[Romance LGBTQ+] AMOR DE PESO - 01X11 - EBA! FÉRIAS!

(FEIRA MANAUS MODERNA)

Mundico: - Vamos?

Diana: - Já? O papai pediu para ficarmos esperando aqui.

Mundico: - Qual é? O sol está quente.

Diana: - Eu estou cansada, mas precisamos esperar.

Mundico: - Eu tenho ensaio do grupo de dança.

Diana: - Uiiiii.... O bonitão vai arrasar na dança, é?

Mundico: - Cala boca mana.

Diana: - Queria ter esse teu pique. Eu lembro que quando tentei quase morri.

Mundico: - Vocês gordinhos são moles.

Diana: - Você que não gosta nada de mole, né? (rindo)

Mundico: - Tá, louca? Se o papai souber disso... ele me mata.

Diana: - Mata mesmo. Por que precisa ser tão complicado? Você deveria amar quem você quisesse.

Mundico: - Infelizmente, esse é o mundo que vivemos.

Diana: - Verdade.

As férias começaram bem. A gente decidiu passar o primeiro dia na piscina. Eu estou feliz, mas, no fundo, ainda me sinto culpado pela dor que eu causei, seja para com o Diogo, a Alicia, o João e o Lucas. Os meus amigos também pareciam alegres, Ramona e Brutus, apaixonados, a Letícia começou a aparecer na televisão e segue o relacionamento com o Arthur.

Brutus: (pulando na piscina e molhando todos)

Letícia: - Brutus! (se protegendo)

Ramona: - Não!

Yuri: (rindo) – Ainda bem que não fui eu. Seria muito mais água.

Zedu: - Bobo. (apertando a barriga de Yuri por baixo d'água)

Yuri: (ficando vermelho)

Brutus: - Qual é. Temos um mês para aproveitar as férias. Depois volta aquela chatice da escola.

Leo: - Letícia, a mamãe pediu para você não esquecer do protetor. A sua pele vale ouro agora.

Letícia: - Já passei. E o que tú tá fazendo aqui?

Leo: (tirando a camisa e o short) – O mesmo que vocês.

Yuri: (desviando o olhar)

Zedu: (percebendo)

Leo: - Posso ficar aqui?

Letícia: - Pode, oras, a piscina é de todos.

Ramona: - Nem acredito que eu fui coroada a rainha do baile.

Zedu: (ficando perto de Yuri) – Pois é. Parabéns. E quando vai pagar a nossa pizza?

Yuri: - Verdade. A rainha do baile precisa agradar seus súditos. (rindo)

Leo: - Ah, é verdade. Você ganhou o baile, né? Tá vendo Letícia... se você fosse esforçada.

Letícia: (jogando água em Leo) – Cala boca.

Yuri: - Tá muito sol, né? Vou sair um pouco da piscina. (olhando para Zedu e saindo)

Leo: - E os carinhas que fizeram bullying com o Yuri?

Brutus: - Todos expulsos. Quer dizer... acho que ficou um.. o Lucas, mas ele era apenas um capacho do João.

Ramona: - Verdade. Tadinho, né?

Letícia: - Eu não tenho pena. Ele mereceu.

Zedu: - Vou apanhar um refrigerante, alguém quer?

Ramona: - Queria um Tuchaua.

Letícia: - Eu tô de boas.

Brutus: - Eu não.

Leo: - Tô tranquilo.

Zedu: (saindo da piscina e encontrando Yuri) – Saiu rápido, Nem disfarçou.

Yuri: - Como assim?

Zedu: - Quando o Leo chegou. Você ficou nervoso.

Yuri: - Eu?! Como assim?

Zedu: - Yuri.

Yuri: - Zedu. Você tá sentindo ciúmes?

Zedu: - Eu?! Jamais.

Yuri: - Eu que deveria ter ciúme. Afinal, as meninas ficam te olhando de forma descarada. Que saco.

Zedu: - Tá com ciúmes?

Yuri: - Demais.

Zedu: (pegando na bochecha de Yuri) – Seu lindo.

Yuri: - Só você mesmo. (olhando para a piscina) – E o Leo pode ser o cara mais gostoso do mundo, mas ele não tem uma coisa.

Zedu: - Mesmo? O quê?

Yuri: - Ele não é você.

Letícia já havia feito três trabalhos publicitários. Arthur queria que a namorada atuasse em uma de suas produções, um filme de Zumbi que se passaria na Amazônia.

Arthur: - Pensa amor. Você como uma guerreira... tipo... tipo... a Ripley.

Letícia: - Ri quem?

Arthur: (rindo) – Deixa amor. Sério? Estou louco para produzir algo. A faculdade só é teoria. Eu quero praticar.

Letícia: - Tá bom. Só se você colocar meus amigos para atuarem. Quero matar todos. (rindo)

Arthur: - Pode deixar. Vou criar um roteiro bem legal.

Eu e Zedu fugimos dos nossos amigos que estavam na piscina e achamos um galpão vazio. A gente entrou e não esperamos muito para começar a pegação. Era incrível como o Zedu conseguiu achar meus pontos fracos. Ele suadinho era a coisa mais linda do mundo. A gente disfarçou e voltamos para conversar com a turma.

Engraçado quando as coisas são boas elas passam rápido. As férias passaram correndo. Lá em casa, as coisas continuavam ótimas. A minha família como sempre mantinha o mesmo pique. A minha tia continuava trabalhando bastante, a empresa crescia a cada dia. Meus irmãos estavam de férias, mas faziam cursos, a titia detestava que ficássemos parados.

Giovanna: - Gente? Acabou meu leite de búfala. Tia?!

Olivia: - Ainda não estou surda Giovanna. Vou comprar quando for no DB (supermercado).

Giovanna: - Credo tia? DB? Compra no Pátio Gourmet. Lá eu sei que o leite vem da Europa.

Yuri: (entrando na cozinha) – Não viaja. Sabe quanto custa um frasco desse leite lá?

Giovanna: - Não me importa. Eu já tive que abrir mão de uma escola de qualidade. Agora vou ficar sem o meu leite?! Que história é essa? Fui abduzida para planeta errado.

(Ninguém se importando com o drama de Giovanna)

Richard: (entrando preocupado, olhando em baixo das mesas e armários)

Yuri: - Que bicho você já perdeu?

Richard: - A Tina.... (olhando na pia)

Olívia: - Que tina?

Richard: - Tina, a tarântula... oras.... Que Tina?

Olívia, Yuri e Giovanna: (se olham)

Giovanna: (sai correndo e gritando)

Olivia: (desmaia)

Yuri: - Tia. (acudindo a tia no chão)

A titia chamou uma equipe especializada para procurar a tal tarântula. Fomos dormir em um hotel naquele dia. Eu aproveitei para visitar o Estúdio do George. Ele estava realizando um ensaio com duas modelos. Fiquei assistindo em silêncio. Ele me viu e pediu para eu me aproximar.

George: Tava sumido.

Yuri: - Pois é. Muita coisa acontecendo.

George: - Meninas. 10 minutos de intervalo.

Yuri: - Não precisa.

George: - Tudo bem. Precisamos conversar.

Yuri: - Olha... eu sei que você deve tá chateado por causa do que eu fiz com o Diogo, mas...

George: - Ei, calma. Yuri você é novinho e vai cometer vários erros. Confesso que fiquei chateado, mas, ao mesmo tempo, fiquei puto com o Diogo pelo que ele fez com você.

Yuri: - Obrigado. Eu queria saber se você está procurando um estagiário? Queria muito aprender sobre fotografia.

George: Sério?

Yuri: - Claro se você quiser... digo... se não quiser eu entendo e...

George: - Sim.

Yuri: - Você deve tá ocupado, tipo... você decide e....

George: - Eu disse que sim Yuri. [rindo)

Yuri: (abraçando George) – Valeu.

George: - Na segunda-feira. (olhando o celular) – Você pode vir às 10h?

Yuri: - Sim. Sem problemas.

George: - Não se preocupa. Prometo que vou pega leve. (rindo)

Minha tia ficou muito nervosa naquela manhã. Pela primeira vez ela conversaria com o dono da empresa onde ela trabalhava. Ele era muito ocupado, e aparentemente um homem muito rígido na forma como tratava seus funcionários.

Ytallo: - Pode entrar.

Olivia: (entrando) – Com licença Sr. Duarte.

Ytallo: - Me chame de Ytallo. Afinal não sou meu pai. (sorrindo) – Pode sentar.

Olivia: (sentando)

Ytallo: - Estamos gostando do seu trabalho Olívia. Você nos ajudou bastante naquela negociação em Parintins. Este ano, infelizmente eu e nem a minha família poderemos ir ao Festival, então, eu decidi que você deveria ir. A empresa vai fretar um barco de grande porte para levar algumas coisas, e você é nossa convidada.

Olivia: - Sério? Nossa. Nunca fui a um Festival.

Ytallo: - Serão 10 dias, você chega cinco dias antes do Festival. E será responsável pelo nosso camarote.

Olivia: - E será que eu poderia levar meus sobrinhos? E o meu estagiário?

Ytallo: - Claro. Vocês estarão indo parte a trabalho também. (entregando um pacote para Olivia)

Olivia: (recebendo o pacote)

Ytallo: - Aqui estão os documentos do barco, camarote e tudo mais que você vai precisar. O único ponto negativo é que vocês terão que dormir no barco, claro, se você quiser pagar um hotel, eu posso te indicar alguns. Ah... só confirme os nomes dos convidados... acho que pode levar pelo menos 10 pessoas com você.

Olivia: - Obrigada chefe. Vou me apressar temos 20 dias para nos preparar. Com licença.

Ytallo: - Pode ir. E aproveite por nós.

Sim. Consegui meu primeiro estágio, espero que possa dar conta de tudo o que vai ser me passado no Estúdio do George. A minha tia ficou animada com a notícia. Zedu também, afinal, a gente sempre saia para algum passeio e precisávamos de dinheiro. A gente fazia um rodízio de pagamentos, mas quando não tínhamos nada, o jeito era namorar em casa.

Yuri: - Adorei essa série. Espero que a Netflix faça outra temporada.

Zedu: - A melhor parte é assistir abraçadinho com você. (com a cabeça encostada no ombro de Yuri)

Yuri: - Eu também adoro essa parte. (beijando Zedu)

Zedu: - Bacana o George conseguir um estágio para você.

Yuri: - Sim. Ele é super legal. Espero que um dia você o conheça.

Zedu: - E os amigos do Diogo... tipo....

Yuri: - Não ficaram com raiva não. Pelo menos não o George... afinal.. ele me deu um emprego.

Zedu: - Entendi.

Yuri: - E como estão as coisas na tua casa?

Zedu: - Bem. A mamãe ainda pediu um tempo para eu contar a novidade para o meu pai, mas tirando isso tá tudo bem.

Yuri: - Entendi. Sua mãe foi bem legal.

Zedu: - Também achei. E você? Quando soube que era o momento certo para assumir?

Yuri: - O Vando. Teve uma época que ele me chantageou. Eu acabei contando para a minha tia. Sabe uma coisa engraçada?

Zedu: - O que?

Yuri: - Ela disse que já sabia.

Zedu: - Mães sempre sabem, né? A minha disse que não, mas no fundo eu sei que ela sabia.

Yuri: - (beijando Zedu)

Zedu: - O que foi isso?

Yuri: - Nada. Apenas quis te beijar, não posso?

Zedu: (rindo) – Deve. (beijando Yuri)

Giovanna: (entrando de surpresa no quarto de Zedu) - Ei, casalzinho.

Yuri: (nervoso, empurra Zedu)

Zedu: (cai da cama)

Giovana: (rindo) – Droga. Pena que eu não estou com o celular. Foi digno de uma vídeo cacetada. (limpando as lágrimas)

Yuri: (levantando da cama e ajudando Zedu a levantar) – Não bate não?

Giovanna: - Vamos parar de melodrama? A titia tá te chamando. Vamos jantar fora.

Yuri: - Tá. Agora vaza.

Giovanna: (sai do quarto rindo)

Yuri: - Desculpa. (abraçando e beijando Zedu)

Zedu: (rindo)

Yuri: - O que foi?

Zedu: - A Gio tem razão. Foi digno de uma vídeo cacetada. (rindo)

Yuri: (rindo)

A minha tia queria celebrar, o contrato que ela foi fechar no início do ano em Parintins, interior do Amazonas, deu certo. E ela foi convidada para o Festival de Parintins, uma festa típica do Estado. Ela poderia levar uma comitiva em nome da empresa e perguntou se eu poderia convidar meus amigos.

Olívia: - Só tem um problema. Vamos de barco.

Yuri: - Barco? Parintins não fica... tipo... muito longe?

Olívia: - Vão ser quase dois dias de barco, mas um dia a gente chega.

Giovanna: - Eu me recuso a ficar dois dias em um barco. Não tem nem perigo. Eu fico em Manaus.

Richard: - Tia... posso levar a Tina?

Yuri, Olívia e Giovanna: - Não.

Carlos: - Vai ser uma oportunidade legal de vocês conhecerem o Festival. Eu ia bastante na minha juventude.

Giovanna: - Sério? E quando foi isso? Antes ou depois da televisão colorida?

Yuri: (beliscando Giovanna)

Giovanna: - Aí. (pegando no braço) – Desculpa... foi uma brincadeira. Povo sensível.

Zedu: - É bem legal mesmo... o festival. Tem dançarinos, cantores, os bois, além dos itens que são demais e as alegorias gigantes. Vai ser bem legal.

Olívia: - Só preciso pedir autorização dos pais dos seus amigos. Amanhã te passo o documento.

Mundico, ou melhor, Raimundo era um rapaz batalhador e adorava dançar. Ele fazia parte do Corpo de Dança do bumbá Garantido. Isso ia contra a vontade de seu pai que queria um futuro melhor para ele.

Mundico: - Olá?

Sérgio: - Isso é horário de chegar?

Mundico: - Desculpa. Eu odeio me atrasar.

Sérgio: - Se troca e vai para sua marca. Temos pouco tempo para o Festival.

Mundico: - Desculpa galera. (indo para a marcação)

Todos: (zoando Mundico)

Sérgio: - Então. Como eu falei para vocês. Consegui falar com uma empresa e já temos como ir para Parintins.

Dançarinos: (comemorando)

Sérgio: - Mas vamos com calma. Vou fazer uma seleção. Porque infelizmente vamos poder ir 20 pessoas.

Mundico: - Eu preciso ir. (sorrindo) – Eu preciso.

Sim. Faria minha segunda viagem pelo Amazonas, a primeira foi em Presidente Figueiredo, a cidade das cachoeiras. Quando eu contei para os meus amigos eles piraram. Realmente o festival deve ser importante para os amazonenses. A semana foi toda de planejamento, minha tia conversou com todos os pais e explicou tudo. Depois que as permissões foram dadas a gente começou a falar bastante sobre a cidade.

Letícia: - De qual lado vamos ficar?

Ramona: - Espero que do lado azul. Fico muito melhor de azul do que de vermelho. E podemos ir combinando! (olhando para o Brutus)

Brutus: (fingindo se enforcar) – Socorro.

Yuri: - Vai ser a primeira vez de vocês?

Letícia: - Já fui em 2013. Foi bem legal.

Brutus: - Nunca fui.

Zedu: - Fui para algumas apresentações em Manaus mesmo. (disfarçando)

Ramona: - Você vai amar Yuri.

Yuri: - Assisti algumas vezes pela televisão. Lembra um carnaval. Tudo grandioso, né?

Zedu: - Sim. As pessoas aqui no Amazonas adoram isso. Quero ver qual lado o gordinho vai escolher.

Letícia: - Garantido ou Caprichoso. (rindo)

Brutus: - Vai ser uma aventura e tanto.

Ramona: - Quero registrar tudo. Tá aí um bom trabalho para você, Yuri. Fazer várias fotos minhas... digo... nossas.

Yuri: - Verdade. Eu comprei uma câmera e vou pedir para o George me ensinar. Inclusive tenho que ir para casa. Amanhã acordo cedo. Você vem?

Zedu: - Meninas... Brutus... boa noite.

Yuri: (andando ao lado de Zedu na rua) – Acho que essa viagem vai ser uma boa.

Zedu: - Espero que seja, mas preciso te contar algo. Eu já dancei no Caprichoso.

Yuri: - Dançou onde?

Zedu: - Eu dancei dos 12 até 16 anos, no Caprichoso. Ninguém sabia disso. Só a minha mãe.

Yuri: - Como assim?

Zedu: - Eu quis, achava legal e ela me colocou para dançar. E tem mais...

Yuri: (parando no meio da rua) – Ok. O que tem mais?

Zedu: - Eu namorei um garoto de lá... namorei não... fiquei... e eu sei que ele dança até hoje.

Yuri: - Bem. Quer dizer que eu não fui o seu primeiro namorado?

Zedu: - Você foi meu primeiro namorado. (pegando no rosto de Yuri) – Ele foi apenas uma pessoa que passou na minha vida. (andando em direção a casa de Yuri)

Yuri: - Bem... se ele era dançarino... logo... logo... ele não era gordinho.

Zedu: - Acho que foi esses um dos motivos de eu não ficar com ele. Ele não era gordinho. Essa atração por gordinhos surgiu depois que eu sai de lá. Eu só queria te contar isso... afinal não existem segredos entre nós.

Yuri: - Eu também tenho algo para te contar... eu.... Eu.... Eu....

Zedu: - Você?

Yuri: - Eu transei com o Leo. Uma vez, mas pelo amor de Deus... a Letícia não pode saber disso. Ele tá no armário. E isso foi antes de a gente namorar e não significou nada pra mim. Eu só quero que a gente não tenha segredos amor.

Zedu: (sorri)

Yuri: - Isso não é engraçado. Eu estou abrindo meu coração José Eduardo.

Zedu: - Você me chamou de amor. (chegando em frente a casa de Yuri)

Yuri: (Ficando vermelho)

Zedu: - Me chama de novo. Eu posso me acostumar com isso.

Yuri: - Amo....

Leo: - E ai, pivetada?

Yuri: - Leo? (olhando para Zedu)

Leo: - Estão aprontando o quê?

Yuri: - Nada demais... a gente tá....

Zedu: - Estamos namorando.

Leo: (impressionado) – Olha só.

Zedu: - Pois é. (pegando na mão de Yuri)

Leo: - Bacana. Sem preconceitos.

Zedu: - Que bom. Estamos felizes.

Leo: - Desejo sorte.

Yuri e Zedu: - Obrigado.

Leo: - Agora preciso ir. (saindo)

Yuri: - O que foi isso?

Zedu: - Nada. Como assim?

Yuri: - Isso foi impulsivo.

Zedu: - Não acho.

Yuri: - Você ficou com ciúmes? (fazendo uma voz engraçada) – Que fofo.

Zedu: - Para. (rindo sem graça) – Eu só quis marcar território. Fora que ele tem mais a perder do que eu. Eu já assumi. Ele não.

Yuri: - Que maldade, Zedu.

Zedu: - Eu sou mal. (com risada maligna)

Yuri: - Eu gosto de mal. (colocando Zedu contra a parede o beijando)

Zedu: (abraçando Yuri forte) – Estou ansioso para essa viagem.

Yuri: - O que será que essa viagem nos espera?

Zedu: - Coisas boas. Só coisas boas. (beijando Yuri)

Naquela manhã estava animado. Peguei o equipamento que havia acabado de comprar e coloquei tudo na mochila. Minha tia me deu carona até parte do caminho, mas o ônibus não demorou. Cheguei no Estúdio de George, ele fotografava duas meninas lindas. Me aproximei e fiquei admirando a profissionalidade dele.

George: - Isso meninas. (olhando para um notebook que estava acoplado na câmera) – Vamos dar uma pausa. (olhando para o lado) – Yuri. Chegou no horário.

Yuri: - Trouxe até a minha câmera, nem sei se vou usar na verdade. (rindo sem graça)

George: - Tudo bem. Posso te ensinar o básico hoje.

Jonas: (entrando) – Olha só. Quem é vivo sempre aparece.

Yuri: (ficando vermelho e se assustando)

Hélder: - Não é o fresco que traiu o Diogo?

Yuri: (tremendo por enfrentar os amigos de Diogo)

O silêncio tomou dê conta do estúdio de George. Acho que consegui até ouvir uma das modelos vomitando. Jonas não estava com cara de muitos amigos, e Hélder, se sentou de uma maneira dramática no pequeno sofá que havia no local. O relógio começou a ganhar espaço na sala, tic, tac, tic, tac. Que merda, Yuri, fala alguma coisa. Graças a Deus, que Jonas decidiu dar o primeiro passo.

Jonas: - E como está pequeno urso? Superou todo o drama do último semestre?

Yuri: - Tentando sobreviver a tudo isso.

Hélder: - Desculpa pela brincadeira sem graça, mas sabe que sou uma bicha dramática.

Melissa: - George, uma das modelos vomitou no camarim. (saindo)

George: - Já estou indo. (saindo)

Yuri: (calado e olhando para baixo)

Jonas: - Então, pequeno. Está bem mesmo?

Yuri: - Sim.

Jonas: - Ainda acho errado o que você fez com o Diogo, ele te amava mesmo, mas eu entendo por um lado. (olhando em volta) – Eu também fiz isso.

Hélder: - Super errado, ele te amava, viada.

Yuri: (olhando assustado para Jonas) – Sim.

Hélder: - Mana. A viada era casada quando conheceu o George. Abalou a sociedade desta cidade.

Jonas: - Posso contar, vovó?

Hélder: - Vovó é meu cool.

Jonas: - Eu era casado, sabe, antes de conhecer o George. Larguei tudo para ficar com ele.

Yuri: - Entendi, então você não me odeia?

Jonas: - Te odiar? (pegando no ombro de Yuri) – Quem sou eu para julgar? (rindo) – Não se preocupe. E quero conhecer o tal de Zedu.

Hélder: - Um passarinho azul, chamado Facebook, me disse que ele é gato. Gato demais.

Yuri: - Sim. Quero apresentar ele para vocês.

Ainda bem que tudo deu certo. A minha primeira semana trabalhando com o George foi um sucesso. Aprendi muita coisa, muita mesmo. Ele até deixava eu comandar algumas sessões, mas nada muito grande. Nunca cogitei viver de fotografia, mas a minha convivência com o George mudou alguma coisa. Eu já sabia o que era diafragma, a regra dos terços, trabalhar com vários tipos de iluminação, e até mesmo consegui registrar as estrelas. Realmente, eu era um ótimo aluno.

George: - Caramba. Você aprendeu rápido.

Yuri: - Tive um ótimo professor, né? (colocando a câmera na bolsa)

George: - Você fica 10 dias em Parintins?

Yuri: - Isso.

George: - Faz umas fotos lá. Lembra sempre de ajustar o ISO.

Yuri: - Tudo bem. Você analisa para mim?

George: - Sim. Ah. (tirando um convite da gaveta) – Toma. E traz o Zedu.

Yuri: - O que é isso?

George: - O convite do meu casamento. Vai ser em Agosto. Tem dois convites. (piscando para Yuri)

Yuri: - Sério? (abraçando George) – Parabéns.

George: - Obrigado.

Yuri: - Bem, agora deixa eu ir. As coisas vão ficar loucas lá em casa. Viajar com essa turma sempre é uma aventura.

Sim. Todos estavam na correria do Festival. É engraçado como o ser humano funciona. Mesmo que tudo esteja combinado, nada, eu disse nada saí como deveria sair. A minha casa parecia um centro de concentração. Eu arrumei minha mala com três dias de antecedência, inclusive, adorava a minha mala. Ela tinha desenhos dos minions, então era muito difícil de perder. Ouvi alguns gritos da sala, já até tinha uma ideia de quem era.

Olivia: - Richard!? Richard!?

Giovanna: - Titia. Eu não estou achando minhas malas. Eram cinco... só tem uma no carro.

Yuri: - Alguém viu a minha carteira?

Carlos: - Olívia? Precisamos ir. O pai da Ramona já está nos esperando.

Richard: - Estou pronto. (sentando no sofá)

Carlos: - O que você fez?

Richard: - Nada. Estou pronto.

Giovanna: - Eu não vou viajar com uma mala apenas. Hello. Artistas costumam viajar para esse festival. (sentando no sofá ao lado de Richard) – Eu não vou.

Olivia: - Já tá tudo no carro?

Carlos: - Sim. Só falta vocês.

Olivia: (levantando Giovanna e Richard pela orelha)

Giovanna: - Tia. (dando pequenos gritos)

Richard: - Eu não fiz nada. (quase sendo suspenso no ar)

Carlos: - É verdade. Ele não fez nada. (com pena de Richard)

Olivia: (soltando a orelha de Richard) – Desculpa. Força do hábito.

Yuri: (fechando a porta da casa) – Tia. Tá tudo trancado. Podemos ir.

Sentei ao lado do Zedu no carro. Fomos na Kombi do pai de Ramona. Era legal sentar ao lado do Zedu, ele não se importava em ficar se esfregando em mim, um dos grandes problemas em ser gordinho é ocupar muito espaço, algumas pessoas não gostam. Senti a respiração dele perto de mim, ele me fazia sentir seguro. Os meus amigos foram entrando, era uma mistura de humanos e malas, a Giovanna conseguiu infiltrar suas roupas entre as nossas.

Zedu: (pegando na mão de Yuri e sorrindo)

Ramona: - Essa aventura vai ser tão legal. Yuri quero fotos lindas.

Letícia: - Ainda bem que você estagiou com o seu amigo. Vai realmente tirar fotos maravilhosas. Quem sabe até fazer uma exposição.

Brutus: - Eu quero é ver as... (se tocando que Ramona estava do seu lado) – As alegorias gigantes. Eles sempre dão um show.

Ramona: - Acho bom.

Richard: - Será que alguma delas vai explodir?

Giovanna: - Bom que eles usam pouca roupa lá. Porque pela quantidade de roupa que eu vou levar é assim que vou me vestir. Com pouca roupa. (com cara de poucos amigos)

Olivia: - Aqui estão os papéis do barco, nessa outra pasta estão as reservas do hotel, a gente não vai dormir em barco.

Giovanna: - Pelo menos uma boa notícia.

Carlos: - Entendi. Ei, relaxa tá. É pra ser uma viagem divertida. Lembra?

Olivia: - Sim. Vai ser sim. Vamos nos divertir muito.

Chegamos no porto antes de 12h, o lugar estava muito quente, afinal não seria mais se a gente não sofresse com o calor. Andamos em uma estrutura feita de madeira para chegar até o barco, a minha tia quase caiu dentro do Rio, sorte que o Brutus a segurou. Deu um pouco de trabalho para colocar as malas no barco, que era muito grande por sinal. A gente decidiu ficar na parte de cima, eu pensei que teria camarote, mas dormiríamos em redes. A gente se despediu do pai de Ramona e ficamos dentro da embarcação.

Giovanna: - Tia? Pensei que era um barco. Tipo... tipo um iate.

Carlos: - Esses são os barcos da Amazônia... precisamos atar as redes para marcamos os nossos lugares.

Yuri: - Como assim marcamos nossos lugares?

Carlos: - Não estamos indo apenas nós. Estamos levando também dois grupos de dança que se apresentarão no festival.

Yuri: - Entendi. E como vamos amarrar as redes.

Carlos: - Todo mundo trouxe suas cordas?

Zedu, Ramona, Brutus e Letícia: - Sim.

Yuri: - Olha. Temos um coral.

Olivia: (confusa) – Acho que eu não trouxe cordas e....

Carlos: - Calma. Eu trouxe o suficiente para nós cinco. Vocês querem uma dica? Acho bom ficamos aqui mesmo na parte da frente. Vai ser mais ventilado.

Giovanna: - Essa viagem vai ser um pesadelo. Uó. Ainda bem que não vamos demorar, né?

Carlos: - (rindo)

Giovanna: - Que foi?

Carlos: - São quase 20h de viagem, ainda vamos fazer duas paradas. Vamos dormir hoje no barco .

Giovanna: (olhando para Carlos, gritando e assustando todos no barco)

Mundico conseguiu falsificar a assinatura do pai e falou que viajaria para a casa de uma tia, ele queria realizar o sonho de dançar no bumbódromo de Parintins. Ele pegou as coisas e partiu para o porto. Ele chegou no tempo limite e entregou a assinatura para o coordenador do grupo de dança. Aos poucos o barco ia ficando lotado de jovens, eu e meus amigos conseguimos tirar muitas fotos enquanto o barco não partia.

Ramona: - Vamos tirar uma selfie. Gente, nem acredito. Estou indo para Parintins com meus melhores amigos.

Yuri: (falando perto de Zedu) – E eu vou poder ver meu namorado dançando. Com camisa é claro.

Zedu: - Sempre. (rindo)

Letícia: - Espero que a viagem seja segura.

Brutus: - Vou dormir abraçado com um colete.

Olivia: - Meninos. Todos já chegaram. O Carlos e eu queremos dar umas palavrinhas.

(Todos descende e se juntando aos outros)

Mundico: (olha para Yuri)

Yuri: (ao lado de Zedu)

Zedu: (segura a mão de Yuri de uma forma discreta)

O barco estava cheio, então a minha tia precisou usar um megafone para falar com todos. Ela disse que era um prazer representar a empresa e que todos ficariam hospedados no mesmo hotel. Haviam mais dois funcionários que ficariam responsáveis por organizar tudo. Ela também anunciou que as refeições seriam feitas em horários distintos para que todos pudessem comer bem.

Brutus: - Esse barco não sai?

Ramona: - Tá com muita pressa para chegar em Parintins...

Letícia: - E esse calor?

De repente, várias malas começaram a chegar no barco. O nosso grupo subiu para a área externa do barco. Zedu reconheceu uma das pessoas que chegou, provavelmente os donos de todas aquelas malas. Ele me puxou para uma área mais afastada da embarcação.

Zedu: - Lembra que eu te falei que dancei boi, né?

Yuri: - Sim. Você disse.

Zedu: - E que eu também fiquei com um garoto que dançava comigo, né?

Yuri: - Estou com medo de onde essa conversa vai chegar, mas me lembro sim.

Juarez: - Olha só. Grande José Eduardo, ou melhor, Zedu.

Yuri: (virando)

Zedu: - Juarez.

Juarez: - Estava sumido. (abraçando Zedu)

Zedu: (sem graça) – Pois é.

Juarez: - Ainda tá namorando aquela loira oxigenada?

Zedu: - Não. Eu... (olhando para Yuri) – Juarez, quero te apresentar meu namorado, Yuri.

Juarez: (surpreso) – Oh. Namorado? Então saiu do armário? (olhando Yuri da cabeça aos pés) – Vejo que o gosto por loiros continua, sendo mulher ou homem.

Yuri: - Oi.

Zedu: (colocando o braço direito no ombro de Yuri, quase o abraçando) – Sim.

Juarez: - Bem, com licença. Deixa eu ver meu camarote.

Giovanna: (aparecendo do nada) - Alguém disse camarote?

Juarez: - Olá, pequena. Que menina linda. Adorei seu cabelo.

Giovanna: - Ah, obrigada. Natural. (jogando os cabelos) – Agora me explica essa história de camarote?

Juarez: (rindo) – Depois conversamos. Com licença. (saindo)

Giovanna: (ficando vermelha) – Cadê a titia? (descendo)

Zedu: (com um sorriso amarelo)

Yuri: - Uau. Ele é... ele é muito lindo.

Zedu: - Não deixa esse cabelo espetado e o sorriso diabólico te enganarem. O cara é maior babaca.

(Barco apitando)

Carlos: (falando na comunicação do barco) – Galera. Vamos partir. Por favor, desçam para pegar as pulseiras.

Zedu: (pegando no ombro de Yuri) – Ei, estamos juntos tá.

Yuri: - Tá.

A viagem finalmente começou. Quase não acreditei no vento que deu. Era uma maravilha. A gente subiu para a área externa do barco e o grupo de dança já estava ensaiando para o festival. Eles eram bem sincronizados. Não me imaginava dançando. Juarez liderava a equipe, ele era realmente bonito, um verdadeiro Deus Grego. Mundico concordaria comigo, mas sabia que Juarez era impossível para ele.

Juarez: - Mundico. Você está indo muito devagar. Precisa acelerar, lembra que estaremos só nós nesse momento.

Mundico: - Foi mal.

Juarez: - Detesto trabalhar com amadores.

Letícia: (olhando para Yuri e fazendo uma careta)

Ramona: - Yuri. Tira uma foto minha e do Brutus.

Yuri: (pegando a câmera e registrando os amigos)

Juarez: - Gente. Vocês sabiam que tem um antigo membro do nosso grupo aqui no barco?

Juçara: - Quem?

Juarez: - O Zedu. (apontando Zedu) – Que tal relembrar os velhos tempos?

Juçara: - Séria ótimo.

Zedu: - Não precisa.

Olivia: - Eu quero ver Zedu. Por favor!

Meio contra vontade, o Zedu foi, ele disse que estava meio enferrujado, mas não foi o que pareceu. Ele dançou uma toada chamada "Ninguém gosta mais desse boi do que eu". Confesso que achei lindo o meu namorado dançando, tanto que registrei o momento. Ele era realmente lindo. No fim todos aplaudiram o Zedu. Ele sorriu, muito sem graça, e sentou ao meu lado. Era incrível como o Zedu me atraia, sem encostar em mim, consegui ter uma ereção.

Ramona: - Parabéns Z.

Brutus: - Rapaz, eu tenho um amigo bailarino?

Letícia: - Cada vez nos surpreendendo Zedu. (tomando um copo de água)

Yuri: (abraçando Zedu) – Bem que poderia rolar você dançando de tanguinha.

Zedu: (rindo)

Olivia: - Oi?

Carlos: (tossindo)

Yuri: (ficando vermelho) – Tia.. cadê... cadê o Richard?

Olivia: (olhando para todos os lados) – Vou colocar uma coleira nesse menino. (saindo atrás de Richard)

Mundico assistiu Juarez ensaiar, ele estava hipnotizado, o jovem dançarino vivia uma relação de amor e ódio com Juarez. Ele se sentia atraído, mas o comportamento do colega era algo que ele desprezava. Mundico não gostava de hipocrisia, mentiras e soberba.

Juçara: - Mundico? Tá pensativo.

Mundico: - Muita coisa, né? E eu estou nervoso. Essa apresentação é nossa oportunidade. E preciso ter um bom portfólio para a faculdade.

Juçara: - Aquele menino é fotógrafo. Poderia pedir dele tirar fotos nossas. Você teria imagens de alta qualidade.

Mundico: - Você não é apenas um rosto bonito, né? (beijando a amiga)

Minha tia estava nervosa por ter tantos jovens no barco. Ela tinha que se preocupar com tudo, principalmente que nada acontecesse. O Carlos estava segurando a barra pelos dois, afinal, ele sabe muito bem que a minha não é boa com crises. Tia Olívia literalmente se perdeu nos papéis que ela mesmo criou, mais um sistema falho para a sua lista. Meu irmão passou por eles, e a titia não gostou daquele comportamento.

Olivia: - Richard.

Richard: (saindo de baixo da mesa)

Olivia: - Eu posso saber o que você está fazendo?

Richard: - Procurando a Serafina.

Olivia: - Serafina?

Richard: - Sim. A minha cobra de estimação.

Carlos: (desmaiando)

Richard: (olhando para uma das redes) – Ela tá ali. (correndo)

Carlos precisou de um tempo para se recuperar, todo mundo tem um medo, a do Carlos é cobra. Ele morre de medo de reptil. Quem diria, um homem daquele tamanho. E nem quero lembrar da confusão que foi pegar aquela cobra. A titia quase amarra o Richard na cadeira, o capitão do barco precisou parar para colocar a cobra em seu habitat. Richard ficou muito chateado, ele havia perdido mais um bichinho de estimação.

Zedu: - Fortes emoções hein?

Brutus: (tirando a camisa) – Verdade. A viagem não seria assim se não fosse o teu irmão.

Yuri: - O meu irmão é meio descompensando, mas foi engraçado ver o Carlos desmaiando.

Ramona: - Um homem daquele tamanho. Quem diria?

Mundico: - Com licença.

Brutus: - Oi, mano. Pode sentar. A gente tá conversando.

Letícia: - Qual o seu nome?

Mundico: (sentando) – Raimundo, mas todo mundo me chama de Mundico.

Zedu: - E como está sendo no grupo de dança?

Mundico: - Muito bom. Você é fotógrafo? (olhando para o Yuri)

Yuri: - Quero ser, um dia. Porque?

Mundico: - Queria saber se você poderia tirar umas fotos minhas dançando? Quero montar um portfólio para a faculdade. E seria legal umas fotos com qualidade.

Yuri: - Acho que sim. Podemos aproveitar a cidade.

Zedu: - Olha, já é um fotógrafo famoso. (abraçando Yuri)

Yuri: - Vou mostrar todas as fotos para o George. Espero que ele goste.

Letícia: - Ele vai amar amigo. Suas fotos estão ficando lindas.

Ramona: - Verdade. Você deixou até o Brutus simpático.

Brutus: - Ei.

(Todos rindo)

Gente. Que pôr do sol maravilhoso, o Amazonas pode não ser o melhor do mundo para viver, mas a natureza dela é exuberante. Fiz muitas fotos bonitas do pôr do sol. A gente começou a conversar sobre o futuro, a escola e os projetos. Letícia comentou que o seu namorado ia fazer um filme de zumbis, e todos, claro, adoraram a ideia, principalmente Brutus. Ele adorava os filmes com mortos-vivos.

Letícia: - Ele ainda tá procurando locações e...

Zedu: - Meu pai pode ajudar. Tem um terreno dele, onde tem uma empresa que faliu...

Brutus: - Teu pai é o rei de negócios fracassados. Lembra do guarda-chuva de papel? (rindo)

Zedu: - Para. (empurrando Brutus) – Estou falando, sério. A gente tinha uma casa, ela ficava em um lugar muito bonito, o papai decidiu criar uma empresa de detritos no mesmo espaço. O cheiro ficou horrível. (rindo) – A estrutura serve para o teu filme. Tem três andares.

Letícia: - O Arthur vai morrer... (pegando o celular) – Vou já... (se tocando que não tinha sinal) – Bem, em Parintins eu aviso.

Decidi tomar um banho, afinal já estava quase o dia todo sem. O ruim dos barcos é a fila para o banheiro, eram tipo, seis banheiros para 40 pessoas. O Zedu preguiçoso não quis ir esperar comigo na fila. Entrei na fila e comecei a conversar com alguns dançarinos, a maioria tinha o biotipo indígena, eu achava lindo.

Mundico: - Tem alguém aqui atrás de você?

Yuri: - Ah, oi. Tem não.

Mundico: - A parte chata de ficar em barco é o banho.

Yuri: - Você viaja muito?

Mundico: - Um pouco, o meu pai é pescador.

Yuri: - Caramba. Que maneiro. Você deve ter muito contato com a água, os rios. Isso é até poético.

Mundico: - Espera até conhecer meu pai. Sua definição de poético vai mudar.

Yuri: - E você quer estudar dança?

Mundico: - Sim. A dança faz parte da minha vida.

Yuri: - Espero que consiga.

Juarez: (saindo do banheiro só de sunga) – Olha. Tudo bem meninas. (rindo) – Nossa Yuri, né?

Yuri: - Sim.

Juarez: - Está tão quente. Todo mundo está sem camisa, menos você.

Yuri: - Algumas pessoas não gostam. (entrando no banheiro)

Juarez: (olhando para Mundico) – Você acha mesmo que você, filho de peixeiro vai estudar dança? (rindo) – Eu sou tão maligno. (saindo)

Mundico: - Idiota. Não liga para ele. Eu já me acostumei.

Yuri: - Você olha para ele de forma diferente, você gosta dele?

Mundico: - Eu... eu...

Yuri: - Relaxa. Sou ótimo em guardar segredos. Guardei o meu até os 16 anos.

Mundico: - E o que te fez mudar de ideia?

Yuri: (olhando para o Zedu conversando com Brutus) – Uma pessoa muito especial, mas você precisa tomar cuidado. Não gostei da forma como ele te tratou.

Mundico: - Ele é bonito, eu não posso negar, mas o Juarez nunca ficaria com alguém como eu.

Moça: (saindo do banheiro)

Yuri: - Nunca diga nunca. (entrando no banheiro)

Tomei um banho relaxante de quase 20 minutos. Tive que me trocar no próprio banheiro do barco, uma tarefa um pouco difícil para um gordinho. Saí e o Zedu estava na fila com o Brutos. Conversamos um pouco e eles foram tomar banho. Deitei na rede, e coloquei o meu fone, escutei um pouco de música e senti um cheiro maravilhoso.

Uma coisa preciso confessar, a comida nesses barcos do Amazonas é Maravilhosa, nossa. A cozinheira do barco fez macarronada, carne assada, arroz, farofa e salada. Nem preciso dizer que comi como não houvesse amanhã, era uma disputa, eu e o Brutos.

Olívia: (pegando na costa de Yuri) - Calma. A comida não vai fugir.

Yuri: - Essa é a comida mais gostosa que já provei aqui. A senhora bem que podia pegar umas dicas.

Giovanna: (chegando com um prato de salada) - Jesus. Que comida péssima, como vou me manter na dieta assim? (tirando um vidro de azeite da bolsa)

Olívia: - Onde conseguiu esse azeite?

Giovanna: - Sempre ando com um frasco por aí, afinal, não sei quando vou ser prisioneira, né?

Carlos: (chegando com o Richard) - Pronto. Tomado banho e vai jantar.

Richard: - Não sou criança. Não preciso de supervisão.

Olívia: - Com essa floresta nos rodeando? Já basta um sobrinho perdido na mata. Bem, comam e vão escovar os dentes, todos. (olhando para o grupo) - Vou tomar banho.

A mesa do barco era grande, então comemos em grupos, o Juarez se vangloriava de sua dieta milagrosa, a única pessoa que caiu em sua lábia foi a Giovanna. O Mundico aparentava ser um cara legal, a gente conversou bastante, ele sempre vinha com uma dica sobre barco, principalmente em respeito ao sol.

Mundico: - Tá vendo. (apontando para o céu) - Quando o sol chegar nesse ponto é meio dia.

Yuri: - Nossa. Eu nunca que desconfiaria. Eu me perdi na floresta com o Zedu. Essa skill, com certeza, me seria útil.

Mundico: - Skill?

Yuri: - Skill quer dizer habilidade.

Mundico: - Entendi.

Zedu: - Com licença.

(barco balançando para a direita, Mundico vira e quase abraça Yuri)

Yuri: - Cuidado.

Mundico: - Desculpa.

Zedu: (pegando no ombro de Yuri) - Você tá bem?

Yuri: - Sim. Gente, o que foi isso? Será que tem algo errado?

Mundico: - O Capitão deve ter mudado a rota, a gente não entra nesse tipo de caminho.

Yuri: - Ah, tá.

Zedu: - Vamos conhecer mais belezas naturais.

Yuri: - E você. (olhando para Zedu). - Tomou café? Pensei que você não fosse acordar.

Zedu: - Adoro dormir em rede. Ainda mais com esse vento batendo. Cadê o pessoal?

Yuri: - Estão no teto do barco. Pegando sol. E você sabe que eu não sou uma pessoal solar. (rindo da própria piada ruim)

Zedu: - Sei. Eu vou lá, tá?

Yuri: - Tudo bem.

Zedu: (subindo)

Mundico: - Vocês dois são namorados?

Yuri: - Eu e o Zedu? (pensando) - Olha se fosse em outra época, eu te falaria que não, mas sim, pelo menos eu acho. Ele não me pediu ainda.

Mundico: - Por quê você não pede?

Yuri: - Não sei como. (rindo sem graça)

Mundico: - Aproveita o Festival.

Yuri: - Boa ideia.

Giovanna: - Yuri. A tia Olívia tá te chamando.

Yuri: - Aconteceu algo?

Giovanna: - Nada demais. (descendo a escada e voltando) – Ah, só o teu irmão que mudou a rota do barco. Vai lá antes que ela tire o couro dele. (ficando ao lado de Mundico)

Yuri: - Deus. (descendo para os dormitórios)

Giovanna: - A tarde vai ser interessante.

Mundico: - Parece que vai.

Dhiego Ramos
Enviado por Dhiego Ramos em 08/08/2019
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