[Romance LGBTQ+] AMOR DE PESO - 01X10 - A LUZ NO FIM DO TÚNEL

Pai e mãe,

Estou destruído. Nem acredito que causei dor para tantas pessoas. Diogo, Alicia, Brutus, Ramona e Letícia, eles foram afetados por todas as mentiras que eu contei.

Lá estava eu, deitado no chão sujo da festa, e não conseguia sentir o meu nariz. O Brutus me levantou e perguntou se eu tava bem, ele saiu para tentar alcançar o Diogo, mas eu fui atrás dele e disse que era para deixar quieto. Eu mereci aquele murro. Eu não sabia o que fazer, comecei a chorar.

Brutus: - Ei. Calma. (pegando no meu ombro e depois me abraçando)

Yuri: (chorando) – Eu estraguei tudo.

Brutus: (me levando até a calçada) – A gente sempre estraga. Lembra que quase estraguei a nossa amizade. (sentando com Yuri na calçada)

Yuri: - Eu deveria ter contado antes. Eu... (chorando)

Brutus: (tirando uma garra de vodka do bolso) – Isso vai ajudar.

Yuri: (tomando e colocando a cabeça no ombro de Brutus) – Podemos passar o resto da noite aqui?

Brutus: - Podemos. Afinal, você quebrou o som do Bernardo. E só por isso você ganhou mil pontos comigo.

Yuri: - O Bernardo? O que tem ele?

Brutus: - Tentou seduzir a Ramona.

Yuri: - Você e a Ramona? Sério?

Brutus: - Você e o Zedu? Como eu não percebi isso?

Yuri: - Eu prometo que um dia te conto. (tomando mais um gole de Vodka)

Brutus: - É engraçado essas merdas que acontecem né?

Yuri: - Eu ainda não cheguei na parte engraçada, mas assim que chegar te aviso. (bebendo mais um gole)

Brutus: - Ei. (pegando a garrafa de Yuri) – Vai devagar grandão.

Yuri: (colocando a cabeça no ombro de Brutus) – Eu quero morrer.

No lado de dentro, Bernardo e Ramona tentavam dar um jeito para ligar a caixa de som. Enquanto, a Letícia passava mal no banheiro e era amparada por Arthur. Zedu e Alicia discutiam sobre o fato dele ser flagrado comigo na cama.

Zedu: - Eu ia te contar.

Alicia: - Zedu, eu nunca fui tão humilhada. E, logo com um gay e gordo.

Zedu: - Cala a boca. Não fala assim dele. A culpa é minha.

Alicia: - Vai defender o namoradinho?! Ele é um gordo ridículo. (chorando)

Zedu: - Eu quero terminar.

Alicia: - Você quer terminar? Você?!

Zedu: - Sim. Eu quero. E já quero fazer isso há muito tempo. Eu não sou feliz ao seu lado.

Alicia: - E vai ser feliz ao lado do rolha de poço?!

Zedu: - Eu já disse para você não falar assim dele.

Alicia: - O que há de errado com você? Zedu. O que as outras pessoas vão pensar?!

Zedu: - Eu não me importo. Chega de sentir medo. Eu passei tanto tempo pensando nisso que esqueci do principal... esqueci da minha felicidade.

Alicia: - O que os teus pais vão falar?

Zedu: - Eles vão ter que... eles vão. (respirando fundo)

Alicia: - Quer saber? Vai se fuder Zedu... espero que tú sejas muito infeliz com esse gordo ridículo. Vocês se merecem. (saindo do quarto)

Zedu: (chorando)

Arthur segurava o cabelo de Letícia enquanto ela vomitava no banheiro. Ela disse que estava com muita dor de cabeça e pediu para o namorado pegar seu remédio. O Arthur abriu a bolsa de Letícia e encontrou seu frasco de remédio.

Arthur: - O que significa isso?

Letícia: (limpando o rosto com uma toalha) – O que?

Arthur: - O que você está fazendo com o meu remédio? (segurando o frasco)

Letícia: - Você deixou na minha bolsa e eu tomei por causa da minha dor de cabeça.

Arthur: - Isso é... isso.

Letícia: - Que remédio é esse?! Não é para dor de cabeça?

Arthur: - Não.

Letícia: - Que remédio é esse?!

Arthur: - Letícia... você tá muito bêbada e toda vomitada. Vamos? (guardando o remédio no bolso) – Vou te levar para o quarto da Ramona. (levantando a namorada)

Letícia: - Eu não estou bêbada.

Arthur: - Imagina. Você não está nada bêbada.

Finalmente, Bernardo conseguiu conectar os cabos que eu desliguei, mas depois do barraco as pessoas preferiram ficar comentando do que se divertir. A Ramona foi para a pista de dança com o Bernado para tentar fazer o povo dançar também.

Ramona: - Que vergonha. Nunca imaginei o Yuri e o Zedu. (dançando)

Bernardo: - Cara. Então, o teu amigo gordinho é pegador. (dançando)

Ramona: - Sim. Coitado do Diogo. Nem consigo imaginar a vergonha que foi para ele, mas confesso que fiquei feliz ao ver Yuri e Zedu juntos.

Bernardo: - Mas será que não é apenas sexo? Às vezes só sexo é bom. (se aproximando de Ramona)

Ramona: - Depende muito. Eu quero transar apenas quando eu tiver certeza. (percebendo a besteira que falou) – E você viu quando o Diogo bateu no Yuri?

Bernardo: - Você é virgem?

Ramona: (ficando vermelha)

Bernardo: - Nunca imaginaria isso. Você é tão bonita.

Ramona: - Não encontrei o cara certo ainda.

Bernardo: - E pretende esperar quanto tempo? (olhando no relógio e rindo) – O cara certo está na sua frente.

Ramona: (riso abafado) – Calma garanhão.

Bernardo: - Brincadeira. Sou um cavalheiro.

Ramona: - Que bom.

Bernardo: - Aquele não é o Zedu? (apontando para o lado)

Ramona: - É sim. Com licença. (indo em direção ao Zedu)

Zedu: (transtornado) – Você viu o Yuri?

Ramona: - Ei. Calma. Ele saiu. O Diogo bateu nele e foi embora.

Zedu: (limpando uma lágrima)

Ramona: - Ei. (abraçando o amigo) – Vamos lá no escritório do meu pai.

Eu e Brutos enchíamos a cara. De repente a Alicia chega e faz um teatro sobre o termino dela com o Zedu.

Alicia: - Está feliz orca?! Como o Zedu pode sentir atração por alguém como você? Gordo, feio e ridículo.

Yuri: (ficando de pé) – Olha. Eu tentei, mas...

Alicia: - Espero que você esteja feliz. Eu terminei com o Zedu, mas quer saber? Pode ficar com ele. Vocês dois se merecem. Espero que vocês peguem Aids. Espero que vocês morram.

Yuri: (se aproximando) – Alicia...

Alicia: (dando um tapa na cara de Yuri) – Vai a merda gordo viado. (saindo)

Yuri: (sentando ao lado de Brutus)

Brutus: (passando a garrafa para Yuri)

Yuri: - Valeu. (bebendo)

Brutus: (bêbado) – Pelo menos não foi um murro.

Yuri: - Eu estou tão fudido.

Brutus: - Eu diria que muito... muito.... Muito fudido.

Ramona conversou durante muito tempo com o Zedu. Ele chorou abraçado com a amiga. Zedu disse que a intenção nunca foi machucar ninguém. A minha amiga abriu uma garrafa de whisky de seu pai.

Ramona: (sentando no chão) – Toma. (dando a garrafa para Zedu) – Essa é boa.

Zedu: (bebendo) – Os olhos do Diogo. Eu... (bebendo mais e fazendo uma careta) – Ele estava muito decepcionado.

Ramona: (pegando a garrafa e bebendo) – Porque vocês não contaram para a gente?!

Zedu: - Eu não sei. A gente ficou com medo.

Ramona: - E quando? Como? A gente nunca percebeu...

Zedu: - Eu sou apaixonado pelo Yuri desde a primeira vez que eu o vi chegando no bairro. Vocês não lembram, mas eu lembro quando ele passou no carro. A gente estava praticando slackline na praça. Ele parecia triste, a cabeça dele estava pressionada contra o vidro. Ele estava lindo. (pegando a garrafa e bebendo)

Ramona: - Zedu. Isso faz quase seis meses.

Zedu: - Eu o amo. Mas não queria que as coisas acontecessem desse jeito.

Ramona: - Eu entendo. Posso te contar uma coisa?

Zedu: - Pode. Pode contar o que você quiser.

Ramona: - Eu sou apaixonada pelo Brutus.

Zedu: - E o que falta para vocês ficarem juntos? Ele te ama também. Ele vive falando de você. É um saco.

Ramona: - Sério?

Zedu: - Sim.

Ramona: - Bem. Espero que ele me convide para o baile.

Zedu: - Ramona. Obrigado.

Ramona: - Pelo o que?!

Zedu: - (abraçando Ramona e chorando)

Ramona: - Zedu. (abraçando o amigo)

Zedu: - Obrigado por não me julgar.

Ramona: - Ei. Você é meu amigo querido. Nunca te julgaria. Quem sou para fazer isso?

Zedu: - Estou com medo. De enfrentar a minha família.

Ramona: (colocando as duas mãos no rosto de Zedu e olhando em seus olhos) - A dona Teodora te ama. Ela vai tentar entender. Eu prometo. Se quiser posso ir com você. Zedu, você não está sozinho.

Zedu: (limpando as lágrimas) – Obrigado.

A festa continuou até altas horas. Ramona, Brutus, Bernardo e Arthur tentaram organizar o máximo que eles puderam. A minha amiga prometeu que jamais daria outra festa. No dia seguinte acordou com uma dor de cabeça enorme, por alguns minutos havia esquecido de tudo, mas a realidade sempre é mais dura. O Brutus dormia em cima de mim praticamente, a Ramona encolhida em um canto e o Bernardo jogado no chão.

Yuri: (tirando Brutus de cima) – Droga. Que merda, que merda.

Brutus: - Yuri. Deixa eu dormir. (voltando a roncar)

Yuri: (levantando, indo até o banheiro e mijando) – Droga. Que merda. (olhando no espelho e vendo o nariz roxo) – Porra. Sério? Sério, mesmo?

Zedu chegou em casa e encontrou a mãe preparando o café. Ela pediu para ele sentar e comer algo antes de dormir. Ele sentou e ficou olhando a mãe enquanto ela serviu o seu café.

Teodora: - O que foi meu filho?

Zedu: (lagrimando) – Nada. (saindo e indo até a sala)

Teodora: (indo atrás do filho) – Meu Filho, o que houve? Aconteceu algo? (sentando no sofá) – Senta aqui. Me conta.

Zedu: (chorando, deita no sofá e encosta a cabeça no colo da mãe) – Mãe. Me desculpa.

Teodora: - O que foi meu filho? O que você fez?

Zedu: - Eu... eu.... Eu sou gay.

Teodora: (ofegante) – Oh, céus. (fazendo carinho na cabeça do filho)

Zedu: - Eu... sinto muito. Sei que isso é inaceitável para a senhora.

Teodora: - E há quanto tempo você sabe disso?

Zedu: - Mãe, eu sempre soube, mas evitava.

Teodora: - E a Alicia?!

Zedu: - Eu meio que contei para ela. (levantando) – Mãe, desculpa, não vai me expulsar de casa ou pedir para eu esconder meus sentimentos. (chorando)

Teodora: - Não vou esconder que estou surpresa. Eu... não imaginava que você fosse gay.

Zedu: - Eu sempre escondi mãe. Da senhora, do meu pai e meus irmãos.

Teodora: - Filho. Para de chorar. Eu estou do seu lado. Você é um jovem amoroso, bom estudante e homossexual. Isso não é vergonha para se envergonhar. Eu só peço para ir com calma.

Zedu: - E os comentários? E o papai?

Teodora: - Tudo isso vai se arrumar no seu tempo. Agora quero que você sente na mesa e tome seu café. (levantando e oferecendo a mão para Zedu) – Você sempre será o meu bebê. Não importa o que aconteça.

Zedu: (enxugando as lágrimas e sorrindo) – Obrigado.

Cheguei em casa e evitei a minha família. A minha tia bateu na porta e eu disse que estava cansado e que dormiria durante o dia todo. Na verdade, eu chorei na maior parte do tempo. A Ramona me emprestou uma maquiagem para diminuir a marca rocha no meu nariz, confesso que não adiantou muito.

Olivia: (surpresa) – Yuri. O que aconteceu?

Yuri: (com semblante triste) – O preço da verdade. Isso foi o que aconteceu. (abraçando a tia)

Olivia: - Oh céus. Yuri. O que eu te falei. (abraçando o sobrinho forte)

Yuri: - Eu ia contar, mas ele descobriu.

Olivia: - Ele te bateu?! (se afastando de Yuri e analisando a marca no nariz dele)

Yuri: - Eu não tiro a razão dele.

Olivia: - Da próxima vez que eu ver esse moleque... eu... eu....

Yuri: - Tia. Eu fui o culpado. Eu tenho que enfrentar essa situação.

Olivia: - E o Zedu?!

Yuri: - Ele terminou com a Alicia.

Olivia: - Quer que eu faça algo?

Yuri: - Eu joguei a merda no ventilador tia, eu preciso limpar. Não se preocupe eu estou bem. (abraçando a tia novamente) – Obrigado por ficar do meu lado mesmo quando sou errado.

Olivia: - Yuri. Você é meu filho do coração. Sempre estarei ao seu lado, principalmente quando você errar.

A Ramona contou com a ajuda de alguns convidados para limpar a casa. Ela e Brutus almoçaram juntos naquele dia. Os meus amigos comentaram sobre o escandalo que foi protagonizado por nós naquela noite.

Ramona: - Tem certeza que você não sabia de nada?

Brutus: - Estou mais surpresa que você. Claro que apoiei o grandão. Ele estava arrasado.

Ramona: - O Zedu também parecia péssimo. Eu não imagino o que passava na cabeça deles levar tudo isso escondido.

Brutus: - O preconceito, principalmente o medo deles da nossa reação.

Ramona: - Eles acham que a gente não aprovaria?

Brutus: - Talvez.

Ramona: - E você?

Brutus: - O que tem eu?

Ramona: - O que você sente sobre isso? Acha que eles deveriam ter sido sinceros com os sentimentos deles? Eles demoraram tanto para engatar algo,né?

Brutus: - Não sou a pessoa mais romantica, você sabe disso. Então, não sei.

Ramona: - Verdade. Seu nome combina com você, Brutus. (rindo)

Brutus: - Eu quero ver como vai ser na escola. A gente precisa ficar ao lado deles.

Ramona: - Disse tudo. Principalmente por causa da venenosa da Alicia.

João continuava seu jogo de vingança. Ele e Lucas se encontraram com Alicia naquela tarde. Eles bolaram um plano para me prejudicar na frente de todos da escola e eles aproveitariam a cerimônia dos melhores alunos.

Alicia: - Esse plano é demais, mas precisamos dos materiais e chegar cedo para montar tudo.

Lucas: - Vocês tem certeza que querem fazer isso?

João: - Claro. A gente não pode deixar aquele gordo sair impune.

Alicia: - Hum... João e Lucas, o meu motivo para a vingança contra o Yuri é obvia, mas o que vocês ganham com isso?

João: - Odiamos aquele gordo. Isso basta.

Lucas: - Ele odeia, eu sou apenas amigo desse babaca.

Alicia: - Acho que deveríamos chamar o Diogo. Afinal, ele também foi traído.

João: - Verdade. Ele pode até conseguir alguns materiais para nós.

Alicia: (pegando o celular) – Vou mandar uma mensagem para ele.

Lucas: - Enquanto vocês traçam o plano maligno eu vou comprar refrigerante. Com licença. (saindo)

Alicia: (olhando o celular)

João: - E aí?! Ele topou?

Alicia: (sorridente) – Sim. Ele vai levar o material para a escola.

João: - Perfeito. Eu já fiz parte da estrutura, e você vai fazer as honras. (rindo)

Alicia: - Esse Yuri vai se lascar.

Acordei naquela tarde com dor de cabeça. Desci e tomei uma aspirina. Fiquei na sala assistindo a um filme. Richard chegou de um aniversário, e não demorou muito para Giovanna aparecer.

Giovanna: - Credo. O que foi isso no teu rosto?

Yuri: - O preço da verdade.

Richard: - Verdade dolorida, hein?

Yuri: - Demais.

Giovanna: - Vocês já decidiram?

Richard: - Decidi o que?!

Giovanna: - Vocês sabem... estamos chegando nas férias. A gente vai pra casa da vovó?

Yuri e Richard: - Não.

Giovanna: - Mas vocês esqueceram do acordo? A gente precisa ir.

Yuri: - Ela não pode nos obrigar. A tia Olivia tem nossa guarda.

Giovanna: - Mesmo assim. Vocês sabem que ela é louca e pode aparecer aqui.

Yuri: - Pior que é verdade.

Richard: - Eu não quero ficar com a vovó. Eu tenho medo.

Yuri: - Não esquenta. Vou falar com a titia. Acho que ela pode conversar com a vovó.

Giovanna: - Eu tô de boa. Aproveito para ver a Di, a Li, a Manu, a Lê. Estou com tanta saudade.

Yuri: (recebendo uma ligação de Zedu) – Não. (desligando o celular)

A minha tia e o Carlos decidiram sair juntos. Depois do cinema e de um lanche, o namorado da titia parecia um pouco impaciente. Enquanto eles voltavam para casa, a tia Olivia tentou descobrir o que estava deixando Carlos daquele jeito.

Olivia: - O que o meu bebê tem? (fazendo uma voz infantil)

Carlos: - Oi?

Olivia: - Qual o problema? Tá sério desde que saímos do Tortas e Tortas. O que houve?

Carlos: - Nada.

Olivia: - Carlos. Pode confiar em mim. O que está acontecendo?

Carlos: (respirando fundo) – Essa situação...

Olivia: - Qual situação?

Carlos: - Você gastando seu dinheiro comigo.

Olivia: - Sério?

Carlos: - Hum rum. Estou.

Olivia: - Isso é tão século 19. Eu não sou uma donzela em perigo.

Carlos: - Eu sei, mas é o que estou sentindo. Poderia mentir, mas preferi falar com você.

Olivia: - Entendi. Carlos, eu não vejo problema nisso, muito pelo contrário.

Carlos: - Eu sei, mas você é minha namorada.

Olivia: - Tudo bem. Não se preocupa. Juro que vou maneirar.

No outro dia, peguei carona cedo com a minha tia. Não queria ver meus amigos naquele momento, principalmente o Zedu. Cheguei cedo na escola e avistei Alicia conversando com a Tia Ray, a zeladora da escola. Passei direto e quando entrei no auditório encontrei o João.

João: - Olha, se não é o balofo pegador. O que foi isso no teu nariz.

Yuri: - Sério? Vai querer perturbar esse horário da manhã?

João: - Estou de bom humor hoje. (saindo)

Yuri: - Ridículo. (sentando e mexendo no celular) – Nossa, o pessoal mandou várias mensagens. Estou tão arrasado, espero que eles não estejam bravos comigo. (respirando fundo)

Diogo chegou um tempo depois e Alicia o chamou para conversar. O meu ex-namorado falou que não queria se envolver no plano deles mais do que já estava. João agradeceu ao material que Diogo deu.

Diogo: - Espero que vocês não machuquem o Yuri. Apesar de tudo, ele...

Alicia: - Ele merece pagar. Pagar pelo sofrimento que causou a nós. Eu quero ver o Yuri ser humilhado na frente de toda escola.

João: - Assim que se fala.

Alicia: - Falei para a Tia Ray que ajudaria a levar os documentos da premiação. Vai ser a chance perfeita de executar o plano.

João: - A gente já posicionou tudo. Quando você fizer o seu lance, a gente solta o cartaz.

Diogo: - Que cartaz?

João: - Você vai ver. (rindo)

Zedu passa por Alicia, Diogo e João. O meu ex-namorado quase avança em Zedu, mas é segurado por Alicia. Ela diz que qualquer atitude não pensada pode colocar tudo a perder. O Diogo não estava fazendo aquilo por mal, mas quando a gente fica magoado, somos capazes de fazer algo ruim.

Decidi tomar água antes da cerimonia e acabei encontrando meus amigos no corredor. Sabe aquele momento constrangedor onde ninguém fala nada e todos apenas se olham. O Brutus até tentou quebrar o gelo, mas a piada não funcionou. Respirei fundo, contei até três e decidi abrir meu coração para eles.

Yuri: - Antes que vocês digam alguma coisa... é... vocês foram os primeiros amigos que eu consegui fazer de verdade, amigos que não me julgaram por causa do meu peso e do meu jeito de ser... eu sinto muito se machuquei algum de vocês com as minhas mentiras, eu não queria.

Brutus: - Ei, grandão. Respira. Calma.

Ramona: - Yuri. Por que não contou para a gente?

Yuri: - Foi tudo tão complicado. E infelizmente no processo machucamos muitas pessoas.

Letícia: - Claro, mas isso faz parte da vida. Infelizmente aprendemos nos erros. Yuri, você não confiou na gente, mas somos seus amigos. (pegando no ombro do Yuri) – Mas quem diria, hein, você e o Zedu. Quero ser madrinha.

Yuri: (riso abafado) – Não temos mais nada. Acho que nunca teremos.

Ramona: - Por que não?

Yuri: - Somos muito diferentes. O importante nessa história será sempre a amizade de vocês.

Brutus: - Isso é verdade. (colocando a mão para frente)

Letícia: - O que é isso?

Brutus: - Vamos fazer uma promessa. Coloquem as mãos em cima da minha.

Ramona, Yuri e Letícia: (colocando a mão em cima da de Brutus)

Brutus: - Vamos prometer que sempre contaremos uns com os outros. Afinal, uma irmandade nunca pode ser quebrada.

Ramona: - Verdade. Eu prometo.

Letícia: - Eu também prometo.

Yuri: - Prometo.

A gente conversou mais um pouco e decidimos entrar por causa da cerimônia. Zedu também evitava falar com o máximo de pessoas possível. Quando ele virou um dos corredores deu de cara com o Diogo. Eles ficavam se olhando por alguns segundos, que mais pareciam eternidade. Zedu tentou dizer algo, mas não conseguiu. Diogo passou por Zedu e seguiu, parou um pouco depois e alertou Zedu sem olhar para trás.

Diogo: - Se eu fosse você cuidaria melhor do teu namoro. Ele corre risco lá no auditório. (saindo)

Zedu: - Correndo risco? Namorado? (parando e pensando) – Yuri!!! (correndo em direção ao auditório)

Sentei ao lado de alguns alunos que seriam homenageados. Zedu foi até nós, mas eu fiquei muito nervoso com aquela aproximação.

Zedu: - Eu preciso falar com você.

Yuri: - Zedu. Não quero falar com você. Nosso relacionamento é tóxico. A gente machucou tanta gente. (falando baixo)

Zedu: - Por favor.

Diretora: (falando no microfone) – Vamos alunos. Todos para os seus lugares.

Zedu: (parecendo nervoso) – Droga. (saindo de perto de Yuri)

Zedu sabia que algo aconteceria, mas o quê? Pensava ele. O meu crush viu um dos alunos fotografando o evento. Ele chegou perto e perguntou se poderia tirar algumas fotos também. O rapaz cedeu a máquina para o Zedu, e ele se aproximou do palco. A diretora começou a fazer um discurso eterno sobre responsabilidade e escolhas. Confesso que apesar de longo, senti que muita coisa servia para mim.

Dois saltos numa semana

Eu aposto que acha que isso é muito inteligente, não é, garoto?

Voando em sua moto

Observando todo chão abaixo de você desabar

Você se mataria por reconhecimento

Se mataria para nunca, jamais parar

Você quebrou outro espelho

Você está se transformando em algo que não é

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A premiação finalmente começou. A diretora chamou o meu nome. Eu havia ganhado como melhor aluno em Matemática, Química e Geografia. Ela me entregou a medalha e me passou o microfone para agradecer.

Yuri: - Bem... eu... eu.... quero.... eu quero agradecer aos professores e colegas por essa conquista. E também quero pedir desculpa se eu fiz algum mal para alguém. Às vezes... tipo... fazemos coisas sem querer, e isso acaba afetando pessoas que não queremos machucar.

Zedu: (tirando fotos de Yuri e olhando em volta)

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Não me deixe chapado

Não me deixe seco

Não me deixe chapado

Não me deixe seco

Calando-se na conversa

Você será aquele que não pode falar

Todo seu interior cai em pedaços

Você apenas se senta aí desejando que ainda pudesse fazer amor

Eles são aqueles que vão te odiar

Quando você achar que decifrou o mundo

Eles são aqueles que cuspirão em você

Você será aquele que estará gritando

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Alicia se posicionou e ficou esperando o momento certo. Ela lembrou da noite em que me viu com o Zeu. No coração dela, a única coisa que tinha era ódio, de mim, do Zedu. E pior que não tiro a razão dela.

Alicia: - Esse gordo vai me pagar bem caro. (segurando uma corda)

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Não me deixe chapado

Não me deixe seco

Não me deixe chapado

Não me deixe seco

É a melhor coisa que você já teve

A melhor coisa que você já, já teve

É a melhor coisa que você já teve

A melhor coisa que você já teve se foi

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Zedu vê o balde preso no teto e se desespera. Ele grita o meu nome e corre na minha direção. Alicia percebe e puxa a corda. Uma gosma verde e cheia de camisinhas cai na minha cabeça. João aperta um botão e um cartaz abre no meio do auditório. "YURI, GORDO E VIADO. CUIDADO, SE FICAR COM O YURI USE CAMISINHA".

Alunos: (rindo)

Zedu: (olhando nos olhos de Yuri) - Yuri.

Yuri: (tremendo, tenta sair, escorrega e fica deitado no chão)

Alunos: (rindo mais ainda)

Diretora: - O que significa isso?! Parem de rir. Parem de rir!!!!

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Não me deixe chapado

Não me deixe seco

Não me deixe chapado

Não me deixe seco

Não me deixe chapado

Não me deixe chapado

Não me deixe seco

Diogo: (sentado do lado de fora do auditório, chorando)

Eu já fui humilhado de várias formas na minha vida. Afinal, sou gordo e todo mundo odeia gente gorda. Eu sempre me senti protegido ao lado de vocês, os dois sempre me ensinaram coisas boas, menos como passar por situações como essa. Lá estava eu, deitado no chão do auditório, coberto por uma gosma verde e sendo alvo de piadas.

O regador verde de plástico dela

Para sua planta artificial chinesa de borracha

Na terra artificial de plástico

Que ela comprou de um homem de borracha

Numa cidade cheia de planos de borracha

Para se livrar de si mesma

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Yuri: (de olhos fechados e pensando) - Estou só. Essas pessoas rindo de mim e ninguém do meu lado. Ninguém do meu lado. (abrindo os olhos)

Zedu, Brutus, Ramona e Letícia: (parados na frente de Yuri)

Brutus: (dando a mão para Yuri)

Yuri: (esticando a mão)

Letícia: (esticando a mão para Yuri)

Yuri: (esticando a mão para Letícia)

(Todos ajudam Yuri a levantar)

Professor: - Vamos tragam ele para o pátio.

Diretora: - Querem que parem de rir agora.

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Isso a desgasta

Isso a desgasta

Isso a desgasta

Isso a desgasta

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Passei pelo corredor, todos riam e apontavam os dedos. Eles estavam gostando daquilo. Olhei para o lado e vi o Diogo, ele chorava. Não entendi o motivo, mas, no fundo, achei que ele havia gostado do que aconteceu. Os meus amigos me levaram para o pátio da escola. Ligaram uma mangueira e começaram a tirar a gosma de mim.

Letícia: (passando um pano no meu rosto) - Quem fez isso?

Ramona: (segurando a mangueira) - Não sei.

Brutus: - Eu juro que... você tá bem grandão?

Zedu: - O Diogo... ele... ele me avisou que alguma coisa ia acontecer, eu tentei impedir, mas não deu tempo. (se agachando perto de Yuri) - Você tá bem?!

Yuri: (calado sem encarar Zedu)

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Ela mora com um homem corrompido

Um homem de polistireno lascado

Que apenas se destrói e se queima

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Com a confusão, a diretora direcionou todos os alunos para suas salas. Diogo a ficou esperando em frente a sua sala, mas foi confrontado por Alicia e João.

Alicia: - Você vai nos entregar?

Diogo: - O que fizemos não foi certo.

João: - Eu não vou me foder por causa da tua consciência.

Alicia: - Diogo. Pensa bem. A gente pode ser expulso.

Diogo: - Eu não estou pedindo para vocês confessarem comigo. Vou assumir a culpa.

Alicia: - Isso é burrice. Só se você...

João: - Deixa ele se lascar sozinho. Vamos sair daqui.

Alicia: - Você quer ser expulso. Vai dar esse gostinho para o Zedu e o Yuri?!

João: - Alicia. Vamos sair daqui. Deixa ele se entregar.

Alicia: - Você é um idiota mesmo.

Diogo: - Talvez eu seja.

João: - Ele vai assumir algo que nós fizemos. O plano deu certo. Agora vamos. Ele vai contar para a diretora que foi ele, não vai?! A gente fez o plano, e o Diogo leva a culpa.

Diretora: - Me explica essa história?!

Alicia e João: (assustados)

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Ele costumava fazer cirurgias

Para garotas dos anos 80

Mas a gravidade sempre vence

Isso o desgasta

Isso o desgasta

Isso o desgasta

Desgasta

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Minha tia foi me pegar na escola, após a ligação da diretoria. Ela ficou puta da vida quando viu meu estado. A titia fez maior barraco e falou que queria a expulsão de todos os envolvidos, ou processaria todos da escola.

Diretora: - Olha, eu sei que isso é grave, mas já estamos tomando as medidas cabíveis.

Olivia: - O Yuri, meu sobrinho, sempre recebeu todo tipo de bullying, principalmente por causa do peso dele. E isso trouxe sequelas, que infelizmente vem e voltam. Se a senhora olhou a ficha dele com cuidado vai ver que ele já sofreu de depressão. Estou muito decepcionada com essa escola.

Diretora: - Entendo. E lamento muito por isso. Sou diretora dessa instituição há 13 anos e garanto que isso nunca aconteceu.

Olivia: E quem foram os responsáveis?

Diretora: - Foram três alunos da sala do Yuri. O Diogo, a Alicia e o João.

Olivia: - Diogo?!

Diretora: - Sim. Já comuniquei aos pais. Faremos uma reunião.

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Ela parece algo real

Ela tem o gosto de algo real

Meu falso amor de plástico

Mas não posso evitar o sentimento

Eu poderia explodir pelo telhado

Se eu apenas me virar e correr

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Letícia: (se agachando perto de Yuri) - Amigo. Vamos? A tua tia tá aqui.

Yuri: (levantando e seguindo os amigos)

Ramona: - Yuri. Não se preocupa. A gente tá do teu lado.

Zedu: - Gente. Eu posso falar com o Yuri, por um minuto?

Brutos, Ramona e Letícia: (se olham e decidem sair de perto)

Zedu: (abraçando Yuri) - Desculpa. Desculpa por não conseguir impedir isso. (olhando para Yuri) - Eu tô tentando. Eu queria te falar que eu me assumi para a minha mãe. E quero ficar com você. Eu sinto muito por ter sido um babaca durante todo esse tempo, mas queria que você entendesse o meu lado.

Yuri: (calado)

Zedu: - Você sempre foi tão bom para mim. Eu só queria ser o mesmo para você. (beijando Yuri)

Ramona: (colocando a mão no rosto) - Deus.

Brutus: - Eita, Giovanna. (colocando uma das mãos na cabeça)

Letícia: - Olha só.

Yuri: (afastando Zedu e indo em direção a saída da escola)

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Isso me desgasta

Isso me desgasta

Isso me desgasta

Isso me desgasta

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Entrei no carro da minha tia, ela me abraçou e fez todo o discurso que eu já sabia. Ela deu carona para o Brutus, Ramona e Letícia. No caminho paramos no sinal e do lado havia uma praça. Vi um casal bem bonito se beijando e lágrimas escorriam dos meus olhos.

Yuri: (pensando) - Eu nunca vou ser normal.

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Se eu pudesse ser quem você desejava

Se eu pudesse ser quem você sempre desejou

O tempo todo

O tempo todo

Chegamos em casa e eu me tranquei no banheiro. A minha tia ficou do lado de fora, me esperando, mas eu demorei bastante lá. Ela desceu para fazer o almoço e depois voltou. Bateu, perguntou se estava tudo bem. Respondi que sim, mas a verdade era que eu não estava nada bem. Conseguia ouvir os risos, e podia imaginar as brincadeiras que farão comigo.

Zedu estava furioso. Ele queria acabar com o Diogo. Ele esperou até ele sair da escola. Assim que viu Zedu, João ficou atrás de Diogo. Alicia tentou ficar indiferente, mas se assustou quando viu a agressividade de Zedu.

Zedu: - Você ficou louco?

Diogo: - Não tenho nada para tratar contigo. (tentando sair, mas impedido por Zedu) – Cara.

Zedu: - O que foi? Eu sei que você ficou com raiva, mas o Yuri não merecia isso.

Alicia: - Zedu. Para. Tá ficando ridículo. Para de defender esse gordo.

Zedu: - Fica fora disso Alicia. Com você eu não quero nem papo.

Diogo: (tentando sair, mas é empurrado por Zedu)

Diogo levanta e parte para cima de Zedu. Os dois começaram uma briga violenta na frente da escola. A tia Ray chamou os seguranças que separaram os dois. Diogo saiu correndo. Zedu foi solto e se acalmou. Alicia ficou horrorizada com o comportamento do ex-namorado. João saiu de fininho.

Tia: - Que coisa feia. Ficar brincando. Pena que vocês arrumaram confusão fora da escola. Por que se fosse aqui dentro mandaria expulsar todos. (entrando para a escola)

Zedu: (juntado a mochila do chão)

Alicia: (chorando) – Zedu. Eu..

Zedu: - Fica longe de mim. E fica longe do Yuri. (saindo sem olhar nos olhos de Alicia)

A minha tia ficou muito preocupada comigo, mas precisava voltar ao trabalho. Ela ligou para Ramona ficar de olho em mim. Enquanto ia para casa, a Ramona encontrou com o Brutus. Ele seguiu para a minha casa com ela. Meus irmãos quase não deram trabalho, a titia havia conversado com Giovanna, mas não falou nada para Richard.

Ramona: - Cara. O Yuri e o Zedu. Que coisa. O beijo deles foi tão fofinho.

Brutus: - Acha que o grandão vai ficar bem?!

Ramona: - Não sei. (celular apitando)

Brutus: (celular apitando) – Hum. (olhando o celular) – Caralho. Olha... olha te celular.

Ramona: (verificando o celular) – Caramba. Quem? Quem postou isso?!

O meu vídeo, sendo humilhado em frente a toda escola caiu na internet. Vários grupos estavam compartilhando, o vídeo do gordo ridículo que foi humilhado em frente a todos e agora na internet também. Enquanto isso, no meu quarto eu apenas chorava, fiquei alheio aos vídeos na rede.

Ramona: (recebendo uma ligação) – Sim. Eu vi. Sim. Não sei. Estou na casa do Yuri. Beleza.

Brutus: (analisando o vídeo) – Pera aí. Eu... eu conheço esse login. XBN3-44. É o... eu não acredito. (deixando o celular no sofá e levantando) – Caralho. Porra.

Ramona: - Quem fez isso?! (levantando) – Quem fez isso?!

Brutus: - É muito complicado. Eu... eu....

Ramona: - Eu sei que é complicado, mas quem fez isso?

Brutus: - Foi o João. Esse é o usuário dele no jogo online.

Ramona: - Ele não seria tão burro de usar o mesmo login.

Richard: (pegando o celular de Brutus e assistindo o vídeo) – Hummm.

Meu irmãozinho viu tudo. A brincadeira, o momento em que eu cai no chão e ouviu todos os risos. Ele ficou vermelho. Muito vermelho. Ele deixou o celular sem que ninguém o visse. Já Brutus explicava para Ramona, o caso entre João e Lucas.

Brutus: - Eu gravei o vídeo esperando uma confissão, mas flagrei muito mais. O que a gente faz?

Ramona: (sentando no sofá) – Ele... e por que o Yuri?!

Brutus: - Não sei. Vingança?

Ramona: - A gente precisa falar com a Letícia. Precisamos fazer esse garoto parar.

Tia Olivia não conseguia se concentrar no trabalho. Ela até esqueceu uma apresentação que Carlos faria na faculdade. Ele ligou para a titia e perguntou se ela compareceria no auditório da faculdade, apesar de tudo, a tia decidiu prestigiar o namorado. No final da apresentação, tia Olivia e Carlos foram jantar.

Carlos: - Caramba. Como os meninos podem ser cruéis. E o Yuri?

Olivia: - Liguei para Ramona. Ela disse que ele levantou, comeu alguma coisa e voltou para o quarto. O Yuri já teve depressão uma vez, logo após a morte dos pais dele. Tenho medo que isso volte.

Carlos: - Acho que não. Ele tem amigos agora. Ele parece estar feliz. Vamos torcer pelo melhor.

Olivia: - Vamos? Vou logo pagar o estacionamento. Dessa vez você paga a janta. Fica combinado assim?

Carlos: - Cla...claro. Eu vou chamar o garçom.

Olivia: (saindo)

Carlos: (levantando a mão) – Garçom. A conta. (pegando a carteira)

Garçom: - Deu. 130 reais.

Carlos: (quase caindo no chão) – Ok. (respirando, abrindo a carteira que na sua mente parecia cheia de teia de aranha) – Ok. (tirando dois cartões) – Passa 65 no débito. E o resto no crédito, por favor.

Meus irmãos decidiram se unir. A Giovanna buscou nas coisas da minha tia e encontrou o beletim de ocorrência contra as pessoas que fizeram a pegadinha comigo. Depois, eles conseguiram o contato de todos. O meu irmão então começou a preparar a armadilha.

Olivia: (entrando no quarto de Yuri com uma bandeira) – Amor. Trouxe um suco e sanduíche. Come tá. (deixando a bandeja em cima da escrivaninha) – Ei. Come. (beijando a testa de Yuri e saindo do quarto)

Yuri: (chorando)

No dia seguinte, os meus irmãos não entraram na escola. Eles foram até o Centro da cidade e ficaram esperando na frente da minha escola. Os alunos começaram a entrar. Primeiro chegaram João e Lucas, um meio distante do outro. Em seguida, Alicia entrou acompanhada da mãe. E, Diogo, acompanhado dos pais.

Richard: - São esses três, né?

Giovanna: - Sim.

Richard: - Beleza. Vamos entrar. (andando, mas sendo impedido pela Giovanna)

Giovanna: - Vamos entrar, assim? Do nada?

Richard: - Claro. A gente só precisa ser espertos.

Giovanna: - Sei lá. Eu tenho medo. Se pegarem a gente...

Richard: - Somos crianças. Quem vai acreditar que a gente faria algo assim? Lembre-se. (entregando um ponto eletrônico para Giovanna) – Preciso de três cadeiras... com as pernas de metal.

Giovanna: - Tá. Tá. (colocando o ponto no ouvido) – Vem cá. Onde você consegue esse tipo de material?

Richard: - Tenho meus contatos. (entrando na escola)

Giovanna: - Espera. (indo atrás de Richard)

Os meus irmãos se misturaram no meio dos alunos. Giovanna foi atrás de salas vazias. E Richard atrás da sala de Yuri. Não demorou muito, e a minha irmã encontrou uma sala vazia com as cadeiras do jeito que Richard pediu. O meu irmão encontrou a sala, mas foi pego pela tia Ray.

Tia Ray: - Posso saber o que você faz aqui?

Richard: - Oi? Eu... a minha mãe tá na diretoria. (olhando para a farda de Tia Ray e lendo a palavra inspetora) – E a diretora pediu para você mandar esses três alunos para a sala B4, no primeiro andar.

Tia Ray: - João, Diogo e Alicia. Ah tá. Os alunos da bagunça no auditório. Pode deixar. Mando eles daqui a pouco. Obrigado. (indo em direção a sala do Yuri)

Richard: - Sério? Que pessoas burras? Giovanna? Tá na escuta?

Giovanna: (amarrando fios nas pernas da cadeira) – Sim. Tá tudo certo aqui. Todas as cadeiras estão prontas.

Richard: (correndo em direção a sala onde Giovanna está)

Giovanna: - Jesus Cristo. Me ajuda. Se isso der errado, a gente tá frito.

Richard: (entrando na sala sem avisar) – Giovanna!!!

Giovanna: (gritando) – Que merda. Não faz mais isso.

Richard: (tirando duas máscaras da bolsa) – Pega. (colocando a máscara)

Giovanna: (colocando a máscara) – Merda. Merda.

Richard: (tirando um frasco da mochila)

Giovanna: - Eles só vão desmaiar, né? Richard. Eu sou muito bonita para ser presa e...

Richard: - Vai dar tudo certo. (abrindo o pote)

João, Diogo e Alicia: (entrando)

Tia Ray: - Esperem ai. (saindo)

João: (sentando) – Isso é tudo culpa de vocês.

Alicia: - Minha culpa? A culpa é do Diogo. A gente vai ser expulso. Eu tenho certeza.

Diogo: (sentado calado)

Alicia: - Vocês estão sentido esse cheiro? (bocejando)

João: - Eu tô é com sono. (encostando a cabeça na carteira e dormindo)

Diogo: (cochilando)

Giovanna: - Não acredito. Funcionou! (gritando, mas se controlando)

Richard: - Relaxa. (levantando) – Vem. Ainda bem que eles sentaram nas carteiras certas.

Giovanna: (abrindo a bolsa e pegando um pincel) – Hum. Vou começar pelo babaca do Diogo. E pensar que eu quase gostei dele. (desenhando no rosto de Diogo)

Richard: (amarrando todos a cadeira) – Rápido. Quando eu ligar o sensor. Eles vão acordar. (ajustando a máquina e ligando na tomada) – Sorte deles que sou bonzinho.

Giovanna: (escrevendo no quadro branco) – Choque do Trovão. Já. Vamos.

Richard: (ligando o disparador) – Chupem essa. E na próxima vez... não mexam com meu irmãozão. (saindo correndo)

Diogo: (acordando assustado) – Aí. Que droga. O que significa isso?!

Alicia: (acorda e grita) – Que merda. Essa cadeira tá dando choque.

João: (acorda) – Ai. Quem me beliscou?

Alicia: (gritando) – Ai. Socorro. (tentando sair da cadeira e cada vez que se mexe pega um choque) – Aí.

João: (balançando a cadeira) – Droga. Droga. (pegando vários choques) – Socorro!!!

Diogo: (tentando se soltar, mas pegando choque) – Droga.

Alicia: - Ai, ai. Socorro. (chorando) – Eu não mereço isso. Socorro.

Sim. Os meus irmãos quando queriam eram horríveis. Em casa, eu decidi fazer as malas. Não queria mais viver em Manaus. Esperei minha tia trazer o almoço e esperei ela na sala.

Yuri: - Tia. Eu vou embora.

Olivia: - Para onde?

Yuri: - Vou pra casa da vovó.

Olivia: - Claro que não. Você ficou maluco?

Yuri: - Nunca estive tão certo de algo tia. Eu quero esquecer tudo dessa cidade maldita.

Olivia: - Amor. Fugir não vai deixar seus problemas menores.

Yuri: - Eu não consigo ir para aquela escola.

Olivia: - Olha. Os alunos que aprontaram isso com você serão expulsos.

Yuri: - Eu já decidi.

Olivia: - Amor. Falei com a sua diretora. E ela disse que você já pode ficar em casa. As férias começam na próxima semana.

Yuri: - Eu já arrumei a mala. Não tem nada que a senhora possa fazer. (chorando)

Olivia: - Você não vai. (gritando e deixando Yuri assustado) – Eu prometi ao seu pai que te protegeria. Sei que não sou a melhor mãe do mundo, mas... (chorando) – Eu odeio o que você faz com você. Yuri. Você é um menino lindo. Que tem tanta coisa para viver. Essas decepções... elas... elas fazem parte da vida. Amor. (pegando na mão de Yuri) – Você é a cola dessa família. Eu preciso da sua força para seguir. Sem você... eu... eu vou desmoronar. (abraçando Yuri)

Yuri: - Tia. (chorando) – Tia... eu... eu sinto muito.

Olivia: - Yuri. Meu lindo. Eu sei que é difícil. Mas ser gordinho não pode ser desculpa para todos os problemas na sua vida. Seus amigos estão preocupados, seus irmãos estão preocupados e eu também.

Yuri: - Sinto muito. (enxugando as lágrimas) – Prometo que vou melhorar. Eu vou desfazer as malas. (indo para o quarto)

A escola apesar de tudo, estava na correria do Baile. Alicia havia perdido sua vaga na competição da Rainha da Floresta. Ramona queria muito participar, mas não havia com quem ir. Ela passou lá em casa para conversar e resolvemos fazer bolinho de chuva.

Ramona: - Ainda bem que a aula está acabando.

Yuri: - Pois é. E o baile? Você já comprou o vestido?

Ramona: - Sim, mas acho que não vou.

Yuri: - Por que?!

Ramona: - Muita coisa acontecendo.

Yuri: - Ei. Vai. Vai se divertir. Você merece. (abrindo um pote de açúcar)

Ramona: - Na verdade. Ninguém me convidou.

Yuri: - E o Brutus?

Ramona: - O Brutus nem se toca.

Yuri: - Convida ele.

Ramona: - Será?!

Zedu e Brutus esperam o momento em que o pai de João se prepara para sair de casa. O meu amigo está usando um chapéu e uma peruca falsa. Se aproxima do pai de João que se assusta.

Pai do João: - O que você deseja.

Brutus: (disfarçando a voz) – O seu filho está fazendo muito mal. Eu não queria ter que chegar a esse ponto, mas veja o senhor mesmo. (entregando um DVD) – Assista. (saindo correndo)

Pai de João: - Ei. Senhor. Espere. Espere.

Zedu: (ligando) – João? Eu preciso falar com você. Não. Não estou com raiva. Eu só quero conversar mesmo. Na casa do Brutus. Te encontro lá.

Brutus: - Que fácil.

Zedu: - Espero que ele saia do nosso pé.

Letícia precisava resolver um problema. Durante a festa de Ramona, ela passou mal por causa das pílulas que o Arthur deu por acidente para ela. A minha amiga queria saber para o que aqueles remédios serviam.

Letícia: - Me conta. Estou ficando assustada.

Arthur: - Amor. Você já está bem.

Letícia: - Esse remédio serve para que?

Arthur: - Tá certo. Eu... eu.... Eu sofro de ataque de ansiedade. Ok?

Letícia: - Aqueles remédios.... Eles... nossa. Eu não sabia.

Arthur: - Os remédios controlam isso. Se eu ficar sem tomar... eu... eu... fico muito mal. (com dificuldade em respirar)

Letícia: - Ei. (pegando no ombro de Arthur) – Calma. Eu estou aqui. Você não precisa se preocupar.

Arthur: (abraçando Leticia) – Desculpa ter escondido isso de você. Eu tive medo e...

Letícia: - Shhh... vai ficar tudo bem. Tá. Eu não vou a lugar algum. (beijando o namorado) – Eu te amo.

Arthur: (Beijando Letícia) – Eu te amo também.

Zedu e Brutus preparam uma segunda armadilha para João. Naquela tarde, o João chegou na casa do Brutus acreditando que teria algo com Zedu. O meu amor platônico ficou esperando seu alvo sem camisa.

João: (entrando) – Nossa. O que significa isso?

Zedu: - Quero te conhecer melhor. Estudamos juntos e nunca conversei direito com você.

João: - Claro. Ficava só dando bola para aquela vaca da Alicia. E depois daquele gordo do Yuri. (sentando no sofá)

Zedu: - As coisas podem mudar de perspectiva. (ligando a televisão)

João: - O que significa isso?

Zedu: - Não reconhece essa casa que tá na tela?

João: - É a minha casa.... O que você tá fazendo? (levantando do sofá)

Zedu: - O Brutus tá lá. Esperando o seu pai.

João: - Meu pai nem tá em casa....

Zedu: - Para de ser mentiroso. O seu Welder chegou da loja de ferragens faz uns 15 minutos.

João: - O que significa isso?!

Zedu: - Você lembra de um vídeo que você fez com o Lucas? Ele é bem revelador.

João: - O Yuri me garantiu que nunca mostraria esse vídeo.

Zedu: - O Yuri e o Brutus, sim. Eu nunca prometi nada.

João: - Eu... eu... o que você quer?!

Zedu: - Quero que você saia da escola. E se eu souber de mais alguma coisa...

João: - Você tá louco.

Zedu: (apontando para a tela) – Olha. Teu pai tá saindo da garagem. Olha, o Brutos tá indo falar com ele. (celular de Zedu tocando) – O que?! O Seu W elder está ai? Você já entregou o DVD com o vídeo.

João: (chorando) – Por favor. (ficando de joelho) – Não faz isso. Ele vai me matar.

Zedu: (levantando João pelo pescoço) – Escuta aqui. Bichas como você me fazem ficar triste pela comunidade LGBT. Fica longe do Yuri e sai da escola. Eu não respondo por mim. Eu já me assumi para minha mãe e foda-se o resto. Você conseguiu mexer com alguém que pode realmente dificultar sua vida. Eu quero você fora. Eu e mais alguns amigos temos o seu vídeo. Se alguma coisa acontecer... você vai se arrepender.

João: (chorando) - Eu saio. Por favor... não deixa meu pai no meio disso. Ele vai me matar. Ele vai me expulsar de casa.

Zedu: - Seu patético. Vaza daqui.

João: (levantando do chão) – Não faz isso, por favor. (tentando abraçar Zedu)

Zedu: (gritando) – Fora!!!!!

João: (se assustando) – Ai. Não me bate. (saindo)

Zedu: (tremendo, fica de joelhos no chão e começa a chorar)

Brutus: (entra e abraça o amigo) – Você fez o que deveria ser feito. Vai ser melhor assim.

Zedu: - Eu não me reconheci. (Chorando)

Naquela tarde decidi dar uma volta. A minha cabeça estava cheia. A minha tia entrou no quarto para organizar as coisas que eu coloquei na mala. Ela sabia que eu não guardaria. Ela achou uma caixa com dois diários, ela resistiu um pouco, mas acabou lendo. A titia viu um lado diferente meu, ela não pode evitar as lágrimas. O diário eu escrevia em forma de carta para os meus pais, aprendi isso com meu psicólogo.

Quando me encontro em momentos difíceis

A minha Mãe Mary vem até mim

Dizendo palavras sábias

Deixe estar

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Fui até a Ponta Negra. Pela primeira vez, a cidade de Manaus não parecia um forno. Sentei numa parte alta da praia, onde havia grama. Respirei fundo. Senti alguém pegando no meu ombro, era a minha mãe. Ela sentou ao meu lado. Uma lágrima escorreu. Meu pai limpou e sentou do outro lado.

Yuri: - Sinto muito.

Mãe: - Não sinta, filho.

Pai: - Continue atrás da felicidade.

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E nas minhas horas de escuridão

Ela está em pé bem diante de mim

Dizendo palavras sábias

Deixe estar

Deixe estar, deixe estar

Deixe estar, deixe estar

Sussurrando palavras sábias

Deixe estar

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Remona: - Preciso falar com você.

Brutus: - Eu percebi depois da sétima ligação. Aconteceu algo?

Ramona: - Quer ir ao baile da escola comigo?

Brutus: - Bem... eu... é....

Ramona: - Sim ou não?

Brutus: - Eu pensei que você não fosse convidar. (abraçando Ramona)

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E quando as pessoas sozinhas

No mundo concordarem

Haverá uma resposta

Deixe estar

Pois embora possam estar separados

Eles verão que ainda há uma chance

Haverá uma resposta

Deixe estar

Deixe estar, deixe estar

Deixe estar, deixe estar

Haverá uma resposta

Deixe estar

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Teodora: - Você não vai ao baile?

Zedu: - Não.

Teodora: - Pensei que os gays fossem mais divertidos. (Sentando ao lado do filho)

Zedu: (riso abafado)

Teodora: - Já falou com ele?

Zedu: - Quem?

Teodora: - Amor. Eu não sou burra. Eu sei que aconteceu algo entre vocês. Na verdade, a Olivia me contou, mas eu estava esperando você me contar.

Zedu: - Eu fiz besteira. Uma seguida da outra.

Teodora: - Então? O que está esperando para resolver tudo?

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Deixe estar, deixe estar

Deixe estar, deixe estar

Sussurrando palavras sábias

Deixe estar

Deixe estar, deixe estar

Deixe estar, deixe estar

Haverá uma resposta

Deixe estar

E quando a noite está nublada

Há ainda uma luz que brilha sobre mim

Brilhando até de amanhã

Deixe estar

Acordo com o som da música

A minha mãe Mary vem até mim

Chega de tristeza

Deixe estar

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Letícia: - Nossa foi incrível.

Arthur: (beijando Letícia) - Fazer amor com você sempre é incrível. A única coisa que me acalma.

Letícia: - Desculpa por ser chata.

Arthur: - Relaxa. Eu tive culpa também.

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Deixe estar, deixe estar

Deixe estar, deixe estar

Chega de tristeza

Deixe estar

Após ler os meus diários, a minha tia começou a entender coisas que aconteciam comigo. Ela ligou para Carlos e pediu para ele comprar duas pizzas, aquela noite ela queria fazer uma noite apenas da família. Depois de um tempo decidi ir para casa, afinal não queria pegar o trânsito de Manaus. Cheguei e tia Olivia falou que aquela seria a noite da família.

Olivia: - Já que você não vai ao baile, nós vamos comemorar aqui em casa. Na verdade temos duas comemorações, os três alunos responsáveis pela pegadinha foram expulsos da escola. A diretora conversou comigo.

Yuri: - Tudo bem. Vou tomar um banho.

Olivia: - Yuri. Eu sei que apesar de tudo que aconteceu, boas coisas vão vir. Tá? A tia tá contigo.

Yuri: - Claro tia. Pode deixar.

Olivia: - E baixei o teu filme favorito... "Rocky Horror Picture Show".

Letícia e Ramona se arrumaram juntas para ir ao baile, antes elas passaram lá em casa para saber como eu estava. As duas bolaram vários planos para as nossas férias. O Brutus também mandou um vídeo para eu aprovar o look dele. Confesso que eu ri um pouco.

O baile da escola estava lindo. Todo mundo bonito. Letícia e Arthur chegaram e decidiram tomar alguma coisa, as opções eram variadas: refrigerante e suco de fruta. A música pelo menos estava boa. Em seguida, chegaram Brutos e Ramona.

Letícia: - Uau, Brutus. (batendo palmas) – Estou chocada. Você até que presta.

Brutus: - Tenho meu charme.

Ramona: - Ele tá lindo mesmo.

Arthur: (chegando com as bebidas) – Boa noite.

Ramona e Brutus: - Oi, Arthur.

Letícia: - Gente, eu ainda estou com tanta peninha do Yuri.

Ramona: - Pois é. Amanhã poderíamos fazer algo, né?

Brutus: - Eu falei com o Zedu, e ele ia tentar vir. Acho que depois de tanta merda... a gente deveria pelo menos ter uma noite de diversão.

Arthur: - Também acho.

Ramona: - Gente. Falando em tanta merda... sabe de uma coisa... alguém sabe o que aconteceu com o Vando?

Brutus: - Verdade. Ele sumiu.

Arthur: - Quem é Vando?

Brutus: - A pior pessoa de todas.

Letícia: - Aaah! A mamãe disse que ele está fugido. Parece que tá devendo uma grana para o seu Manoel. Graças a Deus. Assim a gente não precisa aturar ele.

Na escuridão de veludo da noite mais escura

Queimando brilhante, há uma estrela-guia

Não importa o que ou quem você é

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Zedu: (arrumando a roupa) - Como estou mãe?

Teodora: - Está lindo. Deslumbrante. O mais bonito de todos.

Zedu: - Assim vou ficar convencido mãe. (olhando no espelho e arrumando o cabelo)

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Tem uma luz na casa do Frankenstein

Tem uma luz acesa na lareira

Tem uma luz, luz na escuridão da vida de todos

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Letícia: - Obrigado por vir em um baile de ensino médio.

Arthur: - Qualquer coisa por você minha princesa. (Beijando Letícia)

Brutus: - Ei. Obrigado por me convidar.

Ramona: - Uma hora tinha que acontecer, né?

Brutus: - Oi?

Ramona: (dando um beijo cinematográfico em Brutus que corresponde)

Brutus: (sem ar) - Nossa. Que delicia. Você não tem ideia de como eu esperei por isso. (beijando Ramona novamente)

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A escuridão tem que ir descendo no rio das noites de sonhos

A morfina flui lentamente, deixe o sol e a luz brilhar

Na minha vida, na minha vida

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Alicia assiste a toda movimentação da festa do lado de fora. Algumas amigas passam, olham para ela e riem. João também está proibido de sair de casa, o pai mandou ele ler a biblía 30 vezes. Lucas perdeu seu grande amigo, e aquele que pensava ser o amor de sua vida, mas será que para ele existia salvação? Diogo pegou o primeiro voo naquela tarde. Ele decidiu morar com a avó em Portugal.

Diogo: (excluindo fotos e vídeos com Yuri) - Adeus.

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Tem uma luz na casa do Frankenstein

Tem uma luz acesa na lareira

Tem uma luz, luz na escuridão da vida de todos

Tem uma luz na casa do Frankenstein

Tem uma luz acesa na lareira

Tem uma luz, luz na escuridão da vida de todos

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Parecíamos uma família de comercial para televisão. O Carlos e a Tia Olivia deitados no sofá, a Giovanna sentada no puff, o Richard e eu deitados no chão, mas rodeados por travesseiros. Como a titia falou, apesar de todas as coisas negativas, a gente precisa olhar para o futuro.

Carlos: - É a primeira vez que assisto esse filme.

Olivia: - Décima vez.

Giovanna: - Quinta vez.

Richard: - Sou sempre obrigado a ver esse filme. (dando com os ombros)

Yuri: - quadragésima vez. (sorrido pela primeira vez depois de muito tempo)

Carlos: (dando play no vídeo) - E aproveitem que a pizza está quentinha.

Giovanna: - Tem vegetariana? Ou com queijo de bufala?!

(Todos olhando para Giovanna e Richard joga um pouco de pipoca)

Naquele momento de descontração esqueci um pouco dos problemas, mas como nada na vida dura para sempre a campainha começou a tocar. A titia pediu para eu abrir a porta e encontro o Zedu parado lá na frente do portão. Ele entra e ficamos nos olhando.

Um flash surgiu na minha cabeça, lembrei do dia que conheci o Zedu, as nossas conversas, o dia em que nos perdemos na floresta e das nossas transas. O Zedu era um cara lindo e queria ser meu. Ele sorri, eu também. Seguro na mão dele e entramos. Todos na sala olham para a gente, e apenas sentamos e assistimos ao filme. Eu segurando a mão dele.

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Tem uma luz na casa do Frankenstein

Tem uma luz acesa na lareira

Tem uma luz, luz na escuridão da vida de todos

Dhiego Ramos
Enviado por Dhiego Ramos em 07/08/2019
Código do texto: T6714221
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