou que encontraria o verdadeiro amor, mas lá estava ela. Ele adorava tudo em Letícia, seu sorriso, seus cabelos, a cor dos seus olhos.

Letícia: - Eu quero sim. (entregando a bolsa para Arthur) – Amor, segura. Vou lá com as meninas. (saindo)

Bernardo: - Essa é de fé. Espero que você não estrague tudo.

Arthur: - Estou trabalhando nisso.

Bernardo: - Por falar nisso. Você foi com o meu tio?

Arthur: - Sim. Ele receitou pilulas novas. (tirando um frasco do bolso e mostrando para Bernardo)

Bernardo: - Perfeito. Vamos preparar as coisas?

Arthur: (guardando o frasco na bolsa de Letícia)

O grupo começou a fazer a manifestação em frente a uma empresa. Arthur pegou a câmera e começou a registrar tudo. Letícia e outras meninas tiraram as roupas e ficaram apenas de roupa íntima, um outro rapaz começou a jogar uma tinta vermelha nelas.

Bernardo: (com um alto-falante) – É isso que acontece com os animais! Eles são torturados todos os dias por muitas empresas. Será que eles não tem direito a liberdade?! Quantos animais não morrem com esses testes? E se isso fosse feito com humanos?!

Letícia: (olhando para as outras modelos e começa a rastejar)

Rapaz: (fingindo que bate nas modelos) – Animais imundos! Vocês não restiram ao primeiro teste!

Bernardo: - Essa é a realidade em muitas empresas. Devemos nos certificar que os animais não sofram por causa disso!!!

Letícia se sentiu bem. Ela estava adorando fazer aquilo, principalmente por causa da mensagem que eles pretendiam passar. A polícia apareceu, mas não fez nada, afinal a manifestação era totalmente pacifica. Em certo momento, a minha amiga virou e não percebeu que havia uma pedra no caminho, ela bateu a cabeça, mas não parou de atuar. Depois da manifestação, eles foram para a sede do PA (Parceiros dos Animais).

Letícia: - Amor me passa a minha bolsa. Quero me lavar. (pegando a bolsa)

Bernardo: - O banheiro fica no final do corredor, próximo ao bebedouro.

Letícia: - Obrigado. Já volto.

A minha amiga abriu a bolsa e encontrou o frasco do remédio de Arthtur. Ela tomou pensando que era para dor de cabeça. Arthur também nem se atentou ao remédio, ficou mais interessado nas imagens que havia feito durante a manifestação.

Arthur: - Vou fazer uma edição massa.

Bernardo: - Muleque, o bagulho ficou louco mesmo. Parabéns.

Arthur: (passando o vídeo para uma cena da Letícia) – Ela é linda, né?

Bernardo: - (levantando as mãos) – Mulher de parceiro meio é homem. (rindo)

A noite recebi uma mensagem do Zedu. Eu realmente deveria estar louco. Ele falou que havia pedido da mãe para dormir na minha casa. Eu não podia dizer a mesma coisa para a minha tia, afinal, ela saiba sobre nós dois. Pedi para ele aparecer em casa quando todos estivessem em seus quartos. Desci e abri a porta para o Zedu. Subimos para o meu quarto.

Zedu: - A mamãe falou que eu estou diferente.

Yuri: - Diferente?

Zedu: - Mais feliz.

Yuri: - Entendi. Mas por que ela falou isso?

Zedu: - Acho que porque eu realmente estou. (pegando no rosto de Yuri) – Eu quase contei para ela hoje.

Yuri: - Sério? E o que houve?

Zedu: - O Fred chegou e atrapalhou tudo.

Yuri: - Puxa. (fazendo carinho no rosto de Zedu) – Zedu. Eu vou terminar com o Diogo.

Zedu: - Você quer isso?

Yuri: - Eu não consigo mais mentir. Eu me sinto péssimo.

Zedu: - Eu também. A Alicia estava reclamando... que eu... não compareço mais.

Yuri: - (rindo)

Zedu: - Isso é sério.

Yuri: - Eu sei. É que você falando fica tão bonitinho. (beijando Zedu)

Zedu: (beijando Yuri)

Yuri: - Olha. Eu sei que é difícil, mas não podemos fazer o Diogo ou a Alicia de palhaços. Isso não é certo. Eu gosto de você, quero ficar com você, mas do jeito certo.

Zedu: - Eu também. Eu sei disso desde a primeira vez que eu te vi. (beijando Zedu) - Deixe eu penetrar em você só de frango assado?

Yuri: - Sim. (tirando a cueca e pegando o lubrificante)

Zedu: (tirando a roupa toda) - Ei, tira a blusa também.

Yuri: (tirando a blusa e apagando a luz)

Zedu: (acendendo a luz) - O que tá acontecendo.

Yuri: - Eu sou feio. Você é lindo e eu...

Zedu: (beijando Yuri) - Você é a pessoa mais linda que eu já conheci. (pegando o lubrificante, passando no pênis e penetrando Yuri)

Yuri: (sentindo dor, mas relaxando) - Você é demais para mim.

Zedu: (penetrando Yuri com força e o beijando)

Naquele momento o meu mundo parou, o cara que eu sou apaixonado disse as palavras mágicas. "Eu te amo". Ele disse que me amava. Meu Deus. Devo estar sonhando. A gente fez sexo quatro vezes naquela noite. Acordamos cedo e dispensei o Zedu antes de todo mundo descer.

Na escola, o João e o Lucas foram confrontar o Brutus. Eles disseram que viram o Brutus falando comigo no pátio da escola.

Brutus: - Eu estava mesmo. Algum problema?

João: - E se esse viado tentar te pegar?

Brutus: - Isso não vai acontecer.

Lucas: - Pensei que fossemos parceiros?

Brutus: - Eu? Parceiro de vocês?

Lucas: - Sim.

João: - Você não vai dar para trás sobre o plano que estamos bolando contra o Yuri, né?

Brutus: - Sobre isso que eu queria falar com vocês, mas acho melhor não ser aqui. Me sigam. (andando em direção a uma sala vazia)

João: - O que está acontecendo? (seguindo Brutus)

Lucas: - Vai dar para trás? Não acredito.

Brutus: - Não, Lucas. Não vou dar para trás. Até porque quem faz isso é você.

Yuri: - Olha, olha. (entrando na sala)

Lucas e João: - Yuri.

Yuri: - Que coisa feia. Tentando me jogar contra o Brutus. Eu confesso, ele é gostoso, mas não faz meu tipo.

Lucas: - Você contou para ele? E que história é essa que eu dou para trás?

Yuri: (pegando o celular e mostrando o vídeo de Lucas e João fazendo sexo)

João: - Isso é. Isso é mentira. Isso é falso.

Lucas: - Merda.

Yuri: - Para mim parece bem real.

João: (colocando Yuri contra a parede)

Yuri: - Vai usar de violência? Eu não tenho culpa se você é gay. Assim como a minha sexualidade não deveria ser problema para você. (tentando empurrar João)

Lucas: (chorando) – O que vocês vão fazer com isso?

Brutus: (tirando João de cima de Yuri e jogando contra umas cadeiras) – Escuta aqui. A gente não quer fazer nada contra vocês, mas vocês tem que nos deixar em paz. Eu sou amigo do Yuri e nada vai mudar isso. Então, nada de plano contra ele.

João: (levantando) – Besteira. Posso processar vocês.

Brutus: - Será? Porque para processar você vai ter que mostrar o vídeo para muitas pessoas.

Yuri: (olhando para Brutus com cara de medo)

Brutus: - O vídeo está em um lugar seguro. Se alguma coisa acontecer comigo e com o Yuri todos vão saber o segredinho de vocês. (colocando João contra a parede) – E vocês não querem me ver com raiva, né?

João: - Não. (controlando a raiva)

Yuri: (tirando Zedu de perto de João) – Chega. Eles entenderam. Vamos. (levando Brutus embora) – Eu fiquei com medo de você.

João: (caindo no chão)

Lucas: (se agachando perto de João) – Ei, calma.

João: (empurrando Lucas) – Sai daqui, viado imundo!

Lucas: (saindo da sala)

João: - Espera. Vamos para o laboratório. Precisamos pensar num plano. Vou acabar com esses dois.

Lucas: - Porque você tem tanta raiva do Yuri?

João: - Vamos logo. Precisamos chegar no laboratório antes do sinal tocar, se não a velha Ray vai nos pegar. (saindo)

Brutus me surpreendeu. Ele não era tão burro quanto eu pensava e a partir daquele dia eu passei a admirá-lo mais. Encontrei o Diogo na biblioteca, ele fazia uma pesquisa para um trabalho de Biologia. Eu não sabia como começar a contar e perdia coragem.

Diogo: - Você tá bem?

Yuri: - Sim.

Diogo: - Está distante. Na verdade, você parece distante há algum tempo.

Yuri: - Esses trabalhos tiram a minha concentração.

Diogo: - Entendi. Ei, vou ter que sair mais cedo. Te encontro mais tarde?

Yuri: - Sim.

Diogo: - Tudo bem. (quase beijando Yuri na boca, mas se afasta) – Esqueci. Estamos na escola. (saindo)

Letícia estava se sentindo zonza e achou que ainda era por causa da dor de cabeça. Mais uma vez, ela tomou o remédio de Arthur.

Ramona: - Oi?

Letícia: - Oi? Mana estou com uma dor de cabeça horrível. Desde ontem. (gritinho) – Preciso te mostrar umas fotos.

Ramona: - Nossa. Que animação. (sentando) – Cadê?

Letícia: (mostrando as fotos) – Estou fazendo parte de um grupo que faz manifestações por causa dos animais. É tão legal. Aqui ficamos sem roupa e atuamos como se fossem os animais que são utilizados em testes.

Ramona: - Que legal. Você parece um pouco agitada hoje. Não quer ir na enfermaria?

Letícia: - Estou ótima. E me conta? O Brutus já te pediu para ir ao baile?

Ramona: - Não. Ele tá demorando demais. E se eu pedir?

Letícia: - Acho super legal. Eu, por exemplo, vou pedir ao Arthur.

Ramona: - Tenho medo de assustar o Brutus.

Letícia: - Ele não beijou?!

Ramona: - Fala baixo. Beijo, mas e se ele estava confuso?

Letícia: - Amiga, a última coisa que fazemos quando estamos confusos é beijar alguém. Ele gosta de ti, mas deve ter vergonha. Olha, pega o bofe logo, antes que uma sirigaita o pegue.

No quarto tempo não tivemos aula, a professora adoeceu, então ficamos com um período livre. Decidi ir para uma sala vazia, queria terminar meu projeto de Biologia. Que merda, eu não entendia nada. Zedu entrou na sala um tempo depois.

Yuri: Ah, não. Sai Zedu.

Zedu: (rindo) – Calma. Não posso vir beijar meu namorado.

Yuri: - Tá louco? Fala baixo.

Zedu: - Desculpa. É que a Alicia deu uma folga. E eu quis vir te beijar. (beijando Yuri)

Yuri: - (empurrando Zedu) – Tá bom. Já beijou. Agora vaza.

Zedu: - Que rude. Falou com o Diogo?

Yuri: - Não consegui.

Zedu: - Eu vou falar com a Alicia quando terminar a aula. É hoje.

Atrás do balcão, João e Lucas ouviam toda a conversa, eles até tentaram pegar o celular para gravar, mas não conseguiram. O João ficou com mais raiva ainda. No fundo, ele era apaixonado pelo Zedu e não gostava da minha amizade com ele. O João até tentou fazer parte da turma, mas o Zedu tratou ele normal.

Manaus – 1 anos antes

Brutus: - Eu trouxe os refrigerantes. (entregando para Zedu e João)

Zedu: - Valeu.

João: - Obrigado.

Brutus: - Vou na padaria comprar alguma coisa. Vocês querem?

Zedu: - Vou querer pão de queijo.

João: - Eu também.

Brutus: (saindo)

Zedu: - Vou aproveitar que o Brutus saiu e tomar um banho. (tirando a camisa e a bermuda) – Não demoro. (entrando no banheiro)

João: (pegando as roupas de Zedu e cheirando) – Gostoso.

Apesar dos esforços de João. Zedu nunca olhou de outra forma para ele. Naquele dia, na sala de aula ele ficou possesso. Eu, um cara gordo e branquelo havia consigo a coisa que ele mais queria, o Zedu.

Lucas: (segurando João e falando baixo) – Calma. Podemos usar isso contra ele.

João: (ofegante) – Ele vai me pagar. Eu vou destruir esse gordo!

Dhiego Ramos
Enviado por Dhiego Ramos em 04/08/2019
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