LEONEL V - SELINHO - CAP. 9

CAPÍTULO IX – SELINHO

Leonel permaneceu calado, ainda olhando para Vitória. Ela endireitou-se no sofá e abraçou uma almofada.

- Você deve estar cansado, não é? Quer tomar um banho? Vou te mostrar o quarto de hóspedes. Vem comigo. Pink, a gente está subindo! – ela gritou para o irmão.

- Não me chama de Pink, japa chata! É Floyd! Floyd! – ele gritou de volta.

Leonel levantou-se e seguiu a moça.

Ela lhe mostrou o quarto e ele colocou a mochila sobre uma cama de casal no meio dele, olhando para tudo em volta. Tudo tinha muito bom gosto.

- Gostou? – ela perguntou.

- Muito...

- Acho que por uma noite dá, não é?

- Está perfeito...

- O Floyd disse que vocês já vão embora amanhã... Que ele veio só falar com o papai umas coisas... Vocês deviam ficar o resto da semana. Só mais três dias...

- A gente tem um show em Serra Negra no sábado. E eu estou indo aonde ele for. Vim de xereta. O roteiro é dele.

- Você é o pianista da banda, não é?

- Sou, sim, da quase ex-banda.

- É, ele me contou por telefone. Fiquei feliz que aquele tal de Gil tivesse saído da vida dele. Não desejo a morte de ninguém, mas aquele cara não tinha nada a ver. Não sei como o Floyd caiu nessa. Podia ter entrado numa fria, convivendo com um aidético. Imagine se meu irmão tivesse ficado doente... Você o conheceu?

- Conheci... mas agora está tudo bem com o Floyd, te asseguro.

- Posso te fazer uma pergunta indiscreta?

- Já imagino o que seja. Não, nunca tive nada com o Gil e também não tenho nada com o seu irmão, além de uma grande amizade.

Ela riu e sentou-se na cama.

- Você saca longe, garoto. Eu não tenho nenhum preconceito contra isso. Acho que cada um é como é, mas não negaria o gosto do meu irmão se vocês tivessem alguma coisa.

Leonel baixou os olhos e corou levemente. Começou a abrir a mochila. Ela percebeu que estava sobrando e levantou-se.

- Você quer se trocar, não é? Eu vou descer. Se quiser descansar agora, fique à vontade; se estiver com fome, desça e a gente faz um lanche rápido lá embaixo. Sinta-se em casa. Gostei demais de te conhecer.

Ela saiu do quarto. Leonel ficou ainda espantado com tanta beleza. Vitória era linda e tinha mexido com ele. Ela era linda por fora e parecia ser por dentro também.

Ele começou a desfazer a mochila e Floyd entrou no quarto pouco depois.

- E aí? – ele disse, jogando-se na cama. - Gostou?

- Do quê? Da sua irmã ou do quarto?

Floyd riu.

- Ambos...

- Cada vez você me surpreende mais, cara. O que mais você tem escondido dentro da sua cartola?

- Mais nada. Esse é meu último segredo, eu juro, ele disse, beijando os dedos cruzados.

- Que idade ela tem? – Leonel perguntou, tirando a camisa e colocando uma regata.

- Dezenove.

- Dezenove? Pelo jeito dela pensei que fosse mais velha.

- Ela estudou no Japão, morou em Los Angeles e fala três línguas: português, japonês e inglês.

- Uau! – Leonel disse, sentando-se na cama também, colocando a mochila no chão. – Com dezenove anos? Namora?

Floyd sorriu maroto.

- Não por falta de pretendente. Quer seu meu cunhado?

Leonel sorriu e não respondeu.

- Responde, cara. Eu sei que ela te balançou. E sei que você tem uma quedinha por orientais. Percebi quando você olhou pra ela pela primeira vez. Assume. Eu não vou morrer de ciúme, nem dela nem de você.

Floyd apoiou a cabeça na mão direita e deslizou o indicador da esquerda pelo peito dele. Leonel bateu na mão dele e respirou fundo.

- Eu amo a Helena, Floyd.

Floyd ficou sério e sentou-se na cama, parando de brincar.

- Esquece a Helena, Leo. O destino dela está com seu irmão. Isso que você sente é o restinho de um sentimento proibido por causa de uma carência afetiva que vem de outras encarnações.

- Vou morrer carente, pelo jeito, como antes. Se eu não posso ter a Helena... nem a Cristina...

- Não vai, não. Se você não arranjar ninguém, a gente se casa, amor, brincou ele.

Leonel olhou para ele e balançou a cabeça.

- Não brinca com isso. Você magoa a você mesmo, cara.

- Não magoo. Eu estou com você, não estou? É melhor do que nada. Pior do que não falar nada é guardar. Só não quero que você se ofenda com isso. Quando isso acontecer, eu paro. Prometo.

Leonel sentiu um imenso carinho pelo amigo e aproximou o rosto do dele, beijando sua boca suave e rapidamente.

LEONEL (REENCARNAÇÃO) V – CAPÍTULO 9

“SELINHO”

OBRIGADA, SENHOR, POR TUDO!

FAZEI DE MIM UM INSTRUMENTO DE VOSSA PAZ!

NÃO PERMITA QUE EU ME APARTE DE VÓS

BOA TARDE E OBRIGADA!

Velucy
Enviado por Velucy em 12/08/2020
Reeditado em 12/08/2020
Código do texto: T7033381
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.